O blog 2112 foi formado com intenção de divulgar as bandas clássicas de rock, prog, hard, jazz, punk, pop, heavy, reggae, eletrônico, country, folk, funk, blues, alternativo, ou seja o rock verdadeiro que embalou e ainda embala toda uma geração de aficcionados. Vários sons... uma só tribo!



terça-feira, 31 de julho de 2018

Entrevista Eric Assmar


Quem conheceu Álvaro Assmar sabe o quanto ele era um cara bacana e bom de papo... Eu tive a grata oportunidade de entrevista-lo e mesmo batido altos papos via zap. A sua morte deixou uma lacuna aberta que aos poucos está sendo preenchida pelas atitudes do seu filho, Eric também bluesman. O legado de Álvaro está em boas mãos!!         

2112. Primeiramente quero dizer que achei muito bacana da sua parte dar continuidade aos projetos do seu pai como o programa de rádio, as festividades do seu aniversário e agora o cd Family & Friends. Parabéns, seu pai merece!

Eric. Muito obrigado! Esses são projetos que já estavam com um pontapé inicial dado por ele próprio. Me senti no dever de concretizá-los.

2112. Na época em que eu o entrevistei ele comentou entusiasmado sobre todos esses projetos. Ele deve estar muito orgulhoso de você e também dos amigos dele por toda essas demonstrações de carinho...

Eric. Exatamente. O entusiasmo dele era evidente, até mesmo pela forma apaixonada como ele falava de cada um desses projetos, com uma entrega bonita e rara de se ver.

2112. Quando você resolveu dar andamento na gravação do cd já havia algum material gravado como demos, linhas de guitarra ou de voz e que agora estão sendo reaproveitados em estúdio ou vocês começaram do zero?

Eric. Sim, ele costuma gravar algumas prés do material, coisa que, em diversos casos, os artistas fazem em caráter provisório, de modo a servir como um guia para outros músicos gravarem as partes “valendo”. Mas, no caso de Álvaro, as prés eram muitíssimo bem gravadas e com performances incríveis, super inspiradas. Em diversas ocasiões, durante a produção de alguns discos anteriores, lembro que o material gravado nas prés era o que ficava para o disco. No caso desse álbum, já estavam gravadas todas as guitarras, violões, baixos, algumas participações e as vozes, com exceção de duas músicas, que estavam com todo o instrumental registrado, com título, porém ainda sem letra escrita.
2112. Quantas músicas terá o o cd?

Eric. Serão onze faixas.

2112. Tirando a ausência física do seu pai o que foi mais complicado em estúdio?

Eric. É, sem dúvida, o maior desafio da minha carreira musical, imerso no maior desafio da minha vida, como um todo, que tem sido o de lidar com a perda do meu melhor amigo. É muito difícil produzir, trabalhar nessas músicas, sem a presença física dele. Tenho trabalhado muito ao lado de Márcio Portuga, técnico de áudio e um grande amigo meu e do meu pai. Tivemos as sessões de gravação de bateria com Reni Almeida, além de participações de Octávio Américo (baixo) e do meu tio, Adelmo Assmar, nos vocais, em uma canção inédita. Ainda temos algumas participações para serem gravadas. Volta e meia, somos tomados pela emoção durante o processo e acho que não teria como ser diferente. De um jeito ou de outro, essa produção tem sido uma forma de eu me sentir mais próximo da memória do pai e, também, me sentir útil ao cuidar da finalização desse projeto, que será um bom presente para os fãs do trabalho dele, sem dúvida.

2112. Você seguiu a risca o projeto original ou foi preciso fazer algumas alterações?

Eric. Eu tenho tentado ao máximo ser fiel à concepção artística que ele tinha e ao que ele queria para o álbum, em termos de sonoridade e arranjos. Tem sido muito difícil e desafiador, mas quando penso nele e em nossa relação, me vem uma motivação mais forte do que qualquer outra coisa. A lista de músicas será a mesma concebida por ele. Eu finalizei as duas composições que estavam inacabadas (sem letra), aproveitando o título original e escrevendo, de duas maneiras distintas, sob essa perspectiva de agora, do Álvaro não mais nesse plano. De resto, o disco terá a mesma temática, de reunir participações de família e amigos (Family & Friends) ao longo das faixas.

