Essa entrevista é uma espécie de diário de bordo sobre a tour que a
banda fez recentemente pelos EUA tocando em várias cidades, a parceria com o
selo Silent Brew Records e também sobre o lançamento do álbum Live In The USA,
Travel To The Northern Lands (quem já ouviu nas plataformas digitais sabe que
ficou duka!).
2112. Parabéns por
vocês demarcarem com a bandeira do rock brazuca o território americano. Me diga
uma coisa: Qual foi o saldo positivo da tour?
Sérgio. Acreditamos
que temos vários saldos positivos, desde fazer nossa primeira excursão que,
além de fora do país, foi de maior duração (1 mês viajando e tocando) até ver
que a aceitação com a nossa música foi muito constante em todos os lugares por
onde a gente passou, o que é muito gratificante!
2112. E como surgiu
a oportunidade de fazer essa turnê?
Sérgio. Foi um
trabalho de organização de mais de um ano, e contou com uma ajuda imensa do
nosso grande amigo local, o Mike Lemke. Nós e ele fizemos contato com os bares
e casas de show durante muitos meses para fechar uma quantidade mínima de gigs
que tornasse a viagem viável, e o Mike nos ajudou muito com a hospedagem e com
a logística toda por lá. Além disso, o trecho NY (gravação e shows) foi
organizado com a ajuda do pessoal da Silent Brew Records.
2112. Passado o
primeiro momento qual é a emoção/sensação de ter tocado em terras americanas?
Dilson. É
emocionante, e até meio engraçado, pois é tudo como nos filmes de Hollywood. Os
lugares, os carros, o modo como as pessoas se comportam, tudo isso
invariavelmente nos remetia a filmes e seriados que assistimos por aqui, ou
mesmo a livros. Tivemos contatos com várias gerações de músicos e apreciadores
da música lá, e era muito divertido quando algum dos novos amigos que fizemos
sentava conosco, pegava um violão e tocava, por exemplo, Beatles, Pink Floyd,
Neil Young, ou mesmo algumas coisas um tanto mais específicas como Traffic, e
contavam histórias de quando eram mais jovens e acompanhavam essas bandas de
perto. Tocar a música "deles", pra eles, com um tempero nosso, de
quem apenas acompanhou de longe até nos deixou meio apreensivos no começo, mas
já no primeiro show todos foram muito receptivos. Foi uma troca de experiências
sensacional. E o contrário também aconteceu! Nos falavam de choro, de Tom
Jobim... sem dúvidas, todas essas conversas e trocas que tivemos ao longo do
mês nos enriqueceram demais, e esperamos que a eles também.
2112. Vocês já mencionaram nas redes sociais o desejo de voltar para uma nova tour. Há projeto de visitarem a Europa também?
Guilherme. Certamente
pretendemos voltar, a experiência nos EUA foi incrível, tanto na percepção a
respeito de como eles vêem o nosso trabalho quanto para crescimento pessoal.
Ter contato com outras culturas, realidades, pessoas e etc é muito
engrandecedor. A Europa nos encanta e certamente, após o sucesso dessa primeira
tour, estamos empolgados pra visitar o “velho mundo” também!
Sérgio. O tipo de
local não mudou muito a percepção das pessoas. Percebemos durante os shows e em
conversas com os diferentes públicos após as apresentações que as pessoas
faziam um link com os grandes nomes que influenciam a banda, e as vezes até
umas conexões que nem a gente imaginava, mas que está no mesmo mote de rock dos
anos 70. Estes papos foram muito bacanas para vermos como as pessoas percebem a
nossa música, e no fim nos ajuda a entender e consolidar a identidade da banda
para nós mesmos!
2112. A turnê
rendeu o álbum Travel To The Northern Lands, Live In The USA. O material foi
extraído de um único show ou tem trechos de várias apresentações?
Guilherme. Gravamos
todos os shows que fizemos durante a tour e escolhemos as versões que
acreditamos ser as mais inspiradas e interessantes para montar o tracklist do
álbum.
2112. Vocês
gravaram toda a tour? Há registros também em vídeos?
Guilherme. Sim, gravamos
toda a tour, o Sérgio levou a sua GoPro, o Mike, uma câmera 360. Tem alguns
vídeos disponíveis no nosso canal do Youtube. Vale dar uma conferida lá, tem
muita coisa legal!
2112. Live In The
USA já está disponível nas plataformas digitais e em breve sairá em cd. O
material sofreu overdubs de estúdio ou está em seu estado original?
