O blog 2112 foi formado com intenção de divulgar as bandas clássicas de rock, prog, hard, jazz, punk, pop, heavy, reggae, eletrônico, country, folk, funk, blues, alternativo, ou seja o rock verdadeiro que embalou e ainda embala toda uma geração de aficcionados. Vários sons... uma só tribo!



quarta-feira, 23 de maio de 2018

Entrevista Duo Instrumental


Não gosto de rótulos ou barreiras musicais... sou um ouvinte de música e por conta disso ouço o que eu quero e não o que as pessoas esperam que eu ouça. Não me deixo “seduzir” por preconceitos que venham me bitolar em qualquer tipo de situação. E este duo de jazz com toques de brasilidade é simplesmente maravilhoso... É música para se ouvir tomando um bom vinho acompanhado de pessoas especiais. Aqui vence a música e o que melhor... no tom certo!  

2112. Primeiramente é um prazer estar entrevistando vocês do Duo Instrumental e dizer que poucas foram as bandas que já no primeiro trabalho apresentou um material tão relevante musicalmente. Para começar que peço que me digam como vocês se conheceram e como surgiu a idéia de formar o Duo Instrumental?    

Giliade Lima. Em primeiro lugar quero agradecer o interesse pelo nosso trabalho, e parabenizar a iniciativa. Conheci o Gilson através de um professor de violão que tivemos em com comum Enéas Resende. O Duo surgiu devido a nossa necessidade de estudarmos alguns temas, e na época paralelo a isso eu tocava em um trio e o Gilson em um quarteto o meu trio acabou e o quarteto do Gilson também daí ficou o Duo rsrsrsrsr !!!

2112. Conheci o trabalho do Duo Instrumental através de um vídeo e devo dizer que me apaixonei de imediato. Um som refinado misturando jazz com samba e que de imediato me lembrou de dois grandes nomes do estilo: George Benson e a banda Black Rio. O que vocês ouvem?        

Gilson Oliveira. Nossa isso é complicado de responder, primeiro porque é muito de momento, tem época que escuto muito violão, tem época que já são os  guitarristas em outro momento pinta os pianistas e saxofonistas, nossa música é linda, citando alguns nomes porque não dá pra falar todos, Arismar do Espirito Santo, Yamandu Costa, Robertinho Silva, João Donato, Mauro Senise, Cristovão Bastos e outros. Os músicos de fora do Brasil tem o George Benson, Birele Lagrene, Charlie Parker, Oscar Peterson, Miles Davis e outros, a lista e grande rssss

Giliade Lima. Arismar do Espírito Santo, Toninho Horta, Leonardo Amuedo, Michel Leme, Leny Andrade, Robertinho Silva, Miles Davis a lista é grande ouço de tudo um pouco, muitas cantoras, sons novos e antigas!

2112. O samba está no DNA da banda mas confesso que não gosto de pagode mas de samba de raiz como Cartola, Paulinho da Viola, A Velha Guarda da Mangueira... E vocês?   

Gilson Oliveira. Gostaria de deixar claro que não tenho nada contra alguns estilos musicais e pura e simplesmente uma questão de gosto, mais eu prefiro as músicas mais antigas, de uma época em que se tinha uma preocupação com as letras, harmonias e melodias, hoje não se vê mais isso, foi criado uma música na qual a única preocupação e o mercado financeiro, a cultura perdeu muito com isso. Mais nós vamos em frente, existem pessoas sedentas por essa música a moda antiga, o público está ai, aquela turma que lotava os ginásios pra assistir aos festivais continuam ai, só temos que resgatar esse público novamente.

Giliade Lima. Gosto de alguns sambas antigos, e sobre o pagode alguns rsrsrsr.

2112. Como vocês trabalham a brasilidade do samba com o jazz sem se tornar uma caricatura de samba + jazz? A Bossa Nova já havia trilhado esse caminho com muita propriedade mas com o tempo foi perdendo terreno para outros estilos mais imediatistas...           

Gilson Oliveira. De uma forma espontânea, no tipo de som que nós fazemos o prêmio é conseguir criar na hora uma novidade, um caminho harmônico diferente ou uma condução rítmica que nos surpreenda, a busca é pelo novo, mais sempre respeitando tudo que já foi feito de bom em nossa música.

Giliade Lima. Na verdade não rotulamos a nossa música temos uma liberdade em relação a isso e as vezes soa mais jazzístico as vezes mais brazuca depende do clima e do momento nossa essência é brasileira claro.

2112. É difícil separar o fã do músico?  

