É incrível
como as coisas acontecem na vida da gente de uma maneira inusitada... Confesso
que quando eu criei o Blog 2112 tinha em mente apenas distribuir links de
bootlegs... mas o mercado já estava saturado e aí então resolvi entrevistar as
bandas que eu gosto e ouço. E é com muito orgulho que apresento esta super
entrevista com a banda Stress que acompanho desde o primeiro vinil.
2112. O
Stress é uma das poucas bandas de metal brasileira a atingir uma marca tão
significativa, principalmente dentro do heavy metal, visto por muitos críticos
como uma vertente do underground. Qual o segredo da longevidade?
André
Chamon. Em 2017, a Stress completou 40 anos. Contamos
a partir do nosso primeiro show, que foi no dia 10/10/77. O segredo da
longevidade é a amizade e o respeito entre os membros da banda, além do prazer
em tocar heavy metal.
Roosevelt Bala. Toda
vez que alguém me pede um conselho, uma sugestão de como formar uma banda, eu
sempre digo pra juntar a amigos pessoais, amigos de verdade. Pois,
discordâncias sempre haverá, algumas brigas, também (com o Stress foram
raríssimas), e quando isso acontecer é a amizade que vai manter a banda
íntegra, coesa, à prova de desavenças... Sou amigo dos caras dos Stress até
hoje, mesmo dos que já não estão mais atuando conosco. Temos muito em comum, os
gostos musicais são muito parecidos, das composições, também. Hoje em dia, já
com os rumos pessoais definidos, a ordem é se divertir o máximo possível,
criando novas obras e tocando para o maior número de pessoas que conseguirmos,
especialmente para os que curtem nosso som.
2112. É
verdade que, antes de se chamar Stress, a banda usava o nome Pinngo D'água
por causa do bumbo da sua da bateria que era torto?
André
Chamon. Sim, era uma bateria da marca Saema, que
vinha de fábrica com um bumbo oval, que parecia um pingo deitado. E o
"Pinngo" era escrito com dois "n" pra ficar diferente.
Roosevelt Bala. Sim, era isso mesmo. Havia uma
série da bateria Saema (marca antiga), onde o Bumbo não era redondo, como os
tradicionais de hoje, formato era de uma gota d’água deitada. Na falta de um
nome, “Pingo D’água” foi o nome provisório. Depois foi Elektra (75), TNT (76) e
finalmente Stress, em 77.
2112. Existe
uma lenda que, quando a banda foi formada, ninguém sabia tocar nada e
“democraticamente” cada um escolheu o instrumento que se identificava e
começaram a treinar. Simples assim?
Roosevelt Bala. Pode
confirmar essa lenda! Os instrumentos foram escolhidos apenas pela afinidade
teórica, gosto pessoal de cada um, todos aprendemos juntos, do zero, todo mundo
cru... Isso foi mais um fator que nos uniu e que nos fez valorizar a banda,
pois o custo dos instrumentos eram altíssimos na época, o investimento
financeiro foi considerável... Mas, como garotos dedicados e com muita vontade,
não demorou muito pra que começássemos a tocar algumas músicas, as mais fáceis,
é claro.
André
Chamon. A escolha se deu no primeiro ensaio, na casa
do tecladista Leonardo Renda. Mas, confesso que sempre fui apaixonado pela
bateria. Quando eu era criança, ganhei uma mini-bateria de presente. Nas
"matinés" com música ao vivo, toda a minha atenção era voltada para o
baterista. A minha escolha não foi nada difícil.
2112. E como vocês faziam para conseguir discos de heavy metal aí no Pará?
Pergunto isso levando em conta que também moro no interior e no tempo do vinil
era muito difícil conseguir discos de heavy metal para ouvir...
André
Chamon. Morávamos em Belém, capital do Pará. Havia
poucos disco de rock pesado nas lojas. O Leonardo costumava viajar para o
exterior e trazia os novos lançamentos. Assim, ouvíamos o que havia de mais
pesado na época.
Roosevelt Bala. Tínhamos
poucas lojas aqui em Belém, os discos chegavam com um certo atraso, e não
vinham todos, apenas os que a loja achava que venderiam rapidamente.
Entretanto, o nosso tecladista, Leonardo Renda, costumava fazer intercâmbio
cultural, viajando para EUA e Europa. Ele trazia os principais lançamentos do
“Rock Pauleira” (não havia o termo Heavy Metal ainda) pra gente conhecer e
“sugar” tudo... Foi assim que conhecemos Iron Maiden e Judas, depois Saxon,
bandas que norteariam nosso som mais pra frente.
2112. Qual
baterista transformou a sua vida como músico e que bandas influenciam
vocês?
André
Chamon. Bem no início, quando ainda tocávamos covers,
o repertório tinha muitas músicas do Led Zeppelin e também do Deep Purple.
Conseqüentemente, minhas primeiras influências foram John Bonhan e Ian Paice.
Mas, o baterista que marcou a minha transformação do Rock Pesado dos anos 70
para a New Wave of British Heavy Metal dos anos 80 foi o Les Binks do Judas
Priest.
2112. E você Roosevelt quais são as
maiores referências musicais em sua vida?
Roosevelt Bala. Desde
muito cedo a música fez parte da minha vida, eu era uma criança diferente das
outras, eu brincava como todas, mas tinha umas horas em que eu parava pra ouvir
músicas, no rádio, no gravador e na vitrola, isso desde os 4 anos... Comecei a
comprar discos aos 9 anos, e não parei mais. Ouvi muita coisa, meus arquivos
mentais são imensos, em vários estilos, isso me dá uma facilidade de compor,
uma variação considerpável de boas melodias, que vieram do rock e de outros
estilos... Minha influências principais foram: Creedence , The Sweet, Led
Zeppelin, Judas e Saxon... Mas, ouvia de tudo, dentro do rock e suas
ramificações.
2112. A
princípio vocês faziam releituras nos shows, porque ainda não tinham material
próprio. Que músicas não podiam faltar na set
list?
André
Chamon. Os clássicos Rock'n'Roll do Led Zeppelin,
Smoke on the Water do Deep Purple, Paranoid do Black Sabbath... O nome do nosso
primeiro show (Escada para o Céu) e o do segundo (Paranóia) já davam uma dica
do repertório.
Roosevelt Bala. Já
achávamos que era impossível tocar os covers dos Rock que gostávamos, nem
passava pela cabeça em compor, já era gratificante conseguir aquilo... No
início eram as mais fáceis, como Beatles, Stones, Bad Company, The Sweet, Steve
Miller... Depois, com a entrada do Pedro Valente, guitarrista fenomenal, nos
aventuramos para sons mais trabalhados e pesados, como: Led, Black Sabbath,
U.F.O, E.L.P, D. Purple, Pink, Kiss... Já era um grande feito tocar sons dessas
bandas.
2112. Uma
curiosidade: soube de um guitarrista chamado Adonay, que foi proibido pelo pai
de tocar na banda. Isso é verdade? O que ele alegou?
André
Chamon. É verdade. Ele queria tocar na banda, mas, o
pai não aceitava que ele fosse músico. Havia um certo preconceito, naquela
época. Minha família também não gostava da idéia. Mas, eu era mais rebelde. Já
o Bala, não teve muito problema com isso.
2112. Os
primeiros shows da banda aconteceram em festinhas de adolescentes que curtiam
“disco music” e com certeza não entendiam o som que vocês produziam. Qual era a
reação deles?