2112. E sobre as participações especiais todos os músicos toparam na hora participar do projeto?

Eric. Sim! Absolutamente!

2112. Deve ter sido muito emocionante as gravações em estúdio. Fico imaginando a alegria de cada um de vocês a cada sessão concluída... Vocês registraram em vídeo algum desses momentos?

Eric. Temos alguns vídeos! Em breve esse material será disponibilizado. Muita emoção, sem dúvida.

2112. Já existe tem uma data prevista para o lançamento de Family & Friends?

Eric. O plano é lançar ainda em 2018, possivelmente no fim do ano. Estamos trabalhando para isso.

2112. O que os fãs do trabalho do seu pai e do blues rock brasileiro podem esperar deste novo trabalho?

Eric. É um trabalho com muita espontaneidade, gravado por um Álvaro apaixonado por cada nota que tocava/compunha. Tem algumas músicas mais pesadas, numa pegada mais “power trio”, herança da influência de grupos como Mountain e Gov’t Mule, que ele adorava (e eu adoro). Tem lindas canções, tem coisas mais com um pé no delta blues, etc. A maior parte do álbum é de canções inéditas, somadas a algumas regravações muito bem feitas, de canções dele de anos anteriores. Quem gosta do trabalho de Álvaro Assmar, terá uma grata surpresa, num álbum que tem muito a cara dele.

2112. Existe a possibilidade da reedição dos álbuns do Álvaro com algum material extra?

Eric. Talvez no futuro. Por ora, estou focado na finalização do Family & Friends, que é um projeto que já estava em andamento e que merece ser finalizado com todo cuidado.

2112. Raul Seixas deixou um acervo incrível de sobras de estúdio, demos e gravações de shows. O Álvaro também arquivou muita coisa?

Eric. Algumas. Ele gravava muita coisa em seu home studio. Tudo com uma qualidade e capricho absurdos! Sou suspeito pra falar, mas o cara realmente tinha uma sensibilidade musical e artística diferenciada.

2112. Você pretende lançar este material algum dia?

Eric. Sim, tem coisas legais que merecem ser ouvidas pelas pessoas.

2112. O seu pai comentou que estava trabalhando numa biografia. Você pretende concluir este trabalho também?

Eric. Já está em andamento! O grande responsável é o amigo e jornalista João Paulo Barreto, que tem feito um trabalho primoroso. Li recentemente a parte já escrita até então e posso garantir que está ficando fantástico. Leitura rica, envolvente e emocionante. Em breve esse material deve ser lançado também, estamos ainda em conversas para definição de data, mas as pessoas podem esperar uma biografia muito consistente, sobre esse grande artista.

2112. Quero terminar a entrevista te dando os parabéns por esse trabalho maravilhoso de transformar os sonhos do seu pai em realidade para todos nós. O microfone é seu...

Eric. Muito obrigado! Eu me sinto apenas como uma espécie de “facilitador”, de “ponte”, entre esse trabalho incrível do artista Álvaro Assmar e os seus fãs. Me honra poder colaborar nesse sentido, em que o objetivo maior é reverenciar e disseminar o legado dele. A obra é viva e imortal. São, ao todo, seis CDs e dois DVDs lançados, além desse álbum inédito e da biografia, que estão a caminho. E, parafraseando o encarte do álbum Blues À La Carte: “degustem sem parcimônia” esse legado incrível!

sábado, 28 de julho de 2018

Entrevista banda Quartetinho



A diversidade sonora do Brasil o tornou um dos países mais musicais deste planeta... e o que o Quartetinho faz é levar essa bandeira adiante através de releituras de grandes clássicos da MPB (alguns há muito esquecidos!), do Jazz entremeados por material próprio. Em breve a banda estará lançando o seu primeiro EP e é com muito orgulho que apresento esta entrevista...         

