O blog 2112 foi formado com intenção de divulgar as bandas clássicas de rock, prog, hard, jazz, punk, pop, heavy, reggae, eletrônico, country, folk, funk, blues, alternativo, ou seja o rock verdadeiro que embalou e ainda embala toda uma geração de aficcionados. Vários sons... uma só tribo!



quinta-feira, 26 de dezembro de 2019

Entrevista Stoned Water



Não é maracutaia... mas estamos fechando o ciclo de entrevistas deste ano com outro nome vindo do sul. O Trio é formado por dois brasileiros e um argentino que fazem um sonzaço calcado nas sonoridades dos anos 70. Já lançaram um ótimo EP e em breve estarão lançando o segundo petardo. 

2112. Primeiramente me digam de onde foi que vocês tiraram um nome tão foda como esse? Cara, mais psicodélico impossível...

Landy. Quando decidimos armar a banda... logicamente não tínhamos até esse momento composições próprias e começamos como uma banda de covers para poder entrar no circuito das bandas e abrir mercado de trabalho. Mas como no Brasil predomina as bandas de covers...  e como eu sempre  digo, fazem uma salada de frutas ao misturar um monte bandas e estilos...então falei, temos que fazer a diferença vamos pegar duas bandas de rock dos quais gostamos e vamos a fazer um tributo. Lógico que Beatles não ia escolher pois eu já estava enjoado... Então falei em contrapartida Rolling Stones e Creedence Clearwater Revival por que são bandas que nós três gostamos muito. Os guris toparam a idéia   mas não tínhamos um nome. Falei meninos como vamos nos chamar? Zebú falou Stones Waters e de momento Paulo falou... por que não Stoned Waters (e dizer que Paulo que deu esse toque psicodélico ao nome). Pronto fechou o bolo!!!

2112. O Stoned Water surgiu antes ou depois que você entrou para Os Garotos da Rua? Qual é a história da banda?

Rodrigo. A banda surgiu paralelo as atividades com os Garotos da Rua. O Landy havia saído da Star Beetles e eu e Paulo estávamos com nosso power trio FireBall parado. Então resolvemos iniciar um novo projeto que inicialmente era para fazer especial Creedence e Rolling Stones mas a vontade de tocar músicas próprias veio e tornou-se a principal atividade.

Landy. Na realidade minha primeira intenção era montar uma banda com o Doctor Paulo Franzmann, o pai de Paulo. Ele é um dos pioneros do rock'n'roll chapecoense... um dinossauro do rock. Ele nos anos 60 tinha uma banda de rock que foi a primeira banda formada na cidade. A formação da banda iria ser o Dr. Franzmann na guitarra e voz, Paulo em baixo, Zebu nos teclados e eu na bateria. O nosso estilo seria algo como a Jovem Guarda. Mas esta anedota fica para outra história. 

2112. A banda além de você conta com mais dois ex membros dos Garotos da Rua na formação: Paulo (baixo e voz) e Zebu Knight Rider (guitarra e voz). E Landy nosso hermano argentino como entrou nessa história? Ele ainda mantém o Star Beetles na ativa?

Rodrigo. A Star Beetles está na atividade com novos integrantes. Sobre o Landy nos conhecemos num show há alguns anos atrás e viramos amigos.

Landy.  No final de fevereiro de 2018 deixei de trabalhar com o Star Beetles (2009/2018) e depois de um tempo fiz uma proposta aos guris para fazer uma banda com eles que naquele momento estavam fazendo parte dos Garotos da Rua. Começamos a fazer alguns shows e ao mesmo tempo os guris estavam tocando com os Garotos da Rua. Foi um começo difícil. Nesses momentos eu que fazia o trabalho de fechar as datas do Stoned  e daí eu tinha que perguntar: "Estou por fechar uma data tal dia... vocês tem show.? Era difícil organizar as agendas de ambas bandas para que não batesse as datas. Mas sempre achávamos um jeito de organizar e cumprir os compromissos. Assim foram os primeiros. Logo os guris deixaram os Garotos (essa parte da história vai ser melhor explicada por eles) e foi aí que a Stoned Water começou a tomar forma como banda.

2112. As influências do Stoned Water vem de bandas setentistas como o Deep Purple, Led Zeppelin, Black Sabbath... Como é trabalhar essas influências para produzir algo que não seja associado diretamente a essas bandas?

Rodrigo. Sempre gostamos de tocar essas bandas, mas não de fazer cover e sim tocar com a nossa identidade. Então fica fácil de compor, pois acontece ao natural, as influências nem sempre estão presentes nas melodias, mas são eles os pilares da nossa formação musical.

Landy. Como você disse Purple, Zeppelin, Sabbath são nossas maiores referências entre as outras bandas. Mas só tomamos as influências na hora de compor as músicas. O que faz a diferença é que também agregamos nosso toque de personalidade a nossas composições.  Então eu acho que isso dá a nossas músicas e ao nosso som um toque de autenticidade. Então as pessoas ao escutar o nosso disco podem falar por exemplo: aahhh tal música da Stoned tem um ar de Purple mas nunca vão falar essa música da Stoned é igual a tal música do Purple. Acho que deu para entender a idéia ou ficou um pouco complicado a minha explicação?