André
Chamon. Não gostávamos de Discotèque e quem ouvia
esse tipo de música também não gostava de Heavy. Mesmo assim, fizemos um show
na casa do Raimundinho, que costumava fazer festinhas com Disco Music na casa
dele. O pessoal estranhou, mas, não teve briga porque estávamos entre amigos.
Foi uma exceção. Éramos radicais. Chamávamos os fãs da Donna Summer e Barry
White de "cocoteiros" por causa das calças cocotas que usavam.
Roosevelt Bala. Todos tínhamos 15 anos, e nossos
amigos estavam fazendo aniversários de 15. Fizemos alguns desses eventos,
tocando rock. Apesar de ser alternativo pra eles, todos curtiam, sim, pois ver
uma banda tocando rock era algo inusitado em Belém... A Disco Music ainda
estava engatinhando, o que se ouvia nos boates, tertúlias e ‘pipocas’ era rock,
dançávamos rock e baladas (agarradinho com as garotas). Portanto, não estávamos
tão fora do contexto, éramos uma boa atração, era raro para adolescentes verem
uma banda tocar ao vivo.
2112. Em
1977, vocês passaram a se chamar Stress. O porquê da mudança do
nome?
André
Chamon. O Pedro sugeriu o nome Stress e falou sobre o
seu significado. O termo era desconhecido na época. Achamos que tinha tudo a
ver com o estilo da banda. Além disso, a sonoridade da palavra é forte e causa
impacto.
Roosevelt Bala. Nenhum
dos 3 nomes iniciais (Pingo D’água, Elektra, TNT) nos agradaram piamente. Em
dezembro de 76, Pedro Valente entra na banda, a sugestão do nome STRESS foi
dele. Era ainda uma ‘doença’ pouco conhecida, totalmente novidade. Achamos a
sonoridade bacana e perguntamos como escrevia e o que significava...Pedro
explicou tudo, achamos que tinha tudo a ver com uma banda de Rock Pauleira. A
grafia é linda, a sonoridade é perfeita e o significado casou legal com nosso
estilo... Considero esse um dos 4 melhores nomes de banda do mundo, da
história, junto com Kiss, Yes, Queen, Rush... monossílabo com tonalidade forte,
bela grafia e sonoridade... Ainda acho o nosso o melhor de todos! rsrsrs.
2112. A despeito das
bandas da época que investiam no rock’n’roll, no progressivo, no hard rock e
mesmo no punk rock, vocês buscavam por sons mais rápidos e pesados. Vocês
sofreram algum tipo de retaliação por causa disso?
André
Chamon. Éramos o que havia de mais underground no
mundo rock. Existia um certo preconceito. Mas sempre tivemos um público fiel,
que nos acompanhou durante toda a nossa carreira.
Roosevelt Bala. Ouvíamos tudo que havia de
novidade na época, que o Leonardo trazia, digeríamos bastante, em casa, nas
nossas festas, nos carros, onde desse... Iron, Judas, Saxon e Motorhead era o
que havia de mais pesado naquele momento. Quando resolvemos partir para as composições
próprias, tínhamos a seguinte diretriz em mente: “Temos de ser a banda mais
rápida e pesada do mundo”. Aquilo era coisa de garoto, que quer dominar o
mundo, ser mais que tudo e todos, rsrs. Mas, foi justamente esse pensamento que
nos levou ao pioneirismo no Brasil. Não havia nenhuma retaliação, bem ao
contrário, nossas composições foram muito bem recebidas pelos roqueiros de
Belém, eram de alto nível, pau a pau com os nossos ídolos da Inglaterra, algo
surpreendente para uma banda que só se reunia nos fins de semana, sem nenhum
compromisso com a música a carreira musical, só por diversão, ainda.
2112. Em 1978, vocês começam a compor o próprio material, sendo
Stressencefalodrama a primeira delas. Como é o processo de composição na banda?
Todo mundo colabora?
André
Chamon. Em regra, eu faço as letras e o Bala as
músicas. Cerca de 80% das obras do Stress são fruto dessa parceria. Algumas
vezes, a música surge primeiro. Outras, a letra. Somos detalhistas. As letras
têm que transmitir mensagens relevantes e, ao mesmos tempo, acompanhar a
melodia vocal, observando meticulosamente a métrica e a sonoridade das
palavras, sílaba por sílaba.
Roosevelt Bala. Eu
tomei a iniciativa de começar a compor, na época eu tocava um pouco de violão,
que aprendi olhando o Pedro e ‘fussando’ sozinho em casa, tinha facilidade pra
aprender. A primeira realmente foi Stressencefalodrama, é uma música muito bem
trabalhada, cheia de levadas e partes diferentes, um pouco de Rock, Hard,
Metal, Progressivo...em fim uma bela obra para nossa estréia no autoral. Todos
deram sua colaboração para os arranjos finais.Mas, normalmente éramos eu e o
André que nos reuníamos antes, para depois repassar aos outros, essa parceria
acontece até hoje. Uma curiosidade é que as primeiras letras do Stress foram em
Inglês, o Leonardo é quem fazia, por falar fluentemente, devido suas várias
viagens ao exterior. “Mate o Réu” foi a segunda música, chamava-se “Go to
Hell”... Entretanto, depois de um festival de música, no qual apresentamos
essas duas canções pela primeira vez, as pessoas vieram elogias as composições
- que estavam sendo muito aguardadas, havia um expectativa grande pra saber
como seriam nossas músicas próprias, gostaram das músicas, mas não entenderam
as letras, perguntaram do que elas tratavam... Foi nesse exato momento que
resolvemos que mudaríamos para o português, pra que todos entendessem direto
nossas mensagens. Assim, mudamos as letras das duas músicas e passamos a compor
as outras em Português. Nossa prioridade é que o público brasileiro nos
entenda, nossas músicas tem grande poder por ter sonoridade pesada e letras
fortes, de alto nível, esse dueto é nossa marca.
2112. No
período do militarismo, várias foram as bandas que sofreram com a censura
relativa às suas letras. Vocês também tiveram problemas com O Lixo e O Oráculo
de Judas que a início se chamava Corpus Christi. Como vocês driblavam a
censura?
André
Chamon. Na época da Ditadura Militar, os discos só
podiam ser lançados, se as letras das músicas fossem aprovadas antes pela
Censura. Todas as minhas letras, a princípio, eram vetadas e eu tinha que fazer
algumas modificações. O caso mais curioso foi o da letra de "Lixo
Humano". O censor achou que ela denegria a imagem do ser humano. Então,
tirei apenas uma silaba e ela virou "Lixo, mano". Ele nem percebeu
que, mesmo mudando a escrita, a pronúncia continuava a mesma. E assim, foi
aprovada.
Roosevelt Bala. Quase
todas as músicas do primeiro disco foram “vetadas” (esse era o carimbo)...
Algumas tiveram seu conteúdo bastante alterado, outras somente algumas palavras
“chaves”, que davam margem a um outro entendimento por parte do censor...
“Chacina” era “Curra” ... “O Lixo” era “Lixo Humano”, “O oráculo de Judas” era
“Corpus Christi” ... “Sodoma e Gomorra” era “Memórias de um ‘cabocão’, quando
descobriu que tinha ido com um travesti pra cama”, era isso, mesmo, rsrs...E
por aí foi... Jogo de cintura, gingado e muitas firulas, foram o que nos
permitiram aprovar todas elas.
