2112. “Indignação” foi lançado a dois anos e desde então nós fãs do Terreno Baldio estamos ansiosos a espera de um novo trabalho. Que projetos vocês tem nesse sentido?
Lazzarini. Acaba de ser lançado pela Psico Br, do Fabricio Bizu uma nova edição super luxo em vinil do nosso primeiro álbum. Queremos em 2022 fazer mais shows (todos os shows marcados foram cancelados por conta da pandemia) e gravarmos pelo menos mais uma música em estúdio.
2112. Nesse período de hibernação promovida pela pandemia vocês aproveitaram o tempo para compor material novo?
Lazzarini. Não, nessa pandemia ficamos todos em casa (a faixa etária da banda é de 65 anos). A música progressiva é quase composição em grupo.
2112. Apesar de um certo tempo da sua entrada como foi a aceitação do Roger Troyjo nos primeiros shows da banda? Houve hostilização por parte de alguns fãs?
Lazzarini. Não. Nossos fãs são super carinhosos e o Roger é um excelente cantor e super tarimbado no estilo. Apenas a característica dele é diferente do Kurk e devemos adaptar as novas composições pensando nele.
2112. Perguntei isso levando em conta que substituir um gigante carismático como João Kurk não é tarefa das mais fáceis, não é?
Lazzarini. Acredito que não há substituição para o Kurk, por isso e como vocês já ouviram em Indignação o estilo da banda vai mudar um pouco, mas o Roger é uma grande aquisição para a banda.
2112. Além dos vocais ele também compõem e toca algum instrumento?
Lazzarini. Ele também é compositor e percussionista.
2112. Este ano Além das Lendas Brasileiras completa quarenta e cinco anos de lançado e por incrível que pareça nunca foi relançado nem pela Continental sua antiga gravadora e nem pela Warner atual detentora dos fonogramas. Você saberia dizer o porquê desse descaso com o álbum?
Lazzarini. Estamos estudando um relançamento em cd.
2112. O estranho é que nem mesmo um selo independente se propôs a fazer isso mesmo sabendo que é um ítem super disputado no mercado negro de raridades o que deixar os fãs bem intrigados, não é?
Lazzarini. Nós temos muito carinho com este disco e só vamos relançar na segurança.
2112. Já vi várias pessoas questionando se a master original não teria se perdido ou mesmo reaproveitada em outras gravações. Você sabe de alguma coisa nesse sentido?
Lazzarini. Com certeza a master se perdeu mas podemos remasterizar, assim como foi feito neste lançamento da Psico Br. A remaster foi feita em Portugal pelo nosso produtor original Cesare Benvenuti.
2112. Vi recentemente na internet um álbum duplo de nome "Complete Works" com os dois álbuns da banda. Você tem conhecimento desse lançamento?
Lazzarini. Não tenho conhecimento deste álbum, mas vou me informar.
2112. Qual foi a repercussão alcançada pelo álbum na mídia e entre os próprios fãs da banda? Vocês gostaram do resultado alcançado em estúdio?
Lazzarini. Sim, gostamos muito, principalmente porque atingimos nossa intenção de fazer um progressivo mais brasileiro.
2112. Às vezes eu sinto que o álbum foi mal compreendido, você não acha?
Lazzarini. Acho que não, só foi muito pouco divulgado pela Continental.
2112. O que levou vocês a usarem o folclore brasileiro como referência na construção das letras e como foi realizada a seleção dos temas? O que a gravadora achou da idéia?
Lazzarini. Pra nós o folclore brasileiro é de uma riqueza ímpar, tanto melódica quanto harmônica e rítmica, fora a intenção de abrasileirar o prog.
2112. Uma curiosidade: Como foi trabalhar temas de conteúdo popular em algo mais sofisticado sem que eles perdessem as suas características originais?
Lazzarini. Como eu disse acima o folclore brasileiro é riquíssimo e depois de um estudo aprofundado nos temas as músicas surgiram naturalmente respeitando o clima de cada estória
2112. Entre o lançamento deste álbum e o fim da banda existe um hiato de dois anos. Porque nada foi lançado nesse período?
Lazzarini. Tivemos um problema sério com um empresário que praticamente nada fez e atrasou nosso lado no lançamento.
2112. Em 1993 vocês se reúnem para regravar o primeiro álbum com letras em inglês. Como surgiu esse projeto?
Lazzarini. Este projeto surgiu com o Marcio da Progressive Rock que queria lançar no exterior, mas achamos que a gravadora não conseguiu um grande alcance.
2112. Porque o Além das Lendas Brasileiras não teve o mesmo destino? Seria bem interessante falar do nosso folclore para os gringos, não é?
