2112. Este ano o single Underground completa trinta anos. Há projeto de relançá-lo afinal é um ítem raríssimo, não?
Vinícius Castelli. Seria uma grande alegria poder relançar o compacto Underground, ainda mais por estar há tempos fora de catálogo. É um trabalho pelo qual o Montanha tem muito carinho, já que é o primeiro registro da banda, lançado em vinil ainda. Mas no momento todos os nossos esforços estão focados no novo disco de inéditas. Quem sabe depois disso.
2112. A discografia da banda está disponível nas plataformas digitais?
Vinícius. Sim, tudo que o Montanha já produziu pode ser encontrado em todas as plataformas digitais. Hoje em dia não tem como ficar fora disso e é uma ótima ferramenta para que todos possam conhecer o que os artistas do mundo todo estão fazendo, inclusive os independentes, como nós.
2112. “Além do Tempo” o novo álbum será lançado em breve. Vocês poderiam falar um pouco como nasceu este novo projeto?
Vinícius. Além do Tempo é um disco que nasce da urgência de transformar em música e palavra tudo o que sentimos, a forma como vemos o mundo e a sociedade. É um disco que pode ser interpretado de diversas maneiras. De uma forma espontânea, ele conta com começo, meio e fim nas idéias que expressa, narra uma jornada. Pode ser interpretado de maneiras espiritual, política, social. Tudo depende da bagagem que quem escuta, carrega, sabe. É um disco para questionar, fazer pensar.
2112. O álbum foi registrado durante o período da pandemia? Quanto tempo vocês gastaram com pré-produção, arranjos, composições até o fechamento do projeto como um todo?
Vinícius. O disco começou a ser composto em 2018 e a ser gravado antes da pandemia, em 2019. Quando estávamos quase acabando a gravação chegou essa pandemia horrível que abalou e abala as estruturas do planeta. Assim como todo mundo, pausamos nosso trabalho no estúdio e retomamos apenas agora, em 2022, com todos devidamente vacinados. Estamos na mixagem do disco e esperamos ansiosos para que fique pronto logo.
2112. O título soa é bem enigmático... o que dá margem para variadas interpretações. Qual é o seu real significado? Tem alguma coisa ver com a pandemia?
Vinícius. Na verdade tudo foi pensado antes da pandemia. O título, Além do Tempo, dá diversas margens para interpretação. Que a música, a arte, de forma geral são atemporais. Essa é a primeira idéia. Junto disso, também diz que nossas ações, tanto no micro, enquanto indivíduos, e as ações da humanidade, com um olhar macro, ficam marcadas, eternizadas, vencem a barreira do tempo. Mais uma vez, a interpretação depende de quem escuta e de como recebe a mensagem que estamos enviando.
2112. Entre as músicas gravadas quais as mais pesadas?
Vinícius. Além do Tempo é um disco que está nos deixando muito felizes. Ele está mais pesado que o anterior, Luz Solar Decifra, mas também conta com passagens incríveis e diferentes, como um trecho de baião elétrico que colocamos em uma das canções. Entre as mais pesadas destaco Observadores, Novo Vôo, A Batalha e a música que dá nome ao disco.
2112. Vocês já escolheram a música de divulgação do álbum ou ele será disponibilizado de uma única vez em todas as plataformas?
Vinícius. Estamos falando sobre isso ainda, mas caso a gente decida lançar uma música de trabalho, Observadores é uma das favoritas para isso.
2112. Ele será lançado em formato físico?
Vinícius. Sim, em CD. O sonho seria lançar em LP, mas por enquanto está só na vontade.
2112. O Montanha está com nova formação. Isso de alguma maneira influenciou mudanças no som da banda?
Vinícius. Com certeza. Essa formação está ativa desde 2018, com a entrada do baterista Bruno Turbilhão e Jimi Gantinis assumindo a voz, além do contrabaixo. Eles trouxeram suas influências, que poderão ser sentidas no novo disco. Mas claro que a receita do Montanha, com os riffs de peso e passagens lentas, não ficam de fora. Já são nossa marca registrada.
