Uma
das coisas que eu mais gosto de fazer é pesquisar nas redes sociais bandas que
me instigue a ouvir o seu trabalho, conhecer sua trajetória e que na maioria
das vezes termina em entrevistas como essa que vocês irão ler. Conhecer o
trabalho do West Side Blues foi um caso de empatia instantânea depois de
ver um clipe deles. Foi o bastante para entrar em contato com os caras que
foram super bacanas em responder as perguntas. É blues rock na veia!!
2112. Essa pergunta é um tanto previsível,
mas não tem como não fazer... Como surgiu a West Side Blues?
Alexandre
Leite. Inicialmente, é um prazer falar com vocês! Então, basicamente nossa história começou no
momento em que o Marcelo Venturini (Baterista) me adicionou no Facebook (de
forma bem aleatória, e sem nenhum contato em comum), e numa breve conversa
encontramos uma similaridade: dois músicos inoperantes por conta das obrigações
da vida, porém muito incomodados com tal situação. Em pouco tempo de conversa,
surgiu minha proposta de um projeto voltado para cover e releituras de
clássicos do Blues e Classic Rock. Mas a ideia era ser aquela coisa de final de
semana, com talvez um show a cada “milênio”, sabe?! Era algo bem informal, e
não havia uma premissa de tornar a coisa séria. Para o baixo, fiz um convite
para meu grande amigo Bruno Cavalcanti, com quem já havia tocado no Teenager
Hookers (banda de Punk Rock dos anos 2000) e que sempre reclamava que não
aguentava mais tocar e carregar suas peças de bateria para todos os lados. Após
relutar um pouco, acabou se interessando também pela proposta e aceitou o
chamado. Finalmente, após um anúncio em uma página do Facebook, alguns
guitarristas se interessaram e fizeram contato comigo. Em especial, dois
chamaram muito minha atenção: o Victor Castro (Professor de Guitarra, o qual
basicamente já havia tocado como guitarra solo de tributos a Symphony X, Dr.
Sin, Angra. Ou seja, um monstro); e o Pedro (um rapaz de 17 anos que tinha Jimi
Hendrix e Stevie Ray Vaughan incorporados nele). Em razão de incompatibilidade
de horários para ensaios, não fechamos a parceria com o Victor, iniciando o
projeto com o Pedro, onde nosso primeiro ensaio foi realizado em 04/03/2017
(nossa, não faz nem um ano). Infelizmente a agenda do pessoal começou a não
casar com a do Pedro, e optamos por convidar novamente o Victor, onde chegamos
num acordo em relação aos horários e dias de ensaio (leia-se somente às
Quintas, de 21 as 23 hahaha). Enfim, em 21/09/2017 surgiu a formação atual e
oficial.
2112. É difícil manter uma banda num
cenário cada vez mais poluído de porcarias, mas que ainda sim são vistas como
música?
Alexandre
Leite. Sinceramente, eu ainda vejo espaço para quem trabalha duro, e alinha
isto à qualidade de suas interpretações. Nossa intenção não é fazer parte do
mainstream, mas sim possuir alguma relevância dentro do cenário do Blues
Carioca, e quem sabe um dia no Cenário Nacional (why not?).
2112. Há muito espaços aí no Rio para
bandas como vocês?
Alexandre
Leite. No Rio inúmeros Bares e Pubs já possuem esta cultura de valorizar o
Blues, Jazz e Rock. Um fator bem interessante também é o surgimento de
Festivais com este viés, o que gera um grande incentivo para as bandas que
estão iniciando no circuito. Na verdade, espaços existem, mas sinto uma certa
dificuldade e relutância na aceitação de bandas e artistas iniciantes como nós
(quando digo iniciantes, falo em relação ao peso que os mesmos têm frente a
galera mais rodada e conhecida no cenário). Não chamo nem de “panela”, até
porque os contratantes precisam de receita e público para consumir seus
produtos, e obviamente um artista/banda iniciante não trará de imediato este
retorno. Mas é algo que claramente dificulta a inserção destes na cena.