Lazzarini. O Fabricio Bizu fez um trabalho maravilhoso neste relançamento (ficou caro!) inclusive está em tentativas para lançar na Espanha. Na sequência com certeza virá o Lendas.
2112. Com o lançamento desse álbum em inglês vocês chegaram a fazer shows no exterior?
Lazzarini. Não!
2112. Após a morte do João Kurk vocês pensaram em aposentar a banda novamente e como o Roger surgiu para salvar a pátria?
Lazzarini. Nunca pensamos em aposentar a banda, é que cada um teve que fazer outra atividade para sobreviver.
2112. Vocês nunca idealizaram o lançamento de um box com os três álbuns da banda acrescido de demos, sobras de estúdio, faixas ao vivo e um livreto com informações das gravações e a história da banda?
Lazzarini. Estamos abertos para qualquer idéia ou lançamento que mantenha a qualidade do produto. Vale a pena notar que este trabalho recém lançado pela Psico Br é remasterizado, capa dupla, no encarte uma pintura para cada música feitas pelo Beni Tchaicowsky e vinil de 180 gramas colorido. Este trabalho está demais. Esperamos que desta forma alavanque mais shows.
2112. Aproveitando o momento você poderia falar um pouco sobre o seu álbum solo Libera o Bicho? Quando ele começou a ser idealizado?
Lazzarini. O Libera o Bicho foi feito todo ele concebido em estúdio, e gravado com todos os músicos que passaram por lá, entra eles Yamandú Costa, Bocato, Paulinho Oliveira, Beto Martins, Sizão Machado, Edson Ghilardi, João Paraíba, Derico Scioti, Chico Oliveira entre outros. Pra mim foi uma espécie de continuação do Lendas, pois o estilo é bem prog brasileiro. Levou muito tempo para ser feito.
2112. Os fãs sempre esperam que os trabalhos solos de um músico trilhe os mesmo caminhos da sua banda ou ex-banda. A princípio o que veio a sua mente quando começou a trabalhar o material? Você tentou fugir ao máximo do estígma do som produzido no Terreno Baldio?
Lazzarini. Nem pensei em fugir. Apenas faço as músicas como elas vem naturalmente sem julgamentos de estilo, aí elaboramos os arranjos para favorecer aos convidados.
2112. Peter Gabriel é um grande exemplo de evolução musical. Ele simplesmente poderia continuar fazendo as mesmas coisas que fazia no Genesis mas preferiu o novo. Arriscar ainda é o melhor caminho, não?
Lazzarini. Ele é um dos meus grandes ídolos e de um versatilidade e empreendedorismo impressionantes.
2112. Você chegou a mostrar esse material em shows ou o álbum foi apenas um projeto de estúdio?
Lazzarini. Sim, fiz alguns poucos shows com um quinteto que tinha o Edson Ghilardi, Pedrão Baldanza, Luis do Monte e Paulinho Oliveira tem no YouTube alguns vídeos desta banda: o próprio Libera o Bicho, Cinema Paradiso e Maranhando.
2112. Mesmo com o T.B. na ativa você tem outros projetos solos em mente?
Lazzarini. Neste momento não
2112. ... o microfone é seu!
Lazzarini. Agradeço a você Carlos e ao 2112 a oportunidade e vamos continuar a fazer músicas, mesmo porque esta formação atual do Terreno é, na minha opinião uma das melhores formações que a banda teve:
Mozar Mello - guitarras e violões,
Roger Troyjo - vocais e percussão,
Geraldinho Vieira - contrabaixo,
Edson Ghilardi - bateria,
Cassio Poleto - violinos e cordas,
Roberto Lazzarini - teclados.
Vai vir mais coisa por aí, mas no nosso conceito o trabalho prog exige tempo e elaboração.
Obs.: Todas as fotos usadas na postagem foram retiradas do Facebook do grupo. Se alguém souber o nomes dos fotógrafos responsáveis entrem em contato através do e-mail: furia2112@gmail.com que eu faço as devidas correções.
Se você quiser saber um pouco mais sobre o álbum Além das Lendas Brasileiras leia a entrevista com Rodolfo Ayres Braga, o baixista que participou das gravações do álbum. É só clicar no link abaixo:
http://furia2112.blogspot.com/2022/04/entrevista-rodolfo-ayres.html?m=1
Obs.: Todas fotos foram retiradas do Facebook do Roberto Lazzarini e do Terreno Baldio e identifiquei apenas os nomes dos fotógrafos Cátia & Bolívia Rock e Roberto Sant`Anna. Quem souber o nome dos demais favor enviar para retamero2112@gmail.com que farei as devidas correções.
Em memória de João Kurk.
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