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quarta-feira, 2 de setembro de 2020

Entrevista Vince Velvet/Spectrodelic Project

Uma das coisas que mais admiro num músico é quando ele se dá ao direito de sair do seu habitual natural para se aventurar em outras áreas.  Vince Velvet é um deles e o seu álbum instrumental Spectrodelic Project surpreendeu. Se você ainda não conhece, leia a entrevista e entenda como tudo começou... e não deixe de adquirir o seu exemplar. 

2112. Me explica uma coisa... quando é que Vinicio Eduardo deu lugar a Vince Velvet?

Vince Velvet. Quando pinta uma inspiração tenho costume de mostrar a música ou o riff para meus amigos. Certa vez enviei uma das minhas músicas para um amigo da Alemanha, o Golly Mccry, e durante a conversa ele me contou que estava regravando ‘Trying To Make The Best’, música da Banda (Hunger!) juntamente com John Morton - que foi o guitarrista da banda na década de 60. Eu já conhecia Morton através da minha rede de amigos. Eles me convidaram para gravar uma guitarra junto com eles, pois naquela época eu já estava começando meu disco. John ouviu minha música e disse que era um som aveludado para os ouvidos e numa dessas conversas me sugeriu achar um nome que combinasse com a música que eu estava fazendo, não encontrei o tal nome e pedi então que ele me batizasse. Passados alguns dias e ele falou brincando: Vince Morton! (eu ri). Logo ele me disse: Vince Velvet, gostei e adotei. Foi mais ou menos por ai... rsrsrs

2112. Essa mudança me lembrou de David Bowie e seus famosos alter egos: Major Tom, Ziggy Stardust, Thin Duck, etc., e também Elton John, antes Reginald Kenneth Dwight...

Vince Velvet. Essa vida artística é estranha mesmo, uns são James e viram Jimi ou Jimmy, outros David e viram Zig Star, outros ainda se chamam Flávio e viram Júpiter... realmente eu acho que virei Vince Velvet rsrsrs até que esse nome soa mais harmonioso para um guitarrista vindo do Sul!

2112. Fale um pouco da sua experiência como músico antes de formar o Spectrodelic Project?   

Vince Velvet. Antes do Spectrodelic toquei com diversas bandas, sempre primando pela música autoral. Uma das que mais coloquei o pé na estrada e merece ser lembrada é Os Flutuantes, a gente inventava umas turnês que começavam no RS, e subíamos SC, PR, SP, RJ, BH. Certa vez acabamos na TV Brasil do Rio de Janeiro. Foi um bom tempo para pegar experiência, chegamos a tocar na mesma noite dos Mutantes e Nação Zumbi em um Fórum Social Mundial, no ano de 2010.

2112. O que mais te impulsionou a seguir em carreira solo?

Vince Velvet. Veja onde eu me meti... rsrsr, na verdade isso me pegou de surpresa pois não planejei uma carreira solo, registrei o disco em cd apenas para divulgar as músicas pois não queria deixar engavetado o que eu considero um trabalho que merece ser compartilhado porém nem imaginava que o som chegaria a rodar em várias web rádios. O que posso dizer é que o resultado desse primeiro álbum está me impulsionando a gravar outro disco e agora é tarde demais para voltar atras, já estou marcando a data para entrar em estúdio.

2112. O Spectrodelic Project será apenas um projeto pessoal ou você pensa em contratar músicos fixos para te acompanhar em shows e gravações? Quais são seus projetos nesse sentido?

Vince Velvet. Em setembro pretendo começar as gravações, tenho excelentes músicos para participarem das gravações deste novo trabalho e pretendo colocar o pé na estrada. Desde que lancei o primeiro disco tem muita gente querendo ver ao vivo. 

2112. O álbum é uma puta celebração ao rock’n’roll num mix fodástico de blues, rock clássico, jazz, funk, soul, psicodelia, etc. Como é trabalhar tantas sonoridades sem perder o foco final?

