O blog 2112 foi formado com intenção de divulgar as bandas clássicas de rock, prog, hard, jazz, punk, pop, heavy, reggae, eletrônico, country, folk, funk, blues, alternativo, ou seja o rock verdadeiro que embalou e ainda embala toda uma geração de aficcionados. Vários sons... uma só tribo!



quinta-feira, 26 de março de 2020

Entrevista André Youssef


Conheci o grupo na Internet através de um vídeo em que eles descontruiram o mega hit Sultans Of Swing do Dire Straits e o transformaram num gostoso old blues. Fui atrás do André e o resultado do nosso bate papo você lê abaixo. Uma dica... anotem o nome da banda.  
2112. Como surgiu a idéia de transformar Sultans Of Swing num old blues? A música ganhou uma dimensão que com certeza deixaria Mark Knopfler orgulhoso se ele a ouvisse. Parabéns.
André: Fico muito feliz que você tenha gostado do meu trabalho. Eu sou um fã declarado do Dire Straits, em especial do Mark Knopfler. Ele está na minha lista top five dos guitarristas. As influências dele são as mesmas que as minhas: Country Music, Blues, Rock e Jazz. A versão de Sultans Of Swing surgiu de uma maneira bem natural, num primeiro momento a executei com uma levada blues, só que com um beat mais lento. Resolvi dar uma acelerada inspirado no Gipsy Jazz francês de Django Reinhardt e a cantora francesa Zaz. Acabou ficando um Gipsy Blues, se é que existe... rs. Além disso, gosto de cantar com uma interpretação minha. 
2112. A meu ver quando um artista pega uma composição alheia e a desconstrói como você fez ela quase se torna uma composição própria ou você não vê dessa maneira?
André: Eu também vejo dessa maneira. O mais interessante é quando o artista consegue ter uma “impressão digital”, a partir daí ele pode executar qualquer música, mesmo sendo de outros compositores, que acaba ficando com a sua cara. Eu adoro fazer isso, garimpar músicas que eu gosto, do meu universo musical, e tento tocá-las e cantá-las da minha maneira, mudando o arranjo, a tonalidade, a harmonia, o riff, o estilo, etc. Com isso acaba nascendo outra música. Uma curiosidade: Nos meus shows eu percebo as pessoas cantando e logo em seguida pesquisando no celular para saber qual música é. Ao mesmo tempo eu tenho o meu lado didático, sempre dou explicações entre as músicas.
2112. Apesar do Dire Straits ter ficado mundialmente conhecido pelo seu classic rock a música "Brothers In Arms" é um verdadeiro lamento blues... mas vejo que poucos fãs da banda perceberam isso.

