O blog 2112 foi formado com intenção de divulgar as bandas clássicas de rock, prog, hard, jazz, punk, pop, heavy, reggae, eletrônico, country, folk, funk, blues, alternativo, ou seja o rock verdadeiro que embalou e ainda embala toda uma geração de aficcionados. Vários sons... uma só tribo!



terça-feira, 25 de dezembro de 2018

Entrevista Demo Sapiens


A internet é hoje o melhor palco para se conhecer e ouvir os mais variados tipos de sons... E foi numa dessas viagens de pesquisa que tomei conhecimento da puta sonzeira da Demo Sapiens. Fui até o YouTube para conhecer melhor o som e não pensei duas vezes em contactar a banda para esta entrevista. O resultado do nosso bate papo tá ai... Espero que vocês curtam e também divulguem!!     
2112. A Demo Sapiens este ano comemora quatro anos de história já com um EP na bagagem o que não deixa de ser um saldo positivo para uma banda relativamente nova. Que tal começar falando um pouco sobre os primórdios da banda?
Eduardo Silva. A Demo Sapiens surgiu em 2014 como continuidade a um projeto anterior, formado por Luhatus Ebner e Eduardo, chamado No Man's Land. Com o fim desta etapa, tivemos a oportunidade de reformular composições antigas, com novas letras em português e um amadurecimento natural no processo criativo. Desde então, seguimos trabalhando para atingir um espaço mais expressivo no mercado.
2112. Ter uma banda hoje na ativa é como se aventurar num terreno pantanoso, não é?
Eduardo. Depende do ponto de vista e do que é considerado ''pantanoso''. Mesmo diante de todas dificuldades que podem ser elencadas, vemos a arte como uma necessidade, algo inerente à nossa forma de enxergar e interpretar as coisas ao nosso redor. E isso deve prevalecer independente de qualquer circunstância.
2112. Que bandas influenciam o trabalho de vocês?
Eduardo. Não é tarefa fácil listar artistas. Nossas influências partem do formato clássico de uma banda de rock, mas flerta e se comunica com diversos estilos e, principalmente, acontecimentos cotidianos e sociais.
2112. Como vocês classificariam o som da Demo Sapiens?
Eduardo. Demo Sapiens pode ser considerada uma banda de rock em um primeiro momento, sem nenhum subgênero ou rótulo que nos restrinja. Buscamos ter a liberdade de transitar por todos cenários musicais possíveis e oportunos 
2112. O underground tem sido uma ótima fonte geradora de bandas autorais o que comprova que o rock brasileiro não morreu. O que falta é apoio...
Eduardo. Acreditamos que este seja um momento importante para avaliar a real relevância em nos fecharmos em nomes ou predefinições musicais. Para um objetivo mercadológico, talvez seja realmente importante se atualizar e mapear as tendências. Rock pode ser visto, dessa forma, como um comportamento que reside em diversos estilos musicais.
2112. ... e o público também precisa acreditar mais na cena!
Eduardo. Com certeza. Mas este é um apelo difícil de reivindicar para o público consumidor, rs. Por isso a necessidade em mapear tendências de mercado e onde está a demanda por música nova.
2112. Temos algumas das melhores bandas do planeta a espera de uma chance para mostrar seu trabalho, não é?
Eduardo. Sempre teremos ótimas bandas a espera de oportunidades. Vocês mesmo já abrem este caminho divulgando os trabalhos e isto é digno de ser elogiado e parabenizado.
2112. Não é o caso de vocês?
Eduardo. Se estamos a espera de oportunidade? Com certeza. A espera e em busca de oportunidades.
2112. A internet tem ajudado bastante as bandas a tocarem suas carreiras sem precisar da grande mídia. Plataformas como Streaming, YouTube, Facebook, Instagram, Twitter... abriu um espaço sem precedentes no que diz respeito a divulgação, não é?
Eduardo. Com certeza nos ajuda a viabilizar a produção e o lançamento. Porém, sem planejamento e investimento em estratégias de divulgação, as bandas encaram dificuldades, pois se cria um excesso de oferta de forma difusa, sem direcionamento e alcance de possíveis fãs. O mercado ainda está se adaptando a esses novos tempos e precisamos estar atentos.
2112. Outro ponto positivo é quando o seu PC se transforma num estúdio e você grava em casa áudios com ótima qualidade. Isso ajuda bastante...
Eduardo. Com certeza. Mas isso precisa estar acompanhado de habilidade operacional e altos investimentos pra chegar em níveis de excelência da produção artística.
2112. Falem um pouco sobre “Tempo e Espaço”. Quando ele começou a ser gerado?
Eduardo. O conceito do EP foi desenvolvido desde o início da banda. Depois decidimos produzir o material no ano de 2016. 
2112. Quanto tempo vocês gastaram em estúdio?
Eduardo. Aproximadamente um ano, pois optamos por trabalhar no material sem prazos.
2112. Já escolheram entre as cinco faixas gravadas qual será a música de trabalho?

