O blog 2112 foi formado com intenção de divulgar as bandas clássicas de rock, prog, hard, jazz, punk, pop, heavy, reggae, eletrônico, country, folk, funk, blues, alternativo, ou seja o rock verdadeiro que embalou e ainda embala toda uma geração de aficcionados. Vários sons... uma só tribo!



sexta-feira, 25 de agosto de 2017

Entrevista Made In Brazil




Confesso que foi uma honra muito grande fazer esta entrevista... E apesar de não ser ao vivo fiquei nervoso para formular as perguntas. Afinal, Oswaldo é uma verdadeira lenda viva, lidera uma das melhores bandas do planeta e é um dos meus grandes ídolos! A entrevista ficou maior do que de costume pois não resisti em perguntar quase tudo o que eu queria saber. As outras perguntas que sobraram ficam para uma próxima entrevista...

2112. Vocês são uma das poucas bandas do mundo a comemorar cinquenta anos de estrada. Talvez apenas os Rolling Stones, The Who, The Kinks chegaram tão longe... E no Brasil isso é um fato raro em se tratando de uma banda de rock. Enfim, qual é o segredo dessa longetividade?      

Oswaldo Vecchione. Gostar e tocar o verdadeiro Rock´n’Roll. Levar a carreira pra frente sem nunca deixar a ideologia, sem nunca se vender para uma música fácil, numa novela de TV por exemplo.  

2112. Vocês alguma vez pensaram em parar?

Oswaldo Vecchione. Nunca, é um pensamento que nunca tivemos, apesar também de nunca imaginarmos que iríamos ter uma banda na estrada de rock no Brasil por mais de 50 anos.

2112. Na minha opinião o disco Made In Brazil (1974) é uma das melhores estréias de uma banda ao trazer letras bacanas em português e um rock’n’roll visceral. Quais são as suas lembranças da gravação? 

Oswaldo Vecchione. Realizados um sonho, gravando aquele disco. Mas sabemos que fomos cobaias da gravadora, que apesar de ter os melhores estúdios do Brasil e os melhores técnicos, não tinha ninguém quem conhecesse rock como nós e que nos entendesse. Tiveram que importar um técnico de estúdio gringo, argentino, pra coisa sair como queríamos.   

2112. De quem foi a idéia de gravar Aquarela do Brasil?

Oswaldo Vecchione. Foi minha! O Made não era conhecido do grande público, ai pensei em pegar um clássico da MPB e destruir ele, jogar fora a música e colocar a letra com uma base pesada, um rock a lá Chuck Berry, só que mais sujo e mais pesado. Deu certo, pois muitas rádios na época programaram e tocara essa música do Made. 

2112. A voz de Cornélius também se destacou visto que ninguém havia cantava daquele jeito até então. O que ocasiou a sua saída antes mesmo de vocês gravarem o segundo trabalho?

Oswaldo Vecchione. Cornélius foi o melhor vocalista do Made e do rock brasileiro. Era genial, cantava muito! Mas conviver com ele, também não era fácil! Quando você só encontra os caras para dois ensaios por semana é uma coisa, quando você começa a conviver diariamente com o cara, sair em tour pelo Brasil, viajar, se hospedar no mesmo hotel, as vezes no mesmo quarto, acordar, com o cara, tomar café da manhã, almoçar, jantar, é fogo! Se as pessoas, os músicos, não pensam do mesmo modo, não agem do mesmo modo, não encaram a carreira de modo profissional fica difícil e ai ocorre a separação. E foi o que aconteceu, tive que tirar o Cornélius da banda, do Made, para o Made sobreviver. Sem seu ego! 

2112. Nesta época vocês também fizeram um show histórico com a inclusão de uma bateria de escola de samba num fato inédito para uma banda de rock. O que levou vocês a tomarem esta decisão? 