2112. Em
1981, vocês apresentaram o show Flor Atômica em dois grandes eventos. O
primeiro no maior ginásio de esportes da cidade e o segundo ao ar livre na
Avenida Doca de Souza Franco, uma das principais vias de Belém. Foi uma grande
ousadia da parte de vocês não?
André
Chamon. Sempre fomos muito ousados. Não tínhamos
limites. Éramos megalomaníacos, mesmo.
Roosevelt Bala. Fazíamos poucos shows por ano, 2
ou 3, mas sempre fomos ousados, meio megalomaníacos, queríamos tocar em grandes
lugares e grandes eventos, nossos shows paravam a cidade, eram acontecimentos
marcantes para a juventude local, especialmente os fãs de rock. Tocamos nos
maiores ginásios da cidade, passamos a encher os locais de apresentação em
pouco tempo de estrada. O show na avenida Doca de Souza Franco foi o primeiro
show aberto, em rua, da história da cidade, um acontecimento que mobilizou toda
a cidade, com a cobertura de jornais, rádio e televisão. Era o lançamento de
uma Boutique Chique, de proprietários cheios da grana. O local escolhido foi bem
na frente do Bar/Pub mais top de Belém - Gato & Sapato -, toda a High
Society estava lá, convidados para a área vip (mesas reservadas), e por fora,
mais afastados, ficaram os roqueiros tradicionais, o nosso público de
verdade. Isso nos aborreceu, não sabíamos que seria assim. Resolvemos
“agredir” um pouco os socialites, o apresentador do show tirou a calça e
apresentou a banda só de cueca, foi um escândalo, metade dos Vips se levantaram
e foram embora, rsrs... Ainda tocamos umas músicas com letras de sacanagem, que
completaram a “rebeldia”... No dia seguinte, manchetes contaram (quase) tudo o
que aconteceu lá, foi um bafafá do K7. Esse evento daria todo um capítulo em um
livro, rsrs.
2112. Em 1982,
mesmo com a saída do Wilson, a banda lançou seu primeiro álbum, que acabou
sendo o primeiro disco de heavy metal gravado no Brasil. Você pode falar um
pouco sobre as gravações?
André
Chamon. Foi uma aventura. Viajamos mais de três dias
de ônibus, de Belém para o Rio, para gravar. Disseram-nos que o estúdio era
muito bom, mas, quando lá chegamos, tivemos uma grande decepção: encontramos
uma pequena sala, com uma mesa de apenas 8 canais e uma bateria toda desmontada
num canto. Tivemos que amarrá-la com fita crepe para que ficasse de pé. A
guitarra seria gravada direto na mesa e o técnico nos disse que colocaria a
distorção na hora da mixagem, o que não era possível naquela época. Por sorte,
o Cícero (futuro guitarrista do Dr. Silvana e Cia) estava lá e nos emprestou um
pedal de distorção.
Roosevelt Bala. Era infinitamente mais difícil se
gravar um disco naquela época, os custos eram altíssimos, equivalente ao de um
apartamento Kit Net. Não havia mais o que fazer, já tínhamos tocado nos
melhores e mais conceituados teatros e ginásios da cidade, era preciso seguir à
diante. Através de um amigo ( o Profeta), contactamos o estúdio Sonoviso, no
Rio, que nos garantiu que saberia gravar o nosso rock, já tinham feito isso
várias vezes e dispunham de todo equipamento necessário para a gravação.
Juntamos dinheiro com shows, vendemos objetos, pedimos pros pais e pegamos um
ônibus pra enfrentar três dias de estrada até o Rio. Ficamos numa modesta
pensão no Catete, dividindo beliches num único quarto. Ao chegar no estúdio nos
foi oferecida uma bateria toda fudida, quebrada e desmontada, jogada num canto
de uma saleta. Usamos barbantes e fita adesiva pra deixá-la armada. Recebemos a
informação de que todo o equipamento prometido (bateria, efeitos, pedais,
instrumentos..) deveria ser alugado. Finalmente começamos a gravar, tínhamos de
ser rápidos, a grana tava curta e a hora de estúdio era uma facada. Começamos a
perceber que os caras não manjavam PN de gravação de rock pesado. Chegaram ao
cúmulo de propor que tocássemos sem distorção, que eles dariam um jeito de
colocá-la na mixagem. Tratamos de fazer nossa parte, tocamos como se
estivéssemos num show, com toda fúria e crueldade que as músicas pediam,
afinal, naquele momento estávamos registrando anos de trabalho e defendendo
nossas idéias e pontos de vista não só sobre a música em si, mas, sobre o
cenário social injusto para a maioria das pessoas. Gravamos tudo em 16 horas,
foi meio “nas coxas”, mesmo, não tínhamos mais grana pra pagar outras horas de
estúdio e ainda teria a mixagem. Quando tudo terminou tivemos a certeza de que
os caras não estavam preparados pra gravar rock pesado. Ficamos extremamente
decepcionados com o resultado, esperávamos algo compatível com o que estávamos
acostumados a ouvir. Não havia mais nada a fazer, não tínhamos mais recurso pra
refazer qualquer coisa, nem pra pagar as horas extras de mixagem. Esperamos o
técnico de som ir no banheiro e fugimos com a fita mixada. Relutamos muito em
prosseguir com a produção desse disco, tamanho nosso desapontamento.
Resolvemos, então, fazer uma tiragem mínima de 1000 cópias, só pra termos um
registro oficial das músicas e não jogar fora a grana já investida. Juntamos
mais dinheiro e fizemos a prensagem. O show de lançamento aconteceu no estádio
do Payssandu (Clube de futebol), no dia 13 de novembro de 1982, para uma platéia estimada em 20.000 pessoas,
um record absoluto que persiste até hoje para eventos musicais locais.
2112. Vocês
levaram apenas 16 horas para gravar o álbum, o que muito me fez lembrar das
gravações do primeiro álbum do Led Zeppelin. Será que o produtor e os técnicos
envolvidos tinham noção do momento histórico que estavam
participando?
André
Chamon. Com certeza, não. Eles nem conheciam o estilo
que estavam gravando.
Roosevelt Bala. Eles
não tinham nem noção de como gravar rock pesado, imagina se tinham a
perspectiva de que estavam diante de um momento histórico pro Rock Brazuca...
Certamente que não! Na verdade, nem eles e nem nós, rsrs. Pensávamos que
havia centenas de bandas pelo Brasil fazendo ‘Rock Pauleira’, nunca passou pela
nossa cabeça que éramos os únicos, até então. A comunicação era bem precária,
não havia intercâmbio nenhum, estávamos completamente isolados dos outros
movimentos pelo país. Acho que estávamos mais sintonizados com os Ingleses da
NWOBHM do que com os brasileiros.
2112. Me
lembro de um amigo que me apresentou o álbum e uma coisa que muito me aguçou a
atenção foi o uso “escancarado” de teclados, num fato raro dentro do estilo
naquela época. Sei que o Black Sabbath fez uso do instrumento em várias
álbuns... mas vocês mas vocês tiraram o instrumento do
anonimato...
André
Chamon. Colocamos o pedal de distorção no teclado,
também. Tudo para tentar colocar mais peso na gravação.