Saulo. Na verdade nós temos dois vídeos lançados. Um videoclipe da música "Liberdade" e o Lyric video de "Viagem", ambos produzidos por artistas independentes, e o foco agora é tocar ao vivo pra apresentar as músicas do EP e as que vamos gravar em um futuro próximo.

2112. Vocês fazem parte de uma geração de bandas que optaram por usar material autoral. O que mais influencia na hora de compor?

Saulo. A gente escreve baseado as experiências de cada um de nós. Às vezes alguém aparece com uma música praticamente pronta, ou o trecho de alguma música que é tocada em estúdio numa Jam session, que junta as ideias de todos pra finalizar o processo de composição

2112. Particularmente não sou muito fã de bandas covers mas gosto quando uma banda dá uma nova visão para uma música com novos arranjos e uma nova linha vocal. Vocês fazem releituras em shows?

Saulo. Não somos contrários à bandas covers, mas temos até o presente momento uma lista bem pequena de releituras, dando prioridade pra mostrar nossas composições. Como a maioria dos shows para bandas independentes tem duração de até uma hora, a gente opta por mostrar o máximo do que a gente escreve.

2112. Com o EP na praça quais são os projetos de vocês?

Saulo. Estamos em estúdio, terminando as novas músicas e demos um tempo dos palcos, mas já estamos em busca de novas datas, pra apresentar nosso som pra mais pessoas.

2112. O microfone é de vocês...

Saulo. Pessoal, muito obrigado a quem já curte o trabalho da Demo Sapiens e nos apoia em todos os shows. O apoio de vocês é fundamental pra gente continuar fazendo acontecer. A quem não nos conhece, deem uma olhada no nosso material, disponível nas principais plataformas digitais e no YouTube e nos digam o que vocês acham do material que a gente já tem. Existe, assim como a Demo, muitas bandas trabalhando muito pra apresentar música de qualidade pra quem souber apreciar. Saiam da zona de conforto da mídia tradicional e conheçam coisas novas, que não irão se arrepender. Novamente o nosso muito obrigado e vemos vocês por aí!



sexta-feira, 14 de dezembro de 2018

Entrevista Lótus Aurea


Sempre tive uma predileção pelo blues rock e pelo progressivo desde que comecei a ouvir rock’n’roll a muitos anos atrás. Conheci a Lótus Aurea via internet pois eu moro no interior... longe das capitais procurei material no YouTube. Fiquei muito interessado no trabalho da banda e após alguns contatos resultou na entrevista que segue abaixo...      

2112. A Lótus Áurea surgiu no Pará terra de muitos ritmos e tradições. Como é montar e manter uma banda fora do eixo Rio-São Paulo? Pergunto isso levando em conta que só com o advento da internet tomamos conhecimento maior da cena roqueira brasileira. Acredito que muitos só conheciam o Stress em termos de rock paraense, não é?

Daniel Avelar. É muito complicado, hoje em dia, imagina como não seria antigamente, não? Pois é! É complicado uma banda do norte fazer sucesso no sudeste, assim como é complicado uma banda do Brasil estourar internacionalmente, mas isso também é algo que é influenciado pelo estilo musical da banda. Um fato que a gente tem que ter em mente é que apesar do progressivo não ter mais o apelo popular que tinha na década de 70 o público dele ainda é um dos mais fiéis que há e o importante, não são presos ao passado, estão o tempo todo tentando descobrir bandas novas. Isso é incrível pra renovação do estilo. Temos certeza que o progressivo não morrerá tão cedo.