André: Essa música é linda! Ainda farei uma versão. Tem muitos elementos blues ali. Aliás esse álbum inteiro é primoroso.
2112. O que levou você a formar o André Youssef Trio após 27 anos acompanhando grandes nomes do pop rock e do blues? Você tinha necessidade de criar algo próprio para expressar suas ideias?
André: Desde pequeno o piano e o órgão sempre me encantaram. Comecei os meus estudos por eles aos 8 anos de idade. Aos 15 anos comecei a tocar com as primeiras bandas de garagem. Tecladista era uma figura rara, portanto eu acabei ficando requisitado. Eu toco violão e guitarra também, mas não tinha chance, era o teclado que as bandas precisavam. Eu já cantava desde essa idade, mas por ser muito tímido, não arriscava nos palcos, e as bandas já tinham vocalistas, impossível ter dois cantores... rs. Ou seja, meu sonho de cantar foi sempre postergado. Outro fator que pesou foi o lado músico profissional, acompanhar artistas maiores garantiam cachês maiores. Até que quando eu completei 40 anos disse pra mim mesmo, preciso pôr em prática esse meu lado cantor, não posso esperar mais. Comecei cantando algumas músicas na minha banda Tritono Blues. Aos poucos senti segurança para fazer shows solo, cantando o show inteiro, foi aí que nasceu o André Youssef Trio em 2015. Com esse projeto, consegui escolher meu repertório, escolher músicos para me acompanhar, montar o meu show, cuidar da agenda, falar com o público etc... Tudo isso me trouxe um novo prazer, uma adrenalina nova que estava faltando no meu trabalho de músico e na minha vida, resumindo, uma realização mais artística.
2112. O convívio com estilos variados cria respaldo para uma infinidade de combinações musicais. E você é bem eclético, não?
André: Sem dúvida. Sou bastante eclético. Além do blues, ouço muito jazz (preferência para os anos 30 a 50), amo country music, rock dos anos 50 e 60. Na música brasileira, gosto muito do samba tradicional e do baião. Luiz Gonzaga para mim é um blues man, por exemplo. Por outro lado considero Simonal, Benjor e Tim Maia caras que conseguiram trazer influências da música norte-americana para a brasileira.
2112. Jimmy Page e Jeff Beck são exemplos típicos de que a ousadia musical os conduziram para além do blues e do rock. Kashmir é um exemplo típico do que estamos falando. Ela soa como um mantra por seu toque oriental mas que tocado por uma banda que tem o blues e o rock'n'roll como base. Isso sim, é evolução...
André: Sem dúvida. Ótimo exemplo.
2112. No Brasil Nuno Mindelis e Zé Pretinho romperam com o tradicionalismo do blues ao misturar música caipira, eletrônica e étnica ao seu som com ótimos resultados. A essência do blues está lá mas sob uma nova perspectiva musical. Os puristas vão me crucificar mas sou totalmente a favor e você?
André: Sou totalmente a favor dessas fusões com outros estilos musicais. Se a coisa é feita com sinceridade, com honestidade, não tem como dar errado. Em contrapartida, quando alguém tenta fazer algo forçado, copiar algo que já foi feito, a coisa não se sustenta. Toquei algumas vezes com o Nuno, realmente ele criou uma identidade própria de tocar guitarra, e sempre está à procura de fusões.
2112. Um estilo musical precisa estar em constante ebulição para não se transformar numa lembrança longínqua de uma determinada época, não é?
André: Concordo em parte com a sua afirmação. Como eu disse anteriormente, é extremamente rico quando algum artista faz inovações, fusões com os estilos, acaba gerando coisas novas. Exemplo: O blues, que originou o R&B, que ao beber da fonte da música cubana evoluiu para o funk de James Brown, que influenciou o pop de Michael Jackson, que inspirou Bruno Mars, e por aí vai... Em contra partida existem alguns estilos como por exemplo o Traditional Jazz (ou Dixieland), que nasceu no início do século XX, com uma série de regras, instrumentos característicos, linhas melódicas, harmonias etc, que quando alguém começa fugir muito dessa estrutura, deixa de ser esse estilo musical. Ou seja, ele está “congelado”. Até hoje existem bandas com décadas de existência tocando exatamente da mesma forma que há 100 anos atrás, e na minha opinião, isso é fantástico, traz um respeito, uma reverência pela música que foi criada, e tem a missão de perpetuar determinado gênero.
2112. Correto. Em 2015 você iniciou sua carreira solo tocando blues, rock 50 & 60, country, folk e soul. O que você tinha propriamente em mente quando criou o seu trio?
André: Eu fui trazendo todas essas influências músicais para o meu repertório, e continuo fazendo isso. Escolhi o baixo acústico pois tenho uma grande afinidade com esse instrumento e a bateria dá a sustentação e o ritmo necessário para o show acontecer. Às vezes adiciono um gaitista ou um saxofonista a essa formação.
2112. Quais músicos ou bandas mais influenciou sua carreira?
André: Ray Charles, Chuck Berry, The Beatles, Fats Domino, Louis Armstrong, BB King, James Brown, Rolling Stones, Johnny Cash, Elton John, Eric Clapton, James Taylor, Willie Nelson, Mark Knoplfer etc
2112. Você tem algum disco de cabeceira?
André: Hmmm, muito difícil essa pergunta. Tem vários, mas vou citar um. Abbey Road é um álbum muito especial para mim.
2112. Apesar do André Youssef Trio ser relativamente novo no cenário vocês já estão compondo material próprio ou a início ficarão apenas fazendo releituras de clássicos?
André: Por enquanto não estou compondo. Mas as ideias vão sendo devidamente guardadas para serem usadas no futuro. Minha última experiência com músicas autorais foi o disco “Mojito do Bom” da banda Tritono Blues lançado em 2013, inteiramente com composições em português de nossa autoria. Vale a pena conferir.
2112. Ao contrário de outros estilos o blues não faz maiores alardes, mas é notório que o público no Brasil vem crescendo na calada da noite. O que você tem ouvido de interessante?
André: O blues demorou para aparecer aqui no Brasil. Nos anos 70 e 80 as pessoas conheciam somente as bandas de rock que tinham o blues como base, por exemplo: Doors, Led, Stones, Hendrix, Janis. Assim os nossos artistas beberam dessas fontes: Raul Seixas e Rita Lee por exemplo. Nos anos 80 começou a chegar discos de blues por aqui, foi assim que Blues Etílicos, André Christovam, Celso Blues Boy começaram as suas carreiras. Isso teve um ápice nos anos 90 com a vinda de grandes Festivais pra cá, trazendo artistas internacionais. Eu comecei a tocar blues nessa época, para ser mais preciso em 1995. Já nos anos 2000 deu uma caída. Hoje já tem uma cena mais consistente, principalmente em São Paulo, pode se ouvir blues ao vivo praticamente todos os dias da semana. E de 15 anos pra cá a quantidade de Festivais de Jazz e Blues que apareceram pelo Brasil a fora foi impressionante!! Isso é muito bom.
2112. Vejo o blues como um poderoso vírus que contamina a alma de tal maneira que passa a fazer parte do DNA de quem o ouve. É algo muito forte que não tem uma explicação plausível, não é?
André: Sem dúvida. Inexplicável...
2112. O trio tem se apresentado em importantes hotéis, bares e clubs. A reação do público varia de um local para o outro?
André: O público tem gostado muito do meu show. Mesmo quando toco em hotéis com poucas pessoas, sempre tem alguém curtindo que vem conversar conosco. Já nos bares o show é mais “quente”, as pessoas interagem mais. Nos clubes então as pessoas dançam, é muito bom! Nos teatros conseguimos fazer um show mais artístico onde as pessoas conseguem prestar atenção a todas as nuances do espetáculo. Já num Festival é o êxtase para o artista, reúne todos os ingredientes: é um show artístico, o público presta atenção, aplaude, dança, e ainda compra CD, pede autógrafo e tira foto. Para finalizar tem o evento (social ou corporativo), onde tem pessoas que nunca ouviram blues e tomam conhecimento ali e gostam. Essa oportunidade é muito importante.