Oswaldo Vecchione. A primeira vez foi na comemoração do aniversário da cidade de São Paulo, dia 25 de janeiro de 73 ou 74 no Parque do Ibirapuera. Os Stones, sempre falaram que a música “Sympathy For The Devil” é um samba, ai tive essa idéia de convidar uma ala de ritmistas da escola de samba “Mocidade Alegre da Casa Verde”, 11 ritmistas, que ensaiaram e subiram ao palco com o Made. Foi muito legal e deu muita repercussão na época...

2112. Jack o Estripador trouxe Percy Weiss nos vocais e a produção de Ezequiel Neves que praticamente se tornou um “membro” oficial da banda e um dos maiores divulgadores do Made In Brazil. Como surgiu essa associação? Ezequiel foi indicado pela gravadora?   

Oswaldo Vecchione. Quanto ao Percy, quando tiramos o Cornelius testamos cinco cantores e optamos pela voz do Percy, que foi uma cara, um cantor que respondeu a altura, pois substituir a estrela de uma banda não é fácil, principalmente o Cornelius, que estava “anos luz” a frente de seu tempo e de todos, até hoje! O Ezequiel Neves, o Zeca Jagger foi em todos os shows de lançamento de nosso primeiro disco na temporada de lançamento no Rio de Janeiro, em janeiro de 1975, no Teatro Teresa Rachel. Gostou tanto que foi voltando, até se apaixonar, pelo som, pela banda, pelas músicas. Já naquele mesmo mês, janeiro de 75 já foi de convidado do Made para Salvador, na Bahia, onde fizemos três shows, na concha acústica do Teatro Castro Alves. Depois disso, não largou mais a banda e passou a colaborar, divulgando e depois produzindo os discos Jack de 76 e o Paulicéia de 78. 

2112. Chuck Berry teve uma grande influência sobre você a ponto de tatuá-lo no braço. Enfim quem são seus grandes heróis?

Oswaldo Vecchione. Chuck, foi nosso professor, mas tenho como ídolos, Elvis, Little Ricahrd, Jerry Lee Lewis, Muddy Waters, os Stones etc...

2112. Como era a cena naquela época? Havia mais união, qualidade e diversidade musical do que hoje?

Oswaldo Vecchione. Era difícil, não tinha estrutura profissional, para as bandas, tivemos que investir toda a grana que ganhávamos em equipamentos. Tivemos que comprar os amplificadores de palco, depois o equipamento pesado de voz (eram várias toneladas de equipamento) e também de iluminação. Fora que tivemos que contratar, ensinar e treinar uma equipe técnica grande. Desde carregadores a técnicos de som e iluminação e vários ajudantes. Para se ter uma idéia, na tour de 78 e 79, no lançamento do disco Paulicéia Desvairada chegamos a viajar com 22, 23, 24, 25, 26, 27 pessoas entre músicos e equipe técnica. Era muita coisa.

2112. Vocês, Os Mutantes e várias outras bandas tiveram problemas com a censura dominada pelos sistema militar da época. O álbum Massacre levou vinte e oito anos para ser lançado... Como você e a banda receberam a notícia sobre a proibição? Era muito difícil tocar rock nesta época?

Oswaldo Vecchione. Tivemos problemas de músicas e letras censuradas nos quatro primeiros discos. O terceiro disco o “Massacre”, foi proibido de ser lançado. Gravamos 16 músicas e foram censuradas nove. A gravadora RCA ficou com medo e engavetou o projeto. O show Massacre, a tour de 77 e início de 78, teve vários shows em várias cidades proibidos de acontecer. Época dura! E tem um monte de imbecis (até no meio do Rock) querendo a volta dos militares no poder! Gente sem noção, bando de bunda mole!

2112. Em 1978 vocês lançaram Paulicéia Desvairada que trouxe o hit “Uma Banda Made In Brazil” que dava nome a banda. Quais as lembranças que você tem da gravação deste álbum? A proibição de Massacre afetou de alguma maneira o ânimo da banda em estúdio?   

