O blog 2112 foi formado com intenção de divulgar as bandas clássicas de rock, prog, hard, jazz, punk, pop, heavy, reggae, eletrônico, country, folk, funk, blues, alternativo, ou seja o rock verdadeiro que embalou e ainda embala toda uma geração de aficcionados. Vários sons... uma só tribo!



sábado, 31 de março de 2018

Entrevista Filippo Baldassarin


Tive a honra de entrevistar muitas pessoas bacanas do rock brazuca. Alguns iniciantes outros que estão na luta a anos... e agora conversei com meu conterrâneo Filippo Baldassarini, guitarrista que comanda a máquina de rock’n’roll “Lippo à Vapor” com seus riffs pesados e incendiários. Ele é uma lenda do rock e é com muito orgulho que apresento esta entrevista a vocês!!


2112. Filippo, você tem um currículum invejável de bons serviços prestados ao rock’n’roll... Fale um pouco de sua carreira?  


Filippo. Eu comecei a tocar nos anos 70 no Rock da Mortalha então Xock. E dali fui para o Made in Brazil a primeira vez em 79. Segui tocando em muitas bandas até minha ida para a Itália onde toquei em várias bandas de lá e acompanhei músicos norte-americanos pela Espanha e Portugal. Retornando, acabei em Campinas. 


2112. Quando você começou a tocar guitarra?


Filippo. Comecei a tocar muito cedo, com 14 anos influenciado pela jovem guarda na tv PB até descobrir Jimi Hendrix, Black Sabbath etc... Aí foi que tudo mudou.


2112. Você tocou em bandas dos mais variados estilos: rock’n’roll, blues, prog, metal... Enfim qual são as suas influências e que contribuição essas bandas deram em sua carreira?    


Filippo. Minhas influências são múltiplas, difícil citar nomes que pertencem a uma época específica, mas se trata de uma mescla, blues, metal, Southern rock. Como os ingredientes de uma sopa... Hoje tenho minha sopa, creio eu .


2112. Já entrevistei duas bandas que você já participou: o Made In Brazil e a AJNA. Ambas tem uma carreira de muitas e muitas lutas... Como foi a sua participação nestas duas bandas?


Filippo. Junto ao Made participei duas vezes, primeira nos anos 70 e outra nos anos 80 fazendo a tour de 20 do Made... Foram 150 shows em 1 ano, onde pude viver a estrada como ela é. O Ajna foi nos anos 90, pude ajudar a Elisabeth Queiroz (Tibet) no início, ajudei com alguns riffs no primeiro álbum e fizemos um clip e alguns shows.


2112. Atualmente você participa da Lippo à Vapor. Fale um pouco sobre a criação da banda...


Filippo. Chegando a Campinas por um relacionamento muito precioso, conheci o Daniel Dias baterista e aos poucos fomos desenvolvendo uma temática, daí ele se lembrou de uma história a meu respeito. Por que Lippo a Vapor? Em um ensaio com o Made eu possuía um pedal de guitarra artesanal com um led azul fortíssimo movido a bateria. Ao terminar a energia do estúdio o pedal iluminava tudo e o baterista de então, o Beni exclamou "o pedal do cara é a vapor". Daí com bom humor ficou para meu apelido no Made e agora o nome da banda... Lippo à Vapor.


2112. Todos no grupo compõem?


Filippo. Sim todos compõe... eu faço os riffs e encaixo as coisas, Vitor e Daniel escrevem as letras, algumas são do Israel Che Mendes (primeiro baixista da Lippo e compositor conhecido de Campinas) Os arranjos são de todos... sai automático nos ensaios. A química é muito boa.


2112. Existe projetos de gravação de um disco?


Filippo. Sim existe o projeto de um disco físico em vinil. Estamos compondo mais algumas canções e já começaremos uma pré... Talvez no segundo semestre deste ano esteja pronto.


2112. Dá para adiantar alguma coisa?


Filippo. Por enquanto não! Tudo que posso dizer é que gravaremos ao velho estilo... quase tudo ao vivo.


2112. Apesar de vocês possuírem material próprio sempre incluem na set list releituras de músicas das bandas que você participou. Qual destas músicas nunca pode faltar senão a galera reclama?  


Filippo. Acho que a releitura do Jack Estripador do Made In Brazil tem sido bem recebida. A música é fantástica diga-se de passagem.


2112. O que as pessoas que não conhece o trabalho da banda podem esperar de um show de vocês?


Filippo. Podem esperar muito veneno, energia, sinceridade e vontade de ser e fazer as pessoas felizes com uma banda sincera, real. Rock On!