2112.
Vocês pretendem lançar algum material ainda este ano como um single por exemplo?
André: Esse ano ainda estou trabalhando em cima dos vídeos em estúdio que gravei no ano passado, com 10 faixas. No ano que vem pretendo entrar novamente em estúdio, mas ainda não tenho detalhes.

2112. E quanto a sua carreira como músico em outras bandas você pretende continuar ou o seu grupo agora é prioridade?
André: As duas coisas. O meu trabalho solo é prioridade. Mas não recuso convites para tocar com outros artistas e bandas. Tenho feito alguns shows com o Nasi (IRA!) e com o Kiko Zambianchi.
2112. Qual o telefone/e-mail para contratar o show de vocês?

André: (11) 98658-0347 /
ayoussef@uol.com.br
2112. ... o microfone é seu!
André: Carlos, agradeço o contato e a oportunidade dessa entrevista.

terça-feira, 24 de março de 2020

Entrevista Marcello Pato


Conheci o Marcello no grupo Quem Sabe Faz Autoral e também através de suas inúmeras lives. E o que mais me chamou a atenção nele foi a sua persistência e simplicidade. E foi baseado nessas qualidades que considero imprescindíveis a todo músico que surgiu a idéia da entrevista. E apesar do Marcello ter se juntado recentemente a banda Crom espero ancioso pelo lançamento do seu trabalho solo.   

2112. Vamos começar com você contando a saga que envolve desde a criação das músicas até a sua entrada no estúdio.

Marcello. Oi Carlos, tudo bem? Esse meu primeiro álbum veio pra mim como quem recebe uma mensagem, uma benção. As músicas vieram uma a uma com uma vibração muito grande, quase que nasceram sozinhas, o que quero dizer ´que o processo de composição foi muito suave e paulatino. O engraçado é que cada uma delas falar de uma parte da vida de Jesus na Terra e em todas elas, vejo a cena rolando, como se fosse o vídeo clipe de cada música. Eu não tinha grana pra estúdio e resolvi gravar em casa, usando meu computador e uma interface M-AUDIO de US$40. Então escrevi a partitura de todos os outros instrumentos e usei o Garage Band para dar vida aos instrumentos. Estudei muito sobre som, ondas, hertz e o que mais pudesse estar ligado à gravação e masterização e fui fazendo. O que contou mesmo foi como eu ouvia o produto final. Claro que ainda está longe de ser premiado com um GRAMY de melhor gravação, mas o resultado ficou muito bom!

2112. Porque você optou por gravar um trabalho solo e não criar uma banda? O que mais pesou nessa sua decisão? 

Marcello. Orçamento e tempo. Não tinha grana pra bancar os ensaios nem pro estúdio e nem o cachê dos caras, apesar de eles declinarem em nome da amizade, não achei justo. Mas foram meus consultores na hora de escrever, principalmente a bateria, pois se você não tomar cuidado, vai parecer que o baterista que gravou tem oito abraços esquerdos, 12 direitos e uns 40 pés, hahahahahahahaha.