Oswaldo Vecchione. Foi uma época de muitas mudanças, de músicos, de formações, até meu irmão Celso saiu do Made por motivos musicais... Em 77 tivemos três formações diferentes que participaram do disco Massacre. Começamos o ano de 78, com uma quarta formação (desde o Massacre) e logo já estávamos com uma quinta formação, com Caio Flavio nos vocais, a entrada das meninas, Lucinha do Valle e Juju Nogueira. Foi legal e divertido! Lógico que sofremos a influência de um disco proibido e de shows proibidos. Para você ver, somente eu sobrei do Jack e do Massacre. No disco Paulicéia desvairada eu e o Ezequiel que sempre acreditou no Made e em mim.

2112. Pessoalmente gosto muito de Gasolina, Paulicéia Desvairada, Uma Banda Made In Brazil, Massacre, Finge que Tropeça... Como é o processo de composição de vocês? O que mais te inspira na hora de compor?

Oswaldo Vecchione. Me inspiro no meu dia, no dia a dia dos amigos, de meu irmão. Coloco a letra na música que já foi composta por mim ou por alguém da banda. Esse é o esquema. Quando faço uma letra, não sei musicar! Sei o contrário, colocar a letra na música... Pra mim, fica mais fácil desse jeito! 

2112. Em 1981 o Made lança o confessional Minha Vida É Rock 'n' Roll que também acabou com o rodízio de vocalistas na banda. O que te levou a tomar essa decisão?  

Oswaldo Vecchione. Minha vida é Rock ´n Roll o disco, nosso quarto disco assumi o vocal por estar cansado de lidar com o ego dos cantores a pior coisa numa banda de rock. Foi o meu (praticamente) disco solo, não tinha mais sócios na parada, na banda. Fiz o que quis do jeito que quis, sem ter que fazer concessões a ninguém, a nenhum músico. Foi maravilhoso! Eu dei muita sorte, pois a música título se transformou no maior sucesso do Made de todos os tempos e foi gravada com minha voz, legal isso! Essa música, fiz em 77 e não entrou no Massacre, e nem no disco Paulicéia pois o Caio Flavio não gostava da letra.

2112. A Coletânea Metal Rock (1985) trouxe a participação da banda com Quente e Gostosa (Whole Lotta Rosie Cover do AC/DC) e Kamikaze do Rock com a banda mais pesada que o de costume e o breve retorno de Cornélius. O que levou a banda a tomar essa decisão?   

Oswaldo Vecchione. O Heavy Metal estava chegando por aqui ... Escutando discos das bandas gringas saquei o que viria pela frente e resolvi fazer um trabalho mais pesado, mais hard, e trouxe meu irmão e o Cornelius de volta a banda. Meu irmão já a tempos queria fazer um trabalho mais pesado e a voz do Cornelius se encaixava como uma luva nesse novo trabalho. Pena que ele não ficou mais tempo. Começou a furar ensaios e shows e fui obrigado a tirá-lo de vez do Made. Uma pena!!!


2112. Acho Kamikaze do Rock muito foda... um verdadeiro clássico! 

Oswaldo Vecchione. Também gosto, muito!

2112. Elas ainda são muito pedidas nos shows?

Oswaldo Vecchione. Às vezes, mas nosso foco desde o final dos anos noventa era voltar com tudo, para o Blues e o Rhytmyn Blues e foi o que fizemos. Queremos o Made na estrada, com a ideologia e o som de nosso início. Não montamos uma banda de Rock, montamos uma banda de rhythmyn blues, que toca Rock clássico e toca Blues tradicional 

2112. No mesmo ano vocês lançaram Deus Salva... O Rock Alivia que ainda mantinha um pouco de peso nas guitarras sem perder as características musicais da banda que sempre foi o blues e o rock’n’roll. Um músico precisa estar sempre aberto as mudanças do mercado? 

Oswaldo Vecchione. Sou colecionador de discos, e nos discos pesquiso as tendências e os vários estilos do Rock. Mas como disse na pergunta anterior, a nossa preocupação desde o início é não nos afastarmos do Blues e do Rock clássico. Um cara pra tocar comigo e com meu irmão Celso tem que gostar de Rock e de Blues, tem que respeitar o que o professor Chuck Berry nos ensinou, tocar e compor um rock dançante, não muito barulhento. Simples assim ... Mas o simples é difícil de ser tocado, não se engane.    

