Para você que
pensa que a Bahia só vive do circuito do axé, do carnaval ou dos famosos trios
elétricos... está muito, muito enganado. Existe uma cena roqueira forte na
“terra de todos os santos” com representantes de peso como o Barulho S/A que
traz na sua essência roqueira o funk metal, o punk rock e o hardcore cantado em
português. Quer saber de uma coisa? Leia a entrevista para você entender melhor
o que estou dizendo...
2112. A banda está prestes a lançar o
seu primeiro EP Prontos para o Ataque... Como está a expectativa de vocês e o
que os fãs da banda e do rock’n’roll podem esperar deste trabalho?
Wagner
Calmon. O
"Prontos para o ataque" é uma resposta a tudo o que presenciamos e
vivemos ao longo dos anos na estrada da música, do rock. É um grito de
desabafo, para mostrar que o rock baiano, o rock brasileiro continua muito vivo
e que está pronto para resgatar seu espaço na setlist dos brasileiros. A galera
pode esperar riffs envenenados, transições vocais extremas, berrada e, do nada,
fica suave, e letras que retratam o atual momento que o brasileiro vive, desde
os problemas políticos e sociais aos problemas causados por estresse, pela
depressão gerada por não conseguir mais sustentar a família. Posso dizer que é
uma pancada sonora com composições que mais parecem um soco na cara.
2112. Quer dizer que vai ser um barulho
do c**?
Wagner Calmon. Se não for pra fazer barulho,
nem saímos de casa (riso). Estamos preparando algo que foge do convencional, do
que as pessoas estão acostumadas a ouvir no Brasil. Fazendo shows, indo em
shows vemos muitas bandas boas, mas a maioria, mesmo com qualidade, são todas
parecidas. Parece que escreveram uma cartilha do que tocar para dar certo, e a
grande maioria segue ela. É disso que fugimos. O que vem de dentro, o visceral
nunca pode deixar de existir. E é isso o que somos, viscerais, raivosos, mas
com consciência e lucidez, se é que é possível.
2112. Vocês poderiam contar um pouco
sobre as gravações em estúdio?
Wagner
Calmon. As
gravações estão sendo feitas no estúdio Duarte Veloso, aqui mesmo em Salvador,
no bairro da Federação. Tivemos que dar uma parada no processo por conta da
mudança de músico, no caso o baterista. Mas chegamos a lançar o single “Sete
Pecados”, que teve uma repercussão muito boa com público. Pessoas de gostos
diferentes curtiram e dá pra se ter uma ideia do que vem por aí com a obra
completa. Já estamos em processo de retoma das gravações e em breve ele sai do
forno.
2112. O material gravado chegou ser
testado ao vivo nos shows ou é material totalmente novo?
Wagner
Calmon. Já testamos
uma boa parte das músicas no shows, e a recepção do público tem sido incrível.
Inclusive lançamos uma música no Palco do Rock, o maior festival de rock da
Bahia, que ocorreu durante o Carnaval. A música em questão chama-se “Outrora”,
e teve uma aceitação maior do que imaginávamos. Ele tem uma linha diferente do
que fazemos com as outras músicas. Ela começa mais lenta, com vocal mais
melódico, e depois começa a porrada. É uma música que fala de uma pessoa que
pensou em desistir de tudo, inclusive da própria vida, mas aparece uma alma boa
e a ajuda a lutar por dias melhores.
2112. A banda funde diferentes
vertentes do rock como o funk metal, o punk rock e o hardcore para criar um som
próprio. Como vocês definem o som da banda?
Wagner Calmon. Caramba (risos). Tá aí uma coisa meio difícil de explicar. Gostamos de dizer que fazemos rock'n roll. É um turbilhão de sonoridades e influências que temos, sem seguir uma linha uma linha específica. Tem um pouco de funk metal, tem punk, tem hc... Vamos do agressivo e feroz ao arrastado e melódico em questão de segundos. Somos intensos, como os hooligans torcendo nos estádios ingleses, e fatais como um tiro de um sniper.
Wagner Calmon. Caramba (risos). Tá aí uma coisa meio difícil de explicar. Gostamos de dizer que fazemos rock'n roll. É um turbilhão de sonoridades e influências que temos, sem seguir uma linha uma linha específica. Tem um pouco de funk metal, tem punk, tem hc... Vamos do agressivo e feroz ao arrastado e melódico em questão de segundos. Somos intensos, como os hooligans torcendo nos estádios ingleses, e fatais como um tiro de um sniper.