2112. Geralmente acontece de um músico ou banda entrar em estúdio com um trabalho na cabeça e sair com outro na mão. Isso aconteceu com você?

Marcello. Sim e não. Como escrevi tudo, tinha meio que as músicas prontas, tanto na minha cabeça, quanto na escrita. Mas na hora de gravar mesmo, com os fones na cabeça tendo todo o corpo tocando, aquela massa de som chegando, você sente que é preciso mudar aqui ou ali, pra dar uma outra cor, um outro sabor em certos pedaços de uma música. Teve horas que pedi ajuda para um aluno da escola onde dava aulas na época e para o dono da escola que é meu amigo. Como o Wander Taffo sempre disse: “Você está muito próximo do trabalho para poder produzir direito, ter a ótica certa”.
2112. Acredito que deva ser muito difícil para um músico ver "pessoas de fora" opinando na sua criação. Como você trabalhou isso na sua cabeça? 

Marcello.  Como disse eu pedi consultoria pros amigos que, claro, deram mil toques e dicas. Eu adorei dividir esse trabalho com eles, pois tudo cresceu muito e elevou o nível de tudo. Tem música que tem um monte de elementos e outras que é só batera, baixo e guitarra. A gente aprende e se diverte muito quando estamos com a turma, não é?

2112. E por mais profissional ou amigo que seja a pessoa envolvida no trabalho ela não participou do ato da criação que vem de um universo todo particular... só seu, não é?

Marcello. Sem dúvidas. Mas os caras que são dois monstros no baixo e batera, eles conseguiram pegar carona na minha vibe com facilidade

2112. Você mesmo quem fez o arranjos?

Marcello. A maioria sim. Eu sabia o que queria das músicas e pois elas mesmas já vieram meio prontas em meu coração, em meus ouvidos. Foi o toque desses amigos, Adriano, Renato, Eduardo e Derek que deram uma pitada especial no molho.

2112. Marcello, além de você quem mais participou das gravações?

Marcello. Meu MacBook! HAHAHAHAHAHAHAHAHA! Todos os instrumentos virtuais são do Garage Band e mesmo com filtro humanizer, que tira aquela cara de “bateria eletrônica”, eu mexi um pouco ali e aqui nas intenções das notas para que as dinâmicas ficassem boas, ou pelo menos dentro do aceitável.
2112. Ouvindo o trabalho pronto você tem a sensação de dever cumprido ou se pudesse mudava alguma coisa?

Marcello.  A gente sempre acha que pode fazer algo melhor… mas é onde tem que se tomar cuidado porque se não, não acaba nunca. Sim, eu acho que o dever está cumprido.

2112. Ouvi apenas Minha Dúvida e já deu aquela vontade de ouvir as demais para ter uma idéia da obra como um todo. O álbum já tem prazo de lançamento? Ele será lançado apenas nas plataformas digitais ou teremos cd e vinil também?

Marcello. Obrigado! Essa é a primeira música que compus na vida e foi em um tarde há 30 anos atrás. Claro que sem todo esse swing, mas é a mesma harmonia e as mesmas guitarras nos refrões.

2112. Particularmente... entre as músicas gravadas qual você diria: "Porra, essa ficou do caralho!"

Marcello. Minha Dúvida, sem dúvida. HAHAHAHAHAHAHAHAHA.
2112. Qual ou quais músicas gravadas mais sofreram mutação desde a sua criação até a finalização no estúdio?

Marcello. Vale das Sombras e Quero Ser um Guitar Hero. Essas foram tomando vida durante a gravação. Chegavam certos momentos em que elas pediam uma outra parte, o que é algo bem grande de se fazer qual você já está em processo de gravação.
2112. Fale um pouco sobre a sua formação musical e o que mais te excita na música.

Marcello.
Eu era um guitarrista. Via e ouvia meus mestres tocando com palhetadas incríveis, sonoridades nunca antes percebidas por mim e resolvi mudar de patamar quando comecei a dar aulas. Fiz umas aulas de teoria com um colega também professor de guitarra, fiz um ano de violão clássico para aprender a ler partitura, entender melhor de harmonia e sempre que faltava um aluno, fazíamos jams para trocar figurinhas e aumentar o vocabulário. E passei a respeitar o metrônomo regiamente. Cheguei a fazer uma exercício de deslocamento de mão esquerda em cima dos módulos gregos por 6 horas seguidas.