2112. A banda superou as muitas mudanças do mercado como o punk rock, a disco music, o pós-punk, a new wave, a música eletrônica...  sem abrir mão de suas convicções além de manter-se na ponta da lança. Você acompanha ou mesmo se incomoda com as mudanças no cenário?   

Oswaldo Vecchione. A vida é curta! Não tenho tempo para ouvir o que não gosto! Só escuto e compro Rock e Blues...

2112. O que você ouve além de rock?

Oswaldo Vecchione. Blues e Tango. Adoro tango!

2112. Qual a sua opinião a respeito das mídias digitais? Você é contra ou a favor da distribuição gratuita de músicas na net?

Oswaldo Vecchione. O certo seria você pagar para ouvir e baixar uma música. Mas a coisa aqui no Brasil não funciona... Não vemos essa grana, somos roubados como artistas e compositores o tempo todo!!!

2112. A banda lançou Made Pirata Ao Vivo Vols. 01 & 02 (1986) e também Fogo Na Madeira Vols 01 & 02 (Acústico 2000) itens muito sonhados pelos fãs com registros de shows da banda. Essas gravações eram muito cobradas?   

Oswaldo Vecchione. O Made é uma banda de palco e se você for pensar estamos comemorando 50 anos e só lançamos 15 discos. Vivemos e sobrevivemos do que ganhamos nos shows. Uma segunda fonte de renda (menor) são as vendas dos produtos da banda, discos, DVDS, camisetas, são mais de 30 itens diferentes.
Pra ficar mais fácil, montar um bom show e gravar o mesmo e depois lançar em CD ou DVD. E Fica mais barato também! Gravar um disco, mantendo os padrões dos nossos discos custa muito caro, estamos falando de uma pré-produção (gravações testes) de 100 horas e gravações definitivas num estúdio bom é caro em torno de 200 horas de gravação. Um disco novo do Made custa 30.000 dólares, muito caro! Por isso, gravamos mais ao vivo, gastando pouco mais de um quarto desse valor.

2112. Para esses show comemorativos dos cinquenta anos da banda qual o critério usado por vocês para montarem as set list dos shows?  

Oswaldo Vecchione. O que gostamos, o que os fãs pedem e o que não tocamos a tempos...

2112. O que você diria para aqueles que sempre diz que o rock brazuca não é tão bom quanto os gringos? 

Oswaldo Vecchione. Nada! É uma questão de gosto e gosto não se discute! Mas sei que muita gente, faz esse comentário sem base nenhuma, sem escutar com atenção, sem pesquisar. Quem tem costume de ouvir banda brasileira acaba gostando, acaba se envolvendo com essa ou aquela banda. Acaba fã!
Tem muita gente fazendo coisas boas, rock, blues. Mas lógico que tem também banda sem noção, que grava um disco sem saber o que está fazendo, com produção amadora, com música ruim, mal tocada e pessimamente cantada!!
Mas entre uma boa banda cover e uma banda mediana de trabalho autoral, fico com a banda mediana, sempre! 

2112. Além do CD/DVD lançados recentemente a banda pretende lançar algum álbum de estúdio comemorativo aos 50 anos?

Oswaldo Vecchione. Estamos fazendo uma série de shows comemorativos dos 50 anos. Na verdade esses shows virou uma tour, tour de 50 anos que vamos viajar pelo Brasil até agosto de 2018 se Deus quiser. Estamos com alguns (poucos) sons novos, assim que tiver 14 ou 16 músicas novas, vamos entrar no estúdio e registrar esse material. Mas não temos pressa. Estamos gravando o áudio e as imagens dos principais shows dessa tour de 50 anos. E esse material também vai ser lançado no início de 2018. 