Roosevelt Bala. Havia a
lenda de que o teclado tirava o peso das músicas, em muitos casos até era
verdade. Éramos fãs do Deep Purple, uma super banda onde o teclado de Jon Lord
qsomava muito, era astro, imprescindível, quebrando esse tabu. Foi buscando
essa sonoridade ímpar do Orgão “Harmony”, do Lord, que a gente experimentou
colocar um pedal “distorcedor” na saída do teclado do Leonardo Renda, na hora
da gravação. O resultado não pareceu nada com o do D. Purple, mas ficou bem
pesado, surpreendentemente bom, nos agradou bastante, rsrs. Foi uma “arriscada”
que deu certo, a gravação acabou ficando mais “suja”, no bom sentido. Mas, foi
quase que por acaso, uma luz que acendeu em cima da hora.
2112. O lançamento do disco ocorreu no Estádio da
Curuzu, diante de um público record de 20.000 pessoas. Deve ter sido uma
loucura a apresentação...
André
Chamon. Foi mesmo. Ficamos tão empolgados, que
esquecemos de controlar a venda de ingressos. Quando chegamos na bilheteria, o
caixa tinha ido embora e o dinheiro havia sumido.
Roosevelt Bala. Não havia mais ginásios e teatros
que não houvéssemos tocado, para o lançamento de nosso primeiro álbum a ousadia
teria de ser maior. Nunca antes, e nunca depois, um artista local se aventurou
a fazer show em um estádio de futebol, o era espaço é imenso, a produção
enorme, a organização bastante complexa, não havia empresas especializadas em
grandes eventos, na época, nós mesmos tivemos de cuidar de cada detalhe. A
começar pelo palco, totalmente manufaturado, em madeira, não havia palcos
desmontáveis, uma mão de obra enorme...O som, tivemos de juntar várias
aparelhagens, amplificadores de pessoas diferentes... Convidamos alguns
artistas locais para fazer a abertura, conseguimos mídia de televisão, Globo local,
matérias em todos os jornais, foi uma divulgação pesada! ... Acabou que, todo
mundo que resolveu sair de casa foi ao nosso show, rsrs. Foi histórico!
2112. Vocês
gravaram o evento?
Roosevelt Bala. A tv
Globo local gravou, fez uma ótima matéria no dia seguinte e nos deu a fita... Mas,
perdemos pra um produtor de shows do Rio, anos depois. Uma perda inestimável.
Só restaram algumas fotos, de um grande fotógrafo paraense.
2112. Logo
depois, outra apresentação histórica, agora no Circo Voador, diante de centenas
de fãs que se espremiam para ver o Stress. A Rádio Fluminense teve um grande
papel ao divulgar as músicas da banda em sua programação, não
é?
Roosevelt Bala. Desde
nossa primeira apresentação no circo, em abril de 83, A rádio Fluminense – A
Maldita – teve um papel fundamental na divulgação do Stress. Fizeram um
especial tocando todas as músicas do primeiro disco, na tarde que antecedeu ao
show, fazendo comentárioas spbre cada faixa. Nos intervalos vinha a vinheta
chamando para o show, que dizia : “Direto do inferno amazônico, o Judas Priest
brasileiro, a banda mais pesada do Brasil... STRESS...”. Pow, um puta apoio, já
chegamos no Circo, para nosso primeiro show no Rio, com uma moral do k7. Mesmo
porque, a música “Oráculo de Judas” tocava na programação normal da rádio,
direto, era hit e nós não sabíamos. Devemos muito da nossa popularidade no Rio
à “Maldita”.
André
Chamon. Quando chegamos no Circo Voador, fomos
recebidos como astros. Não entendemos nada. Só depois, soubemos que a música
"O Oráculo do Judas" havia entrado na programação da Rádio Fluminense,
"A Maldita".
2112. Com a boa aceitação
do álbum e com a abertura que o rock e o próprio heavy metal estavam tendo na
mídia, vocês se mudam para o Rio de Janeiro e assinam contrato com a PolyGram
para a gravação de Flor Atômica, o segundo álbum da banda. A coisa realmente
cresceu, não?
André
Chamon. Quando o primeiro Rock in Rio anunciou bandas
de heavy metal entre as atrações do festival, as gravadoras acharam que este
estilo faria sucesso entre o grande público. Um dos produtores da Polygram
perguntou à produtora do Circo Voador qual a melhor banda heavy brasileira e
ela indicou a Stress.
Roosevelt Bala. Esse disco tem história: No final
de 84, com a freqüência dos shows no Rio, tivemos de tomar uma atitude arrojada
e de grande impacto pras nossas famílias e pra banda. Resolvemos nos mudar de
Belém para o Rio, não dava pra ficar indo e vindo constantemente. Larguei meu
emprego (concursado) na Petrobrás (a grana era preta, véio) e o André (batera),
recém formado em direito com emprego na mão, embarcou nessa comigo. O Leonardo
(teclado) não encarou, tinha cursos de pós-graduação – robótica era um deles -
pra fazer em vários países diferentes (o cara é meio gênio, aliás, só pra
ilustrar, os caras da banda eram – são- pessoas extremamente inteligentes e
criativas, beirando a genialidade, por isso, quase esquisitos, eu diria, rsrs).
O Pedro (guitarra) já tinha se mudado pra França, pra estudar ciências
políticas, estávamos contando com Paulo Gui (atual guitarrista) para fazer os
shows no Rio. Mas, ele também não pôde nos acompanhar nessa “aventura suicida”,
era quem sustentava a família. Contatamos um dos membros da banda Metal Pesado
de Niterói, que tinha feito a abertura de um show nosso no Circo, a qual nos
agradou bastante. Alex Magnum assumiu a guitarra e pediu que aceitássemos o
Bosco no baixo, fiquei, então, só como vocalista e não teríamos mais teclado.
Tudo isso aconteceu no início de 85, dali a pouco aconteceria a primeira edição
do Rock ‘in’ Rio. Com a vinda de várias bandas consagradas de heavy metal para
o festival, criou-se a expectativa de que o mercado fonográfico para esse tipo
de produto seria aquecido. No entanto, a gravadora Polygram foi a única das
grandes que resolveu “investir” (já explico). O produtor João Augusto, hoje
presidente da Warner, através de sua produtora – Deck Produções – entrou numa
parceria com a Polygram para a produção do disco. Antes, porém, ele fez uma
minuciosa pesquisa com produtores de shows e eventos pra obter à indicação
unânime de que o Stress seria “a banda” para o seu projeto. Um pouco antes de
recebermos a confirmação da Polygram fomos convidados pra compor a coletânea SP
Metal, mesmo não sendo paulistas. Mas, tudo se confirmou e teríamos um disco só
nosso, com o apoio de uma multinacional, isso era fantástico, estávamos a menos
de um mês morando no Rio e já tínhamos conseguido tal proeza. O ritmo de
composições acelerou bastante, precisávamos de 10 músicas pra compor o disco, a
gravação tinha data certa pra começar. Resolvemos incluir as músicas Mate o Réu
e Sodoma e Gomorra do primeiro disco, pois além de serem cultuadas pelos
roqueiros, tínhamos em mente que poucos no Brasil conheciam-nas, pelo fato de
termos feito 1000 cópias daquele disco e boa parte delas foram consumidas em
Belém. A gravação foi corrida, não havia muita verba praquele projeto. Tivemos
a infelicidade de nos deparar com um problema técnico durante a gravação das
guitarras, os auto-falantes do amplificador de guitarra estavam estourados e
não seguravam a potência necessária pra dar aquela distorção “disgracenta” que
precisávamos pra dar peso às músicas. Conseguimos apenas uma modesta saturação,
o que foi uma pena, pois fico imaginando, aquelas músicas tocadas com uma
distorção de verdade. Não tinha como trocar a caixa, era madrugada e o estúdio
era lá na Barra, perderíamos horas preciosas de gravação, já que naquele dia
estávamos preparados e programados somente pra gravar as guitarras, nada podia
ser adiado. Ainda tivemos outro problema, que só foi percebido quando pusemos o
disco pra tocar, a faixa Forças do Mal veio sem o vocal, o técnico de edição
selecionou o BG, a versão sem voz que se costumava ter não sei exatamente o
porquê, talvez pra fazer colocando a voz em programas de tv ou coisa parecida.