Vince Velvet. Tudo fluiu naturalmente, à medida que a inspiração de algum riff chegava, eu já registrava. Sempre foi assim, desde criança quando gravava em fitas cassetes e depois descobri o ping pong rsrsr Por isso acho que foi muito natural. Como já foi descrito, não me preocupei em fazer rock, blues ou qualquer estilo que fosse, mas sim em fazer música na essência. Acredito que essa ‘crueza’ seja o grande estilo, o verdadeiro foco.

2112. Você quem produziu, gravou e mixou o álbum entre 2017/18. Como foi o processo de composição, pré-produção e gravação?

Vince Velvet. Comecei a compor esse disco em 2010. Em 2012 mudei de cidade e acabei me afastando da música por motivos pessoais. Voltei a gravar em 2017 finalizando a obra em 2018, quando lancei no formato CD. O processo de gravação foi puro experimentalismo e madrugadas em claro para mixar as músicas.

2112. O álbum soa como uma trilha sonora perfeita para fazer caminhada, andar de bike/skate ou dar uma acelerada na estrada. Puta som, cara!

Vince Velvet. Muito obrigado por esse elogio é uma observação interessante... realmente tens razão sobre esse detalhe no disco, tem algumas partes que ficaram muito boas de se escutar em movimento. Me fez lembrar de quando a música ‘Terrific’ estava  pegando corpo nas gravações, eu imaginava uma perseguição policial no estilo daqueles filmes dos anos 70 com os carrões que se vê em películas da época. Eu curtia demais as cenas com aquelas trilhas pegadas.

2112. Eduardo Schäffer foi o único músico a participar das gravações tocando teclados em O Viajante. Você tocou os demais instrumentos?

Vince Velvet. Desde o início o projeto foi muito intimista, as músicas que compõem o disco fiz por satisfação pessoal, algumas músicas eu cheguei a mostrar em outros projetos de bandas que toquei mas a galera não curtiu e guardei, aproveitando no disco. Eduardo Schäffer é meu filho, quando estava gravando O Viajante eu chamei ele para gravar uma participação e ele fez aquele som que parece um código morse no final da música, já naquele teclado que tem um sustain que percorre a música do início ao fim, usamos junto com um wha-wha e um pedal de overdrive, pois era um teclado simples, adoraria ter um sintetizador para essa música, mas na falta, usamos os recursos que tínhamos como improviso. Achei que o resultado foi bom.

2112. Que pedais e guitarras você usou?

Vince Velvet. Nesse disco usei duas Guitarras, uma Giannini modelo Lespaul não sei o ano exato mas sei que foi fabricada na segunda metade dos anos 70 e uma Danelectro DC59 1999 que era minha preferida. Gosto de pedais analógicos, então os que usei no disco foram o Proco Rat, Fuzz Face, Uni Vibe, Wha-wha Cry Baby e um Vox 847, Delay. Usei um baixo Giannini e também usei a guitarra uma oitava abaixo da afinação Stantard para simular um baixo. Na faixa ‘Terrific’, antes do solo final, usei um arco de violino para fazer aquela sonoplastia.

2112. O álbum é instrumental, mas em algum momento você pensou em adicionar vocal em alguma faixa?

Vince Velvet. Esse álbum nasceu para ser instrumental. Até pensei em vocais mas não rolou a inspiração (cantar não está entre minhas habilidades). Penso em chamar amigos para gravar vocais em algumas faixas para dar uma cara nova no som do próximo disco. Tenho um grande sonho, desde que compus a música Benny, de gravar com uma orquestra. Não sei se acontecerá no próximo disco, mas espero um dia realizar.

2112. Além da sonoridade, outra coisa me chamou a atenção: a duração das músicas. Apenas O Viajante ultrapassa os limites dos três minutos. Ao vivo as músicas ganharão solos de guitarras, teclados ou bateria como pede os shows psicodélicos?