2112. A cena aí é movimentada?

Daniel Avelar. A cena é bem diversa e cheia de bandas com materiais gravados, é uma obsessão linda, sabe? Tem bandas de shoegaze, post rock, nova mpb, rock alternativo, heavy metal, hardcore, rock psicodélico e obviamente... Rock progressivo. E o interessante é, como você bem mencionou na pergunta acima, o Pará é cheio de ritmos e tradições e é incrível como independente do estilo da banda ela sempre assimila um pouco da regionalidade, seja em algo grande ou nos detalhes minúsculos, como o estilo de um solo de guitarra ou timbre de um sintetizador.

2112. Quais bandas paraenses vocês indicariam ou destacariam como sendo bacanas?

Daniel Avelar. Dentro da cena progressiva, a gente pode destacar duas bandas muito importantes que acompanham a gente nessa onda: Ultranova e Steamy Frogs. Só sonzeira! Obviamente Belém não é só progressivo, né? Tem muitas bandas boas de outros estilos, deixo até a divulgação aqui: O Cinza com uma pegada bem MPB, Joana Marte soando bem éterea e espacial, Móbile Lunar e Feira Equatorial com uma vibe bem setentista. Ixi... São muitas bandas. Dava até pra fazer um textão sobre! hahahaha

2112. Vocês citam Pink Floyd, Rush e Dream Theater com grandes influências da banda. E entre as bandas brasileiras quem vocês citariam como influências diretas no som da Lótus Áurea?

Daniel Avelar. Obviamente é importante não esquecer o que de bom a gente tem em casa, até porque o progressivo no Brasil não deve nada a ninguém. Sobre as influências, se eu falo pra ti: "Eu vou fundar uma banda de progressivo e vai ser uma mulher cantando!", o que tu vai lembrar? Com certeza seria de Bacamarte e Mutantes, não? Isso já responde parte da pergunta! O Tudo foi feito pelo Sol tem um lugar especial no coração da maioria de nós, assim como o Depois do Fim do Bacamarte, mas vamos mais longe, pois vale a pena citar o Lar das Maravilhas do Casa das Máquinas. Essas influências vão amadurecendo dentro de nós e tenho certeza que ficarão mais audíveis nos nossos próximos trabalhos.
2112. A cena prog brasileira está cada vez forte e amadurecida levando em conta o surgimento de bandas de vários estados e lançamentos que nada deve ao mercado gringo. Qual a sua opinião a esse respeito?

Daniel Avelar. É a tendência das coisas no mundo de hoje, não? O que a gente vê hoje é uma descentralização dos centros de produção cultural, em todos os estilos musicais. O nordeste por exemplo, tá vindo com tudo esses tempos e com artistas de estilos bem diferente. O norte também não fica atrás, com certeza. Hoje em dia temos estúdios de qualidade, e isso ajuda muito no processo. A internet contribuiu e muito na divulgação do processo e o mais interessante, as bandas de prog sempre se ajudam, algo muito bonito de se ver, apoio não falta. O resultado? A cena é bem diversa, por mais que localmente falte apoio no Brasil não falta. Irônico, não?
2112. Voltando a banda conte um pouco sobre a história da criação da Lótus Áurea...

Daniel Avelar. Quando a Lótus surgiu no final de 2015, com outro nome ainda, era só uma brincadeira de amigos, até que o Endi (nosso guitarrista) sugeriu que a gente tocasse Progressivo. A gente foi juntando pessoas, chamamos uma vocalista, ela arranjou um baterista e marcamos nosso primeiro ensaio lá por Maio de 2016, pra mim o verdadeiro começo da banda. A gente fez nosso primeiro show, foi bem legal e especial. Lá pelo fim do ano a gente decide gravar um single, Laguna, e durante as gravações a vocalista decide sair da banda e então a gente tem que dar uma breve pausa. Meses depois a gente volta com a Marcela nos vocais e tá com ela desde então. A formação é finalmente fechada em Agosto de 2017 com a entrada do Matheus Gabriel nos teclados e estamos juntos até hoje, com a formação que lançou o Principia.