Como a música tem uma base fantástica, toda trabalhada, passou como música
instrumental, quase ninguém sabe disso (há dois anos botei voz nela e virá
assim no relançamento do Flor Atômica). Contratempos à parte, era grande a
expectativa em torno desse lançamento, afinal, seria o primeiro (e único) disco
de heavy brasileiro lançado por uma gravadora multinacional. As revistas, jornais
e rádios deram um bom apoio promocional e teceram críticas elogiosas ao disco e
à banda. Fizemos até apresentações em alguns programas de tv, inclusive o da
Xuxa, quando era na tv Manchete. Porém toda a publicidade conseguida foi aquela
em que não se gasta nada, sabemos que os programas de ponta nas principais
redes de tv do país carecem de um investimento financeiro (o famoso Jabá), que
hoje e sempre fez parte dos custos de divulgação de qualquer artista. A
Polygram não reservou nenhuma verba de divulgação para o Flor Atômica, se hoje
ele é conhecido por uma boa parte dos roqueiros brasileiros, deve-se ao interesse
e o apoio que as revistas especializadas e os fanzines (com seu trabalho
heróico) deram à essa obra.
2112. Vocês
tiveram mais tempo em estúdio para experimentar?
André
Chamon. Apesar de estarmos numa grande gravadora, não
tivemos muito tempo de estúdio. Ainda bem que estávamos bem ensaiados. Vou lhe
contar uma curiosidade sobre este lançamento. Era costume se gravar duas
versões de cada música: uma com voz e outra só com os instrumentos, para fazer
o "playback" nos programas de tv. A música Forças do Mal ficou com um
grito no início das duas e o técnico entregou a versão errada para fazer a
prensagem. Falamos com o produtor, mas, ele disse que a verba tinha acabado e
lançou o álbum assim mesmo, com uma das músicas sem o vocal.
Roosevelt Bala. O tempo
foi bem melhor que o primeiro, mas foi exato, não sobrou nada, senão teríamos
gravado as guitarras como pede um disco de metal pesado. Obviamente, que foi
bem mais tranquilo que a gravação do primeiro, não podemos reclamar dessa
questão, tivemos todas as condições para produzir essa obra.
2112. Flor
Atômica é perfeito em todos os aspectos: capa, repertório, produção, gravação e
a banda estava afiadíssima. Realmente um grande álbum!
André
Chamon. Obrigado.
Roosevelt Bala. Valeu,
Carlos...Gosto muito desse álbum, estávamos mais maduros musicalmente, na flor
da idade, com muita vontade de trabalhar. As composições são ótimas, os
arranjos também. A qualidade de gravação foi digna de um estúdio de ponta,
Polygram. Não temos nada a reclamar do produtor, nos deu liberdade e recursos
pra realizar uma grande obra, ele vestiu a camisa conosco. João Augusto, hoje
presidente da Warner, contratou grandes profissionais de estúdio e designer, o
conjunto da obra é excelente. Concordo contigo, rsrs.
2112. O
álbum teve uma boa vendagem?
André
Chamon. Não. A divulgação foi mal direcionada.
Fizemos um programa da Xuxa na Tv Manchete, no início da carreira dela; demos
uma entrevista na revista Amiga, que fazia matérias sobre celebridades, mas,
não fomos divulgados na mídia especializada em rock.
Roosevelt Bala. Não
sabemos os números oficiais, mas acreditamos que o investimento da gravadora
foi recompensado. Não recebemos nada, mas tivemos uma ótima distribuição
nacional, o que divulgou muito a banda nos 4 cantos do país.
2112. Em pouco tempo, vocês foram convidados pela Rede Globo para participar
do Festival dos Festivais defendendo a música Os Jovens Não Devem Morrer. É
verdade que o César Camargo Mariano, arranjador oficial do festival,
gostou tanto do som da banda que deu carta branca para que vocês mesmo
fizessem o próprio arranjo? Como foi esta história?
André
Chamon. A música era fraca. Tivemos que fazer um
arranjo totalmente diferente para que ficasse boa. O César Camargo Mariano
aprovou o nosso arranjo. Estávamos entre os intérpretes mais cotados para
vencer o festival. Mas, o autor da música achou o arranjo muito pesado e queria
participar da apresentação. Resultado: não defendemos a música e ela foi
desclassificada.
Roosevelt Bala. Quando
recebemos o convite pra defender essa música - o que foi uma grande surpresa,
achamos que era trote, rsrs -, tratei de bolar um novo arranjo, pois o original
era muito ruim. Chegando em Recife, nos ensaios tocamos para os produtores
ouvires. César Camargo analizou o que ouviu e disse que não precisava mudar
nada, que estava perfeita, bem dentro do estilo da banda...Seríamos os únicos
artistas que usariam os 3 palcos, devido á incrível performance de palco que a
banda tinha, muitos apostavam nos bastidores que a classificação para a final
era certo! ... Ocorre que, no dia da apresentação, na passagem de som, o autor
da música, que era de Recife, foi no ginásio, local do evento, e ‘peitou’ a
produção, dizendo que ele e sua turma fariam “cagada” durante o festival se ele
mesmo não defendesse sua música... Depois de muita conversa, a produção pediu
que incluíssemos a versão dele no meio da nossa. Até ensaiamos, mas a música
ficou enorme, um Frankstein. Pensamos: Vamos classificar essa música, assim
mesmo, pois nosso arranjo e apresentação estavam porrada...Mas, vamos ficar
conhecidos, na nossa primeira aparição nacional na Globo pra todo o Brasil,
como Stress & Das Trevas (o nome dele), para todo o sempre! Isso
definitivamente não seria bom. Decidimos abrir mão de tocar, a Globo abriu as
pernas pra ele, ficou com medo de uma cagada ao vivo... O cara foi lá e
defendeu com a banda dele. Foi desclassificado!... E nós perdemos a chance de
ficar conhecidos nacionalmente, nunca saberemos se foi a atitude certa.
2112. Ainda
neste ano, a TVE do Rio de Janeiro produz o primeiro vídeo clipe de vocês, com
a música Flor Atômica, a ser veiculado no programa Fantasia...
André
Chamon. Para aquela época, o nosso vídeo clip foi uma
grande produção.
Roosevelt Bala. A nossa
produtora, Deck Produções, da esposa do João Augusto, agendou alguns programas
de tv, como forma de divulgação. A grande maioria, a totalidade, eram grátis,
ninguém pagava ninguém. Era bom pra divulgar o álbum, mas não rendia nada,
rsrs... Esse foi nosso primeiro Clipe, tem até no Youtube, com umas imagens
tiradas do VHS bem toscas. Era esquisito fazer play back, às vezes eu esquecia
de manter o microfone na boca, rsrs...Depois de muitos desses eu peguei amanhã.
