O blog 2112 foi formado com intenção de divulgar as bandas clássicas de rock, prog, hard, jazz, punk, pop, heavy, reggae, eletrônico, country, folk, funk, blues, alternativo, ou seja o rock verdadeiro que embalou e ainda embala toda uma geração de aficcionados. Vários sons... uma só tribo!



segunda-feira, 22 de abril de 2019

Entrevista Clementines



Esta foi mais uma daquelas incríveis descobertas que a internet me proporcionou em meio a tantas coisas descartáveis no meio musical. O trio formado por Carol Lewis, Zi Catalano e Mayra Aveliz destila belas e intricadas harmonias vocais e um instrumental delicado como uma porcelana chinesa. Um som harmonioso para se ouvir junto a belo pôr de sol...      

2112. Gostei muito da versão de vocês para o clássico stoneano Honk Tonk Woman. Jagger & Richards com certeza ficariam orgulhosos do resultado final!

Mayra: Esperamos que sim, pois esta é uma banda que gostamos e admiramos muito. Nosso foco nessa canção foi desenvolver a harmonia de vozes, pois ainda falta um pouco para fazermos uns solos e riffs a la Keith Richards. Rsrsrs! Mas com certeza são uma grande inspiração.

2112. Vocês me fazem lembrar das lendárias girls groups dos anos sessenta e de alguns old grupos de country music. Quais são as influências de vocês?

Carol: Temos diferentes influências e com certeza esses grupos que você citou são algumas delas. No tocante a parte country do nosso repertório, a Family Carter é uma das mais importantes para a gente. Além deles, o trio formado por Dolly Parton, Linda Ronstadt e Emmylou Harris também trouxe várias inspirações, inclusive de figurino. Não tem como entrar no mundo country e não começar por essa galera, bem como Johnny Cash, Everly Brothers, Patsy Cline, entre outros. Mas nosso repertório também conta com outros gêneros, como clássicos do rock n roll e blues. Nesse sentido, tentamos abarcar canções que tenham aberturas de vozes, que é o diferencial do nosso grupo. Sendo assim, também contemplamos algumas músicas dos Beatles, The Mamas and the Papas, Rolling Stones, The Beach Boys, etc. E quando possível, colocamos nossa assinatura country nelas.
2112. Vamos fazer o seguinte, como cada uma aqui tem uma história musical bem interessante. Que tal vocês se apresentarem?

Mayra: Eu sempre tive bandas de garagem, mas nada sério. Aos 24 anos vim para São Carlos para estudar e comecei a me envolver na cena musical da cidade sem muita pretensão. Um amigo que chamava para uma canja ali e aqui. Terminei o mestrado e de repente me vi totalmente infeliz com o que fazia. Resolvi que era hora de mudar e com isso já tem mais de dois anos que só trabalho com música. Já fiz muito acústico em barzinho e tive outras bandas que não deram certo. Mas o importante foi sempre estar conectada com os gêneros musicais que gosto. Então praticamente tudo que foi feito entre os anos 20 e 80 me agrada muito. Por isso, sou fã de carteirinha de blues, soul, rock n roll e country, e essas são as coisa que eu canto.

Zi: Eu sempre fui fã de música country dos anos 50/60. Em 2016 comecei alguns projetos com essa pegada, com banjo e outros instrumentos que são muito utilizados no gênero. Apesar de eu ter outra profissão (faço doutorado em Ecologia e trabalho com aves) comecei paralalemante a trabalhar com música também. Daí me encontrei com as meninas e estávamos bem sintonizadas em querer montar um grupo que fizesse esse estilo de repertório e também focasse em harmonias vocais.