Gilson Oliveira. Eu não consigo separar rsssss, no show que fizemos com o Arismar do Espírito Santo eu não dormi na noite que antecedeu ao show, literalmente colei as placas rsss é um presente que não tem preço você poder dividir o palco com uma pessoa que tanto me influenciou e influencia, pra mim ele e o mestre, meu guru musical.

Giliade Lima. É difícil separar... Impossivel!
2112. Como vocês trabalham a questão da releitura tendo que criar uma versão própria, quase intimista de uma música que para muitos é um clássico sem que soe uma caricatura da própria música?    

Gilson Oliveira. Como eu disse, tentando nos surpreender, a busca é que a música não perca sua identidade, mais ao mesmo tempo tentando colocar nossa digital na interpretação, a maior identidade do musico está na forma com que ele interpreta alguma coisa criada por outra pessoa e em outro tempo, conseguindo colocar a sua visão sobre aquela obra.

Giliade Lima. A música instrumental nos permite isso com mais facilidade e por isso aproveitamos o momento cada show uma nova idéia. Sem perder a essência.

2112. A música instrumental sempre teve muitos adeptos no Brasil mas nunca obteve o espaço merecido. Falo isso levando em conta que não achamos discos para comprar a não ser procurando com seus próprios criadores como eu mesmo fiz com vocês. É difícil trabalhar nessa área?  

Gilson Oliveira. É muito difícil, porque é muito desigual o tratamento dado a alguns estilos musicais, uns tem a mídia na mão, outros tem que bancar a sua gravação com recursos próprio, vender os cds no show e contar com amigos como você pra poder divulgar o trabalho, mais aviso aos que torcem contra... nós não vamos parar rsssssss.

Giliade Lima. Sim é muito difícil a questão dos discos hoje é algo bem raro de achar em lojas, apenas lojas especializadas e que são cada vez mais raras de encontrar no entanto através da distribuição digital isso ficou mais democrático, e as redes sócias ajudam muito para essa divulgação.

2112. O que mais motiva vocês a insistirem neste circuito?

Gilson Oliveira. A paixão pela música, e eu acredito nessa música.

Giliade Lima. Quando fazemos o que amamos não há barreiras que nos impeça!

2112. Sabemos que existe um circuito forte de música instrumental no Brasil com a edição de muitos festivais, eventos em teatros, barzinhos mas que não atinge níveis maiores de popularidade por falta de apoio da grande mídia. Isso é uma realidade?  

Gilson Oliveira. O circuito não está tão grande assim mais não, já tivemos época em que aqui na região tinha mais de 6 casas onde esse tipo de música ocorria, hoje em dia temos umas 3, e estou falando de região, está bem difícil, a mídia quer uma música de momento, uma música descartável, ai sofremos muito porque a música que fazemos e atemporal, ela vai durar para sempre.

Giliade Lima. Sim é uma realidade, no entanto não devemos olhar para esse lado. Mas sim procurarmos aumentar o nosso público e que a boa música chegue ao maior número de pessoas possíveis.

2112. Parece que o próprio público em sua maioria desconhece esse circuito, o que é uma pena não é?  

Giliade Lima. Em parte sim, porém precisamos fazer a nossa parte, nós músicos também precisamos divulgar agenda, festivais etc. E isso tem sido uma realidade nos últimos anos. 

Gilson Oliveira. Tem muita gente que gosta e que curte, mais não fica sabendo, assim todos perdem.
2112. Mas vejo uma nova geração de bandas criando músicas que vão além dos famosos Top 10 da vida... Eu mesmo tive a graça de entrevistar duas delas: Jazzmine e Silibrina. Vocês conhecem?    

Giliade Lima. Não Conheço mas vou pesquisar!

2112. O primeiro trabalho de vocês Bons Momentos traz releituras de compositores consagrados como Toninho Horta, Michel Leme, Arismar do Espírito Santo... em meio a trabalhos autorais. Como é o processo de criação de vocês?  

Gilson Oliveira. Não existe uma fórmula, vai muito do momento, comigo é assim pinta uma ideia eu dou um jeito de gravar e depois começo a trabalhar nela, e o que eu mais gosto é quando ela vai mudando é bom demais você vê algo amadurecendo, e se criando.

Giliade Lima. Sobre as releituras foi uma grande honra poder regravar composições desses grandes e generosos músicos, mas nosso processo de composição é muito natural de acordo com nossas experiências musicais.

2112. O que mais inspira vocês na hora de compor?  

Gilson Oliveira. O contato com as pessoas, o ser humano ainda é a maior e mais bela criação de Deus.