2112. Tenho verdadeira veneração por Hendrix, Page, Beck e Kim Kell. E você? Qual guitarrista mais marcou a sua vida?

Marcello. Eddie Van Halen. Pra mim, é O guitarrista. Tocar o que toca com uma guitarra de US$150 e com pintura de bicicleta, sem saber ler partitura… o cara é um Deus. A maioria das coisas que temos hoje como padrão foram invenção dele, tipo parafinar a bobina do captador, só pra mencionar sua genialidade e criatividade. Fora o bom gosto. Mas tenho outros ídolos como Brian May, Jimmy Page, Paul Gilbert, Wander Taffo, Faíska, Edu Ardanuy e Kiko Loureiro e por aí vai.

2112. Antes de partir para a carreira solo quais bandas você tocou e até onde elas tiveram influência direta ou indireta nas composições do seu álbum?

Marcello. Tínhamos a Banda Taypan (Táipã) que eu não sei o quer dizer, que foi a minha banda de moleque, depois fiz muito sub no AI-5 (banda de covers da noite), cheguei a fazer teste para entrar no Rock Memory quando o Ronaldo saiu para tocar com a Rita Lee ou Guilherme Arantes. Toquei em uma de som autoral em inglês chamada Dirtness que terminou e hoje o bateria e guitarrista original estão na Balls, e em muitas jams por aí. A gente aprende muito nas jams, principalmente a dar espaço pros colegas mandarem suas improvisações e dando aula. 

2112. Você compôs todas as músicas sozinho ou teve alguma parceria?

Marcello. Sozinho. Quer dizer, elas só vieram pra mim, pedindo que as tocasse.
2112. Alguma música criada especialnente para a Gigi?

Marcelo. Tenho, mas ainda não gravei nem escrevi nada.

2112. Das músicas gravadas alguma surgiu a partir de suas lives (eu assisti várias delas)?

Marcello. Todas elas surgem à partir de improvisos. Gosto de fazer as lives exatamente pra deixar fluir. Não crio regras tipo ‘agora vou compor algo novo e tal’, só vou tocando e não me importo se erro ou se sai algo horrível, medíocre, pois depois, quando ouço, vejo coisas fantásticas mesmo naquela nota mais na trave do mundo, hHAHAHAHAHAHAHH.

2112. O álbum já tem nome?

Marcello. Sim. “Ira de Deus!” Que é o nome de uma das músicas.

2112. Tirando as eternas parceiras Stay Rock Brasil e Alternativa2 como está o trabalho de divulgação nas rádios? É um trabalho muito árduo e que requer muita perseverança mas que no final tem as suas compensações, não é?

Marcello. Sim. E tenho que enaltecer o que essas web rádios fazem, assim como seu blog. O Brasil tá sem nenhum cultura musical de qualidade e a coisa só piora. Claro que tem que ter espaço pra todo mundo, mas essa massificação de “ir até o chão” é de lascar. Já deu, já. VOLTA VILLA LOBOS!!!!
2112. Outro ponto importante foi a inclusão de Minha Dúvida na coletânea da Stay Rock que conta com vários tipos de bandas o que garante que ela será ouvida por públicos de diversas tribos. Isso é super bacana...

Marcello. Não é? Fiquei super lisonjeado em ver uma música minha junto com trabalhos de gente que está aí dando a cara a tapa como eu, em uma coletânea. É muito gratificante!

2112. Em meio a divulgação você pretende montar uma banda para fazer shows? O que você tem em mente nesse sentido?

Marcello. Uma ópera rock. Como o álbum todo tem um único tema, a Gigi deu a idéia de mostramos um espetáculo teatral, o que eu ADOREI pois sempre curti ver filmes bíblicos e só de pensar que eu posso ter um trabalho grande como um espetáculo, vou às nuvens! E a idéia é ter uma banda de 12 músicos, como os 12 apóstolos, que vão entrando e saindo do palco, serão convidados especiais!

2112. Álbum pronto nas mãos quais são os seus projetos para este ano?

Marcello. Encontrar um produtor que compre a idéia.

2112. Qual o seu telefone/e-mail para shows?

Marcello. +55 11 98486-5537, falar com Gigi Jardim, minha produtora!

2112. Te desejo toda a sorte do mundo meu camarada... o microfone é seu!  

Marcello. Obrigado a você Carlos, pelo trabalho, pela luta com a sua divulgação e espero que saiamos logos todos do underground, até porque, alguém pode estar querendo chegar e ainda estamos aqui, não é? Adorei a entrevista, o papo! E você, produtor que esteja quando montar um espetáculo, dá um toque no telefone da Gigi e vamos conversar! Um abraço e rock live for ever!