2112. ... e aproveitando o momento explique o significado do nome da banda!

Daniel Avelar. Lótus Áurea é um significado de perfeição que o ouro traz e a capacidade de repelir tudo de ruim e a pureza que a flor de lótus tem. Basicamente trata sobre como a perfeição traz a paz, compreende e assimila as energias boas do ambiente e afasta as ruins. É um significado sobre compreensão do ser, o ato de se conhecer mais internamente entrando em contato com a sua pureza e como ser humano afeta o mundo e como o mundo afeta ser humano. É uma análise interna que vai ao mundo e retorna ao nosso íntimo. Tem um significado bonito por trás que se explica mais ainda nas nossas músicas.

2112. Todos compõem?

Daniel Avelar. Quem compõe as partes instrumentais são: O Endi (guitarrista), Avelar (baixista) e o Matheus (tecladista). O Avelar e o Matheus dividem a responsabilidade de fazer as letras nessa fase, Na fase anterior, que é justamente a do Principia, quem trabalhou na parte das letras foi o Avelar e a Ingrid, nossa antiga vocalista. O restante dos membros certamente não estão lá pra enfeite e eles contribuem e muito na parte do arranjo, o Rafa é sensacional pra isso, tanto na parte da harmonia, quanto na parte rítmica mesmo, já que ele é o baterista, enquanto a Marcela desenha melodias vocais belíssimas que por mais que os dois tenham feito a letra, certos pontos inéditos são pensados por ela. É brilhante como cada um tem sua função!

2112. Achei muito interessante a temática do primeiro álbum de vocês, o Princípia baseado na teoria dualista de Platão com seus dois mundos: o mundo sensível e o mundo das idéias. Como surgiu essa idéia?

Daniel Avelar. Basicamente essa ideia surgiu com a segunda faixa do álbum, Uranus. A ideia original dela era abordar todos os aspectos de um ser na caverna de Platão, desde a assimilação da sua ignorância até a fuga. Só que uma pergunta foi ficando na nossa cabeça: E o que havia antes? O que há depois? A gente já tinha algumas músicas do álbum compostas e nem nós tocamos que elas já contavam a história de um personagem

2112. A temática é complexa e instigante pois leva o ouvinte a questionar o mundo que vive e a si mesmo. Isso é fabuloso!

Daniel Avelar. Com certeza, né? É a função da arte levar a pessoa a questionar tudo ao redor dela, inclusive ela mesmo. Há vários jeitos de morrer e quando a gente para de se perguntar sobre o porquê das coisas a gente morre nas ideias e isso igualmente triste. Independente da idade da pessoa sempre há algo novo pra se aprender. O importante é nunca se fechar pro conhecimento.

2112. Além dos temas filosóficos o que mais influenciam vocês na hora de compor material pros álbuns da banda?

Daniel Avelar. O ponto importante sobre a filosofia não é só o que se estuda e sim como o conhecimento é aplicado no mundo em que a gente vive, além disso é importante ressaltar que assim como nós imprimimos conhecimento no mundo ele também imprime conhecimento em nós, através da vivência do dia-a-dia e análise de tudo que nos rodeia. É importante analisar o mundo e entender toda a complexidade dele, a grande sacada do artista é se desprender do seu ego, enquanto "o fazedor da arte", e notar que ele é apenas um canal que a música utiliza para poder se expressar de uma forma única e trazer o conhecimento do cotidiano à vida das pessoas de uma forma que as vezes não é clara a elas ou sequer foi pensada. É algo lindo.

2112. Levando em conta o conteúdo das letras da banda quero levantar um questionamento. Vocês concordam quando dizem que brasileiro não é adepto da leitura?

Daniel Avelar. Essa análise não é nada simples, mas vamos lá... Os tempos que a gente vive hoje são muitos corridos, as pessoas se cansam de ler coisas longas, ainda mais se for de interesses conflitantes, então elas preferem algo mais mastigado e é justamente nesse ponto que surge uma grande brecha pra desinformação e leituras enviesadas e isso é um problema que ocorre em grande parte do mundo. Agora se tratando de Brasil, o problema é que o brasileiro além de ser afetado pela falta de interesse em leituras de fontes diferentes, ainda não consegue interpretar com clareza o que lê. Independente da posição política, falta sede de conhecimento e senso crítico.