2112. É muito prazeiroso ouvir um trabalho como o que vocês desenvolvem unindo o jazz as várias vertentes da MPB e levando a isso todos os lugares que abrem as portas para vocês tocarem. É como diz Milton Nascimento em uma de suas letras: “Todo artista tem que ir onde o povo está.” Parabéns!

Quartetinho. Muito obrigado! Estamos muito felizes que as portas estão se abrindo pra gente!

2112. Vocês fazem uso de várias sonoridades para criarem uma própria. Pergunto, como vocês classificam o som da banda?    

Quartetinho. Classificar seu próprio som é uma missão bem complicada. A opinião da banda normalmente diverge da opinião do público e não sei quem tem mais legitimidade para classificar o estilo.  Bebemos do jazz, do samba, do choro, do baião e do frevo. Nosso objetivo é misturar tudo o que nos agrada, nesse sentido pode ser perigoso nos prendermos a uma classificação.

2112. É interessante ver jovens como vocês com interesses musicais tão diferentes da nova geração que em 80% só ouvem o que as está tocando nas paradas de sucessos. O que vocês escutam além do jazz e da MPB?

Quartetinho. Felizmente somos quatro integrantes de criações distintas na música. Quando estamos viajando de carro, pode-se ouvir na rádio desde rock até ragas indianos, passando pelo forró e a música de concerto.

2112. Vocês são de visitar lojas de discos ou mesmo pesquisar na internet novos sons? O que vocês tem escutado de bacana? Algum destaque?

Quartetinho. Já estamos bastante imersos na era digital da distribuição da música, acessamos as músicas mais por aplicativos ou meios virtuais. Gostamos de ouvir a galera que também faz um som instrumental mas já tem um tempo de estrada maior como Relógio de Dali, Silibrina, Bixiga 70 entre outros.

2112. Vejo grupos como vocês, Silibrinas, Duo Instrumental, Jazzmine... lutando para se manterem de pé visto que muitas rádios estão se perdendo ao comercialismo e também o fechamento de vários estabelecimentos de shows. Qual seria a solução para esses problemas?    

Quartetinho. É muito importante que as bandas do mesmo estilo e região construam juntos uma cena. Enxergar seus semelhantes como concorrência é um tiro no pé nessa luta.

2112. Outra coisa que me frusta é a indiferença das gravadoras, das rádios e de uma parte do povo em relação a obra de mestres como Pixinguinha, Cartola, Villa-Lobos, Ary Barroso, Heraldo do Monte, Hermeto Paschoal... Como o público reage quando vocês tocam essas músicas?  

Quartetinho. Ficamos muito felizes quando percebemos alguém na plateia balbuciando a letra da música que estamos tocando, mas também tem sido muito realizador que muitos vem perguntar depois dos shows o nome de alguma música. Ser uma vitrine desses compositores faz parte da filosofia da banda.

2112. Nas andanças de vocês ainda é possível ouvir bandas mantendo a tradição da verdadeira MPB como o samba de raiz, maxixe, marchinhas...?    

Quartetinho. Consideramos mudanças naturais e importantes. Não sei se conseguimos classificar uma “verdadeira MPB”. Os exemplos citados na pergunta ainda estão em alta pelo menos na época do carnaval.

2112. Existe um circuito bacana de shows e festivais no Rio para bandas como vocês que tocam música instrumental?  

Quartetinho. Não a como negar que a vida para bandas do nosso estilo é mais fácil em São Paulo. Porém felizmente tem aparecidos bastantes oportunidades em eventos de empresas ou bares. Não são muitos os festivais que o nosso som é completamente compatível, mas sempre que aparece um oportunidade mandamos nosso material.

2112. Eu entrevistei um bluesman chamado Ari Frello que além de shows em bares, teatros, festivais toca em praças públicas e onde mais der. Vocês também fazem uso desses espaços?