2112. O cenário tem visto uma revitalização da sonoridade 60/70 com o retorno inclusive de várias classics bands aos palcos e o surgimento de novas bandas influenciadas por essas sonoridades. O que vocês tem ouvido de interessante?

Rodrigo. Olha sinceramente eu sou enterrado nos anos 70, mas a última grande nova banda que ouvi e curti foi o Audioslave, também acho legal o Kings of Leon, especialmente nas canções com pegada mais country, com uso de slides nas guitarras.

Landy. Eu, nada... ou quase nada. Como eu sempre digo para os guris sou da velha escola de músicos. Eu nasci nos anos 70... gosto muito do velho de rock'n'roll 50, 60 e 70. Gosto muito de jazz e de estilos mais antigos. Posso dizer que não gosto de quase nada dos anos 80... me parece tudo muito bizarro a estetica e a imagem das bandas e também pelo uso de baterias eletronicas entre outras coisas. O pior de tudo e que quase todas as bandas que eu gosto tiveram seu começo nos anos 80... e acho que nem eles mesmo gostaram pois logo nos anos 90 começaram todos a voltarem as suas raízes.  

2112. O blog tenta dentro do possível apresentar bandas com trabalho bacana caso da StringBreaker & Stuffbreakers, Flores do Fogo, Stranhos Azuis, Picanha de Chernobyl, Centro da Terra, Amargo Malte, Cozinha dos Infernos, Impéria, Kurandeiros etc. E no sul o que vocês tem ouvido de interessante mas que ainda não chegou ainda aos ouvidos do público?

Rodrigo. No sul temos bandas como General Bonimores, Variantes... de resto prefiro as clássicas TNT, Cascavelletes, Bebeco Garcia (Garotos da Rua).

Landy. Stoned Water... ajajajajaj!!!! Mas estamos fazendo bastante barulho no Rio Grande do Sul e Santa Catarina. Tudo passo a passo e ao seu devido tempo. Estamos chegando aos ouvidos de todo mundo. Estamos trabalhando muito duro para isso acontecer. E das bandas que você mencionou Picanha de Chernobyl é uma baita banda!!!! 

2112. Um problema que na minha opinião tem atrofiado o desenvolvimento da cena é o pensamento provinciano de que nossas bandas são inferiores às do mercado gringo... Isso fode tudo, não é?

Rodrigo. Realmente isso nos intriga, mas creio que somos moldados pelas rádios abertas que em grande parte tocam som gringo, isso acaba por deixar de fomentar nosso mercado interno. O rock argentino cresceu muito com a Guerra das Malvinas, pois era proibido tocar música em inglês nas rádios, ali surgiram excelentes músicas e músicos. Destaco Pappo, Reloj. 

2112. Vejo que as diferenças que existem entre o mercado interno e o externo é o grau de cumplicidade do público para com as bandas, lugares mais decentes para tocar, melhores cachês e selos que apoiem a cena independente.

Rodrigo. Aqui no sul conseguimos ter uma agenda boa de shows, mas somos quase que uma exceção, veja que estamos em novembro e temos shows agendados até outubro de 2020. Mas isso acontece com muita luta e dedicação. Temos muitos lugares legais pra tocar aqui. Na nossa cidade Chapecó temos uns 5 picos pra shows. Em geral somos muito gratos por estar e conseguir trabalhar na região sul do país. 

2112. Mas saindo desse âmbito a Stoned Water já tem um ótimo álbum lançado: o Vol. I. Falem um pouco sobre como foram as gravações?

Landy. Muito Obrigado! No momento que entramos no estúdio a metodologia de trabalho me fez lembrar muito a o trabalho que faziam os Beatles no estúdio com George Martin. Nós só tínhamos feito algumas demos caseiros para ter uma idéia de como ia a ficar as estruturas das músicas. Essa demo foi mostrada para nosso produtor e grande amigo Clayton Chiesa (ex tecladista do Garotos da Rua). Podemos dizer que ele foi nosso George Martin, ele é o quarto Stone Water... a perna que faltava na cadeira. A partir daí com a ajuda do Clayton começamos a trabalhar as músicas ajustando detalhes e as outras músicas foram criadas no estúdio ao vivo. As baterias gravadas no estúdio ficaram diferentes das da demo pois fiz bastante improvisações.  

Rodrigo. Temos um produtor musical muito capaz e talentoso, ele soube tirar de cada um o seu melhor. Desde a execução, a timbragem é muito gratificante trabalhar com um verdadeiro produtor musical.

2112. Gostei muito de Cavalo Perdedor, Escondo o rosto na fumaça, Você não sai da minha cama, Meias verdades, Preto, o gato e em especial Eu voltei pra ficar um blues arrastado muito foda. Parabéns pelo resultado final.