Vince Velvet. Quando comecei com o processo de criação das músicas do disco não pensei em tempo, foi tudo muito instintivo e as músicas tem a duração daquele momento de inspiração. Às vezes uma música pode começar de um simples riff ou por uma progressão de acordes junto com um ritmo que te traz o groove, mas a verdade é que não me preocupei em repetir refrões ou ficar solando o tempo todo e tal… me preocupei em trazer à tona um disco que quem o escute fique imaginando como seria com alguma letra ou até mesmo levar o ouvinte a outro lugar. Nos shows elas serão estendidas sim, com improviso e pitadas de psicodélia setentista... Depois de sua observação, até fui dar uma conferida nos tempos das músicas e vi que, por uma nota, ‘Terrific’ não ultrapassa os três minutos! rsrsrs

2112. Outro ponto bacana foi o design da capa com os nomes das músicas na frente ao invés da tradicional foto do artista que foi parar na contracapa ou uma gravura. De quem foi a ideia?

Vince Velvet. A ideia partiu de mim mesmo, queria fazer uma coisa meio retrô e me inspirei no molde de capa de disco vinil. É o que espero desse disco, ainda escutá-lo no formato Vinil por isso a divisão lado A / lado B como está na capa do CD.

2112. A foto usada na capa me lembrou muito Bob Dylan. Alguma coincidência ou foi mesmo intencional?

Vince Velvet. Apesar de todo respeito pela obra do Dylan se eu fosse fazer alusão a alguém seria Jimi Hendrix... rsrsr

2112. O álbum teve uma ótima resposta tanto no Brasil quanto no exterior. O resultado te pegou de surpresa?

Vince Velvet. Ahh com certeza. Mas acredito que quando se faz algo que se gosta, sem pretensão além da satisfação pessoal, a resposta é muito mais positiva e muito mais gratificante em todos os sentidos. Apesar de tudo, estou sempre batalhando e correndo atrás de rádios e divulgação desse trabalho. Se acontecer algo mais legal do que já está acontecendo, tenho consciência de que é o resultado de toda essa batalha.

2112. Soube que ele ficou por quatorze semanas na programação da Rádio RPP da Austrália. Isso te empolgou a ponto de pensar em fazer shows futuramente no exterior ou já tem algo mais ou menos encaminhado?

Vince Velvet. Algumas músicas do disco já tocavam no Programa Paisley in the Sky, do Malcolm, antes mesmo de finalizar o trabalho (inclusive uma que não entrou no disco chamada o Dobro do Preço), o fato de tocar em uma rádio de outro país também foi um dos impulsos para eu concluir o álbum. Assim que o disco ficou pronto enviei a ele, gostou tanto do resultado que tocou no programa as 14 faixas, uma por semana. Se aparecer uma oportunidade e a banda estiver a mil vamos pegar a estrada sim.

2112. No momento está tudo estacionado em função dessa pandemia. Você tem projetos de fazer alguma live... ou está aproveitando esse tempo para compor material para o novo álbum?

Vince Velvet. Estou aproveitando para compor e também divulgar esse disco! Aproveitar esse tempo para criar e tentar pensar em sonoridades diferentes desse primeiro disco.

2112. O próximo álbum terá a participação de uma banda? Dá para adiantar alguma coisa nesse sentido? O que você tem propriamente em mente?

Vince Velvet. Nesse segundo álbum vou contar com amigos e excelentes músicos, mas ainda estou tratando com galera.

2112. Você já agendou a data para entrar em estúdio?

Vince Velvet. As gravações do álbum começarão na segunda quinzena de setembro.

2112. O que as pessoas que curtiram Spectrodelic Project podem esperar do novo álbum?

Vince Velvet. Esperem um álbum com muito groove, feeling e psicodélia!

2112. Qual o telefone/e-mail para quem quiser adquirir o seu cd ou mesmo para agendar futuros shows?

Vince Velvet. Podem entrar em contatos pelo e-mail spectrodelicproject@hotmail.com ou pelo https://linktr.ee/spectrodelic

2112. Para terminar... o microfone é seu!

Vince Velvet. Quero agradecer a você, Carlos Antonio, que cedeu este espaço no Blog Furia 2112 e agradecer a outros blogs e web rádios que apoiam esse trabalho e a cena independente no geral, essa galera que compartilha o disco em suas redes e que são muito importantes para tocar esse trabalho para frente. Um abraço a todos e viva o Rock!

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