É com muito orgulho que o Blog 2112
apresenta mais uma banda em início de carreira. O Gato Guerrilha toca Ska um
dos ancestrais do reggae, já tem duas músicas gravadas e já estão formando um
repertório autoral para shows e para a gravação de um álbum. Quer saber mais?
Pois leia a entrevista...
2112. Apesar do pouco tempo de
vida conte um pouco sobre a criação da banda, pode ser?
Gato Guerrilha. Claro.
A banda foi mais idealizada por mim (Mário) pela vontade de tocar esse tipo de
som. A princípio, se tratava de um projeto meio pessoal, mas colegas e outros
músicos foram e estão sendo incluídos. Temos um grande saxofonista, o Chico
Filho, além de outro grande músico nos teclados, pianos, órgão, etc, que é o
Fernando César. Essa foi a formação base do estopim, daí outras coisas foram
ocorrendo, o Diego “Farofino” na bateria, um amigo de longa data. Outro grande
amigo de muitos anos que está conosco é o Fernando “Zé”, no baixo. Não é muito
fácil encontrar uma galera para tocar ska, com naipe de metais e tudo. Mas, aos
poucos tudo tem ocorrido e vamos gravar a terceira música nesse mês (fevereiro
de 2018).
2112. Vocês escolheram o gênero
“Ska” como grande força motriz da banda que teve o seu apogeu nos anos 60/70
nos guetos jamaicanos e no mundo entre 77-79 com o surgimento do punk rock
através do movimento Two Tone. Enfim, que bandas deste segmento mais
influenciam vocês? E onde entra o rock e o pop nesta jogada?
Gato Guerrilha. Pois
é.... na verdade temos influências das três “ondas” do estilo. Desde a origem
nos anos 1960, na Jamaica, toda aquela coisa do rocksteady, bandas como
Skatalites, com um naipe de metais espetacular, Alton Ellis, Keith & Tex,
passando pelo Two Tone, quando o estilo chegou na Inglaterra e surgiram bandas como
The Specials, Madness, entre outras e também as bandas da terceira geração,
como o Real Big Fish. Bandas como Operation Ivy e Rancid também agregam
bastante ao nosso som.
Em relação ao pop e ao rock são suas
vertentes que dialogam constantemente com o ska, na verdade o pop rock
brasileiro, por exemplo, tem muitas influências que provêm do ska. Se vermos
bandas como os Paralamas, Skank, Titãs, Raimundos, Rumbora, Charlie Browm Jr,
entre outras, todas elas em algum momento, incluíram ska, reggae, ou algo do
tipo em suas músicas. No nosso caso, também temos influência do rock, do punk,
do pop, e também pretendemos mesclar o ska com tudo isso.
2112. Bandas como The Specials,
The Selector, The Beat, Paralamas do Sucesso tiveram grande influência na
formação do Gato Guerrilha?
Gato Guerrilha. Com
certeza. Você ouve a música “A message to you”, gravada pelos Specials (uma
regravação) e não tem como não gostar. Daí vai atrás de outras coisas do
estilo. No caso dos Paralamas, não tem como não reconhecer a importância deles
para o ska no Brasil, além da influência que eles possuem do The Police, por
exemplo, que deixa o som deles, pelo menos os mais antigos, muito bons.
2112. Apesar de pouco tempo de
formação vocês já gravaram duas músicas: Menina tão linda e Tina e já estão
planejando novas gravações para este ano. Vocês mesmos bancam tudo
isso?
Gato Guerrilha. Sim,
planejamos. Outras pessoas estão agregando ao projeto e tudo está
ficando bem legal. Vamos gravar uma música entre fevereiro e março e depois
outra até a metade do ano. Daí vamos fazer um vídeo, um clipe, ou algo assim.
Se tudo der certo, ainda pretendemos fazer uma, ou mais apresentações nesse
ano, mesclando nossas músicas com alguns covers. Já foram feitos alguns
contatos e estamos bem otimistas. Esperamos que seja um ano bem produtivo.
Como ainda
somos uma banda totalmente independente, temos que bancar tudo, tem que gostar
bastante, rs.