2112. Vejo que muitas bandas estão resgatando a sonoridade produzida nos anos 60 e 70 o que gerou uma infinidade de grandes bandas inclusive no Brasil. Uma volta às origens seria a solução para trazer de volta a dignidade do rock’n’roll a muito perdida com bandas que nada tem a ver com o estilo mas que se auto dominam rock?   


Filippo. O verdadeiro problema é que o público atual, pouco ou nada sabe do passado do rock, conhecem no máximo dez bandas, grandes chavões, mas não conhecem as milhares e milhares espalhadas pelo mundo pois a mídia trancou o acesso. Investimento de retorno imediato é a ordem. Mais do que voltar às origens, pois existem muitas bandas de ponta atualmente. Precisamos voltar a evidência como estilo de vida inclusive pois Rock ‘n’ roll não é só música. Mas alguém em algum lugar tem que ter uma idéia de como popularizar as bandas novamente. Uma humilde idéia...


2112. Você acompanha a mutação do cenário musical? O que tem visto de interessante?


Filippo. Sim acompanho como posso, tenho visto algumas bandas espalhadas pelo globo. Rússia, Espanha, Itália, até Oriente Médio usa. O problema é que a internet fragmentou, pois em uma antiga loja de cds você tinha todas as coisas a sua frente. Hoje leva muitas horas de pesquisa pra achar algum som diferente. Muitos não sabem o que procurar e voltam ao comum.


2112. Como você cria seus riffs?


Filippo. Criou os meus riffs do nada, aparecem simplesmente ao estudar. Um ou outro me motivam e trabalho em cima até ficar contente. Não procuro inovar, não me preocupo com isto, apenas saem dentro de um estilo que já me pertence, está em mim... Sem preocupações em ser a nova moda do rock.


2112. Já aconteceu alguma vez de estar num lugar e os riffs foram surgindo na sua cabeça e não teve como você anotar? O que você faz nesses momentos?


Filippo. Não, normalmente os riffs aparecem como dito do nada, quando estou estudando. Alguns formalizo outros deixo de lado para trabalhar em um segundo momento. Existe um grande arsenal de idéias parado e adapto a cada situação, normalmente não penso ou me atormento com riffs mentais. Dependo do contato físico com a guitarra, tato, algo empírico.


2112. Quais são os projetos para este ano?


Filippo. Os projetos pessoais são muitos, já os da banda estão se desenvolvendo a medida que conversamos, temos idéias, novas músicas que tem uma influência mais metal. O projeto maior sem dúvida é tocar o quanto pudermos e ajudar o movimento com nosso som e um disco ainda este ano.



Lippo a Vapor:

Daniel Dias – bateria

Rick Possi – baixo

Vítor Paranhos- voz

Fillippo Baldassarini (Lippo) - guitarra



Contatos:

Daniel Dias: 19 991658252

danieltomarock@hotmail.com

terça-feira, 27 de março de 2018

Entrevista Garotos da Rua


Desde os anos 60 que o sul do país tem bombardeado o cenário do rock com bandas sensacionais... Mas nos idos dos anos 70 o cenário do rock deu uma esfriada com a entrada da dance music o que dificultou encontrar locais e mesmo gravadoras que fecharam suas portas para quem insistia em fazer rock’n’roll. Com isso muitas bandas acabaram prematuramente e outras se mantiveram às duras penas lutando contra a corrente para sobreviver. Nesse turbilhão surge os Garotos da Rua formada por adolescentes que acreditavam no rock, gravaram um mega hit “Tô de saco cheio” virando o Brasil de ponta cabeça.


2112. Este ano a banda completa 35 anos de estrada... Quais são os projetos para comemorar a data e o que os fãs podem esperar?


Edinho Galhardi. Os fãs dos Garotos da Rua, estão muito gratos com esse Projeto Garotos da Rua Revival. No final dos shows, nos agradecem com muito carinho, muitas fotos, etc..


2112. Como foi criar uma banda de rock’n’roll numa época em que as rádios não tocavam mais este tipo de som? O que levou um grupo de adolescentes a criarem um som tão retrô? 


Edinho Galhardi. Eu e Bebeco já tocavamos rock desde 1970, com algumas formações como: Farinha do Bruxo (Blues) e mais o baixista Tadeu Demarco. Este cantava as letras como um repente. Tínhamos o tema e desenvolvíamos a letra no palco. Grande experiência. Depois A Barra (Edinho, Bebeco, Tadeu e Felipe Soares-guitarra) Rock'n roll puro, com onda latina.


