O rock dos anos 60/70 ainda é fonte de inspiração para muitas bandas e o Underload não foge à regra. Mas quem escutar
o seu primeiro cd vai sentir orgulho de ver o nível que nossas bandas estão
atingindo. Peso, melodia, balanço e um vocal de arrepiar faz toda a diferença e
trazendo uma certeza: Não precisamos ficar babando as bandas gringas pois as
nossas estão no mesmo patamar de qualidade. Ouça bem, mas bem alto e depois me
diga se estou errado... “a canção continua a mesma!”
2112.
O Rio Grande do Sul tem sido um celeiro fértil de grandes bandas e grandes
músicos. Na opinião de vocês o que o Estado oferece de diferente dos demais?
Como está a cena gaúcha hoje?
Sasha Z. Realmente, o Rio Grande do Sul possuí uma cena
muito forte, com grandes músicos e profissionais de destaque nos mais diversos
estilos. Falando especificamente da cidade onde vivemos, Caxias do Sul oferece
um edital público que tem ajudado muitas bandas e artistas a elevar a qualidade
do material, além de profissionalizar o trabalho como um todo. Nosso álbum e o
clipe da música Russian Roulette (em fase de gravação) foram viabilizados
através dessa iniciativa. Além disso, existem diversos blogs, estúdios,
festivais e projetos privados que promovem ações em prol da cena musical local.
Isso faz toda a diferença.
2112.
Como surgiu a banda?
Sasha Z. A banda surgiu com o objetivo de dar sequência
ao lançamento do meu primeiro álbum solo, que é instrumental. Após decidir que
o novo trabalho teria vocal, comecei os contatos e fui recrutando os
integrantes. A química foi instantânea e logo nos entrosamos musicalmente,
levando a energia da banda para os palcos. No estúdio, registramos nosso
primeiro álbum e o singles Otherside e Mad Love.
2112. Existe uma forte influência setentista no som
de vocês que além de Led Zeppelin, Aerosmith, Deep Purple, Glen Hughes...
inclui o soul e o funk o que garante mais groove a música e também elementos do
novo rock como The Winery Dogs e Black Country Communion. Enfim, quais são as
influências de vocês?
Joce. Exatamente, somos muito influenciados por essas bandas citadas. O soul e o funk naturalmente estão dentro do rock 70, pois foi a década de ouro para ambos estilos. Por isso tais misturas são inevitáveis. Além das bandas citadas, admiramos muito também o Black Sabbath e o Rival Sons. Duas gerações, o clássico de olho no futuro.
2212. De uns anos para cá o roqueiro de uma maneira
geral vem abrindo mais a mente no que se refere a inclusão de outros ritmos ao
peso do rock. Existe algum tipo de relutância ainda por parte do público por
causa desta mixtura?
Beto Vianna. Acreditamos que a música, de maneira geral,
evolui, e o público se adapta às mudanças.
2112. Como é o processo de composição? Todos
participam?
Beto Vianna. Em nosso processo de composição, respeitamos muito a
individualidade de cada integrante, e desta forma, todos criam e colocam suas
particularidades nas músicas. Todas as idéias são bem analisadas, pois têm
potencial para se encaixar em algum som.
2112. Recentemente vocês lançaram o primeiro
trabalho. Escutando atentamente o cd como um todo ficou como vocês queriam?
Vocês conseguiram reproduzir o som da banda ao vivo?
Joce. Lançamos em 2014 nosso primeiro
álbum. Com certeza ficou como queríamos na época e ainda achamos um excelente
material. Porém hoje em dia naturalmente o som vai se transformando, algo muito
comum com quem produz música. Nos nossos dois recentes singles, percebe-se um
amadurecimento e um direcionamento diferente sonoro do que foi gravado em 2014.
Apesar de o disco não ter sido gravado ao vivo, conseguimos sim reproduzir a
performance da banda. Acredito eu, devido a muitos ensaios e entrosamento,
etambém cada um entrou sabendo exatamente o que tinha que fazer, foi um
processo rápido.
2112. Quais músicas vocês destacariam?
Joce. O grande ápice do disco são as faixas
Russian Roulette (faixa 2) e Burning Higher (faixa 3), para mim são músicas que
estão um pouco acima das outras. Porém, tem outras faixas que representam muito
bem o som da banda.