2112. Hoje vemos muitas bandas optando
por cantar em português ao inglês o que reforça a linguística nacional ainda
que esta escolha dificulte a entrada no mercado externo. O que vocês pensam a respeito
disso?
Wagner
Calmon. Não tenho
nada contra as bandas que cantam em inglês, gosto de muitas inclusive. Mas nós
optamos por cantar em português. A ideia é que as pessoas entendam, sem
rodeios, as mensagens que estamos passando. Falamos muito da vida, de
superação, são temas que queremos que as pessoas entendam claramente, sem
problemas de interpretação. Mensagem forte e direta. Além de ser uma forma de
valorizar nosso idioma, de nos aproximarmos ainda mais o público.
2112. Futuramente vocês pretendem
investir numa carreira no exterior como fez o Cólera, Ratos de Porão, Olho Seco
entre outros que mesmo cantando em português tiveram seus discos lançados em
várias partes do mundo?
Wagner
Calmon. Sim, está
no nosso planejamento a longo prazo, mas sabemos que nos dias de hoje tudo é
muito dinâmico, do nada as coisas acontecem. Caso surja a oportunidade, vamos
agarrar com unhas e dentes. Não somos de arregar. E estamos preparados. Mas
nesse exato momento estamos focados em ganhar de vez a cena baiana e ir
conquistando pedaço por pedaço. Bahia, Nordeste e por aí vai...
2112. A maioria das bandas
punk/hardcore usam uma linguagem direta em suas letras abordando assuntos
relacionados ao seu cotidiano. E vocês o que abordam?
Wagner Calmon. Gostamos de ser direito, mas existem assuntos que é necessário um pouco de cautela e cuidado com as palavras ditadas. Como falei no início da entrevista, falamos também de doenças como depressão, que um problema que leva muitas pessoas ao suicídio. Então é preciso ter cuidado com as palavras que iremos usar. Um bom exemplo é “Outrora”, na qual falamos: “Todo dia eu pensava em fazer / muitas comecei até escrever/ quase deixei você descobrir / seu medo de viver me fez sumir... / para de dizer, que sempre vai dar tudo errado / para de dizer que a vida nunca está ao seu lado...”. Falamos também do cotidiano robótico no qual as pessoas entraram com essa era digital. Muitas músicas também trazem momentos vividos por algum dos integrantes. Nosso vocalista, Tiago Barulho, teve câncer, e escreveu muita coisa sobre o que ele viveu nos momentos difíceis do tratamento, que envolveu cirurgias, quimioterapia...
Wagner Calmon. Gostamos de ser direito, mas existem assuntos que é necessário um pouco de cautela e cuidado com as palavras ditadas. Como falei no início da entrevista, falamos também de doenças como depressão, que um problema que leva muitas pessoas ao suicídio. Então é preciso ter cuidado com as palavras que iremos usar. Um bom exemplo é “Outrora”, na qual falamos: “Todo dia eu pensava em fazer / muitas comecei até escrever/ quase deixei você descobrir / seu medo de viver me fez sumir... / para de dizer, que sempre vai dar tudo errado / para de dizer que a vida nunca está ao seu lado...”. Falamos também do cotidiano robótico no qual as pessoas entraram com essa era digital. Muitas músicas também trazem momentos vividos por algum dos integrantes. Nosso vocalista, Tiago Barulho, teve câncer, e escreveu muita coisa sobre o que ele viveu nos momentos difíceis do tratamento, que envolveu cirurgias, quimioterapia...
2112. Todos na banda contribuem nas
composições?
Wagner
Calmon. Quem mais
compõe hoje é Tiago. Mas todos contribuímos, trazemos ideias, completamos uma
música que um outro integrante iniciou e não conseguiu terminar. Temos uma
sinergia muita boa.
2112. A Bahia tem por tradição os
ritmos regionais como grande atrativo musical turístico. Há espaços para bandas
como vocês que fogem do esteriótipo baiano tocarem?
