O blog 2112 foi formado com intenção de divulgar as bandas clássicas de rock, prog, hard, jazz, punk, pop, heavy, reggae, eletrônico, country, folk, funk, blues, alternativo, ou seja o rock verdadeiro que embalou e ainda embala toda uma geração de aficcionados. Vários sons... uma só tribo!



sexta-feira, 2 de março de 2018

Entrevista Amargo Malte

Se você está cansado de ouvir os famosos hits programados que muitas “rádios e gravadoras” te enfia cérebro a dentro... sacuda a cabeça e mande pra dentro uma boa talagada deste “amargo malte”. Aqui é rock’n’roll com alto teor sonoro que vai fuder seus tímpanos sujos e cansados de tanta porcaria. Chega de mi mi mi e tanto blá blá blá... E aí vai ficar parado? Aumenta que isso é rock’n’roll... cara!


2112. Vamos começar da estaca zero falando um pouco da história da banda?      


Ruy: Antes de tudo, obrigado Carlão pela honra de nos colocar nesse Hall do Rock que é o Blog 2112. Fala galera do Rock`n Roll... bora lá Amargar o Malte um pouco... saúde!!! Bom, eu tocava em um outro projeto com o nosso primeiro baixista, o Edgar Zimmermann, grande brother, hoje na Mahabanda e ele conversando com o Fábio comentou que queríamos fazer um som próprio na pegada do Rock'n Roll do Golpe de Estado e nos juntamos para um ensaio, logo de cara já saíram duas músicas, Repostas e Explicações e Muçarela e aí demos início aos trabalhos. Um mês depois veio a ideia do nome Amargo Malte, por sermos os três fanáticos por uma boa gelada puro malte.


Fábio: A Como já havia falado, eu e Ed já havíamos nos encontrado em Santo amaro e feito uns ensaios juntos na Planeta suicida, mas aí a banda teve não sequência e algum tempo depois tivemos a ideia de montar uma banda autoral que pudéssemos falar sobre o cotidiano e histórias de rock`n roll e um som que nos satisfaz e satisfaça a quem não é da banda também. E nos juntamos para fazer um som e conhecer o batera (Ruy) e logo de cara ornou a parceria.


Fernando: Não posso dizer muito, pois cheguei depois! Eles precisavam de um músico de verdade para acertar as músicas, melodias e arranjos. Por isso me contrataram a peso de ouro!   


2112. Achei superbacana essa de resgatar o espírito do rock’n roll autoral num período em que o mercado está tão desgastado e infestado por fórmulas repetitivas e negativas. O que mais influência vocês?     


Fábio: Na verdade a música hoje está toda deformada de modo em geral falamos do samba, do sertanejo, do rock, entre outros gêneros estão modelados aos padrões de moda por produtores que desenraizaram os gêneros. A nossa ideia é de sermos natural e fazermos o rock que aprendemos a ouvir quando éramos jovens, não podemos nos dar ao luxo de desconfigurar nossas influencias, desconfigurar uma história muito bem contada por bandas que marcaram história. Minhas maiores influencias são as bandas clássicas como Led, Iron, Sabbath, Kiss, Dio e as bandas nacionais como Golpe de Estado, Uns e Outros, Plebe Rude, Capital, Legião entre outras.


Fernando: Tenho poucas influências nacionais, cresci ouvindo rock europeu, americano, australiano entre outros. Nacional mesmo só ouvia os primeiros discos do Barão até ouvir Golpe de Estado e Violeta de Outono. Essas bandas realmente se tornaram influência. Virei fã do trabalho dos caras!


Ruy: Desde 1987, tento fazer um trabalho autoral com várias bandas e vários estilos diferentes desde o Rockão clássico, passando pelo Hard, Heavy e até o Trash Metal. Agora me juntei comesses dois malucos que acabaram virando meus irmãos e parece que desta vez decolamos rumo a um lugar no Rock brasileiro.  Quanto influências para formar uma banda autoral, sempre me baseei nas bandas nacionais como Harpia, Centúrias, A Chave do Sol entre outras, sem falar das bandas gringas que todo mundo pega como exemplo.  


2112. A banda tem um leque bem abrangente de influências o que muito enriquece o trabalho além de dar infinitas possibilidades de fusões como fazia o Led Zeppelin, o Jethro Tull, Uriah Heep entre outras bandas que foram além das expectativas de seus fãs. A ideia é surpreender sempre?   


Fernando: A ideia é fazer um som, sem preocupação! Não estou interessado em rótulos. Se lembra, parece, é, não é..... Deixo toda essa parte para quem ouve!