Carol: Sempre gostei de música, mas minha relação com esse mundo se aprofundou quando comecei a tocar bateria. Aprender esse instrumento, aos 14 anos, foi um divisor de águas na minha vida. Foi nessa idade também que comecei a ouvir Elvis Presley, Beatles, dentre outros artistas dos anos 50 e 60 que me fascinaram. Aos 22 anos, me formei em Música pela Universidade Federal de São Carlos. Trabalhei (e trabalho até hoje) lecionando música para crianças e adolescentes. No âmbito da performance musical, tive algumas bandas e também já fui baterista freelancer, sempre permeando a área do rockabilly, rock n' roll, blues e country. Agora, nas Clementines, o mais legal e desafiador é que, além de fazer a percussão com caixa e washboard, também estou cantando. Isso vem me trazendo um novo aprendizado musical. Uma experiência bem prazerosa, que com certeza vai me fazer evoluir enquanto musicista.
2112. Agora que vocês já se apresentaram, me contem como surgiu a idéia de formarem o Clementines. 

Zi: Eu queria gravar umas coisas e convidei a Mayra para fazer vozes comigo em alguma dessas gravações. Ela, que já tinha tocado antes com a Carol em outros projetos, me deu a ideia de convidá-la também para cantar e tocar nas gravações. Juntamo-nos para nos conhecer e conversar, e vimos que tínhamos muito em comum. Aos poucos fomos nos encontrando, trocando mensagens e testando canções que gostávamos. Vimos que poderíamos montar um projeto massa. Assim surgiu a ideia das Clementines. Mas o nome só veio uns quatro meses depois...rsrs.

2112. O nome do grupo é algum tipo de homenagem?

Zi: O nome veio de um tema tradicional country chamado Clementine (Oh My Darling Clementine). É uma canção super antiga e foi gravada por inúmeros artistas, incluindo lendas como Johnny Cash. Então por gostarmos da referência e achar que soa bem, escolhemos esse nome para a banda. “Clementine” também é uma fruta, uma espécie de híbrido entre uma tangerina salgueiro e uma laranja brava. Achamos esse significado muito legal, pois representa uma pouco do que somos como grupo. Cada uma vem de uma origem musical mais aflorada, que resultou nesse mix de country, blues e rock n roll.
2112. Vocês fazem releituras de grandes clássicos do country, do blues e do rock’n’roll. O que vocês mais levam em conta na hora de escolher as músicas para montarem a set list dos shows? 

Carol: Tentamos sempre escolher músicas em que as três tenham parte vocal. Além disso, tentamos variar entre canções lentas e agitadas, para não ficar um show todo “igual”. Também damos preferência àquelas que tenham uma levada country/ folk, ou que que se encaixe nesse perfil mesmo sendo de outro gênero.

2112. De show para show vocês variam o repertório?

Carol: Na verdade, não variamos tanto, mas sempre tentamos incluir músicas novas de show para show.

2112. Quais músicas vocês não podem deixar de incluir senão a galera reclama? Vocês aceitam sugestões do púbico?

Zi: Bom, tentamos fazer um balanço entre músicas que se encaixam no nosso estilo e que tenham uma dinâmica legal de vozes. Além disso, gostamos de fazer arranjos diferentes de músicas mais conhecidas. Assim podemos nos conectar com o público e também apresentar coisas que eles não conhecem. Normalmente, aceitamos sugestões do público se alguém nos manda pelas redes sociais. Já aconteceu de acatarmos e acabar fazendo nos shows.

Mayra: As que tem ficado no nosso top 5 sempre são Jambalaya (Hank Williams), Bye Bye Love (Everly Brothers), How blue (Reba McEntire), With a Little Help (The Beatles) e “California Dreaming” (The Mamas and the Papas). Esta sempre gera um frisson quando tocamos.

2112. Acredito que um dos grandes desafios de se fazer "releituras" é de imprimir a sua personalidade sem com isso descaracterizar a sua essência original para que ela não soe como uma mera cover, não é?

Carol: Sim, é uma tarefa difícil. Por termos uma limitação instrumental (nosso show é todo feito com violão, ukulele, washboard ou caixa, pandeirola e guitarra), já temos uma assinatura old school nas releituras. Então tentamos sempre investir numa boa harmonia de vozes. Isso naturalmente se torna um diferencial. Um cuidado que temos é de não escolher músicas que tenham uma configuração instrumental muito complexa e diferente da nossa, pois nossas tentativas de versão poderiam descaracterizá-las.
2112. Mas quando a releitura ganha novos contornos musicais ela de uma certa maneira soa como se fosse um composição própria, não é?