Guilherme. Live In The
USA é o registro real do que aconteceu nos EUA, os áudios originais desse disco
são um LR pré mixado de uma mesa de 12 canais onde liguei todos os microfones,
usei os equalizadores, distribui o pan e nivelei os volumes o melhor q pude. A
saída stereo da mesa ia pra uma placa de 2 canais e gravava no meu notebook. A
pós produção desse material foi mais no aproach de masterizar o áudio pronto.
Dessa maneira, não existe a menor possibilidade de adicionar coisas ou editar
detalhes de um determinado instrumento especificamente. Em Live In The USA você
ouve como é o StringBreaker & the StuffBreakers tocando de verdade.
2112. Vocês fizeram
muitos contatos por lá?
Guilherme. Tentamos
aproveitar ao máximo o tempo que passamos lá, conhecemos pessoas, casas, muita
gente envolvida com música, apreciadores e etc... Acreditamos que o saldo foi
positivo.
2112. Apesar das
datas dos shows deu para "turistar" um pouco? Deu para visitar o
famoso Electric Ladyland Studios em Nova York?
Dilson. Com certeza!
Tivemos uma tarde livre antes de uma das gigs e pudemos ver algumas coisas. O
problema é que em Nova York, especialmente em Manhattan, tem TANTA coisa que o
máximo que conseguíamos fazer em muitos desses lugares, pra tentar ver o máximo
possível, era passar na frente. Sobre o Electric Lady, chegamos a estacionar e
tocar a campainha, mas quem nos atendeu disse que não poderíamos entrar sem
horário marcado pra gravações, nem mesmo pra tirar fotos, e a gente até
entende... imagina quantas pessoas não fazem isso todos os dias. Mas vimos
muitos lugares interessantes, como a Times Square, o Memorial do 11 de
Setembro, a Quinta Avenida, o Empire State, o Physical Grafitti (sim, o do Led
Zeppelin), o Central Park, o Edifício Dakota, que foi onde o John Lennon foi
assassinado, e vários outros.
2112. Nova York a
noite deve ser insana... Vocês assistiram algum show?
Guilherme. Infelizmente
não tivemos tempo pra isso, mas acabamos assistindo a todos os shows que
rolaram antes do nosso no Rockwood. Músicos extremamente competentes com
sonoridades das mais variadas, passeando pelas vertentes do Jazz, pop e r’n’b.
Foi bem legal!
2112. Apesar do
pouco tempo deu para vocês avaliarem como funciona a cena americana? Ela difere
muito da nossa?
2112. Vocês gastaram quanto tempo de estúdio? A aparelhagem utilizada era digital ou vintage?
Guilherme. Passamos
cerca de 4 horas lá, a captação começou pelo sistema analógico, batera e
amplificadores microfonados, passando por uma mesa vintage do estúdio, alguns
racks depois indo para um conversor AD e sendo registrado no Pro Tools.
2112. Como surgiu a idéia do lançamento da
fita K7? Como foi realizada a escolha do material?
Dilson. A fita K7 é
um dos frutos da nossa parceria com a Silent Brew Records. Eles conhecem muito
melhor o mercado estadounidense que nós, pois um dos responsáveis pelo selo
mora lá, mais especificamente em Nova York, e ele nos disse que lá, a onda do
analógico, vinil, K7 e tudo mais, estava voltando com tudo. Não tínhamos noção
disso até chegar lá, e realmente, lojas enormes, com infinitas prateleiras,
cheias de discos de vinil e K7. Os CD's ficam numa mesinha, no cantinho.
Portanto, o material em K7 é um meio interessante de conseguir entrar no
mercado deles. Sobre a escolha do material, quisemos ser o mais abragentes
possível, por isso, temos tanto uma coletânea de faixas dos discos de estúdio,
que mostra nossas vertentes mais "roqueiras", "funkeiras" e
tudo mais, e do outro lado, performances retiradas dos Safe Sessions, nosso
show em formato reduzido, com equipamento e volume menores, que nasceu da ideia
de estar preparado para qualquer tipo de palco e situação, podendo, assim,
levar nossa música a mais lugares.
2112. A fita se divide em dois momentos: o Lado A
traz um álbum de estúdio com seis faixas e o Lado B com material gravado ao
vivo. Esse material é um divisor de águas na carreira de vocês ou segue o fluxo
natural da sonoridade da banda?
Guilherme. O K7 é uma
introdução ao nosso trabalho, um material focado em mostrar ao público
nova-iorquino o que é e o que faz o StringBreaker & the StuffBreakers. Por
isso temos um lado com as músicas gravadas nos nossos três primeiros álbuns,
apresentando a face mais roqueira, forte e visceral da banda e do outro lado
temos as gravações do nosso repertório no formato Safe Sessions, onde a banda
apresenta releituras explorando as características da dinâmica do som, com
arranjos diferenciados e mais espaço para a improvisação e exploração de novos
caminhos musicais.