Fábio: A ideia é fazer rock in roll ...simples e objetivo sem muito mimimi... (risos)


Ruy: Com quase 49 anos de idade e tocando desde os 16, já vi e ouvi muita coisa e tive algumas experiências, umas muito legais e outras nem tanto. Isso me fez crescer como músico e sempre sonhando em chegar onde meus ídolos chegaram.
2112. No release da banda achei interessante a citação das bandas Lynyrd Skynyrd e Os Incríveis como influências direta no som de vocês. A primeira apesar de bastante cultuada é pouco citada como influência e a segunda para muitos é coisa do passado. Existe limite na música?    


Fernando: Na música não existe limite, apenas bom gosto! 


Fábio: Limite pra música não, ela tem sempre que sair espontaneamente e não tentar mudar o que o seu espirito criou, sim dar a ênfase ao sentimento. 


Ruy: Como disse anteriormente com quase meio século nas costas vi e ouvi muita coisa, gosto de várias vertentes do rock, mas me identifico ao tocar com essa pegada bem rock do LS e sempre achei que banda brasileira tem que cantar em português exatamente como faziam Os incríveis e outras grandes bandas que fizeram a história. Essa é uma opinião muito minha! Quanto a limites, na vida tudo é sem limite, se você busca com afinco e perseverança e acredita pode tudo... inclusive na música.  


2112. Vejo que atualmente está surgindo uma geração com um pé no futuro, mas de olho no passado ao incluir no som de suas bandas influências maravilhosas como o blues, o hard, o soul, o jazz... o que nos dá esperança de dias melhores, não é?


Fernando: Infelizmente não acredito em dias melhores! O mercado é imediatista, descartável e podre. Visando apenas o lucro momentâneo que o produto pode oferecer. Pode surgir hoje bandas maravilhosas, mas continuarão no underground. Enquanto houver falta de investimento em cultura e educação estaremos condenados ao lixo artístico!


Fábio: Sempre temos esperança que algo melhore ...inclusive na música.


Ruy: Acho que a base do bom e velho Rock`n Roll é o blues e o jazz.... Sem esses grooves não teríamos o que é conhecido como rock moderno. Daí voltamos a falar de Elvis, Beatles, Stones, Led Zeppelin, o Jethro Tull, Uriah Heep entre outras bandas de importância para tudo que temos hoje. Agora, aprendi que a esperança é última que morre, temos uma geração muito boa de músicos surgindo, mas o problema não está em quem faz música e sim em quem ouve. Hoje em dia o gosto musical popular está uma verdadeira merda, por isso que coisas como "Quica a bunda" e outras porcarias fazem sucesso. Minha esperança é que um dia a música boa possa voltar aos tempos áureos inclusive o Rock`n’ Roll.
   


2112. Muitos vão estranhar a citação do soul e do jazz aqui. Mas vejamos... o Deep Purple usou em sua fase Glen Hugles/Tommy Bolin o soul em Come Taste The Band (o Trapeze de Hugles também se fartou do soul!) E o Black Sabbath elementos de jazz no álbum Never Say Die!. 


Fabio: Bom, gosto mais do blues para me inspirar e isso acaba evidente nos sons da Amargo Malte.  


Fernando: Tenho influência fortíssima destes componentes na minha formação musical! 


Ruy: Não tem muito o que inventar, fazemos aquilo que aprendemos e o que gostamos de tocar vem dessas influências.   


2112. Será que isso é resultado de uma boa educação em casa? O meu filho por exemplo é super rebelde pois só ouve música eletrônica e não escuta o seu velho pai. Tem algum conselho para me dar?


Fabio: Não sou a melhor pessoa para aconselhar, pois fiz de tudo, mas meu filho só ouve Rap. (Risos)


Fernando: Não adianta, arrebentei os meus na porrada e não adiantou nada! (Risos)


Ruy: Ah, isso um balde e água fria resolve, quando der os primeiros passos na música se desandar para o "FUNK" vira de ponta cabeça e afoga dentro do balde... (risos).... Não... brincadeiras à parte, a coisa deu uma bela desandada com o que eu chamo de “Bundalização da MPB", chegamos ao absurdo de crianças vestidinhas com roupas vulgares que cantando um português estragado e dançando como se estivessem banalizando o próprio corpo e mães aplaudindo, filmando e colocando nas redes sociais com orgulho daquela cena grotesca. Tentei colocar o Rock na vida das minhas filhas desde pequenas e hoje elas tem as preferências musicais delas, graças a Deus uma boa parte em trilhas do puro Rock`n Roll.   

