A Silver Mammoth é uma banda veterana dos palcos paulistas com seu rock com influências do hard, psychedelic rock, punk rock, blues etc. Seu último álbum Western Mirror tem recebido ótimas resenhas em diversas revistas brasileiras e gringas. Bati um papo com Marcello e o resultado segue abaixo...
2112. Vamos começar falando de Western Mirror lançado recentemente. Como está a aceitação do álbum?
Marcello. Tínhamos uma ideia de lançamento diferente da que fizemos, queríamos convidar amigos da imprensa, Blogs, Sites, e afins, para audição do álbum. Uma recepção simples, mas com troca de ideias, considero isto bem interessante para um lançamento inédito. Mas com a pandemia, não tivemos outra alternativa, a não ser lançar primeiro no formato físico (CD) e posteriormente nas plataformas digitais. Respondendo sua pergunta, ‘Western Mirror’ vem obtendo ótimos Reviews, tanto no Brasil como Europa, com inserções inclusive em Revistas Impressas. Aqui no Brasil, obtivemos grande destaque na Revista Roadie Crew e em diversos Blogs e Sites especializados. Queríamos ter feito mais dois Vídeo Clipes de apoio, mas não foi possível até o momento.
2112. A parte gráfica ficou muito bacana ao incluir no encarte as letras em inglês e português. Como foi que surgiu essa idéia?
Marcello. Já queria ter feito isto em “Mindlomania” mas acabei optando por não incluir as traduções. Em “Western Mirror” já tinha estabelecido esta ideia desde o início da composições, hoje com a internet, as coisas ficaram mais próximas, se alguém quiser saber sobre as letras, basta acessar vários sites como letras, vagalume, etc, mas o meu pensamento foi traduzir logo abaixo de cada frase em Inglês, isso proporcionaria uma audição mais ampla da poesia exposta no trabalho, e acho que foi uma boa, pois evidenciaram bastante este tema. Aprendi a ouvir música neste formato, disco rolando, encarte e capa na mão, até hoje rola desse jeito.
2112. Achei a iniciativa muito bacana levando em conta que nem todos os fãs da banda dominam o idioma. Parabéns.
Marcello. Sim, a ideia foi justamente esta, proporcionar facilidade quanto a isto, e existe a escrita poética, que as vezes difere da tradução pragmática.
2112. A letra de “For Whom The Bells Cry” cita um trecho de Lucas 6, 39-45 e já em “Like a Blind Man” a letra diz: “... eu acredito na lua eterna / Eu não acredito na Igreja / Eu só acredito no meu amor.” Explica essa dualidade.
Marcello. Gosto muito dessa citação, colocamos instrumentos, para soar como uma “Prelude” cujo qual; seguiria com “Like a Blind Man”. A letra conta a história de um homem que não consegue enxergar a realidade a sua frente, coisas acontecem ao seu redor, seja quando está em transe, ou lúcido, porém; ele não consegue enxergar como outros. Seria um pensamento Pré Socrático, onde ele cita que não acredita em mais nada, apenas em si mesmo, e no seu próprio sentimento.
2112. Western Mirror é o quinto lançamento da banda se contarmos o compacto 7& com as músicas Let Me Hide You/Coup To The End. O que ele difere dos álbuns anteriores?
Marcello. Acredito que neste trabalho, conseguimos uma massa sonora mais robusta, o álbum soa mais pesado que os anteriores de certa forma, mas se o ouvinte fizer uma audição perceptiva, verá que não deixamos a Psicodelia de lado, como pode se perceber em ‘Free Soul” temas Acústicos como “Let´s Find The Sun Together” e “Natural Love”, entendo que “Western Mirror” conseguiu alcançar um bom espaço dentro da discografia até então, a Música tema do álbum, apresenta elemento progressivos, e muitas variáveis, assim como “Shock Therapy” de Mindlomania, tocada a mais de três anos na Kissfm. classificaria “Western Mirror” como um bom sucessor para “Singles” e “Mindlomania”.
2112. Marcello, você dividiu a produção com Renato Haboryni. Quando foi que iniciou a pré-produção do álbum e o fechamento dos trabalhos?
Marcello. Começamos a compor no início de 2019, foram mais de um ano, entre a ideia inicial, complemento do álbum, e lançamento. As gravações geralmente eram a noite, uma ou duas vezes por semana em horários alternativos, pois tanto Eu como ele temos outras atividades profissionais.
2112. Quanto tempo vocês gastaram em estúdio?
Marcello. Sempre tem algo que precisa refazer em um trabalho, como disse na pergunta acima, levamos um ano e acho que dois meses para construir todo o processo. Tem algumas canções que fiz com outro parceiro, e isto também necessitou de deslocamentos para outros estúdios.
2112. Sabemos que antes de finalizar um álbum ele passa por inúmeros estágios: mudanças nos arranjos, nas letras, ajuste num riff de guitarra etc. O que foi mais tenso durante as gravações de Western Mirror?