Acredito que seja um divisor de águas por ser o nosso primeiro lançamento focado em um mercado diferente do Brasil. Talvez seja o primeiro passo na internacionalização da banda.
Acredito que seja um divisor de águas por ser o nosso primeiro lançamento focado em um mercado diferente do Brasil. Talvez seja o primeiro passo na internacionalização da banda.
2112. As gravações
ao vivo contidas no lado b são jams realizadas no estúdio?
Guilherme. O lado B
contém músicas dos nossos discos de estúdio porém em releitura “Safe Sessions”,
que dá mais espaço para jams e abertura para novas partes. Como se fosse um
viés mais jazzístico do nosso trabalho.
2112. Quem
produziu, arranjou e mixou o trabalho?
Sérgio. A produção,
mix e master ficou mais uma vez a cargo do Spilack, os arranjos são resultado
do trabalho coletivo da banda, o track list foi escolhido em parceria com a
Silent Brew Records que tinha o formato do K7 mais pronto e pensado para o
mercado norte americano e a arte conta com fotos do Diego Almeida e Designe do
Adriano Fonseca.
2112. Segundo
informação do encarte o material inspirado nos concertos de rock dos anos 70.
Como foi tirar os timbres daquela época para os dias de hoje?
Guilherme. Na verdade,
procuramos essa verve dos 70s desde o começo do StringBreaker e somos muito
preocupados em soar oldschooll sem soar datado. Nas mix trabalho exclusivamente
com o som captado e busco manter tudo o mais orgânico possível. É uma mix mais
preocupada em fazer todo mundo aparecer e ter um som forte e coeso do que
necessariamente inventar sons em busca de volume, pressão e definição
exacerbada usando sound replacement e coisa do tipo. Não precisamos
necessariamente gravar com equipamentos vintage pra ter esse som mais orgânico.
É claro que a estrutura colabora, mas o som está muito mais na cabeça do mixer
do que no equipamento.
2112. Esse material
foi lançado apenas em cassete. Vocês pretendem lançar as músicas nas
plataformas digitais ou mesmo lançar em cd ou vinil?
Sérgio. Este material
do K7 é uma coletânea de faixas já existentes, nos discos e nas playlists do
nosso canal do Youtube, ou seja, está presente online por aí. Temos planos para
um lançamento em Vinyl que ainda está em fase de projeto. Quanto à CD, fizemos
gravações em todas as apresentações da tour, e compilamos um "Live in
USA" que já está disponível nas plataformas digitais e chega em formato
físico até o final do ano.
2112. Como fã da
banda estou orgulhoso dessa nova empreitada da StringBreaker. Parabéns não só
para vocês mas para todas as bandas que ao invés de ficar reclamando vão a
luta.
Banda. Agradecemos
demais a consideração e o apoio ao nosso trabalho! Isso é de grande
importância! Ver essa relação com o nosso som nos dá mais energia pra continuar
trabalhando em busca de crescimento e fortalecimento da cena e da banda.
2112. Qual o
telefone/e-mail para contratar vocês?
2112. ... o
microfone é de vocês!
Banda. Primeiramente
gostaríamos de agradecer ao pessoal do 2112 mais uma vez pelo espaço e pelo
constante apoio ao nosso trabalho. São essas coisas que nos dão força para ir
mais longe e encarar novos desafios como foi essa tour para nós. Ainda na
parte de agradecimentos, novamente é importante citar o Mike Lemke, nosso
grande amigo de Ohio que começou essa idéia e foi um dos grandes responsáveis
por torná-la possível! Mike, você é fera! Além dele agradecemos também ao Rodney
e ao Adriano da Silent Brew Records pela confiança no nosso trabalho e pela
parceria. Agradecemos também aos nossos amigos daqui que nos acompanharam
diariamente através do Facebook e Instagram, interagindo conosco, mandando
mensagens, curtindo nossas lives e nossas presepadas. Mesmo de longe o
sentimento foi que nós levamos muito amigos juntos nessa viagem, e isso foi
sensacional! Por fim agradecemos aos amigos e a todo o público americano em
geral, que nos recebeu muito bem, se dispôs a conhecer uma tal banda de rock brasileira
que apareceu por lá do nada e curtiu com a gente essa viagem sonora show após
show. Foi uma experiência incrível!
Fotos: Arquivo pessoal da banda (Facebook & Instagran)
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