Marcello Pato & Gigi Jardim 
2112. Achei super foda a definição que vocês dão para a banda: “Aos fãs de cervejas puro malte, estradas e Rock`n Roll a banda faz jus ao nome, tirando o pó com muitos decibéis de potência. Isso é o que se pode dizer de confiança, foco e autoestima elevada... Parabéns!


Fábio: Isso chamamos de transparência, somos o que somos! 


Ruy: Concordo com o que o Fábio disse, somos fãs de cervejas e o lugar de uma banda de Rock é na estrada, tocando e cantando o bom Rock`n Roll.


Fernando: Respondido!    

2112. O que vocês ouvem quando estão em casa além do sertanejo, do funk e do pagode?


Ruy: Por incrível que pareça o que diz da minha pessoa, eu curto um sertanejo, mas um sertanejo raiz não essas porcarias de “sertanojo” universitário que está apodrecendo a música regional brasileira... além de Tunico e Tinoco, Trio Parada Dura e as Irmãs Galvão também ouço muito Iron Maiden, Sabbath, Lynyrd Sykynyrd, Carro Bomba, Salário Mínimo, Trevas, Yekun Deathgeist... Mr. Hudd, Dudé e a Máfia... mas confesso que dou uma puta atenção especial para as bandas dos amigos... escuto diariamente WEB RÁDIOS como  a A Marca do Rock e  a Stay Rock Brazil, acho importantíssimo o trabalho desses Brothers.


Fábio: Só ouço rock´n roll e minha mulher falando na minha orelha. (Risos)


Fernando: Ouço pessoas mortas o tempo todo!!!   

2112. Vocês já tem um trabalho lançado do mercado e lutam por reconhecimento. Tá difícil lutar num território em que o próprio brasileiro muito das vezes desvaloriza o produto interno? Como vocês trabalham isso?  


Fábio: Cara, sem muito o que fazer. Sem investimento e fundos para investir a nossa saída é sempre procurar opções na internet redes sociais e tentar trazer para perto da gente pessoas que se identifica com a ideia da banda.


Fernando: Eu sou otimista neste quanto a isso! Olho para os outros integrantes da banda e falo: Estamos fudidos! 


Ruy: Com o primeiro EP já foi um passo interessante para nosso projeto. Esperamos que agora em 2018 possamos gravar o primeiro álbum completo, temos todas as músicas prontinhas e na ponta dos dedos.... Se conseguirmos um patrocínio ou uma gravadora, mesmo que independente para nos impulsionar será demais.   

2112. Polêmicas à parte... vamos falar um pouco das gravações do cd de vocês? O que mais dificultou na hora de gravar?   


Ruy: Sem dúvida a falta de grana, somos trabalhadores e investir para ter um trabalho de primeira quer queira quer não queira requer dinheiro. Agradeço ao Brow Frank Feud do Estúdio Single Mama pelo carinho que tratou todo o nosso material. Todo equipo de lá é de primeira, excelente para que o resultado final seja extremamente profissional.


Fábio: A dificuldade sempre é grana... O resto flui de boa!  


Fernando: Grana!    


2112. É complicado transpor para o estúdio a energia dos shows?


Fábio: Show é show.... sem comparação!


Ruy: Claro que a energia de estar no palco é maravilhosa e transmitir essa mesma energia na hora de gravar é um desafio, mas tocando com essas duas feras fica muito mais fácil. Brincamos, cantamos, nos divertimos e até brigamos, mas no final conseguimos o resultado que desejávamos. Nosso som passa bem aquilo do que somos e o viemos fazer.


Fernando: Respondido!   



2112. O processo de composição de vocês é do tipo “comunitário” ou cada um compõem em separado e depois todos opinam no resultado final?


Ruy: Como esse primeiro trabalho já tínhamos algumas coisas prontas, o Fábio com músicas completas, eu com algumas letras, fomos tocando e dando a cara nas músicas, lapidando aqui ou ali. Hoje compomos muita coisa juntos, um dá uma ideia o outro desenvolve uma letra, depois na hora de musicar a brincadeira vamos fazendo os acertos dentro do necessário para cada momento. 


Fábio: Como o Ruy falou, cada um de nós tem seu papel na construção das canções. Um faz a letra o outro a música e o outro lapida e o três fazem a Amargo Malte.


