Para quem
não sabe Sasha é guitarrista da banda Underload que já lançou dois grandes trabalhos
na praça e que também mantém um trabalho solo instrumental de altíssimo nível. No
final do ano passado lançou o seu segundo solo e realizou o sonho de muitos guitarristas: estudar no Musicians Institute em Los Angeles. O ano promete...
2112. 2018
começa com motivos de sobra para você festejar. Primeiro foi o lançamento de
Space N’ Time seu segundo projeto solo e depois a sua ida para Los Angeles
estudar no Musicians Institute. Como você está depois de tudo isso?
Sasha Z. 2017 foi um ano muito positivo, de muito trabalho e
com os projetos avançando bastante. Nos últimos dias de dezembro, tudo culminou
no lançamento do single autoral Space n’ Time, em parceria com os irmãos Busic
(Dr.Sin). Logo no primeiro dia de 2018 cheguei aqui em Los Angeles pra tornar
um sonho de mais de 10 anos realidade. Sempre quis vir para cá e este foi o
momento certo. Estou realizado, mas já pensando nos próximos passos.
2112. O que
achou da escola?
Sasha Z. A escola é sensacional. Nunca imaginei uma estrutura
tão completa pra auxiliar no desenvolvimento do músico. Workshops e uma
infinidade de atividades extras se somam aos professores (que são fantásticos)
e ao currículo que inclui técnica, teoria, performance, aulas particulares,
repertório e até music business. Superou as expectaticas, que já eram altas!
2112. Você
passará alguns meses de estudos intensos abordando técnica, teoria,
equipamento, afinações entre outras coisas. E em termos musicais quais são as
novidades?
Sasha Z. Sempre fui apaixonado por estudar música mas a
rotina intensa de aulas e shows limitava o tempo e o estudo acabava se tornando
mais uma manutenção do que uma evolução em relação ao que já havia alcançado no
instrumento. Planejei esses meses aqui em Los Angeles pra evoluir como músico e
absover novas ideias, me inspirar. Isso com certeza vai refletir nas futuras
composições e projetos.
2112. Esse
tempo será de grandes mudanças tanto no seu jeito de tocar como de compor.
Mesmo estando no princípio dos estudos você deve estar com a cabeça fervilhando
de idéias, não é?
Sasha Z. Com certeza! A forma que o conteúdo é trabalhado
aqui é muito diferente de como sempre estudei e isso acaba trazendo novos
desafios e consequentemente ideias. Sair da zona de conforto é a melhor forma
de evoluir e buscar inspiração. Tem sido uma experiência transformadora.
2112. Nesse
meio tempo como fica o Underload?
Sasha Z. A Underload lançou recentemente o vídeoclipe de
Russian Roulette e o single “Are You Kiddin’ Me” e no momento o futuro da banda
é indefinido. O Joce (baixista) vai passar uma temporada em Dublin e quando
todos estivermos de volta conversaremos sobre os próximos passos.
2112. Você
já deu umas “voltinhas” pela cidade?
Sasha Z. Com certeza! LA é uma cidade muito cultural, com
diversas atrações relacionadas à arte. No pouco tempo livre tenho aproveitado
pra conhecer alguns pontos turísticos, lojas de discos e intrumentos. É imperdível!
Em uma das minhas caminhadas até esbarrei com o Ozzy Osbourne! Sério mesmo!
(risos)
2112. Pretende
assistir a alguns shows?
Sasha Z. Já tive o privilégio de assistir o G3 no Orpheum
Theater e o Jonny Lang (que é um dos meus artistas favoritos) no Canyon Club.
Os shows foram incríveis e estou sempre de olho nas agendas. As grandes turnês
estão sempre passando por aqui.
2112. Vamos
falar um pouco sobre Space N’ Time seu segundo trabalho solo. O
Sasha Z. Carpe Diem foi meu primeiro álbum. É um trabalho que
tenho muito orgulho e representa muito bem o Sasha daquela época. Eu tinha 16
anos quando compus as 9 faixas e foi muito bacana poder registrar as minhas
ideias o resultado dos meus estudos nesse disco. Space n’ Time é um single e
meu trabalho mais recente. Acho que é possível perceber a maturidade e a
evolução que o tempo a estrada proporcionaram. Esse trabalho conta com Andria e
Ivan Busic do Dr.Sin, o que somou muito para o resultado final.
2112. As
músicas incluídas são todas inéditas ou tem material que não foi aproveitado no
trabalho anterior?
Sasha Z. Sapce n’ Time é um single totalmente inédito.
2112. Como
foram as gravações?