2112. Como surgiu na história de vocês o programa
de incentivo à cultura para a gravação do cd?
Sasha Z. Desde o início da banda definimos como
objetivo registrar um álbum. Ao colocar no papel todos os custos de gravação,
mixagem, masterização, produção, prensagem, assessoria de imprensa, etc.,
percebemos que a forma mais rápida de arrecadar o montante necessário seria
através das leis de incentivo. Aqui em Caxias do Sul, contamos com o
Financiarte. Decidimos inscrever um projeto e fomos contemplados. Os recursos
possibilitaram um resultado final de alto nível.
2112. Como é manter uma banda em meio a toda essa
confusão financeira que se encontra o país?
Beto Vianna. Todos têm de
"vestir a camisa". Devemos acreditar em nosso trabalho e dar o sangue
para tal propósito. A situação financeira é complicada, porém encaramos nossos
gastos como investimentos para um bem maior, que é nosso som.
2112. Hoje já se tornou comum baixar cd’s pela
internet. Como vocês encaram este desafio? Vocês são contra ou a favor? É
possível se manter apenas dos shows?
Beto Vianna. A forma de consumir
música vêm mudando ao longo dos últimos anos, portanto é natural que as pessoas
busquem meios mais práticos para ouvir os artistas. Não adianta remar contra a
corrente e levantar uma bandeira contra os downloads dos álbuns. Temos que
produzir conteúdo, de fácil acesso e maior alcance possível.
2112. Que conselhos vocês dão a quem pensa hoje em
formar uma banda? Como é a vida de um músico? É uma vida glamorosa como muitos
pensam? Qual o lado positivo e qual o lado negativo desta vida?
Sasha Z. Hoje, temos a internet como uma ferramenta
muito poderosa e que acabou com as limitações geográficas. O principal conselho
é trabalhar bem as mídias sociais. Ser
músico vai além de uma profissão, é um estilo de vida. Você precisa acreditar
que tem algo a dizer através do seu som e batalhar muito para fazer as coisas
acontecerem. Não há glamour. É preciso encarar a banda como uma empresa e
trabalhar não só o lado musical e artístico, mas também o lado business. O lado
positivo é trabalhar com o que a gente realmente ama, isso não tem preço. O
lado negativo é lidar com o preconceito de quem ainda não considera música uma
profissão, mas isso apenas serve de motivação para ir cada vez mais longe.
2112. Existem novos projetos para este ano?
Joce. Existem sim. O principal que eu posso destacar
é o lançamento do vídeo clipe de Russian Roulette do nosso primeiro disco.
Clipe com financiamento cultural do município e que vai ser nosso principal
material de vídeo gravado até o momento. Acompanhando o lançamento desse vídeo
clipe haverá também um show de lançamento e estamos planejando um grande
espetáculo para os fãs da banda.
Integrantes:
Beto Vianna (vocal)
Maurício
Gomes (bateria)
Joce
(contrabaixo)
Sasha
Z (guitarra)
Sempre achei ridículo pessoas que
ficam denegrindo o rock brasileiro em favor muita das vezes de uma merdinha
importada. Amo Zeppelin, Floyd, Who, Stones, Clapton, Hendrix, Joplin, Bad
Company etc; mas acredito que nossas bandas sempre lutaram pelo mesmo ideal dos
nomes citados acima: fazer música de qualidade! O cd homônimo do Underload
mostra isso unindo o peso do hard rock ao balanço do funk americano e a profundidade
do soul que resulta numa mixtura bem interessante (e provocante!). O álbum abre
com o hard All I Need com guitarras pesadas que te deixa com vontade de ouvir a
segunda faixa Russian Roulette um rock funkeado super swingado, ai vem Burning
Higher, My Imagination, Hurt Memory até desembocar em Love Can Wait uma linda balada
em meio a todo o peso e balanço do álbum... as demais seguem no mesmo padrão de
qualidade fechando com Turn On The Light. Vale a pena investir seu tempo, sua
grana e agradar seus ouvidos com este trabalho bem acabado envolvido por um
belo trabalho gráfico.
01 All I Need
02. Russian Roulette
03. Burning Higher
04. My Imagination
05. Hurt Memory
06. Love Can Wait
07. Let It Go
08. Set Me Free
09. Through The Sky
10. Turn On The Light
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