Wagner Calmon. Salvador já foi mais bem servida de espaços. Hoje não são muitos. Os que dão mais oportunidades, principalmente para bandas novas, são o Dubliners Irish Pub, o Buck Porão. Muitas casas fecharam as portas no último ano, e poucas estão abrindo na capital. A grande maioria das casas com boa estrutura preferem bandas covers, o que complica a cena. Mas por outro lado, o interior do estado está crescendo bastante. Temos casas como o Sport House, em Lauro de Freitas, o It's Not Pub, em Alagoinhas, a Cúpula do Som, em Feira de Santana, e muitas outras casas espalhadas nas entranhas da Bahia. Mas uma tendência que vejo com bons olhos nos últimos anos é o aumento de clubes de motociclistas, o que além de ter um público fiel, tem um público essencialmente rock'n roll.
2112. Há muitos festivais voltados para o rock?
Wagner Calmon. Salvador já foi mais bem servida de espaços. Hoje não são muitos. Os que dão mais oportunidades, principalmente para bandas novas, são o Dubliners Irish Pub, o Buck Porão. Muitas casas fecharam as portas no último ano, e poucas estão abrindo na capital. A grande maioria das casas com boa estrutura preferem bandas covers, o que complica a cena. Mas por outro lado, o interior do estado está crescendo bastante. Temos casas como o Sport House, em Lauro de Freitas, o It's Not Pub, em Alagoinhas, a Cúpula do Som, em Feira de Santana, e muitas outras casas espalhadas nas entranhas da Bahia. Mas uma tendência que vejo com bons olhos nos últimos anos é o aumento de clubes de motociclistas, o que além de ter um público fiel, tem um público essencialmente rock'n roll.
2112. Há muitos festivais voltados para o rock?
Wagner
Calmon. Volta e
meia aparece um, além dos tradicionais, como o Palco do Rock, o qual tivemos a
grande honra de participar na edição deste ano.
2112. Para a maioria das pessoas Raul Seixas e o grupo Camisa de Vênus são os grandes expoentes quando se fala em rock baiano. Vocês concordam com esta afirmação?
2112. Para a maioria das pessoas Raul Seixas e o grupo Camisa de Vênus são os grandes expoentes quando se fala em rock baiano. Vocês concordam com esta afirmação?
Wagner
Calmon. Claro! Em
alto e bom som e sem medo de ser feliz. Como banda de rock baiana, ainda
fazemos as tradicionais releituras dos dois. A galera sempre pede, então sempre
temos alguma coisa arquitetada. Inclusive fizemos uma versão de Sociedade
Alternativa, do Raul Seixas, com riffs pesados, vocal rasgado, numa pegada meio
new metal. A galera curtiu pacas.
2112. Apesar da crise e mesmo da
escassez de lugares adequados vocês tem feito muitos shows/festivais
importantes por toda a Bahia. O que as pessoas podem esperar de um show da
banda?
Wagner
Calmon. Muita
vibração, interação, intensidade, entrega total e, claro, zelando sempre pela
qualdiade do som, mas sem deixar de fazer muito barulho. Nosso som, nosso show
tem muitas explosões sonoras, muita intensidade. Parecemos uma pessoa tendo um
infarto e sendo reanimada por desfibrilador (risos). É muito louco até mesmo
pra gente. E tudo depende muito da energia do público, do local. Nenhum show é
igual ao outro.
2112. Vamos falar um pouco da história
da banda. Quando todo esse barulho começou?
Wagner
Calmon. Começamos a
fazer um barulhinho por volta de 2007. Éramos adolescentes, tínhamos muita
raiva de tudo, pouco experiência de vida e um material ruim da zorra. Mesmo
assim mostramos potencial e em pouco tempo conseguimos tocar no maior templo da
música baiana, a Concha Acústica do Teatro Castro Alves, por meio do Unifest,
um festival de bandas universitárias no qual fomos finalistas. Ainda tocamos
num mega palco pelo festival Novos Sons da Bahia, montado no Kartódromo de
Ipitanga, na cidade de Lauro de Freitas, entre vários shows pelo Pelourinho e
Rio Vermelho. Mas aí o nosso batera da época deu à louca e nos deixou sem
sequer dar um adeus. Quando viemos ter notícias dele, o cara já estava morando
em outra cidade e vendido todo o material. Ele era (na verdade ainda é, pois
está vivo) ótimo baterista e tivemos dificuldades em achar alguém a altura para
substitui-lo. E aqui em Salvador 99% da galera que toca de pedal duplo é
metaleira, e eles não topam de forma alguma tocar em uma banda de outra linha,
mesmo a gente, que tem o pé no metal. Então paramos por cerca de 7 anos, pelo
batera e pela entrada na vida adulta, falta de tempo, constituição de família
por, de certa forma, ficarmos desacreditados na cena, já que vimos uma série de
bandas boas acabarem e muitas casas fecharem. Mas em 2016 resolvemos voltar.