2112. O álbum,
de uma certa maneira, contribuiu para que novas bandas saíssem de suas
garagens, como foi o caso do próprio Sepultura, que abriu para vocês no extinto
Caverna. Soube que vocês davam muita chance para as bandas
iniciantes...
André
Chamon. Queríamos que o movimento heavy crescesse no
Rio. Quanto mais bandas tocassem conosco no Caverna, melhor. Eram muito
divertidas essas reuniões.
Roosevelt Bala. Já ouvi
muitos relatos de bandas que começaram, incentivadas pelas audições dos nossos
álbuns. Sepultura se inpirou no primeiro e Krisuin no Flor Atômica... Uma vez
estávamos num hotel em Fortaleza, para tocar no Forcaos, quando bate na porta
do AP o batera do Krisiun, dizendo que queria nos conhecer pessoalmente, que
era nosso fã... Depois descemos e fomos almoçar juntos, e tomar umas cervejas,
as duas bandas. Eles nos contaram como resolveram formar a banda quando ouviram
centenas de vezes o nosso segundo álbum. Resolveram ficar mais um dia na cidade
pra ver o nosso show, já que eles tocariam na sexta e nós no sábado... São
muitas histórias semelhantes à dessas duas grandes bandas que tomaram o Stress
como referência no início de carreira... Nunca foi problema pra nós dividir o
palco com qualquer banda, iniciante ou consagrada. Tocamos muitas vezes com
Legião, Barão, Lulu, RPM, Ultraje, Kid abelha, Paralamas, Lobão ... todas do
Rock Brasil 80’, e muitas outras do HM Brasil... Acho que somos uma banda que
se dá bem com todos, somos bem simpáticos até, rsrs.
2112. Isso
é uma atitude muito nobre, que poucas bandas fazem... dividir palco com bandas
iniciantes, pelo simples motivo de ajudar e motivar. Isso é motivo de
orgulho...
André
Chamon. Se podemos dar uma força, por que não?
Roosevelt Bala. Não
podemos esquecer que um dia fomos iniciantes, que todos os consagrados já passaram
pelo marco zero. Não há motivo para discriminação, cada um tem seu valor, tem
algo a acrescentar ao evento, ao público que respeitosamente pagou ingresso
para ver todos do cast, não só os headliners. Já promovemos alguns festivais
brindando outras bandas, oferecendo boa estrutura e bom público a eles. E isso
não é fazer favor, é dar a oportunidade para mostrarem seu talento. Não custa
nada!
2112. Apesar de
revistas como Rock Brigade, Roll, Metal e vários zines darem apoio ao
movimento, os espaços para shows eram poucos. Ocorreu que muitas bandas optaram
por cantar em inglês para tentar o mercado internacional... mas vocês
resolveram continuar cantando em português. Porque?
André
Chamon. Uma mudança como essa, descaracterizaria a
banda. A Stress tem orgulho de ser 100% nacional. É uma escolha antiga.
Decidimos cantar em português em 1980, quando alguns fãs nos procuraram depois
de um show em Belém, dizendo que gostariam de entender o significado das letras
em inglês.
Roosevelt Bala. Como
mencionei mais acima as primeiras
músicas do Stress foram escritas em Inglês (ano de 78). Quando tocamos Go to
Hell (Mate o Réu) pela primeira vez ao vivo a galera adorou a música, que é
cultuada até hoje, mas, muitos vieram me perguntar do falava a letra. Ainda bem
que percebemos a tempo o erro que iríamos cometer se continuássemos a compor em
Inglês. Tínhamos composições ótimas, que seriam eternizadas no nosso primeiro
disco anos depois, mas, achávamos que podíamos torná-las memoráveis (sonhávamos
sempre alto) se aliássemos àquele som pesado e rápido letras que tivessem uma
mensagem importante, que refletissem os ideais de milhares de fãs que já
tínhamos conquistado e que esperavam da gente mais do que uma banda tocando
rock pesado, eles queriam poder cantar as músicas conosco com a convicção de
que era naquilo que eles também acreditavam. Ao percebermos tudo isso a tempo,
resolvemos que nossas letras seriam todas em Português. Refizemos as letras já
prontas e começamos a compor as demais músicas Português a partir de então. Foi
uma decisão bastante acertada. Embora soubéssemos que teríamos de caprichar
muito mais no conteúdo das letras (não tem como falar abobrinhas em Português e
passar batido) e na sonoridade (teríamos de expressar nossas idéias sem usar
palavras que poderiam soar rebuscadas demais), esse desafio só nos deu mais
inspiração para compor em cima de temas do cotidiano das pessoas comuns, das
injustiças sociais e da despersonalização do indivíduo pelo meio. Hoje somos
respeitados não só por termos começado o metal no nosso país, mas, também por
termos feito tudo isso, priorizando o público brasileiro, que nem sempre (são
raros) tem acesso a um curso de Inglês e certamente teria dificuldade para
entender nossas mensagens. Acho um
absurdo que exista tal preconceito, quero crer que seja uma minoria de radicais
(que sempre vão existir, infelizmente) e que em breve vão cair na real e
perceber em que país estão vivendo e qual língua eles usam quando vão comprar
pão ou um cd de metal. Esse tabu de heavy ter de ser em Inglês já foi quebrado
há muito tempo, algumas das melhores bandas de metal do país usaram e ainda
usam nossa língua e são respeitados por isso, também. Tem uma porrada de
mega-banda estrangeira que só fala besteira em suas letras e muitos, inclusive
eu, aceitam na boa porque soa bonito nas vozes dos caras. Nós não podemos nos
dar esse “luxo”, temos de caprichar no som e nas letras. Por outro lado, o
trabalho é recompensado quando num show tu ouves a galera cantando com
convicção, acreditando nas palavras que saem de seus lábios aos brados e a
plenos pulmões, sem erro de pronúncia ou ignorância de significado. Já
experimentei muitas vezes essa sensação e lhes digo que o prazer e a emoção são
... “insuportáveis”. Portanto, compreendo perfeitamente os que fizeram a opção
pelo Inglês, pois, muitos sonham com o sucesso mundial e para isso sabemos que
a língua facilita. O que não consigo assimilar é que aqui no Brasil existam
pessoas que reneguem uma banda porque está entendendo o que o que o cara canta.
Mesmo que a letra não seja uma obra literária, ainda tem o instrumental que
pode compensar, como acontece com 90% das músicas dos nossos ídolos intocáveis.
O público brasileiro, que fala o português, será sempre nossa prioridade.
2112. Em 1986, Alex e Bosco deixam a banda, que contrata Christian para a
guitarra e Rick para o baixo. Rick sai pouco tempo depois de uma briga com
Christian, o que levou Roosevelt a reassumir o baixo. E foi com esta formação
que vocês gravam uma demo em São Paulo, certo?
André Chamon. Sim, foi no estúdio do Carlinhos, ex-guitarrista do Ultraje a Rigor.
Roosevelt Bala. Essa
formação com Chris e Rick foi uma das melhores que tivemos, a performance de
palco era fantástica. Além de serem grandes músicos eles tinham um visual com
nível de Bon Jovi/Europe, o que ajudava a colocar mais garotas na platéia,
rsrs. Éramos todos jovens e bonitos, rsrs. Estávamos com 4 músicas prontas pra
gravar uma Demo, quando o Rick saiu. Tive de assumir o baixo nessa gravação.