Giliade Lima. Uma melodia, um momento especial por exemplo a música que fiz para minha “Sara” assim que soube que seria pai a música surgiu na cabeça toquei e gravei e enviei para minha esposa. Enfim diversos fatores.

2112. Ouvi um depoimento de um músico certa vez que disse não ouvir nada durante o período que está compondo e também durante as gravações para que nada externamente influencie de maneira prejudicial a sua música. Vocês concordam com isso?  

Gilson Oliveira. Nunca rssss eu quero mais é poder receber essas influências, engana se o músico que acha que está criando algo totalmente novo hoje em dia. Nós somos fruto de tudo o que ouvimos e vivemos, e quanto mais influência você recebe, maior o vocabulário e ideias na hora de compor, eu busco uma música que se renove todo dia, que se mova como algo vivo que ela é.

Giliade Lima. Cada musico, cada compositor tem sua particularidade e sua realidade não concordo e nem discordo. A arte não é uma ciência exata e não existe formula ou receita por isso é tão mágica e encantadora. O que funciona para uns pode não funcionar para outros.   


2112. A abertura com Bons Momentos é fabulosa, abrindo o apetite para ouvir as outras músicas que estão por vir... Realmente é um grande trabalho!

Gilson Oliveira. Muito obrigado, esse cd foi um presente para nossas vidas, foi a realização de um sonho

Giliade Lima. Obrigado!

2112. Gostei muito da releitura de Beijo Partido... Ficou linda! Toninho com certeza deve ter ficado muito orgulhoso da versão de vocês. Parabéns!

Gilson Oliveira. Nossa... mexer com clássicos já é um problema, ainda mais de um músico que tanto nos influencia, as harmonias dele são únicas e é dificílimo de se mexer, mas ficamos muito felizes com o resultado final, foi uma forma de homenagear um dos maiores músicos do Brasil.

Giliade Lima. Obrigado, uma grande responsabilidade gravar uma música que tem mais de 40 gravações com músicos do mundo inteiro. 

2112. É complicado levar para dentro do estúdio o que se faz com total liberdade no palco? Vocês gravaram tudo ao vivo ou seguiram as normas tradicionais do estúdio em gravar os instrumentos em separados para depois mixá-los?    

Gilson Oliveira. Não, nós optamos por gravar da mesma forma que tocamos ao vivo e juntos e na mesma sala, isso dificultou o trabalho do técnico, mais o clima fica outro, tivemos a honra de ter como técnico um grande amigo e super musico, que é o Gustavo Holanda do estúdio Casa Laranja, ele sabe tudo e mais um pouco rssss

Giliade Lima. Realmente reproduzir o que fazemos no palco com a mesma liberdade é muito difícil, quando a luz de gravação acende vem o friozinho na barriga rsrsrsrsr. Nosso processo de gravação foi ao vivo gravamos tudo ao mesmo tempo, não houve quase que nenhuma mixagem basicamente o que rolou na gravação. O nosso técnico de gravação Gustavo Holanda além de ser um grande amigo é um excelente profissional nos deixou muito à vontade. Gravamos o disco todo em dois dias e um terceiro dia para finalizar já mixando. Graças a Deus deu tudo certo

2112. Qual a emoção que sentiram quando pegaram o cd pronto nas mãos?

Gilson Oliveira. A emoção foi a de saber que meu trabalho não vai morrer, isso porque o Brasil já teve muitos músicos que morreram e não deixaram nenhum registro de sua obra, o nosso disco eu sei que vai ficar.

Giliade Lima. Inexplicável! A realização de um sonho! O cd chegou na minha casa dois dias antes do lançamento, tudo conforme imaginamos a capa ficou linda arte gráfica que também tudo foi feito pelo nosso amigo Gustavo Holanda enfim só agradecer a Deus pelo momento.

2112. Vocês tem um projeto muito bacana no Jazz Village Bistrô, em Penedo chamado de Duo Instrumental Convida. Como surgiu essa idéia?  

Giliade Lima. A ideia surgiu do nosso sonho de tocar com músicos que admiramos e logo que a Ideia foi apresentada a Marie proprietária da casa ela comprou a ideia e completamos em Junho de 2018 4 anos de projeto que carinhosamente temos como padrinho o ARISMAR DO ESPÍRITO SANTO que foi nosso primeiro convidado. Que venham mais 05, 10, 20 anos ........

2112. Deve ser muito emocionante tocar ao lado de grandes nomes da nossa música como Robertinho Silva, Nivaldo Ornelas, Wagner Tiso, Pascoal Meireles, Mauro Senise, Paulinho Trompete, Lena Horta, Baby do Brasil... Vocês gravam este material?   

