O blog 2112 foi formado com intenção de divulgar as bandas clássicas de rock, prog, hard, jazz, punk, pop, heavy, reggae, eletrônico, country, folk, funk, blues, alternativo, ou seja o rock verdadeiro que embalou e ainda embala toda uma geração de aficcionados. Vários sons... uma só tribo!



domingo, 4 de fevereiro de 2018

Entrevista Silibrina



Enquanto as rádios se entopem de músicas artificiais surge nos quatros cantos do país bandas interessantes como esta Silibrina que produz um Jazz de primeira linha. É como um ótimo vinho que ao invés de apenas beber... se degusta para saborear! A banda lançou em 2017 seu primeiro trabalho que não faria feio nos melhores festivais e rádios de Jazz do mundo. Atente-se o mundo da música continua girando... reinvente-se!!  

2112. Primeiramente, qual é a sua formação musical?   

Gabriel Nóbrega. Meu primeiro instrumento foi o pandeiro, aprendi com meu pai acho que por volta dos 4 anos. Aos 10 comecei a estudar piano erudito com a professora Maria Tereza Gonzaga. Entrei da faculdade de composição e regência mas não concluí, saí no segundo ano. Esses dois anos de faculdade foram os anos onde comecei a estudar piano popular com a Silvia Goes.

2112. Assisti a um vídeo seu ao piano e é tudo tão intenso e vibrante que parece que a música já nasceu com você... Quais são as suas maiores influências?    

Gabriel Nóbrega. Como pianista, sem dúvida Egberto Gismonti é minha maior influência. Brad Mehldau, Lyle Mays e Hiromi Huehara também foram grandes inspirações no meu desenvolvimento como pianista. 

2112. Já ouvi diversos depoimento de músicos dizendo que após uma leva de shows raramente ouvem música em casa... Uns preferem o silêncio, outros praticar algum tipo de esporte, ler um bom livro ou simplesmente assistir tv. E você?  

Gabriel Nóbrega. Tenho muito prazer em escutar música, isso é o que me motiva a tocar e criar. Naturalmente com o passar do tempo a intensidade disso varia, mas certamente não consigo me imaginar sem escutar música por grandes períodos. 

2112.
Acredito que para um músico ter uma identidade própria, ele precisa estar conectado a vários tipos de sons... vide Hermeto Paschoal, Toninho Horta, Yamandu Costa, Jeff Beck... que se utilizam de várias sonoridades para criarem uma música hipnótica, única. Você concorda com isso?

Gabriel Nóbrega. Acredito que cada músico tem um jeito particular de criar sua própria identidade. Existem aqueles que se fecham para o exterior com a finalidade de amplificar a voz interior. Existem também aqueles que procuram dialogar ao máximo com todas as experiências que lhes aparecem e tornam aquilo um ponto de partida para sua criação. E existem os que estão no meio do caminho, que acredito ser onde me encontro. No dia a dia procuro ficar de ouvidos abertos para tudo que tenha um potencial como matéria prima pra criação. Mas na hora de compor prefiro o isolamento. 
2112. Sendo você filho do multiartista Antonio Nóbrega isso ajuda, atrapalha ou soma para você?

Gabriel Nóbrega. Soma, sem dúvida. Meu pai me proporcionou um formação não muito ortodoxa, repleta de referências ricas e cheias de significados. Sem dúvida essa formação encurtou um caminho na busca por uma linguagem própria. 

2112.
Vocês conversam muito sobre música?

Gabriel Nóbrega. Muito, e discordamos muito, ahahaha. Normalmente os papos são acalorados e produtivos. 

2112.
Como surgiu o Silibrina e o qual o significado da palavra?

Gabriel Nóbrega. A banda surgiu depois de um longo período de dez anos que estive longe da música. Decidi voltar ao piano e à música montado essa banda, colocando em prática alguns pensamentos musicais que nunca haviam se materializado. 
A palavra Silibrina vem da expressão “o raio da silibrina”. Mais comum no nordeste, quando surgiu o farol silibim, que é na realidade o sealed beam, por chamar atenção na estrada, surgiu essa expressão, a grosso modo, pra designar algo ou alguém com muita energia.

2112. O processo de composição de vocês vem através de jams nos ensaios ou cada um chega com uma idéia para depois juntar como um quebra cabeça?

Gabriel Nóbrega. Na realidade a Silibrina é praticamente um projeto autoral. Eu escrevo e arranjo todas as músicas. A contribuição dos outros integrantes está principalmente nos solos improvisados, e no polimento do arranjo. 