Ela aconteceu no estúdio do Carlinhos, do Ultrage a Rigor, em São Paulo. Ele
tinha um estúdio poderoso, muito bem equipado, e era amigo pessoal do Chris...
Christian era muito carismático, todo mundo queria ser amigo dele. Foi uma das
nossas melhores gravações, conseguimos aquele som de guitarra que não tivemos
no Flor Atômica, havia uma parede de amplificadores Marshall à disposição nos
estúdio do Carlinhos. Foi o som mais alto e pesado de guitarra que já ouvi
pessoalmente, o cabelo voava, com o deslocamento dos auto-falantes dos amps,
como se tivessem ventiladores ligados, rsrs. As músicas ficaram excelentes, mas nunca
foram lançadas oficialmente.
2112. Este
material foi aproveitado posteriormente?
André
Chamon. Entrou como faixa bônus no álbum
Live'n'Memory, lançado na Europa.
Roosevelt Bala. Somente
em 2009 essas 4 faixas fora publicadas , como faixas bônus, no álbum “Live ‘n’
Memory”, lançado pela Metal Soldiers, de Portugal. Foi o primeiro lançamento
deste selo, que hoje cresceu e já conta com mais de 40 lançamentos. Esse disco continha
um 10 faixas ao vivo, de um show realizado em 5 de maio de 2005, somadas às 4
músicas da Demo 86. Por isso esse nome, ao vivo e em memória, homenageando o
Christian, que faleceu nos EUA, em 92.
2112. Pouco tempo depois, é Christian que resolve voltar para aos EUA. A sua
atitude levou você e Roosevelt a darem um tempo na banda. Era o fim de um
ciclo?
André
Chamon. Depois que o Christian saiu, ainda fizemos
alguns shows com o guitarrista Alex Schio e o baixista Alex Bressan, mas, eles
ficaram pouco tempo na banda. Podemos considerar que foi o fim de um ciclo.
Naquela época, havia dois tipos de bandas no Brasil. As que tocavam heavy
cantavam em inglês e as que cantavam em português tocavam new wave. Não éramos
uma coisa nem outra. Isso somado à dificuldade de encontrar um novo guitarrista
nos fez dar uma trégua em 1987 e esperar dias melhores para retornar.
Roosevelt Bala. A
mudança do Christian foi um baque para a banda, ficamos com poucas opções. Nos
juntamos a dois músicos de uma banda de Juiz de Fora, chamada Albatroz: Alex
Bressand (baixo) e Alex Schio (guitarra). Chegamos a gravar uma Demo (Novos
sonhos) e fazer alguns shows. Mas, no início de 87 as coisas ficaram difíceis,
os shows mais escassos, pois só as bandas Pop Rock tinham vez. Nosso produtor,
João Augusto, pediu para aliviarmos no som da banda, fazer algo mais comercial.
Até tentamos com a Demo de 86, mas ele achou as músicas muito pesadas ainda.
Não era possível ficarmos mais leves que aquilo, não seria Stress. Acabamos
perdendo o contrato para o terceiro álbum. Com a dificuldade de nos mantermos
morando no Rio, com poucos rendimentos, resolvemos dar um Break e esperar o
cenário melhorar para o HM nacional, o que não aconteceu para a quase
totalidade das bandas.
2112. Após sete anos de longa espera, os fãs da banda e do heavy metal
assistiram o retorno triunfal da banda e o lançamento de mais um grande
trabalho: Stress III. O que mais motivou vocês a voltarem?
Roosevelt Bala. Ficamos
parados de 87 a 95, cada um fazendo suas atividades paralelas. André ficou
morando no rio, seguindo a carreira de Oficial de justiça e eu voltei para
Belém pra finalizar a faculdade de Informática, cheguei a trabalhar na área.
Foi quando, em julho de 95, André veio a Belém passar um mês de férias.
Reunimo-nos no nosso antigo estudio, na casa do tio dele, pra fazer um som, só
tocar, mesmo. Chamamos o guitarrista Paulo Gui, que fez parte da formação de
83, que tocou no circo Voador. Resolvi partir para algumas composições, e em
duas semanas já tínhamos mais de 10. Achamos que deveríamos registrá-las numa
Demo. Só que, as fitas K7 estavam saindo de linha, já era a era do CD. Assim, o
que seria uma simples demo tornou-se o Stress III.
André
Chamon. Em meados dos anos 90, surgiu um novo
movimento de rock nacional. Achamos que seria um bom momento para voltar e, em
1995 começamos a compor as músicas do CD Stress III, que foi lançado em 1996.
2112. Você pode falar um pouco sobre o disco? De um certa maneira ele foi
gravado quase que na calada da noite, não é?
André
Chamon. A princípio, a gravação serviria como uma
"demo tape", uma pré-produção. Foi feita num estúdio caseiro, mas, o
resultado foi tão bom que resolvemos aproveitá-la para o CD.
Roosevelt Bala. O
processo de composição e gravação foi muito rápido, durou um mês, tudo. O
estúdio era caseiro, literalmente, dentro do quarto de um amigo, músico de uma
banda local. A gravação já foi digital, o cara era um ótimo técnico. O
resultado foi até bem razoável, para o que seria apenas uma demo tape. Dali
saíram algumas composições excelentes, não tão pesadas quanto os dois
primeiros, mas com harmonias, melodias e rítmos bem interessante. Diria que um
tanto mais Hard Rock que os outros, porém sem perder o bom nível musical.
2112. Como
foram os shows de retorno da banda?
André
Chamon. A partir do lançamento do "Stress
III", voltamos a nos apresentar em público. Em 2005, gravamos um show no
teatro "Estação Gasômetro" em Belém e lançamos o DVD "Stress ao
Vivo", marcando oficialmente o retorno da banda.
Roosevelt Bala. A volta
foi nos palcos de Belém, em um show com Dorsal Atlântica. Arrebentamos! Depois
fizemos dois shows no Rio, um deles na praia do arpoador, sempre com grandes
performances, o formação em Trio estava funcionando muito bem... Em seguida
passamos a fazer shows em são Paulo, Brasília, Fortaleza... Não eram muitos,
mas já dava pra ter um bom gostinho da diversão, rsrs.
2112. Stress
III virou rapidamente uma raridade, devido à sua pequena prensagem de apenas
quinhentas cópias. Deve ter sido um caos total com várias pessoas querendo os
discos, não é?
André
Chamon. Esta primeira prensagem teve sua venda
esgotada e tornou-se uma raridade.
Roosevelt Bala. Sem
dúvida!... Fizemos apenas 500 cópias desse disco, que acabaram rapidamente.
Resovemos deixá-lo como raridade por muitos anos. Entretanto, um relançamento
está previsto para esse ano, pela Metal Soldiers, em breve ele estará
disponível.
2112. Após anos e anos de lutas, a banda colheu seus frutos quando,
em julho de 2009, a Metal Soldiers lançou o álbum Live‘n’Memory com
distribuição mundial e, em janeiro de 2010, relançou o primeiro álbum com o
título “Amazon, First Metal Attack”. Vocês chegaram a fazer algum show no
exterior?
André
Chamon. Não. Este é um sonho antigo, que pretendemos
realizar em breve.