Mayra: Caramba, isso é difícil de dizer. Existe uma apropriação meio consequente, pois nunca se faz igual a original. E tem os sentimentos que as músicas geram em nós, pelo ato de tocá-la, ou de ver alguém cantando junto, ou simplesmente por memórias da vida mesmo. Mas sinceramente, isso nunca nos fez sentir como se a música fosse nossa.

2112. Quem faz os arranjos vocais e instrumentais?

Mayra: Carol e Zi se encarregam lindamente dos arranjos vocais. Já os arranjos instrumentais, todas damos sugestões e definimos juntas.

2112. Não seria interessante incluir material autoral em meio às releituras? Vocês tem projetos nessa área? 
Mayra: Sim, achamos importante e já estamos pensando nisso. Escrevemos duas músicas, mas ainda estão apenas no papel. Começamos a trabalhar nelas no ano passado, mas sentimos que precisávamos priorizar o aprendizado de releituras para ter bagagem e incorporar isso a esse projeto autoral. Mas estão guardadinhas esperando o momento certo.

2112. Este ano teremos o lançamento de algum single ou um cd?

Carol: Eita...surpresaaa! Rsrsrss! Brincadeiras à parte, é uma vontade, mas para isso, precisamos de um certo investimento, né? Sendo assim, estamos amadurecendo a ideia. Mas é uma enorme vontade. Esperamos que pelo menos um single role!

2112. Se isso vier a acontecer não esqueçam de incluir a releitura de Honk Tonk Woman. Ficou super bacana!

Carol: Ah, que bom que gostou! Vamos lembrar dessa dica!

2112. Quais os projetos do grupo para este ano?  Vocês pensam em fazer alguma apresentação no exterior? 

Zi: Puxa, seria maravilhoso, mas ainda não temos nenhuma previsão. Esse ano nossa meta é aprender. Estamos juntas a menos de um ano e sentimos que precisamos amadurecer nossas técnicas, nosso repertório, bem como a parte de gestão da banda. Queremos um trabalho maduro e de qualidade, e sentimos que para que isso aconteça, não podemos ter pressa. Queremos ter experiência de estrada, ou seja, tocar o máximo possível, nos mais diferentes lugares e regiões. Esperamos que rolem muitos shows, inclusive fora do estado de São Paulo. Aceitamos convites! Teremos uma pequena pausa de shows de maio a agosto pois a Mayra está grávida do Samuel e vai precisar desse tempo para ser mãe de primeira viagem. Rsrsrs! Mas estamos nos preparando para um segundo semestre muito produtivo!
Mayra: Estamos tentando deixar alguns vídeos e materiais prontos para não sumirmos completamente nesse meu momento “mãe”. E nesse período de resguardo, nada impede que de continuemos nos reunindo para ver músicas novas e ensaiar um pouco. Estamos com algumas ideias criativas e com certeza vai ter bebê no meio! Rsrsrsrs!
2112. ... o microfone é de vocês!

Zi: Estamos muito felizes com esse projeto. O que começou apenas como uma ideia de nos reunir para fazer músicas que gostávamos se transformou num show lindo, o qual temos muita alegria em fazer.

Mayra: De repente nos vimos fechando shows, nos organizando para gerenciar nossas redes sociais e atender as pessoas que passaram a nos seguir fielmente. São elas que nos fazem ter certeza de que estamos no caminho certo.

Carol: Além disso, construímos uma amizade e isso nos fortalece muito como banda. Estamos sempre conversando como é importante estar na mesmo energia para fazer as coisas acontecerem. Estamos trabalhando e nos dedicando muito, e elas estão acontecendo! Ficamos muito felizes por isso!  Esperamos que mais e mais pessoas possam conhecer e gostar do nosso trabalho, pois fazemos com muito amor! Beijos e um abraço apertado a toda a galera do blog 2112! 

Fotos: Arquivo particular do grupo.

 Próxima entrevista: Ciganoblues, dia 25 

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