2112.
Recentemente vocês lançaram “Raio” o primeiro trabalho da banda. Poderia falar um pouco sobre ele?   

Gabriel Nóbrega. O Raio, como todo primeiro trabalho, guarda uma boa dose de experimentação e busca pela linguagem da banda. Foi um aprendizado incrível. Gravamos ele em apenas dois dias, junto com o vídeo, espero nunca mais gravar um disco dessa forma, ahahah.  
2112. Foi trabalhoso levar a sonoridade dos shows da banda para dentro do estúdio?

Gabriel Nóbrega. Na verdade fizemos o processo inverso. Fizemos apenas um show antes de entrar no estúdio. Outra experiência que espero não mais repetir. Hoje em dia o show vivo é muito diferente da gravação existente na internet. A banda amadureceu muito não só musicalmente, mas também em relação à performance. 

2112. Vocês o gravaram ao vivo ou do modo tradicional, digo por etapas?

Gabriel Nóbrega. A gravação foi basicamente ao vivo, por causa do vídeo. Fizemos alguns poucos overdubs posteriormente.

2112. Quais as faixas que melhor definem o som da banda e que os fãs podem esperar deste trabalho?

Gabriel Nóbrega. As faixas que melhor definem este trabalho estão no álbum que está por vir. Brincadeiras à parte, no momento acredito que Ponteado é uma faixa que traduz bem a nossa sonoridade por trazer uma boa dose de brasilidade, melodias cantantes, um aspecto dançante e alguma agressividade com as distorções e sintetizadores. 

2112. A música instrumental não é um gênero muito popular em terras brasileiras. Como você explica o sucesso do Silibrina?

Gabriel Nóbrega. Não nos consideramos uma banda de sucesso, ainda.

2112. Particularmente não gosto de rótulos ou algo parecido... acredito que isso limita a música e o próprio artista que a compõem. Afinal música é música... não existe fronteiras. Mas como você definiria ou classificaria o som de vocês? 

Gabriel Nóbrega. Eu classificaria como música brasileira, simplesmente pelo fato dela ser produzida no Brasil. No entanto, por existirem sessões de improviso, alguns trejeitos da linguagem e até um questão de comunicação, costumamos dizer que fazemos um jazz brasileiro. Mas eu realmente acredito que rótulos só empobrecem.

2112. A cena musical em Pernambuco é agitada? Há espaço para todos os tipos de bandas?  

Gabriel Nóbrega. Apesar de ser Pernambucano, a banda toda reside em São Paulo, sei pouco sobre a cena musical pernambucana. Pensando no Brasil e o mundo como um todo, sem dúvida existe espaço hoje em dia para todo o tipo produção musical. Através das redes sociais hoje é bastante fácil para uma banda conseguir localizar seu público e construir uma base de fãs a partir disso. 

2112.
Você é do tipo que pouca se importa com o que acontece no cenário musical ou gosta de ler revistas especializada, ir a shows, compra cds...   

Gabriel Nóbrega. Vou a menos shows do que gostaria e não compro CD físico, mas sou um assíduo consumidor de música digital. 

2112. O que tem visto de interessante?

Gabriel Nóbrega. O Mestrinho foi o nome que mais me chamou atenção recentemente. Mas vejo o surgimento de uma nova cena na música instrumental brasileira que tem me empolgado bastante, como o Ricardo Herz, o Deep Funk Session e o Projeto Coisa Fina.

2112.
Já fizeram algum show no exterior?

Gabriel Nóbrega. Ainda não. Por mais estranho que seja, fizemos apenas uma única apresentação fora de São Paulo e teremos nossa primeira turnê internacional em março. Iniciaremos com shows em Austin, no Texas, participando do Festival SXSW. De lá seguimos para Nova York com shows no meio do caminho.

2112. Infelizmente a verdadeira música popular brasileira está cada vez mais perdendo espaço para um monte de lixo que tocados a exaustão tem conquistado uma juventude que pouco se importa com a qualidade final do produto. Como você vê isso? É possível reverter o caso?       

Gabriel Nóbrega. Sou de uma geração que já não pegou o auge da música instrumental brasileira. Desde que me conheço por gente escuto a família, os amigos e uma parcela da classe artística se queixando da ausência de qualidade na produção musical brasileira. Por tanto não percebo exatamente uma piora. Na realidade vejo com otimismo o surgimento de novos grupos e artistas misturado com a possibilidade
de escolhermos mais o que chega até nós através da internet. 

2112.
Existe projetos de lançar Raio no exterior?

Gabriel Nóbrega. Em março, nos EUA.
2112. Quais são os projetos para este ano? (2018)

Gabriel Nóbrega. Se tudo der certo, em 2018 gravaremos nosso segundo álbum!

2112. O microfone é seu...

Gabriel Nóbrega. Viva a música!

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