Roosevelt Bala. A Metal
Soldiers está relançando toda a nossa obra, para Europa e para o mundo. A
qualidade de sua produção é excelente, sempre com um encarte bem trabalhado,
cheio de informações e fotos raras, além das diversas faixas bônus, de
gravações ao vivo, de ensaios, programas de TV e etc... Isso é muito
importante, pois já não seremos totalmente desconhecidos quando resolvermos
tocar por lá, ainda não fizemos nenhum show fora do país.
2112. Conte
um pouco sobre o álbum Stress Tribute. Vejo isso como um puta
reconhecimento da importância do trabalho da banda. Vocês participaram do
projeto?
André
Chamon. Ficamos honrados com esta homenagem em vida.
Não participamos do projeto. O álbum foi gravado por 14 bandas, cada uma
tocando um clássico da Stress.
Roosevelt Bala. Quando
uma banda é homenageada com um álbum tributo, acredito que algo de importante
ela produziu. Um tributo é o reconhecimento do legado que um artista deixou por
suas obras.Confesso que fiquei emocionado quando ouvi as faixas, interpretadas
por grandes bandas, que inclusive poderias ser tributadas, ícones do HM
Brasileiro, como: Metalmorphose, Salário Mínimo, Azul Limão... e tantas outras,
da nova geração, inclusive. Todos se entregaram ao projeto, dando o melhor de
si, nas releituras de clássicos do Stress. Fiquei imensamente grato a todos
esses colegas, amigos e parceiros de tantas batalhas nessa trilha árdua do metal...
Sem mais palavras... Foda!
2112. A
Metal Soldiers também lançará um box com toda a obra de vocês, incluindo
vários “presentinhos” como bônus tracks, pôster, bottons, chaveiros, patches
etc. Os fãs devem estar...
André
Chamon. Este projeto será uma edição especial,
dedicada aos fãs colecionadores. Aqueles que costumam guardar tudo o que se
relaciona com a Stress.
Roosevelt Bala. Na
verdade ainda não lançou, está nos planos do Fernando Roberto, dono do selo.
Falta relançar o Stress III e quem sabe o IV também não entra no pacote, já que
está quase a ser lançado... Certamente será um Box para colecionadores, uma
material raro e de primeira qualidade.
2112. E o show no Canecão, tradicional reduto da MPB... a sensação de tocar lá
e mesmo de quebrar um tabu de anos... É a mesma sensação em desvirginar uma
donzela?
André
Chamon. Sempre tivemos vontade de tocar no Canecão.
Em 2009, após uma longa batalha judicial, ele foi fechado. Em 2010, havia sido
reaberto por força de uma liminar. Aproveitamos a oportunidade para realizar o
sonho de ver o nome Stress no famoso letreiro daquela casa. Depois disso, o
prédio foi reintegrado à UFRJ, chegou a ser invadido por militantes políticos
e, atualmente, encontra-se abandonado.
Roosevelt Bala. Diria que é a sensação de perder
a virgindade com a garota dos sonhos, rsrsrs... Lembro de quando pisei no palco
sagrado da música, uma grande emoção, um sonho realizado. Quantos grandes
artistas passaram por lá?... e muitos outros não. Toda a estrutura da casa era
maravilhosa, cada detalhe, do palco aos camarins, equipamentos de som e luz,
tudo prefeito! Eu costumava passar pela frente quase todos os dias, quando
morava no Rio, olhava para o painel externo e via os nomes das atrações,
pensando se um dia o nosso nome poderia estar lá... E esteve, eu toquei no
Canecão!
2112. Em
2007, vocês lançaram o DVD Stress - Ao Vivo! e uma das coisas que muito me
chamou a atenção foi saber que a gravação não sofreu nenhum tipo de overdubs.
Atitudes corajosas como essa só são encontradas em bootlegs que preservam
possíveis erros dos músicos e a própria essência dos shows. O que os levou a
agirem dessa maneira?
Roosevelt Bala. Somos
da época em que as gravações ao vivo eram de verdade, acostumados a ver vídeos
dos grandes shows da história: Woodstock (69), California Jam (74), Judas
Screaming Tour (82) e tantos outros. Não acho legal quando o áudio é refeito em
estúdio, mas é o que acontece geral agora. Optamos por usar o áudio original,
somente mixado em estúdio, com erros e acertos que acontecem em um show, o
Stress é exatamente aquilo que se vê naquele DVD.
André
Chamon. Queríamos registrar aquele momento com
fidelidade, pois, se tratava do primeiro show gravado depois do nosso retorno
aos palcos.
2112. Em janeiro de 2012 foi lançado o single “Heavy Metal é a Lei”, que virou
hino entre os headbangers brasileiros. O que os fãs
podem esperar para este ano?
Roosevelt Bala. Gravamos
pouco nos últimos anos, apenas 3 singles: “Coração de Metal” (2005); “Brasil
Heavy Metal” (2009) e “Heavy Metal é a lei”.Todas se tornaram hinos, é
impressionante a identificação dos Headbanger com as nossas músicas e letras.
Atribuo isso ao fato de que, antes de sermos músicos, somos “roqueiros” (termo
inicial) desde crianças, vivemos e sentimos essa música como qualquer outro
Headbanger, tocamos e cantamos aquilo que gostaríamos de ouvir, somos
verdadeiros com a nossa música, e isso transparece para os fãs, eles sabem que
não estamos fingindo, que não estamos fazendo música para a mídia e sim para
nós mesmos e para eles... Essa música em questão – Heavy Metal é a lei - fala
do sentimento que tomou conta de cada um de nós, quando tivemos o primeiro
contato com o som pesado, pra nós era “Pauleira”, pra nova geração é o Metal, e
de como ele mudou pra sempre nossas vidas. Essa mensagem, cantada em Português,
chega e atinge direto o coração do Headbanger, por isso já é hino... Estamos em
estúdio, terminando a gravação do novo álbum, que deve ser lançado em outubro
deste ano. Adianto que o disco vem pesado e melódico, com grandes letras e
mensagens importantes, como é característica da banda, acredito que será nossa
melhor obra.
André
Chamon. Em 2018, a Stress lançará o seu quarto álbum,
"Devastação", com o novo guitarrista Emerson Lopes. O CD terá nove
faixas: seis músicas inéditas e os singles Coração de Metal, Brasil Heavy Metal
e Heavy Metal é a Lei, que não foram incluídos nos álbuns de estúdio anteriores.
Já estamos na fase final das gravações.
2112. Quero terminar a entrevista agradecendo a disponibilidade de vocês em
responderem as perguntas e também pelo envio do vasto material que ilustra esta
entrevista. O microfone é de vocês...
André
Chamon. Nós da Stress é que agrademos ao Blog 2112,
pela oportunidade de divulgar o nosso trabalho. Vida longa ao Metal do Brasil
!!!
Roosevelt Bala. Devemos
tudo que somos hoje ao inestimável apoio do Fazines 80’s, e agora dos blogs e sites
especializados que sempre abriram as portas pro Stress, desde os primórdios, e
também ao nosso público na nova e da antiga geração, vocês são a razão da banda
não desistir nunca!... Valeu, Carlos, tu e o Fúria 2112 agora também fazem
parte dessa equipe de apoio... Isso é fundaMETAL!
Banda
Stress - Contatos
Produtora
Josy Sidrim
(91) 99114-1100
(Vivo) / 98268 8518 (Tim)
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