2112. Em pouco tempo vocês se tornam a principal atração do bar Rocket 88 um dos grandes redutos do rock’n’roll na cidade. A início como era a reação do público frente a música e a performance da banda?  


Edinho Galhardi. No Rocket éramos a banda da casa. Bebeco, Edinho e Mitch Marini. Na época não havia mais bandas de rock, a não ser o Taranatiriça, que continuavam tocando na casa do batera. Compomos uma música chamada Droga de Rock, que falava justamente por não tocar rock... Vamos ver onde vai parar essa " Droga de Rock". Até hoje não paramos de tocar. A reação do público foi das melhores. Curtiam muito! Fazíamos duas entradas por noite. Tínhamos público assíduo... muitos músicos. Lembro de uma menina que por duas vezes subiu na mesa e começou a tirar a roupa, para delírio da galera. O Bar do Rocket 88 foi fundado por Mutuca (Carlos Eduardo Weyrauch), nosso grande amigo.


2112. Ainda neste ano vocês lançam a primeira demo “Sabe o Que Acontece Comigo?” e iniciam uma série de shows por Porto Alegre e Rio Grande do Sul com grande sucesso. Fale um pouco sobre a gravação e o impacto deste trabalho entre os fãs!  


Edinho Galhardi. Gravamos na Isaec, 4 canais, pela ACIT, compacto " Programa". A Rádio Ipanema foi grande responsável por esse movimento, e tivemos também dois grandes produtores, que vendiam os shows e nos tornaram nessa época, pioneiros no Rio Grande do Sul. Tínhamos um casarão para ensaios e escritório. Foi forte! O público ia ao delírio com os shows.

2112. 1985 é o grande ano da banda... é lançado Programa o primeiro single pela gravadora ACIT, participam da lendária coletânea Rock Garagem e ainda assinam contrato com a major RCA para o lançamento do primeiro trabalho que trouxe o hit Tô de saco cheio. Foi um ano bem corrido, não?


Edinho Galhardi. Realmente foi bem corrido, ano ótimo. O compacto Programa e Sabe o que acontece comigo. Coletânea Rock Garagem com a música Levaram Ele história de um amigo que surtou com a crise e foi internado pelos pais. Na clínica ensinou aos pacientes o refrão "Levaram Ele...Levaram Ele..." e Rock Grande do Sul com Tô de Saco Cheio, tocando em todo país.


2112. Não podemos deixar de mencionar a participação de vocês no Festival MPG, no Parque Marinha do Brasil, em Porto Alegre com a banda tocando para um público de 40.000 pessoas. Como foi esta experiência?


Edinho Galhardi. Esse show foi o maior evento em Porto Alegre. Várias bandas... uma grande experiência... muita emoção.


2112. O imenso sucesso levou vocês a deixarem Porto Alegre para morar no Rio de Janeiro? Vocês conseguiram se adaptar?


Edinho Galhardi. Com o sucesso da música Tô de Saco Cheio, vieram os pedidos de shows. O primeiro show no Rio de Janeiro, foi na Lagoa Rodrigo de Freitas. Nossa adaptação foi ótima. Fomos morar em apto de 5 quartos a 50 metros da Vieira Souto, Ipanema. Mas sentimos falta do nosso público gaúcho.


2112. A cena carioca era muito diferente da que estavam acostumados em Porto Alegre, não é?


Edinho Galhardi. Sim...


2112. Na sua opinião quais as vantagens e desvantagens de sair de um selo independente para uma grande gravadora?   


Edinho Galhardi. Todas as vantagens. Divulgação nacional, incluindo jornais, rádios, revistas, tvs e distribuição de discos. Vida 5 estrelas, na época.


2112. Diante de tanta coisa bacana acontecendo como foi as gravações de Garotos da Rua na RCA? Vocês tiveram tempo suficiente em estúdio e liberdade na escolha do material que iria ser gravado?


Edinho Galhardi. Sim, fomos gravar no RJ e tivemos toda liberdade de escolha do material, inclusive com participações especiais e todo tempo necessário.


2112. Como surgiu a participação do Celso Blues Boy em Não é você? 


Edinho Galhardi. Conhecemos Celso Blues Boy dividindo o palco. Entre um bate-papo e uma cerveja, convidou Edinho para rolar um som em sua casa. Tínhamos um blues "Não é Você" para gravar. Tudo certo. Foi aí que convidamos ele para produzir a faixa. E mais a participação do saxofonista Sapão, que conheci tocando na orquestra do Programa do Chacrinha.