2112. O lema da banda é unir: “a
sinceridade do Blues e a agressividade do Rock´n’ Roll lado a lado”. Assim como
muitas outras bandas vocês estão à procura de uma identidade própria. É
complicado ouvir, ser influenciado, mas não ser contaminado em sua
essência?
Alexandre
Leite. Não vou mentir, às vezes rola um conflito pessoal de ideias para qual
caminho seguir, pois ambos os estilos são nossa paixão e merecem nossa
homenagem. Porém, posso dizer que hoje somos muito mais uma banda de
Blues/Blues-Rock do que uma banda de Classic Rock. Mesmo assim, a ideia é que
consigamos contrabalancear os estilos em função de cada evento em que
participemos.
2112. Meu primeiro entrevistado foi a Igor
Prado Band que se utiliza não só do blues, mas também do rock, do soul, do
rhythm and blues, do jazz, do boogie... o que dá a eles total liberdade de
criação seja na hora de compor ou mesmo de tocar. Pergunto, quais são as
influências da banda?
Alexandre
Leite. Nossas influências são diversas. Eu, por exemplo, cresci ouvindo Punk
Rock/ Hardcore e Metal, e atualmente estou viciado e me aprofundando cada vez
mais no mundo do Blues, Jazz e R&B. O Marcelo (Batera) tem um sonho de
tocar em algum tributo ao Vitória Régia (Banda do saudoso Tim Mai!), e possui
um gosto musical bem variado também. O Victor é um Guitarrista profissional, e
vem buscando aprimorar seu lado SRV; mesmo assim, confessou que as músicas mais
tocadas do seu Spotify foi algo do Bruno Mars e da Ariana Grande. Por fim, o
Bruno é baterista da Miss Hell, uma banda de Stone Rock, e sempre foi
influenciado pelas mesmas coisas que eu. Enfim, acredito que esta diversidade de referências/ influências impacta
diretamente (e de forma positiva) em nosso lado artístico, exatamente por nos
possibilitar aplicar elementos com a nossa cara nas apresentações, mesmo se
tratando de covers.
2112. A banda por ser nova no cenário faz
apenas releituras de grandes nomes do rock e do blues, certo? Mas existe
projeto de criar material autoral?
Alexandre
Leite. Há um mês atrás não tínhamos nenhuma intenção de produzir algo próprio.
Mas como sempre uma coisa leva a outra, há alguns dias venho trabalhando numa
letra e sua melodia, e tenho a intenção real de ter nosso primeiro single
próprio. Quem sabe produzir não vire rotina e enveredemos para uma banda
autoral? O tempo dirá.
2112. O que mais conta na hora de tocar: a
técnica, o feeling ou ambas precisam andar lado a lado?
Alexandre
Leite. Com certeza o artista que sabe conciliar os dois fatores é aquele que se
sobressai. Imagine você na plateia, vendo um artista ainda mais de Blues,
extremamente virtuoso e competente, porém com uma presença de palco similar à
de um poste? É para pedir a conta e sair do local! Sobre o fator técnico também
não tenho nem o que falar. Eu chego a ser insuportável neste ponto, pois falhas
técnicas grosseiras podem estigmatizar o artista. Sempre que vejo nossos vídeos
de ensaios e shows dou um pitaco naquilo que pode e deve melhorar, assim como
também nas autocríticas necessárias.
2112. O cenário do blues desde o surgimento
de André Christovam, Blues Etílicos, Celso Blues Boy entre tantos outros grupos
e artistas solo melhorou muito... O que vocês têm ouvido de bacana nos blues
brasileiro?
Alexandre
Leite. Temos um enorme apreço e respeito por renomados artistas do Blues como o
monstruoso Álamo Leal, a Cláudia Sette, Big Gilson, Maurício Sahady, Edu
Strada, dentre outros. Um cara que não posso deixar de citar é o Guitarrista
Arthur Menezes, o qual vem se consolidando cada vez mais na terra do Blues, e
basicamente ganhou há pouco tempo o prêmio Albert King Award de melhor
Guitarrista, na casa dos caras! É muita gente boa e competente no cenário!