Criamos coragem e botamos a cara na rua novamente. Aceitamos o mesmo batera
louco que nos deixou na mão (até hoje não acredito nisso) e resolvemos incluir
uma segunda guitarra. Da formação original segue até hoje eu (Wagner Calmon, no
baixo), Elton Alencar, na guitarra, e nosso vocalista Tiago Barulho. Um ano
depois tiramos a segunda guitarra e mudamos de batera, desta vez sem drama ou
perda de tempo. E aqui estamos nós, firmes e fortes na área.
2112. Quais bandas influenciam o
trabalho de vocês?
Wagner
Calmon. Rage
Against the Machine, System of a Down, Metallica, Pantera, Red Hot Chili
Peppers, Foo Fighters, AC/CD, Raul Seixas, Charlie Brown Jr, Raimundos, Ratos
de Porão, Titãs, Camisa de Vênus, Audioslave, Megadeth, Nação Zumbi, Iron
Maiden, Black Sabbath, tem muita coisa. Pela lista da pra ver que gostamos de
tudo que é linha de rock, e isso está entranhado nas nossas canções.
2112. Em pleno carnaval baiano vocês
estarão tocando no “Palco do Rock 2018” que é o maior festival de rock a
ocorrer nesta época. Isso pode ser visto como um manifesto?
Wagner Calmon. Tocar no Palco do Rock é, acima de tudo, uma realização pessoal da banda. Desde guri frequentamos o festival, ano pós ano. E sempre quisemos estar lá em cima. Por conta dos problemas da vida, nunca sequer tínhamos conseguido nos inscrever para participar. E olha a gente nele. Tocamos no domingo de carnaval. Foi espetacular. Coqueiral de Piatã, local do evento, lotado, galera animada, cantou com a gente, bateu cabeça, fez roda, foi sensacional. Esperamos que seja a primeira de muitas participações nossa. E sim, não deixa de ser um protesto, uma demonstração de força e persistência. Todo ano aparece algum político imbecil querendo arrumar alguma desculpa para acabar com o PDR, mas nunca conseguem. A organizadora, Sandra de Cássia, é uma verdadeira guerreira do rock baiano e merece todos os méritos e parabenizações. Lutar contra todos e contra os empresários do axé e do pagode é muito difícil. Mas o festival está aí de pé, dando espaço para bandas promissoras e consagradas e sempre mostrando novos valores na cena baiana.
Wagner Calmon. Tocar no Palco do Rock é, acima de tudo, uma realização pessoal da banda. Desde guri frequentamos o festival, ano pós ano. E sempre quisemos estar lá em cima. Por conta dos problemas da vida, nunca sequer tínhamos conseguido nos inscrever para participar. E olha a gente nele. Tocamos no domingo de carnaval. Foi espetacular. Coqueiral de Piatã, local do evento, lotado, galera animada, cantou com a gente, bateu cabeça, fez roda, foi sensacional. Esperamos que seja a primeira de muitas participações nossa. E sim, não deixa de ser um protesto, uma demonstração de força e persistência. Todo ano aparece algum político imbecil querendo arrumar alguma desculpa para acabar com o PDR, mas nunca conseguem. A organizadora, Sandra de Cássia, é uma verdadeira guerreira do rock baiano e merece todos os méritos e parabenizações. Lutar contra todos e contra os empresários do axé e do pagode é muito difícil. Mas o festival está aí de pé, dando espaço para bandas promissoras e consagradas e sempre mostrando novos valores na cena baiana.
2112. O microfone é de vocês...
Wagner
Calmon. Estamos
trabalhando forte para fazer um puta EP de estreia, para fazer um 2018 de
muitas conquistas e muitos shows pelo máximo de cidades que pudermos. Queremos
levar nosso barulho aos ouvidos e corações de todos. Podem esperar, pois vocês
vão ouvir falar muito da gente. Somos a Barulho S/A!!! Aguardem!!! E sigam a
gente nas redes sociais.
Nenhum comentário:
Postar um comentário