2112. Algum recado? O microfone é seu...

Oswaldo Vecchione. É

gratificante comemorar 50 anos de rock aqui no Brasil. Pela falta de apoio, é gratificante, na verdade uma “VITORIA”, comemorar 50 anos vivo, fazendo altos shows, em “alta “performance, lançando produtos. Desde o fim de 2015, lançamos uma revista pôster, um DVD de 48 anos que foi gravado com 30 convidados no CCSP. Acabamos de lançar o 15º disco da banda o CD duplo “Rock Festa” e junto o DVD (triplo) do mesmo material que foi gravado ao vivo no SESC Belenzinho, em setembro de 2016, com a participação de 22 amigos. Está saindo do forno em setembro o LP “Jack o estripador” ao vivo - “Tributo a Percy Weiss”. Estou selecionando cinco shows antológicos (e antigos) do Made, inclusive um show histórico da tour Massacre (1977), com Percy nos vocais e Wander Taffo na guitarra solo para lançar uma caixa com cinco bootlegs para colecionadores e fãs do Made, ainda este ano. Está sendo rodado a mais de cinco anos e deve ser lançado em novembro o filme “Made In Brazil, o filme” do cineasta paranaense Egler Cordeiro. Vem muita coisa boa pela frente!! ESTAMOS VIVOS !!!  
Dedico esta entrevista primeiramente a Lady Metal Tibet, do grupo AJNA. Foi ela quem fez a ponte entre o Blog 2112 e o Oswaldo Vecchione, à memória de Cornélius, Percy Weiss e Wander Taffo, a todos os músicos e cantores que ajudaram a tornar esta banda uma verdadeira lenda do rock mundial e também ao China ”Samurai” Lee por sempre dar o seu “help” quando preciso. 

Depoimentos

“E ai galera tudo bem? Aqui quem tá falando é Elisabeth Queiroz, a Tibet, vocalista do AJNA e eu aqui tô para falar de uma banda muito importante pro rock nacional que é o Made In Brazil. Made In Brazil para quem não sabe foi uma das minhas primeiras bandas, né? Comecei com eles com o Made fazendo backing vocals e sai do Made para fazer meu disco solo pela RCA Victor, né, ainda nos anos 80, tá? E passei quase que uma vida inteira assim acompanhando a banda, tenho três discos gravados com eles fazendo backing o Paulicéia Desvairada, o Made In Blues e o Rock de Verdade além de várias excursões pelo Brasil, vários shows... inclusive os dois últimos foi 48 anos de Made, 49 anos de Made e talvez eu faça agora o show de 50 anos com eles. Então pra mim o Made In Brazil é muito importante, como artista e como amiga também porque são 45 anos de amizade com o Oswaldo, não é brinquedo né? E ao mesmo tempo a gente tem que valorizar o trabalho do Made In Brazil porque é uma banda pioneira, né? 50 anos de estrada não é pra qualquer um gente, inclusive está no “Livro dos Records” de ter mais integrantes porque durante todos esses 50 anos passaram mais de 130 músicos, tá? Porque é muito difícil mesmo você levar uma banda hoje no Brasil, né? E o Oswaldo com a persistência dele, com a insistência dele e o rock bacana que ele faz, é um rock popular, é um rock honesto, é um rock autoral. Então 50 anos de banda... Amigo, parabéns tá? Você tem realmente muita fé no que você faz, é um som muito honesto, muito a tua cara. Quero agradecer também pela influência que eu tive de vocês, que foi muito importante para mim e quero aproveitar para agradecer também o Blog 2112 por esta oportunidade de tá falando de grandes bandas que tão aí no pedaço atualmente e que merecem mesmo um apoio, merecem a nossa homenagem em vida porque as pessoas só homenageiam, só valorizam as pessoas pós-morte, tá certo? Então muito obrigado Made In Brazil, continue na sua luta firme e forte, tô junto, precisando é só me chamar. Talvez a gente faça aí o próximo disco, fazemos alguns shows ainda pela vida, tá? E assim eu espero que os irmãos Vecchione tenham muita saúde, muita força pra continuar na luta. Valeu galera! Made In Brazil rock de verdade! Obrigadoo! Beijuuu!”