2112. O que os fãs da banda e os amantes do som pesado podem esperar de Além do Tempo?
Vinícius. Podem esperar um disco feito com muita, garra, dedicação e amor. É o disco que se nós, fossemos público do Montanha, gostaríamos de ouvir. É um disco para chacoalhar a cabeça na hora de ouvir e as idéias na hora de prestar atenção no que dizemos.
2112. Recentemente o Montanha retornou aos shows tocando no Festival de Inverno de Paranapiacaba. Como foi pisar novamente no palco após dois anos enclausurados?
Vinícius. Voltar aos palcos após mais de dois anos foi maravilhoso. Havíamos tocado na última semana antes da chegada da pandemia, junto do Golpe de Estado, e depois paramos. Entregamos em Paranapiacaba um show cheio de energia. Acho que a gente estava precisando desse show no momento.
2112. Vocês testaram o material novo no show ou apenas fizeram um apanhado dos clássicos da banda para montar a set list?Vinícius. Das novas colocamos apenas uma música, que é Observadores. As outras vamos mostrar apenas no lançamento de Além do Tempo. O restante do repertório foi pincelado dos outros discos.
2112. ... e qual foi a reação do público?
Vinícius. Foi ótimo ver diversos rostos conhecidos na platéia e também gente que nunca havia nos escutado vindo nos procurar para falar que gostaram da banda. Algumas músicas como Underground, Peregrino, Macondo e Luz Solar Decifra dão gosto, pois a galera se empolga, canta junto. É bonito de ver.
2112. Essa apresentação foi registrada em vídeo?
Vinícius. Oficialmente não, mas muita gente filmou vários trechos.
2112. Tirando o novo álbum quais são os projetos para os próximos meses?
Vinícius. Preparar um grande show para o lançamento desse álbum, que é o primeiro com essa formação e um trabalho muito importante para nós, no qual estamos apostando muita energia e todas as nossas fichas. Além do disco produziremos ao menos um clipe também.
2112. O Montanha desde que foi criado investe em material autoral cantado em português. Mas vocês já pensaram em tentar uma carreira internacional?
Vinícius. Sim, já pensamos em investir nisso, cair na estrada e tentar algo na Europa e América do Sul mesmo. Mas exige muito planejamento e tempo.
2112. ... muitas bandas brasileiras tem conseguido bons resultados. Além do mais seria um diferencial a mais na carreira da banda, não é? Existe uma possibilidade?
Vinícius. Sim, existe a possibilidade e muita vontade. Vale lembrar que todos nós temos outras profissões além da música e isso torna as coisas um pouco mais difíceis com relação a ter tempo para ficar fora do Brasil, fazer uma turnê etc.
2112. Após tantos anos de estrada o que vocês diriam para quem está começando e para quem está pensando em desistir?
Vinícius. Para quem está começando é que a música lava a alma. Não importa se toca na garagem (como todos nós começamos!), num show em uma grande praça ou num belo festival. Para quem pensa em desistir, repense, pois música é vida, e num país de tantas intolerâncias, a arte tem muito a dizer. Arte salva!
2112. Qual e-mail/telefone para contactar a banda?
Vinícius. vinicastelli@gmail.com (11) 983360360
2112. ... o microfone é de vocês!
Vinícius. Queremos agradecer a oportunidade e o carinho por esse espaço, por podermos falar um pouco de nossa trajetória e do nosso novo trabalho, que em breve estará pronto para ser degustado. Queremos agradecer também às diversas pessoas que nos apoiam, seja com um gesto, uma sugestão, indo aos shows. Sem essa gente toda não estaríamos aqui.
Fotos: Identifiquei apenas os nome dos fotógrados Billy Albuquerque, Marina Brandão e Ricardo Trido. Se alguém tiver informações sobre os demais fotógrafos favor enviar os nomes para retamero2112@gmail.com que eu faço as devidas correções.
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