A diversidade sonora do Brasil o tornou um dos países mais musicais deste
planeta... e o que o Quartetinho faz é levar essa bandeira adiante através de
releituras de grandes clássicos da MPB (alguns há muito esquecidos!), do Jazz entremeados
por material próprio. Em breve a banda estará lançando o seu primeiro EP e é
com muito orgulho que apresento esta entrevista...
2112. É muito prazeiroso ouvir um
trabalho como o que vocês desenvolvem unindo o jazz as várias vertentes da
MPB e levando a isso todos os lugares que abrem as portas para vocês tocarem.
É como diz Milton Nascimento em uma de suas letras: “Todo artista tem que ir
onde o povo está.” Parabéns!
Quartetinho. Muito
obrigado! Estamos muito felizes que as portas estão se abrindo pra gente!
2112. Vocês fazem uso de várias
sonoridades para criarem uma própria. Pergunto, como vocês classificam o som
da banda?
Quartetinho.
Classificar seu próprio som é uma missão bem complicada. A opinião da banda
normalmente diverge da opinião do público e não sei quem tem mais
legitimidade para classificar o estilo. Bebemos do jazz, do samba, do
choro, do baião e do frevo. Nosso objetivo é misturar tudo o que nos agrada,
nesse sentido pode ser perigoso nos prendermos a uma classificação.
2112. É interessante ver jovens como
vocês com interesses musicais tão diferentes da nova geração que em 80% só
ouvem o que as está tocando nas paradas de sucessos. O que vocês escutam além
do jazz e da MPB?
Quartetinho. Felizmente
somos quatro integrantes de criações distintas na música. Quando estamos
viajando de carro, pode-se ouvir na rádio desde rock até ragas indianos,
passando pelo forró e a música de concerto.
2112. Vocês são de visitar lojas de
discos ou mesmo pesquisar na internet novos sons? O que vocês tem escutado de
bacana? Algum destaque?
Quartetinho. Já estamos
bastante imersos na era digital da distribuição da música, acessamos as músicas
mais por aplicativos ou meios virtuais. Gostamos de ouvir a galera que também
faz um som instrumental mas já tem um tempo de estrada maior como Relógio de
Dali, Silibrina, Bixiga 70 entre outros.
2112. Vejo grupos como vocês,
Silibrinas, Duo Instrumental, Jazzmine... lutando para se manterem de pé
visto que muitas rádios estão se perdendo ao comercialismo e também o
fechamento de vários estabelecimentos de shows. Qual seria a solução para
esses problemas?
Quartetinho. É muito
importante que as bandas do mesmo estilo e região construam juntos uma cena.
Enxergar seus semelhantes como concorrência é um tiro no pé nessa luta.
2112. Outra coisa que me frusta é a
indiferença das gravadoras, das rádios e de uma parte do povo em relação a
obra de mestres como Pixinguinha, Cartola, Villa-Lobos, Ary Barroso, Heraldo
do Monte, Hermeto Paschoal... Como o público reage quando vocês tocam essas
músicas?
Quartetinho. Ficamos
muito felizes quando percebemos alguém na plateia balbuciando a letra da
música que estamos tocando, mas também tem sido muito realizador que muitos
vem perguntar depois dos shows o nome de alguma música. Ser uma vitrine
desses compositores faz parte da filosofia da banda.
2112. Nas andanças de vocês ainda é
possível ouvir bandas mantendo a tradição da verdadeira MPB como o samba de
raiz, maxixe, marchinhas...?
Quartetinho.
Consideramos mudanças naturais e importantes. Não sei se conseguimos
classificar uma “verdadeira MPB”. Os exemplos citados na pergunta ainda estão
em alta pelo menos na época do carnaval.
2112. Existe um circuito bacana de
shows e festivais no Rio para bandas como vocês que tocam música
instrumental?
Quartetinho. Não a como
negar que a vida para bandas do nosso estilo é mais fácil em São Paulo. Porém
felizmente tem aparecidos bastantes oportunidades em eventos de empresas ou
bares. Não são muitos os festivais que o nosso som é completamente
compatível, mas sempre que aparece um oportunidade mandamos nosso material.