2112. Não seria o alto valor dos livros que desanima o leitor?

Daniel Avelar. Mas isso não é desculpa. Hoje em dia o momento é outro, dá pra ler PDF no celular, no PC. Se o caso for notícias, dá pra se informar na internet... Ah, não tem desculpa pra falta de conhecimento quando a pessoa tem todos os meios necessários pra isso. O problema do Brasil é bem maior do que o preço dos livros, é um problema educacional e social que vai bem mais além disso. É histórico, com uma elite oligárquica, porém ignorante, a menos que isso envolva algum interesse egoísta dos mesmos e com uma parte do povo segregada desses privilégios e que por isso desconhece sua própria história. Pra alcançar uma sociedade melhor temos que garantir oportunidades iguais e isso se vem com educação pra todos. É preciso uma mudança de consciência e uma mudança social. Isso não se muda rapidamente. Pode parecer que eu fugi do assunto, mas não é isso não. O conhecimento vem através da leitura e da vivência, vivência eu te garanto que o pobre tem muito, mas falta educação de qualidade e isso é um problema estrutural, e aqueles que tem acesso algumas vezes optam pela ignorância mesmo assim. O Brasil é um país cheio de diferenças e com pessoas de todos os tipos, cada modelo tem sua história e por trás de cada um deles, fatos históricos que embasam as ações dos mesmos hoje em dia. São tantos pontos a serem analisados... Se fosse fácil, não haveriam centenas de estudos sobre as múltiplas contradições sociais que temos hoje e como isso influencia no conhecimento do brasileiro. Eu disse na pergunta anterior que não era uma análise simples, viu como ela se estendeu até aqui?

2112. Quem produziu e fez os arranjos do álbum?

Daniel Avelar. Os arranjos do álbum são feitos por todos nós. A gente as vezes passa vários ensaios discutindo sobre qual arranjo soa melhor pra tal parte, pode parecer estressante, mas é divertido, aí geralmente no próximo alguém chega com uma ideia diferente pra sua linha ou até mesmo pra linha do companheiro e assim vai funcionando, afinal todo mundo tem voz. Sobre a produção do álbum, os timbres de guitarra foram modelados pelo nosso guitarrista mesmo (o Endi) e o resto (Gravação, mix e master) foi com o nosso baixista (Avelar), desde timbre de baixo, bateria, até teclado mesmo, mas a gente também não pode deixar de mencionar o nosso amigo (AMIGO MESMO!) Thiago Albuquerque (da Ultranova) que mixou e masterizou 3 músicas do álbum. Além de mixar 3 músicas (Uranus, Jornada e Ágape) ele foi o responsável por gravar todas as baterias e vocais em todas as músicas, enquanto o resto dos instrumentos foi gravado no nosso home-studio. Mesmo nas outras 4 que foram gravadas e produzidas pelo nosso baixista, o Thiago ainda teve uma participação forte, pois ele sempre contribuia com opiniões e auxílios. Viu como a união faz a força? hahaha

2112. Vocês fazem parte do comitê organizador do evento Noite Progressiva. Esse evento é somente para as bandas locais ou tem a participação de bandas de fora também?

Daniel Avelar. Por enquanto só bandas locais, mas com certeza a ideia é expandir e trazer bandas de fora pra visitar nossa terra e encantar nosso público. Seria bem diferente, não? Já imaginou Caravela Escarlate em Belém? Seria ótimo. Longe de nós estarmos sugerindo algo...

2112. Além do Noite Progressiva que outros eventos vocês tem a disposição para tocar?

Daniel Avelar. A gente sempre toca em eventos que convidam a gente, sejam nossos amigos ou gente que gosta do nosso trabalho. No quesito de organizar eventos, no momento, além do Noite Progressiva a gente tem o festival Alma Livre que vai ter sua segunda edição em Janeiro e também organiza o Não Pire, festival famoso na cena de Icoaraci (Distrito de Belém). Oportunidade, seja criada por nós ou sendo convidados, não falta.