Sasha Z. Foi uma experiência incrível estar em estúdio com os
irmãos Busic. Gravamos a bateira e o baixo no estúdio deles em São Paulo,
trabalhando os arranjos de forma colaborativa e depois finalizei as gravações
de guitarra e violão na Noise Produtora de Áudio em Caxias do Sul. A mixagem e
masterização ficou por conta do Andria Busic, que fez um excelente trabalho!
2112. Você
mesmo produziu?
Sasha Z. O trabalho foi co-produzido em conjunto com Andria
Busic.
2112. E como
surgiu a participação dos irmãos Busic?
Sasha Z. Tudo teve início com um convite que recebi do amigo
e grande vocalista, Rodrigo Marenna pra gravar um solo em uma música que ele
estava produzindo com os Irmãos Busic. A partir daí ficamos em contato e
imaginando como seria bacana trabalharmos um som autoral juntos. Quando o
convite surgiu não pensei duas vezes. Sou muito fã do trabalho deles com o Dr.Sin
e foi um sonho realizado poder trabalhar com a melhor cozinha do rock
brasileiro.
2112. Benhur
Lima produziu a capa novamente?
Sasha Z. A arte do single foi desenvolvida por Marcus
Lorenzet (Art Spell), que fez um excelente trabalho.
2112. Na sua
volta ao Brazil pretende fazer alguns shows de divulgação deste trabalho?
Sasha Z. No momento não tenho planos de shows instrumentais.
Estou em uma fase muito criativa e pretendo trabalhar forte as novas
composições para depois pegar a estrada.
2112. O
microfone é seu...
Sasha Z. Agradeço de coração esse espaço e a todos que
acompanham meu trabalho. Estarei trazendo ao Brasil muitas novidades na bagagem
e tenho certeza de que vem muita coisa bacana pela frente. Keep rockin’!
Entrevista
Bônus: Underload
O rock dos anos 60/70 ainda é fonte de
inspiração para muitas bandas e o Underload não foge à regra. Mas quem escutar
o seu primeiro cd vai sentir orgulho de ver o nível que nossas bandas estão
atingindo. Peso, melodia, balanço e um vocal de arrepiar faz toda a diferença e
trazendo uma certeza: Não precisamos ficar babando as bandas gringas pois as
nossas estão no mesmo patamar de qualidade. Ouça bem, mas bem alto e depois me
diga se estou errado...
2112. O Rio Grande do Sul tem sido um celeiro
fértil de grandes bandas e grandes músicos. Na opinião de vocês o que o Estado
oferece de diferente dos demais? Como está a cena gaúcha hoje?
Sasha Z. Realmente, o Rio Grande do Sul possuí uma cena
muito forte, com grandes músicos e profissionais de destaque nos mais diversos
estilos. Falando especificamente da cidade onde vivemos, Caxias do Sul oferece
um edital público que tem ajudado muitas bandas e artistas a elevar a qualidade
do material, além de profissionalizar o trabalho como um todo. Nosso álbum e o
clipe da música Russian Roulette (em fase de gravação) foram viabilizados
através dessa iniciativa. Além disso, existem diversos blogs, estúdios,
festivais e projetos privados que promovem ações em prol da cena musical local.
Isso faz toda a diferença.
2112. Como surgiu a banda?
Sasha Z. A banda surgiu com o objetivo de dar sequência
ao lançamento do meu primeiro álbum solo, que é instrumental. Após decidir que
o novo trabalho teria vocal, comecei os contatos e fui recrutando os
integrantes. A química foi instantânea e logo nos entrosamos musicalmente,
levando a energia da banda para os palcos. No estúdio, registramos nosso
primeiro álbum e o singles Otherside e Mad Love.
2112. Existe uma forte influência setentista no som
de vocês que além de Led Zeppelin, Aerosmith, Deep Purple, Glen Hughes...
inclui o soul e o funk o que garante mais groove a música e também elementos do
novo rock como The Winery Dogs e Black Country Communion. Enfim, quais são as
influências de vocês?
Joce. Exatamente, somos muito influenciados
por essas bandas citadas. O soul e o funk naturalmente estão dentro do rock 70,
pois foi a década de ouro para ambos estilos. Por isso tais misturas são
inevitáveis. Além das bandas citadas, admiramos muito também o Black Sabbath e
o Rival Sons. Duas gerações, o clássico de olho no futuro.
2212. De uns anos para cá o roqueiro de uma maneira
geral vem abrindo mais a mente no que se refere a inclusão de outros ritmos ao
peso do rock. Existe algum tipo de relutância ainda por parte do público por
causa desta mixtura?