2112. Eu entrevistei um bluesman
chamado Ari Frello que além de shows em bares, teatros, festivais toca em
praças públicas e onde mais der. Vocês também fazem uso desses espaços?
Quartetinho. Por termos
instrumentos elétricos e bateria ainda estamos buscando uma estrutura de
tocarmos na rua. Mas faz parte sim dos nossos objetivos. É muito importante
ocuparmos espaços públicos com arte!
2112. E qual é a reação do público?
Deve ser uma experiência bem bacana não?
Quartetinho. Nosso
clarinetista/saxofonista junto com o nosso guitarrista já fizeram um ensaio
aberto no calçadão de Ipanema e muitos pararam para apreciar!
2112. Qual música vocês nunca deixam
de incluir senão o público reclama?
Quartetinho. É
importante em um show instrumental que o público conheça pelo menos algumas
melodias. Tocamos sempre clássicos da bossa nova e standarts conhecidíssimos
para que todos os ouvintes tenham familiaridade com alguma música.
2112. Vejo o underground como palco
de grandes bandas e novidades musicais incríveis mas que na maioria das vezes
não chega ao ouvido do grande público. O que vocês pensam a
respeito?
Quartetino. Talvez
seja arrogante da nossa parte querer que a maioria goste do tipo de som que
fazemos. Mas entendemos sim que se deve ter mais espaços na cena cultural
para gêneros diferentes, é importante que a população tenha acesso a novos
estilos.
2112. Uma cooperativa unindo bandas,
produtores, radialistas, empresários, designers, cineastas não seria uma
solução imediata?
Quartetinho. Para nós é
fundamental o debate sobre cultura entre diferentes parcelas da nossa
sociedade!
2112. Sinto que as bandas precisam se
unir mais... Por exemplo a banda “X” que é bem conhecida no circuito vai
participar de um evento poderia convidar um membro de uma outra banda para
fazer uma participação especial e durante o show falar um pouco dessa banda
ou mesmo abrir mão de três ou quatro números na sua set list e dar esse tempo
para uma banda iniciante fazer a abertura. O que vocês
acham?
Quartetinho. Total de
acordo. Como dissemos, no nosso contexto enxergar seus semelhantes como
concorrentes é um tiro no pé.
2112. A banda surgiu no campus da
Universidade Federal do Estado do RJ. Como e quando vocês resolveram formar o
grupo?
Quartetinho. A banda
surgiu no final do ano passado. O guitarrista e arranjador Calvin Sucena
reúne um grupo de amigos que adoravam debater sobre música para dar vida a
suas obras.
2112. Vocês tem formação musical
erudita ou são autodidata?
Quartetinho. Estudamos
em diferentes instuições de ensino musical como a escola de música Villa
Lobos, Starling Academy of Music, Sistemus e claro sempre complementando os
estudos em casa.
2112. A banda faz releituras dos
grandes clássicos do Jazz e da MPB em seus shows... mas existe projeto de
incluir composições próprias no repertório?
Quartetinho. Sim!
Estamos nos últimos detalhes da nossa primeira música autoral.
2112. O Quartetinho é uma banda
instrumental... mas vocês já pensaram em incluir vocais convidados em alguma
música nos shows ou mesmo em futuras gravações?
Quartetinho. Sim, já
fizemos convites para cantoras fazerem uma participação em nossos shows na Lapa
e se tivermos oportunidade de acompanhar alguma carreira solo não
recusaremos!
2112. A voz não deixa de ser um
instrumento, não é?
Quartetinho. Claro!
2112. O que os fãs do Quartetinho
podem esperar para este ano? A gravação de um cd está nos projetos?
Quartetinho. Estamos
finalizando nosso EP com três versões de clássicos brasileiros, está ficando
lindo!
2112. ... dá para adiantar alguma
coisa?
Quartetinho.
Infelizmente não, o processo de mixagem é longo hehe
2112. O microfone é de
vocês...
Quartetinho.
Primeiramente muito obrigado pelo convite! Queríamos deixar o convite para
visitarem nosso Facebook (Quartetinho) e nosso Instagram (@quartetinhojazz)
onde lá encontrarão fotos, vídeos e datas dos próximos shows. Até a próxima!
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Telefone de contato: 55 21 982213764
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