Tibet (AJNA)

“Uma banda de Rock’n’Roll ou de Heavy Metal dos anos 80 que falar que não tem nenhuma influência do Made In Brazil é pura mentira. Made In Brazil nos anos 70 foi a maior referência que nós tivemos para as nossas carreiras. Uma referência muito forte para todas as bandas dos anos 80 que faziam heavy metal em português... sem discutir, certo? O peso do Made In Brazil nas carreiras das bandas dos anos  80 é indiscutível!”

China Lee (Salário Mínimo)

quarta-feira, 23 de agosto de 2017

Entrevista Inira Band



Eis minha primeira aventura em terras estrangeiras, mais precisamente em terras italianas (cenário de bandas lendárias do movimento prog!) ao entrevistar a Inira Band que vem do nordeste deste país que trouxe uma parte dos meus queridos ancestrais. A Inira Band é uma banda que produz um metal moderno e que apesar de ter absorvido várias influências não perdeu o peso e a fúria características que sempre marcou a história do verdadeiro metal.

2112. Primeiramente vamos as apresentações: como vocês surgiram e quais são as influências da banda?

Inira. Oi pessoal! Somos Inira uma banda de metal moderno do nordeste da Itália.
A banda começou sua atividade há mais de dez anos, em 2006. Nos primeiros dias, o som foi influenciado por bandas como In Flames e outras bandas de metal melódico-death. Depois de gravar uma Demo promocional em 2006, gravamos nosso primeiro Revolution "Full Revolution" e assinamos com o rótulo americano Arctic Music Group com uma distribuição mundial. Depois de algumas mudanças de linha, a banda moveu seu som de forma mais pesada, capaz de receber o Metalcore e o Post-Core. Isso levou a banda a criar novas músicas, então em 2013 saiu o auto-lançado EP "Antartide". Entre 2014 e 2015, o line-up mudou outro tempo e começou a trabalhar em material novo, então agora a banda é: Efis Canu Najarro (Vocais), Marco "cucci" Bernardon (Baixo), Daniele "acido" Bressa (Guitarra) Giovanni Stella (Guitarra), Gabriele Boz (Bateria).

2112. O que vem a significar Inira?

Inira. Nosso nome pertence ao latin "In Dies Irae" que significa "Nos dias da ira", mas foi muito longo, então tornou-se "In Ira", que é "In wrath" e depois foi unido em um único nome "Inira". Todos gostaram do som dessa palavra, então tornou-se o nome oficial em vez do "Machete" que foi a primeira idéia.

2112. Vocês estão em meio a gravação de um cd como foi divulgado no Instagram da banda. Pergunto:  Como foi realizado o processo de criação? As músicas já estavam todas prontas ou teve algum material composto em estúdio? Dá para adiantar alguma coisa?

Inira. Sim, estamos gravando as últimas peças de guitarra agora. Honestamente, o processo de criação tem sido uma grande troca de e-mails e downloads, porque alguns de nós vivem muito longe dos outros e, devido a razões de trabalho, não nos encontramos com freqüência. Por exemplo, um dos guitarristas ou o cantor surgiu uma idéia, um riff ou um bom coro e gravou em seu estúdio caseiro pessoal e depois enviou para os outros membros. Se a ideia fosse boa, costumávamos fazer uma versão completa das músicas, com bateria midi, coro e, às vezes, letras completas. Se algo não soasse bem, mudamos até que funcionasse bem para a música. Então, quando uma música estava quase pronta, nós nos reunimos para ensaiá-la e arrumar as partes no melhor dos casos.
Antes de irmos ao estúdio para a gravação de bateria, todas as 12 músicas estavam prontas e gravadas como uma pré-produção completa porque não tínhamos tempo para gastar a organização de músicas durante o processo de gravação. Algo no processo de gravação de guitarra e baixo foi alterado, mas nada grande.
Pelo menos esse registro será mais maduro, moderno e bem mais produzido do que os anteriores.