2112. Vocês participam de jams?
Alexandre
Leite. Na verdade estamos estreitando este relacionamento com outros artistas,
realmente com a visão de fazer parte do cenário. Nossa intenção é ter essas
parcerias, não de forma interesseira, mas sempre buscando aprender e criar um
laço de amizade com o pessoal.
2112. Apesar de pouco tempo de estrada vocês
foram selecionados entre várias bandas para participarem de dois festivais: o
Rio Rock & Blues Festival e o Barra Blues Festival. Como aconteceu isso?
Alexandre
Leite. Foi tudo na base do relacionamento mesmo e da minha “cara de pau”
hahaha. Eu produzi um material de divulgação honesto e apostei em nossos vídeos
dos ensaios. Creio que os produtores de ambos os eventos tenham ido com a nossa
cara e nos convidado! Mas falando sério, mesmo com pouco tempo, sem nenhum
público consolidado, eu primei por ter um material de divulgação muito bem
pensado e o mais coerente possível, pois este cartão de visita é extremamente
importante, é a primeira impressão. Realmente não existe espaço mais para
amadorismo, e se posicionar de maneira profissional é o mínimo que as bandas
devem fazer para serem reconhecidas e conseguirem seu espaço.
2112. Nesses dois shows vocês tocaram ao
lado de grandes nomes como Álamo Leal, Sérgio Diab Stratoman, Sérgio Rocha,
Victor Biglione entre outros. Ficou tenso?
Alexandre
Leite. Com sinceridade, creio que eu tenha sido o que ficou mais nervoso, visto
que há muito tempo não subia num palco para me apresentar. O Marcelo, Victor e
Bruno já estão mais tarimbados, pois cada um possui outras bandas e projetos.
Mesmo assim, ambos os shows foram sensacionais, e a aceitação do público foi
muito positiva, muito além do que imaginava. Mas te falar, cumprimentar e bater
um papo com o Victor Biglione foi muito tenso! hahaha
2112. O que os fãs da banda podem esperar para
este ano? Existe algum projeto de gravação de cd?
Alexandre
Leite. Nossa intenção é inicialmente fazer cada vez mais shows e tornar a banda
conhecida no cenário do Rio de Janeiro. Creio que a produção de um álbum é algo
que exija uma maior maturidade de nossa parte, e é algo que deixaremos fluir
sem pressão.
2112. Para quem não conhece o trabalho de
vocês... como são os shows da banda?
Alexandre
Leite. De cara destaco o Victor, com todo seu virtuosismo e técnica absurdamente
apurados. Chega a ser ridículo! hahaha. Ele definitivamente elevou demais o
nível da banda, exigindo de todos nós também uma busca pela excelência, fato
que aos poucos vem sendo alcançado. Creio que nossa maior preocupação seja de
emocionar o público com nossas interpretações, e sempre deixar tais momentos na
memória das pessoas, pois as pessoas percebem quando há uma grande dose de
verdade na forma em que um artista se apresenta. Algo que particularmente
precisamos desenvolver é a interação com o público, mas nada melhor do que
tempo de palco para fomentar isto em nós. Afinal, fizemos somente dois shows!
2112. O microfone é de vocês...
Alexandre Leite. Agradeço demais pela oportunidade de contar nossa breve história, e todo
sucesso do mundo para você nessa empreitada! Por parte da banda, nossa intenção
e premissa principal, com muita sinceridade, é realmente se divertir e levar
nossa arte e o nome do Blues e do Rock para todos aqueles que anseiam por ouvir
boa música. Aos leitores, curtam nossa página no Facebook, Instagram e o nosso
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Contatos:
Tel.: 21 986704790 - Alexandre Leite
E-mail: westsidebluesrj@gmail.com
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