Fernando: Cheguei agora, então ajudei mais na parte de arranjo que em criação! Tenho várias composições prontas que serão inseridas para o próximo cd! 15


2112. Existe previsão de gravação de um novo álbum para este ano?


Ruy: Existir, sempre existe agora depende de quando vamos acertar na Mega Sena (Risos) ... O lance agora é deixar rolar o Rock`n Roll e deixar tudo preparado para quando entramos no estúdio fazer o que sabemos de melhor... Rockar, Rockar e Rockar... Claro, tudo regado ao brilho de uma gelada (Risos)


Fernando: Prever algo no cenário atual é foda!


Fábio: Bom a vontade existe sempre, mas precisamos de recursos... indica um padrinho? (Risos)    

2112. A banda agora voltou ao seu formato trio... O que levou o vocalista a deixar a banda?

Ruy: Tomo a liberdade de responder pela banda... Na verdade fomos teimosos em não aceitar o formato Power trio porque foi o que deu certo desde o início... Tentamos com o Bruce, que foi nosso vocal do nosso primeiro EP, mas no final de outubro ele teve que sair por motivos particulares e no final do ano passado tentamos com outro grande brother, Bedoo, mas infelizmente ele tem outros projetos promissores e teve que dar atenção a eles... Então conversamos e chegamos a conclusão que a Amargo Malte tem que ser  trio .


2112. Vocês pretendem mais para frente incluir um novo vocalista?


Ruy: Muito provavelmente não, a não ser que encontremos um grande tenor...(Risos)
2112. Eu quero me candidatar a vaga... dizem que eu sou maravilhoso debaixo do chuveiro. Vocês querem arriscar?


Ruy: (Risos) Pô, será uma honra termos um Pavarotti detonando nos vocais, mas teremos que dar um jeito de levar o chuveiro para o palco... Me lembro de um desenho dos Flintstones onde o Fred vira cantor de ópera e colocam um box de cortininha nas apresentações dele... Genial!!!! (Risos)



2112. O que os fãs da banda podem esperar para 2018?


Fernando: Amargo Malte na ativa! 


Fábio: Rock`n roll sempre!


Ruy: Tudo o que prometemos...  “Aos fãs de cervejas puro malte, estradas e Rock`n Roll a banda faz jus ao nome, tirando o pó com muitos decibéis de potência.”   



2112. Que conselho vocês podem dar para quem pretende montar uma banda ou já estão na estrada lutando? Seria algo do tipo: “Volte pra casa que é mais confortável?” 


Fábio: Resistam, persistam... 


Fernando: Bora botar pra fuder molecada! Geração Nutella é o caralho! Aqui é Rock'n roll porra... 


Ruy: Jamais desista do seu sonho, vá para cima e assuma certos riscos... a cena autoral está voltando e precisamos que todos nós andemos juntos. Seja público para as bandas de seus amigos para que eles também sejam público da sua banda... só assim podemos estar em contato com a realidade do mercado. Tem "amigos"(?) que pagam R$ 500,00 para ver uma banda gringa, mas reclamam de pagar R$ 20,00 para ir ver a banda do amigo, muitas vezes de infância ou adolescência...  Como podemos exigir que bares e casas noturnas aceitem o som autoral se não temos público?  Vá ao show dos amigos, prestigie e ajude a melhorar a cena autoral.   


2112. A música da Amargo Malte desce redondo?


Ruy: Se você gosta do verdadeiro Rock`n Roll, é cervejeiro, ama estar na estrada e de curtir a vida com os amigos com toda certeza nosso som é feito para você e vai descer redondo. (Risos)


Fernando: Hic! Hic! Hic... O que perguntou mesmo? (Risos)


Fábio: Desce redondo e reanima... (Risos)   


2112. O microfone é de vocês...


Ruy: Obrigado mais uma vez a você pela oportunidade e pelo carinho de nos chamar para participar dessa entrevista.  E aos nossos parceiros e amigos quero agradecer por toda a energia que eles nos passam nos shows e espero cada vez mais poder estar no palco fazendo isso que eu tanto adoro... quero aproveitar e deixar uns abraços em especial a todos os parceiros do Quem Sabe Faz Autoral, em especial ao meus brothers Sandro Nine de Roraima, vocal da Banda Nicotines, China Lee, um dos ícones do hard paulista com a lendária Salário Mínimo e ao Ricardo Ravache, baixista do Centúrias esse que é um dos caras mais gente fina do mundo do Metal pesado no Brasil.... Valeu, obrigado e RORUQENROOOUUU...


Fábio: Muito obrigado a vocês e a todos os amantes de cerveja e rock`n roll...


Fernando: Eh nois!!

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