Quartetinho. Por termos instrumentos elétricos e bateria ainda estamos buscando uma estrutura de tocarmos na rua. Mas faz parte sim dos nossos objetivos. É muito importante ocuparmos espaços públicos com arte!

2112. E qual é a reação do público? Deve ser uma experiência bem bacana não?

Quartetinho. Nosso clarinetista/saxofonista junto com o nosso guitarrista já fizeram um ensaio aberto no calçadão de Ipanema e muitos pararam para apreciar!

2112. Qual música vocês nunca deixam de incluir senão o público reclama?

Quartetinho. É importante em um show instrumental que o público conheça pelo menos algumas melodias. Tocamos sempre clássicos da bossa nova e standarts conhecidíssimos para que todos os ouvintes tenham familiaridade com alguma música.

2112. Vejo o underground como palco de grandes bandas e novidades musicais incríveis mas que na maioria das vezes não chega ao ouvido do grande público. O que vocês pensam a respeito?  

Quartetino.  Talvez seja arrogante da nossa parte querer que a maioria goste do tipo de som que fazemos. Mas entendemos sim que se deve ter mais espaços na cena cultural para gêneros diferentes, é importante que a população tenha acesso a novos estilos.

2112. Uma cooperativa unindo bandas, produtores, radialistas, empresários, designers, cineastas não seria uma solução imediata?  

Quartetinho. Para nós é fundamental o debate sobre cultura entre diferentes parcelas da nossa sociedade!

2112. Sinto que as bandas precisam se unir mais... Por exemplo a banda “X” que é bem conhecida no circuito vai participar de um evento poderia convidar um membro de uma outra banda para fazer uma participação especial e durante o show falar um pouco dessa banda ou mesmo abrir mão de três ou quatro números na sua set list e dar esse tempo para uma banda iniciante fazer a abertura. O que vocês acham?   

Quartetinho. Total de acordo. Como dissemos, no nosso contexto enxergar seus semelhantes como concorrentes é um tiro no pé.

2112. A banda surgiu no campus da Universidade Federal do Estado do RJ. Como e quando vocês resolveram formar o grupo?   

Quartetinho. A banda surgiu no final do ano passado. O guitarrista e arranjador Calvin Sucena reúne um grupo de amigos que adoravam debater sobre música para dar vida a suas obras.

2112. Vocês tem formação musical erudita ou são autodidata?

Quartetinho. Estudamos em diferentes instuições de ensino musical como a escola de música Villa Lobos, Starling Academy of Music, Sistemus e claro sempre complementando os estudos em casa.

2112. A banda faz releituras dos grandes clássicos do Jazz e da MPB em seus shows... mas existe projeto de incluir composições próprias no repertório?

Quartetinho. Sim! Estamos nos últimos detalhes da nossa primeira música autoral.

2112. O Quartetinho é uma banda instrumental... mas vocês já pensaram em incluir vocais convidados em alguma música nos shows ou mesmo em futuras gravações?

Quartetinho. Sim, já fizemos convites para cantoras fazerem uma participação em nossos shows na Lapa e se tivermos oportunidade de acompanhar alguma carreira solo não recusaremos!

2112. A voz não deixa de ser um instrumento, não é?

Quartetinho. Claro!

2112. O que os fãs do Quartetinho podem esperar para este ano? A gravação de um cd está nos projetos?

Quartetinho. Estamos finalizando nosso EP com três versões de clássicos brasileiros, está ficando lindo!

2112. ... dá para adiantar alguma coisa?

Quartetinho. Infelizmente não, o processo de mixagem é longo hehe

2112. O microfone é de vocês...

Quartetinho. Primeiramente muito obrigado pelo convite! Queríamos deixar o convite para visitarem nosso Facebook (Quartetinho) e nosso Instagram (@quartetinhojazz) onde lá encontrarão fotos, vídeos e datas dos próximos shows. Até a próxima!

Telefone de contato: 55 21 982213764