2112. O Lótus Áurea sempre valorizou a sua “independência” seja nas organizações dos eventos, nas gravações ou distribuição dos produtos da banda. O que é ser independente para vocês?

Daniel Avelar. Independente é dar valor a fazer as coisas com o próprio esforço e correr atrás das coisas, pois elas não caem do céu, mas também trata-se de liberdade. Quando se tem controle das etapas do processo a gente pode inovar, fazer diferente e ir aonde outras pessoas ainda não foram, sem falar que assim ainda podemos contar com a ajuda dos nossos amigos. Não vale dizer que é fácil, pois é complicado lidar com tanta coisa, mas entre esperar alguém aparecer com um contrato na mão e fazer as coisas, a gente prefere fazer as coisas necessárias e botar a mão na massa.

2112. Antes do primeiro álbum vocês lançaram os singles Laguna e Ágape. Conte um pouco sobre as gravações desses dois trabalhos...

Daniel Avelar. Laguna foi um marco na nossa história, porque foi nosso primeiro single. Cara... A gente tava tão ansioso, sabe? Quem produziu Laguna foi inteiramente o Thiago. A gente gravou todo o instrumental numa tarde, sendo que a gente tinha ido com a pretensão de gravar só a bateria! Apesar de ter treinado tudo direitinho antes, a gente sofreu um pouco por falta de experiência em estúdio, mas acabou que a gente gravou uma música de 10 minutos em menos de 4 horas. Pô, pra uma banda iniciante, isso tá muito bom, cara! Sobre Ágape, ela já foi um pouco mais diferente. Por incrível que pareça, a versão do baixo que tá na faixa foi a primeira que a gente gravou e ficou logo, acho que ela foi gravada em take único ou dois, no máximo. Aí a gente gravou a guitarra e o teclado em um outro dia e depois foi gravar a bateria e vocal. Ágape tem um coro no segundo refrão, nele a gente chamou um monte de gente das bandas daqui da cena e mandou ver. Ficou tão bonito de se ouvir!

2112. Vocês já tem projeto de um novo trabalho? Dá para adiantar alguma coisa?

Daniel Avelar. Com certeza a gente pode sim, mas só um pouco! Hahaha A gente pretende começar a gravar o segundo álbum no ano que vem, vamos bem devagar em relação ao outro, ou seja, vamos por partes. A equipe de produção vai ser a mesma, com a inserção de mais um membro de um outro estúdio. A gente quer resultados melhores e com certeza temos tudo pra conseguir. Sobre a abordagem do álbum, ele vai ser uma continuação do Principia, a primeira música continuará exatamente de onde Laguna para.

2112. Afinal... O que você prefere? Uma felicidade irreal e simulada ou uma vida com perigos reais, porém verdadeira?  O que você está esperando para deixar a música te guiar uma jornada de auto conhecimento?

Daniel Avelar. Essa frase tem um peso, não? Recai muito sobre a ideia de permanecer na nossa zona de conforto e viver ali pra sempre ou sair e finalmente conhecer a vida, saber como ela dói, mas ela pode ser bela através do aprendizado que essas dores trazem. Há vários meios de tu finalmente se ver no mundo real, seja o contato com teus amigos, seja tua consciência social e também a arte. A Lótus apresenta um dos meios pra libertação do teu ser e pro quão bom o autoconhecimento pode ser.

2112. O microfone é de vocês...

Daniel Avelar. Queremos primeiramente agradecer o espaço que o 2112 cedeu a nós, é muito gratificante sermos ouvidos. Peço também para que notem com carinho o movimento progressivo que tá surgindo e se fortalecendo mais ainda na região Norte, a história se escreve bem na frente dos nossos olhos e a gente não pode deixar passar! É lindo ver como as bandas se unem, como o público se une e como até mesmo a imprensa especializada no meio se une pra ajudar as novas bandas. Obrigado a todos que nos ajudaram até aqui, conquistamos muito, mas conquistaremos mais com a ajuda de todos.

Próxima entrevista: Jefferson Gonçalves (dia 20)