Gilson Oliveira. Alguns shows temos registro em vídeo, outros só de fotos.

Giliade Lima. A emoção é muito grande, além de uma responsabilidade enorme um aprendizado maior ainda e além de tudo a generosidade imensurável de todos, sendo que muitos dos nossos convidados se tornaram amigos! Não gravamos os shows apenas algumas filmagens no celular afim de registro. O que temos são fotos da produção da Casa.

2112. Dos músicos que citei acima considero dois muito especiais: Robertinho Silva, Wagner Tiso e Nivaldo Ornelas. Cara, são músicos impecáveis, não é?   

Gilson Oliveira. Robertinho já é da família, por um tempo tivemos um trio com ele ou melhor acho que ainda temos rsssss, Wagner é um mestre na arte dos arranjos, um gênio e Nivaldo esse só conhece as notas boas, tudo que ele toca é lindo, fizemos outros shows com ele e é sempre um solo mais bonito que o outro, o Brasil ainda está bem servido de músicos.

Giliade Lima. Sem dúvida são grande nomes, Wagner Tiso um excelente músico arranjador top, Nivaldo generosidade incrível pois prova disso é que fizemos mais de um trabalho juntos. Robertinho Silva conhecemos em 2012 e desde então se tornou um grande amigo já fizemos inúmeros trabalhos mais de 20 shows pelo Brasil um músico extraordinário e um ser humano ímpar.

2112. Outro momento especial deve ter sido com a Lenny Andrade, uma das maiores vozes deste planeta. Vocês além de talentosos são caras de muita sorte!

Gilson Oliveira. Corrigindo uma resposta lá de cima, a Leny também tirou meu sono rssssss, eu ficava pensando, gente é a Leny Andrade, aquela das gravações com o Romero Lubambo, tô ferrado rssssss mas ela é um ser humano diferente, ela tá em outro nível, a generosidade musical, a vontade jogar pela música que ela tem te mostra porque ela está entre as maiores vozes desse planeta. Pra mim a maior!

Giliade Lima. Mais do que sorte! Só Deus pode nos proporcionar momentos como este. Nos concedendo vida para apreciar e viver cada momento.  Sem palavras realização de um sonho! Uma palavra que resume a Leny... coração!

2112. Bons Momentos será lançado no exterior?

Gilson Oliveira. Então, vontade a gente tem, mais esbarramos naquela questão do apoio, e muito difícil divulgar um trabalho no Brasil.

Giliade Lima. Existem algumas possibilidades...

2112. E shows? Existe a possibilidade de vocês tocarem no exterior?

Gilson Oliveira. Estamos aí pra convites, nós queremos trabalhar, levar nossa música onde as pessoas queiram ouvir, seja no Brasil ou fora dele... é só chamar!

Giliade Lima. Sim, temos amigos em diversos países que curtem nosso trabalho estamos aguardando o momento certo.

2112. O que vocês tem em mente para este ano?

Gilson Oliveira. Tocar mais e mais rssss, tem muita gente querendo conhecer outros estilos musicais, mais não conhece pois a mídia não deixa, então nós vamos levar essa música onde as pessoa não tem esse acesso, estamos criando um projeto que é de levar a música em lugares que sozinha ela não chegaria, estamos tentando algumas parcerias, e já adiantando convido empresários amigos que queiram fazer parte dessa empreitada que estamos fazendo parcerias para esse projeto, se todos se unirem a gente consegue virar esse jogo.

Giliade Lima. Inicialmente a gravação do próximo CD só com músicas do Roberto Menescal, mas estamos focados ainda na divulgação desse CD “Bons Momentos”

2112. Por último quero agradecer a disponibilidade de vocês em me concederem esta entrevista. O microfone é de vocês...   

Gilson Oliveira. Muito obrigado de coração pela oportunidade de falar e expor um pouquinho da história e trajetória do Duo Instrumental e até o próximo encontro, forte abraço.

Giliade Lima. Quero Agradecer Primeiro a Deus pelo talento musical, e por tudo que está acontecendo nesse momento especial, a minha família, minha esposa Beatriz, minha filha Sara, meus pais (Sr Genildo e D. Zélia) pelo apoio incondicional de sempre aos meus irmãos ao meu irmão de Som Gilson Oliveira e a cada amigo que curte o nosso trabalho e principalmente a você Carlos Antonio pela oportunidade.

2112. Eu é que agradeço por este papo agradável e desejar a vocês muito, muito sucesso!

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