2112. Já existe um repertório
pronto? Todos compõem na banda?
Gato Guerrilha. Para
fazer um show longo, ainda não. Mas, até a metade do ano, sim, vai ter. Pois
teremos quatro músicas gravadas e vamos fazer uns covers de ska clássicos,
principalmente da primeira e segunda gerações. Em relação às nossas músicas, as
ideias iniciais das bases são mais minhas (Mário), mas todos acabam compondo
e/ou improvisando seus solos e arranjos.
2112. Para os shows vocês
pretendem incluir releituras de clássicos do gênero?
Gato Guerrilha. Sim. Na verdade, essas releituras são
bem comuns em shows de ska. As bandas sempre fazem covers de clássicos, ou
fazem releituras de músicas de outros estilos na levada do ska. Isso dá uma
levantada boa no show, pois os clássicos possuem temas e refrões bem marcantes.
2112. Eu vejo o underground
como a grande força motriz do rock brasileiro em todos os seus segmentos. Vocês
acompanham a movimentação do cenário musical?
Gato Guerrilha. Você
disse tudo. Na verdade, penso que o rock brasileiro, quase que em sua
totalidade, é underground. Por exemplo, veja quantas bandas existe de hardcore,
metal, rock clássico, etc... agora compare com quantas estão na grande mídia.
Penso que ser do rock no Brasil já é ser underground. Houve momentos onde o
rock esteve no mainstream, isso acho que ocorreu nos anos 1960, 1970,
principalmente nas décadas de 1980 e 1990... até o início dos anos 2000. Todas
essas décadas tiveram artistas do rock com suas músicas entre as mais tocadas
nas rádios, programas de TV, MTV, venderam muitos discos e Cds, inclusive
bandas de ska, como o Skuba, mesmo assim, o rock sempre foi um estilo marcado
pela cena independente. Hoje, a chamada grande mídia não tem mais um Titãs
tocando na TV no domingo de tarde, por exemplo, ou os Raimundos no Faustão, mas
o rock, pelo menos no Brasil, é underground em sua essência, por isso existem
tantas bandas boas, muito boas, tocando por aí. Não importa se vc gosta de
crust, black metal ou punk 77, pop, reggae, qualquer coisa. Não precisamos
ficar pagando fortunas em shows internacionais (na verdade, paga quem quiser),
acho que o problema é que falta um pouco de curiosidade do público em geral
para descobrir coisas novas. Bandas consagradas são legais, mas tem muitas
coisas novas acontecendo, milhares de bandas criando coisas novas e muito
interessantes.
2112. O que vocês tem ouvido de
interessante?
Gato Guerrilha. Acho
que essa resposta se resume a “quase tudo”, rs. Temos referências de coisas bem
distintas entre nós, desde o rock, punk, rap, até o jazz e a música brasileira
de forma geral. Eu, por exemplo, tenho escutado uma banda bem legal de ska punk
chamada The Interrupters.
2112. Vocês já começaram agitar
a programação de shows para este ano? O que vocês tem em mente? Festivais,
barzinhos...
Gato Guerrilha. Pretendemos
que as apresentações comecem a ocorrer a partir do segundo semestre, ao que
parece, tudo vai dar certo, talvez até antes. Algumas coisas já estão sendo pensadas,
parceiras com outras bandas, lugares para tocar, tem muita gente afim de tocar
e de ouvir um som nessa pegada.
2112. Confesso que senti uma
grande empatia por vocês sem ao menos escutar uma música. Desejo muito sucesso
e tranquilidade na carreira que vocês escolheram. O microfone é de
vocês...
Gato Guerrilha. Agradecemos
muito pela oportunidade de falar sobre nosso trabalho aqui. Você sabe,
ter uma banda de músicas autorais não é muito fácil. Mas, todos gostamos muito
do que fazemos, alguns são até músicos profissionais, então vamos em frente.
Pretendemos nos aproximar cada vez mais das bandas que seguem o estilo ou
coisas parecidas, organizar shows e criar um circuito, não fechado, mas
fortalecido.
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