Rodrigo. Agradecemos muito, realmente gostamos muito de ter gravado essas músicas, e temos muito prazer em tocá-las ao vivo, mesmo as pessoas que nunca ouviram nosso trabalho, acabam curtindo no primeiro contato nos shows.

Landy. Muito obrigado! Assim como você falou Carlos nós também ficamos muito contentos pelo resultado final do nosso disco. Uma coisa que os três concordam é que Vol. 1 é o melhor trabalho de gravação que fizemos até o momento.

2112. Desafetos vem em duas versões: português e espanhol e Lonely Man em inglês. Vocês pretendem investir nesses dois mercados? Quais são os projetos nessa área?

Rodrigo. Certamente, temos feito turnês fora do Brasil e achamos super válido ter algum material em inglês e espanhol também, além do que algumas composições já nasceram em inglês a exemplo de Lonely Man e Mont Sion que estarão no próximo CD.

Landy. A proposta desde o início foi sempre que fosse uma banda internacional. No disco gravamos músicas em três idiomas para abrir mercado mundial. Já fizemos nossa segunda turnê por Buenos Aires, Argentina a qual tivemos grande aceitação e para 2020 já temos propostas concretas para viajar para outros países.

2112. Em que pé estão as músicas do novo álbum? Esse material já tem previsão de lançamento?

Landy. No momento temos apenas algumas demos gravados das novas músicas. A previsão de lançamento será mesmo no próximo ano.

Rodrigo. Acreditamos que em abril ou maio de 2020 já estejam prontas.

2112. Este novo material gravado segue as propostas do primeiro trabalho ou vocês incluíram alguma novidade?

Rodrigo. Estamos trabalhando com a mesma dinâmica do Vol. 1. Já tem música que nasceu em inglês, acredito ser a continuidade do primeiro.

Landy. Eu achou que sim... continua com a mesma proposta e estilo musical mas com algumas novidades. Mas isso é surpresa!

2112. Quem produziu os trabalhos?

Rodrigo. Clayton Chiesa, ele tem estúdio em Pelotas RS, o Load Studio e já trabalhou com a gente nos Garotos da Rua e temos nele um porto seguro, além de produtor ele coloca os pianos, Hammond's e tudo que envolve teclas no trabalho.

2112. O novo álbum já tem nome ou ainda é segredo?

Rodrigo. É provavel que se chame Vol 2... mas tudo pode mudar.

2112. O Stoned Water já tem no currículo de duas tours internacionais. Quais países vocês visitaram?

Rodrigo. Fizemos 2 tours na Argentina, a primeira 4 shows, na segunda 5 shows, devemos voltar com o novo CD na mochila pra lançar lá.

2112. A recepção/repercussão foi bacana? Muitas bandas brasileiras tem conseguido êxito em pequenas tours pelo mundo. Parece que o preconceito é só por aqui, não é?

Landy. A recepção e a repercussão foi maravilhosa... é por isso que fizemos duas turnês pela Argentina no mesmo ano uma no mês de maio e a outra foi no mês de setembro. Lá na Argentina sobretudo em Buenos Aires se valoriza muito as bandas com música autoral, não é como aqui no Brasil que se dá mais valor as bandas cover/tributo que as bandas de música autorais (pelo menos é o que eu vejo e também por minha experiência de trabalhar por muitos anos no Brasil com uma banda cover dos Beatles). Lá em Buenos Aires por exemplo você a qualquer pub ou bar de rock e a banda que vai estar tocando é de música autoral.  Em nossos shows em Buenos Aires sempre dividíamos as datas com outras bandas autorais e os shows eram bem curtos de 30 a 45 minutos no máximo bem diferente daqui que os shows são de 2:00hs/2:30hs aproximadamente.

2112. Existe material gravado desses shows?

Rodrigo. Existe um show completo que gravamos no Mitos Argentinos, uma das casas mais conceituadas do meio artístico, fica em San Telmo, o coração da Boemia de Buenos Aires. Em breve ele estará disponível no YouTube.

2112. Qual o telefone/e-mail para contratar o Stoned Water?

Landy. StonedWater@outlook.com, +55 49999082004, +55 49999701717 e +55 49998000978

2112. ... o microfone é de vocês!

Rodrigo. Primeiramente um agradecimento especial a você Carlos que mantém acesa a chama do Rock n Roll através do Fúria 2112, e dizer que é de valor imenso esse trabalho desenvolvido com tanto carinho e atenção por você. Gostamos muito das perguntas, de cara percebemos a qualidade e que você realmente conhece o meio. Um grande abraço e obrigado. 

Landy. Muito Obrigado meu amigo Carlos pela entrevista e pela oportunidade que você está nos dando. Não só a nos mas a todas as novas bandas difundindo o seus trabalhos e dando prioridade as músicas autorais. Grande abraço!

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