Marcello. Verdade, isto ocorre de fato, as vezes uma ideia inicial termina totalmente diferente do que se pensou no início. A música que nos deu mais trabalho foi justamente “Western Mirror”, gravamos, e quando Eu ouvia meu ouvido reclamava de algo, quando isto ocorre, é que a música não está pronta, tentamos regravar, fazer mais vozes, mas o problema era com o arranjo, foi quando decidimos deixa-la por último. Haboryni teve uma ideia, eu outra, e invertemos algumas estrofes, mudamos trechos de melodia e letra, foi quando sentimos que tínhamos acertado, gravamos e foi entusiasmo de cara. É uma grande canção em minha opinião.
2112. Rise Up foi o primeiro single/vídeo retirado do álbum. O resultado ficou bem realista com a banda tocando enquanto dois homens lutam pela sobrevivência. A história fielmente o dia a dia de todos nós seres humanos...
Marcello. “Rise Up” é uma música vibrante, rápida, com um grande riff, a ideia do roteiro, foi da Plural Brother Filmes, produtora que já havíamos trabalhado em “Symptom Of The Universe” e de certa forma em “Bewitched”, quando eles me apresentaram o roteiro, confesso que fiquei um tanto indeciso, mas eles me convenceram, e o resultado não poderia ser melhor, o clipe foi selecionado para dois curtas de cinema, ficamos muito felizes. Mérito da Plural e sua grande equipe.
2112. Symptom Of The Universe do Black Sabbath e Jailbreak do AC/DC já haviam sido lançadas em dois álbuns tributos. As gravações incluídas em Western Mirror são as versões originais ou foram regravadas especialmente para o álbum?
Marcello. Estas canções, assim como “White Line Fever” foram construídas para três tributos para um selo Inglês, A Secret Service Records, mas achamos que seria interessante traze-las para “Western Mirror” já que tínhamos conseguido os direitos autorais das mesmas, caso quiséssemos lança-las em CD, Vinil, DVD, etc. Respondendo a sua pergunta, “Symptom Of The Universe” foi Remixada, e teve a bateria regravada.
2112. Natural Love é linda, um oásis em meio a massa metálica que domina o álbum sem contar que a letra lembra muito um lamento blues...
Marcello. “Natural Love” foi gravada originalmente no 1º álbum em 2012/13, e ainda é uma das preferidas de muitos fãs da Banda, esta foi a primeira canção que escrevi profissionalmente, e também gosto muito, e sempre quis regravá-la de forma acústica, quando Haboryni me mostrou os violões de 12, fiquei muito entusiasmado, então fizemos esta versão meio Acústica, fico feliz que tenha gostado.
2112. Free Soul fecha o álbum com chave de ouro. Parabéns pelo magnífico trabalho.
Marcello. Obrigado, Eu adoro esta música, soa como algo da década de sessenta. Auge da Psicodélia, e a letra escrevi em um momento de transição, a Rodie Crew descreveu-a como uma música influenciada por Beatles, quando li, abri um sorriso, pois queria obter algo meio Sgt Peppers, Revolver e White Album em ‘Free Soul’. Ler isto para um fã incondicional de Paul McCartney é muito gratificante.
2112. O álbum será lançado no exterior?
Marcello. É um de nossos objetivos, mas como disse no início; este ano está tudo estranho, vamos ver se ano que vem, alguém se interessa em distribui-lo no exterior, de preferência em Vinil, seria lindo.
2112. A banda tem dez anos de estrada e cinco álbuns lançados o que garante a vocês o status de veteranos da cena. Na sua opinião como está manter uma banda na ativa numa cena em que muitos reclamam da falta de união e mesmo agora em meio a essa pandemia?
Marcello. Isto é um grande problema, nasci nos anos setenta, peguei o início do Heavy Metal aqui em São Paulo, praticamente uma descoberta, quem viveu estes anos sabe da magia que foi o rock nesta época, Hoje temos mais facilidade, porém o bom e ruim se confundem de certa forma, faz parte deste cenário atual, acho que um acaba tirando espaço do outro, parece confuso o que digo, mas muitos que militam na música sabe do que estou falando. O Heavy Rock não vive seus melhores anos, nem no Brasil e nem no mundo ao meu ver, a forma de se ouvir música hoje, mudou muito, tenho dúvidas se os grandes clássicos da história, teriam o mesmo impacto se fossem lançados hoje, uma pergunta que faço aos seus seguidores, “Será que se “Mindlomania” ou “Western Mirror” fossem lançados em 1972 não poderiam significar algo a mais?” É uma coisa a se pensar, mas uma coisa é fato, para manter uma banda no Brasil, expressando letras em Inglês nos dias atuais, você precisar amar o que faz, as coisas são bem difíceis para a maioria das Bandas. O legal dessa história, é o legado que fica, e isto permanecerá.
2112. Vocês estão divulgando Western Mirror apenas na mídias sociais ou existe projetos de lançar outros vídeos ou mesmo uma live para cobrir a lacuna da falta de shows?
Marcello. Outros vídeos sim, Live acho que não, tivemos bastante convites para participar de projetos Live, mas não é algo que me inspira, gosto mesmo é do contato com o público, da interatividade, mas apoio todas as Lives. De certa forma é uma forma dos músicos interagirem com seus fãs, e também honrar de certa forma seus compromissos. Acredito que aos poucos, as coisas irão se moldando.