Beto Vianna. Acreditamos que a música, de maneira geral,
evolui, e o público se adapta às mudanças.
2112. Como é o processo de composição? Todos
participam?
Beto Vianna. Em nosso processo de composição, respeitamos muito a
individualidade de cada integrante, e desta forma, todos criam e colocam suas
particularidades nas músicas. Todas as idéias são bem analisadas, pois têm
potencial para se encaixar em algum som.
2112. Recentemente vocês lançaram o primeiro
trabalho. Escutando atentamente o cd como um todo ficou como vocês queriam?
Vocês conseguiram reproduzir o som da banda ao vivo?
Joce. Lançamos em 2014 nosso primeiro
álbum. Com certeza ficou como queríamos na época e ainda achamos um excelente
material. Porém hoje em dia naturalmente o som vai se transformando, algo muito
comum com quem produz música. Nos nossos dois recentes singles, percebe-se um
amadurecimento e um direcionamento diferente sonoro do que foi gravado em 2014.
Apesar de o disco não ter sido gravado ao vivo, conseguimos sim reproduzir a
performance da banda. Acredito eu, devido a muitos ensaios e entrosamento,
etambém cada um entrou sabendo exatamente o que tinha que fazer, foi um
processo rápido.
2112. Quais músicas vocês destacariam?
Joce. O grande ápice do disco são as faixas
Russian Roulette (faixa 2) e Burning Higher (faixa 3), para mim são músicas que
estão um pouco acima das outras. Porém, tem outras faixas que representam muito
bem o som da banda.
2112. Como surgiu na história de vocês o programa
de incentivo à cultura para a gravação do cd?
Sasha Z. Desde o início da banda definimos como
objetivo registrar um álbum. Ao colocar no papel todos os custos de gravação,
mixagem, masterização, produção, prensagem, assessoria de imprensa, etc.,
percebemos que a forma mais rápida de arrecadar o montante necessário seria
através das leis de incentivo. Aqui em Caxias do Sul, contamos com o
Financiarte. Decidimos inscrever um projeto e fomos contemplados. Os recursos
possibilitaram um resultado final de alto nível.
2112. Como é manter uma banda em meio a toda essa
confusão financeira que se encontra o país?
Beto Vianna. Todos têm de
"vestir a camisa". Devemos acreditar em nosso trabalho e dar o sangue
para tal propósito. A situação financeira é complicada, porém encaramos nossos
gastos como investimentos para um bem maior, que é nosso som.
2112. Hoje já se tornou comum baixar cd’s pela
internet. Como vocês encaram este desafio? Vocês são contra ou a favor? É
possível se manter apenas dos shows?
Beto Vianna. A forma de consumir
música vêm mudando ao longo dos últimos anos, portanto é natural que as pessoas
busquem meios mais práticos para ouvir os artistas. Não adianta remar contra a
corrente e levantar uma bandeira contra os downloads dos álbuns. Temos que
produzir conteúdo, de fácil acesso e maior alcance possível.
2112. Que conselhos vocês dão a quem pensa hoje em
formar uma banda? Como é a vida de um músico? É uma vida glamorosa como muitos
pensam? Qual o lado positivo e qual o lado negativo desta vida?
Sasha Z. Hoje, temos a internet como uma ferramenta
muito poderosa e que acabou com as limitações geográficas. O principal conselho
é trabalhar bem as mídias sociais. Ser
músico vai além de uma profissão, é um estilo de vida. Você precisa acreditar
que tem algo a dizer através do seu som e batalhar muito para fazer as coisas
acontecerem. Não há glamour. É preciso encarar a banda como uma empresa e
trabalhar não só o lado musical e artístico, mas também o lado business. O lado
positivo é trabalhar com o que a gente realmente ama, isso não tem preço. O
lado negativo é lidar com o preconceito de quem ainda não considera música uma
profissão, mas isso apenas serve de motivação para ir cada vez mais longe.
2112. Existem novos projetos para este ano?
Joce. Existem sim. O principal que eu posso destacar
é o lançamento do vídeo clipe de Russian Roulette do nosso primeiro disco.
Clipe com financiamento cultural do município e que vai ser nosso principal
material de vídeo gravado até o momento. Acompanhando o lançamento desse vídeo
clipe haverá também um show de lançamento e estamos planejando um grande
espetáculo para os fãs da banda.
Integrantes:
Beto Vianna (vocal)
Maurício Gomes (bateria)
Joce (contrabaixo)
Sasha Z (guitarra)
Contatos:
E-mail:
Sasha_zavista@hotmail.com
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