2112. O disco trouxe hits do calibre de Gurizada Medonha, Babilina, Você é Tudo que Eu Quero, Sabe o Que Acontece Comigo? e Não é Você. Como era os shows? Havia uma boa resposta por parte do público?


Edinho Galhardi. Sim, os shows sempre foram bons, com muito carinho do público.


2112. Em 1986 é lançado Dr. em Rock 'n' Roll que trouxe o hit Eu Já Sei sucesso nas rádios e posteriormente incluída na trilha sonora da novela Mandala. Foi um período de grande afirmação para vocês não é?        


Edinho Galhardi. Dr. em Rock'n Roll, 1986... com a música Eu Já Sei. Inicialmente eu e Caramez começamos compor para o Bebeco. Depois ele deu um toque de mestre e virou um hit até hoje. Grande afirmação!


2112.  Em 1988 com o lançamento de “Não basta dizer não” vocês incluem o blues e o rhythm and blues na receita musical da banda o que dá uma amplitude sonora maior para vocês experimentarem. O que ocasionou esta mudança?     


Edinho Galhardi. Em "Não Basta Dizer Não", resolvemos abrir um leque que enriqueceu o repertório. Funk, soul, rhythm blues foram muito bem aceitos pelo nosso público.


2112. Meu Coração Não Suporta Mais, Harley Davidson Blues e Só Pra Te Dar Prazer se destacaram no repertório... O que os fãs acharam desta mudança? 


Edinho Galhardi. Os fãs sempre aceitaram as mudanças com carinho.


2112. Mesmo com o sucesso batendo a porta, a banda deu uma sumida reaparecendo apenas em 2016 com uma nova formação e o inédito Volt. Havia muita pressão em cima de vocês? O que realmente aconteceu?


Edinho Galhardi. Muitas mudanças. Justino foi para Los Angeles e a relação com a Gravadora desgastada, procuramos fazer uma última excursão pelo Rio Grande do Sul, antes de parar a banda. Convidamos Mimi Lessa ex guitarrista do Bicho da Seda e Frenéticas. Nesse período, eu, Edinho Galhardi registrei o nome Garotos da Rua no INPI para nossa proteção perante a Gravadora. Após um bom tempo, Justino (último a entrar na banda e o primeiro a sair), tomou o nome e usou durante muito tempo, impossibilitando eu e Bebeco de um Revival. Continuamos a tocar a carreira solo de Bebeco. Depois de sua morte, ao revirar gravações antigas dos Garotos, encontrei várias músicas inéditas do início da Banda. Chamei alguns amigos para gravar três músicas. Ficaram ótimas. Foi aí que decidi fazer o CD Volt, com a parceria de Carlos Caramez, letrista dos Garotos. Quando fui registrar a Banda Volt no INPI, a grande surpresa de que o nome Garotos Da Rua estava liberado. Retomei o nome. Como a Volt era uma continuação dos Garotos e o cantor não gostava disso, chamei Rodrigo Teles (Zebu), meu amigo e do Bebeco de longa data. Também grande fã da Banda. Ficou excelente. Garotos da Rua Revival.


2112. A constante mutação do cenário musical intimida vocês ou o que importa é o rock’n’roll e dane-se o resto!     


Edinho Galhardi. O que importa é que curtimos tocar um bom rock'n'roll desde sempre.


2112. Gene Simmons do grupo Kiss afirmou que o rock morreu. O que vocês pensam a respeito disso?


Edinho Galhardi. "Andam dizendo por aí que o rock vai morrer. Meu Deus o que é que eu vou fazer??? Já sei, vou me matar também..." Música "Garotos da Rua", de Carlos Caramez e Sérgio Mello. Distribuída pelo Pasquim, vendida em bancas de jornais, nos anos 70, com produção de Belchior. Vamos levar sempre essa bandeira.

2112. Vocês ainda ouvem os mesmos discos?   


Edinho Galhardi. Mesmos discos não. Mas a mesma onda sim.


2112. A distribuição gratuita de arquivos na internet incomoda?   


Edinho Galhardi. Distribuição gratuita hoje é assim, mas não incomoda.


2112. O microfone é seu...


Edinho Galhardi. Deixo aqui um grande abraço aos fãs dos Garotos da Rua. Prometemos continuar dando o melhor, para podermos retribuir o carinho emocionante dos fãs nos finais dos show's. A nova formação tem Rodrigo Teles ( guitarra e vocal) Eric Peixoto (guitarra), Paulo Franzmann (baixo) , Edinho Galhardi (bateria) e Clayton Chiesa (teclados). O site da banda:  www.garotosdarua.com.br