2112. Pride Price foi o álbum que abriu as portas para vocês na mídia especializada. Como foi o princípio da banda?
Marcello. A Banda foi formada sem muita pretensão, mas a proposta setentista, começou a chamar a atenção, e já se vão dez anos, e muitas, mas muitas histórias já foram contadas, o que faremos daqui pra frente não sei dizer, mas a cada trabalho gosto de inovar, e fazer uma música em que Eu tenha prazer em ouvir, para mim este é o segredo.
2112. Se a banda fosse criada hoje... o que vocês não repetiriam?
Marcello. Boa pergunta, acho que as influências musicais, mas com certeza não repetiríamos muitas outras, penso que como na vida, uma Banda tem seu processo de amadurecimento, e isto só se consegue vivendo cada obstáculo.
2112. Viver de música no Brasil é uma grande aventura para quem não se curva diante das famosas regras de como fazer sucesso. Você espera um dia viver apenas de música ou isso é uma utopia?
Marcello. Nos dias atuais, com meus compromissos financeiros, e já não tão garoto, acho bem difícil, a não ser que emplacasse alguma música em alguma trilha de novela, série, cinema, isto faria com que a grande massa, viesse atrás, e ai talvez poderíamos ter uma herança designada. Imagino que se Silver Mammoth tivesse sido formada nos anos setenta ou oitenta com certeza viveríamos somente de música.
2112. Em 2016/2017 vocês receberam o prêmio de mais banda mais ouvida na categoria hard rock. Conte como foi essa história e o que isso ajudou a banda?
Marcello. Isto foi algo mágico para uma Banda Independente. Dezembro de 2017 recebo em minha residência um comunicado sobre isto, com um troféu com uma placa com o nome Silver Mammoth, com a frase “Banda mais acessada na categoria Hard Rock” confesso que fiquei muito emocionado na época, pois concorremos com grandes nomes, e isso só foi possível graças aos nossos fãs e Seguidores, fato que acabou se repetindo em 2018. O que sei no momento, é que “Let´s Find The Sun Together” de “Western Mirror” está obtendo grande números de audições e downloads nas principais plataformas de streamings.
2112. A indústria fonográfica há muito está em crise desde que surgiram as plataformas digitais e os home studios. Como você acha que ficará o mercado daqui para frente?
Marcello. Imagino que produtos físicos nunca acabarão, pois existe uma infinidade de colecionadores como Eu por exemplo mundo afora, e o lance legal disso, é que vejo jovens comprando Lp´s na internet, CD´s, até k7, isso deixa sempre um gostinho de quero mais, podem falar o que for, mas quando você chega em casa e tem um pacote a sua espera, você abre como se fosse uma criança ganhando um brinquedo desejado rsrs. ‘Como falou um dos meus grandes ídolos Frank Zappa. “Não tem como você fazer algo eficiente musicalmente sem se dedicar exaustivamente” ouvir discos é uma grande meditação.
2112. Pelo que tenho visto só existe duas saídas para quem vive do rock: os selos independentes ou vocês mesmos bancarem todo o projeto, não é?
Marcello. Imagino que sim, por isso criei meu próprio selo, o “Oebuicaota Records” já lançamos o Vinil “Singles por ele e “Western Mirror” em parceria com a “Voice Music” e futuramente pretendo lançar novas Bandas neste selo.
2112. Vocês tem projetos para shows no exterior? O que existe de concreto nessa área?
Marcello. Tivemos muito perto de tours Sulamericanas e no Leste Europeu, mas sem um grande investidor fica impossível a logística, o custo é muito alto para uma Banda independente bancar. Quem sabe no futuro, alguém possa bancar este projeto. Fazer uma tour em Estados Brasileiros já seria um grande feito nos dias atuais.
2112. Qual o e-mail/tel. de contato para aquisição do material de merchandising da banda ou mesmo para agendar futuros shows?
Marcello. AH Legal, vou colar aqui os sites, e páginas digitais, em nosso site temos uma loja virtual com nossos produtos oficiais.
Website: silvermammothband.com
Webmail: contato@silvermammothband.com
Instagram: https://www.instagram.com/silvermammothband
https://www.youtube.com/silvermammoth
Facebook: https://www.facebook.com/SilverMammoth/
2112. ... o microfone é seu!
Marcello. Primeiramente, quero agradecer a você Carlos A. Retamero pelo espaço e oportunidade de estar falando do Silver Mammoth e de música aos seus ouvintes e seguidores, quero agradecer a todos que de uma forma ou de outra apreciam nossa música, aproveitando; uma coisa que encontramos muita dificuldade, é que as pessoas se inscrevam em nosso canal no Youtube, muitos assistem aos vídeos, mas esquecem de se inscrever, comentar e dar aquele like, quem puder interagir, e se inscrever agradeço desde já. Para encerrar, quero agradecer aos meus companheiros de Banda, já que temos nos falado bem pouco ultimamente, e desejar muita Saúde a todos Nós, foi um grande prazer. Até a próxima!
Nenhum comentário:
Postar um comentário