2112. Na opinião de vocês a produção conseguiu captar o melhor da banda para que não houvesse retoques posteriores?

Inira. Neste álbum, queríamos manter o máximo possível a vibração do músico. Nós decidimos gravar bateria real em vez de escrever as peças no computador, como muitas bandas estão fazendo agora. Gravações ocorreram no final de maio no Studio 73 em Ravenna - Itália, com o grande produtor Riccardo Pasini, também conhecido como "Paso". Ele produziu e gravou muitas grandes bandas italianas de Metal e Hardcore, como Extrema, Slowmotion Apocalypse, BeerBong e muitos outros, então sabíamos o que esperar dele. Os tambores soaram realmente bons desde o início, então trabalhamos bem juntos e o resultado final foi ótimo! No momento, nosso cantor Efis está gravando guitarras e baixo em seu InferiStudio, então a maior parte do álbum será gravada automaticamente. Também nesta parte mantivemos a atenção na precisão do desempenho, o ajuste e, obviamente, o som de cada instrumento.

2112. Quanto tempo vocês estão levando para gravar o cd? Vocês são muito exigente quanto a arranjos, mixagem, timbragem dos instrumentos... Enfim tudo está saindo como vocês planejaram?

Inira. Infelizmente, por motivos de trabalho, o processo de gravação demorará mais um mês. Nós somos muito exigentes nos detalhes, então passamos dois dias inteiros trabalhando nos sons da guitarra para alcançar o equilíbrio perfeito entre poder e definição. Nós mantivemos o foco alto nos arranjos, e às vezes removemos algo que não era necessário para a música e arruinamos em parte o fluxo natural. Na maneira oposta, fizemos o mesmo quando precisávamos de algo mais.
Então, até aqui, tudo está acontecendo conforme planejado e estamos felizes e motivados para continuar.
2112. Durante as gravações houve alguma expectativa por parte de vocês para que o material ficasse o mais próximo possível do som ao vivo da banda?  

Inira. Nós escrevemos cada música deste álbum para tocá-las em nossos shows ao vivo. Como dito antes, ensaiamos todas as músicas antes de gravar apenas para ver se eles trabalhavam de maneira viva e não apenas em um computador. Mesmo as partes rítmicas de guitarras e graves não são perfeitamente iguais em dois mesmos versos. Nós gostamos muito do lado vivo da música, então tentaremos trazer o máximo possível a energia que você sentirá nas gravações!

2112. O que os fãs da banda podem esperar?

Inira. Nosso novo álbum soará pesado, mas ao mesmo tempo você ouvirá muitas melodias. Grandes riffs e peças rítmicas, coros cativantes e vocais irritados serão a chave desse registro. Como dito antes será um passo à frente dos lançamentos anteriores e um grande passo para nós como músicos.

2112. Existem projetos para a realização de algum vídeo promocional? Já escolheram a música de trabalho?

Inira. Claro, queremos realizar um ou mais vídeos promocionais. Nós temos algumas idéias, mas não escolhemos qual música ainda, mas logo tomaremos nossa decisão. Estamos trabalhando também em diferentes diários de vídeo para explicar o que fizemos no estúdio, para que todos pudessem ver o que aconteceu nas sessões de gravação.

2112. Após as gravações cd vocês pretendem sair em turnê? Há alguma chance do Inira tocar no Brasil?

Inira. Antes das gravações do álbum, recebemos algumas ofertas para visitar a Europa apoiando bandas realmente grandes, mas, infelizmente, não podíamos realizar sem um novo recorde. Então, quando o álbum estiver lançado, queremos ir de turismo para alcançar muitas pessoas e fazer novos amigos! Seria um sonho tocar no Brasil, mas no momento estamos muito desconhecidos e muito pobres para ir ao Brazil! Se você quiser nos ajudar e dizer o nosso nome a alguns promotores, será realmente apreciado!

2112. A Itália tem fama de produzir excelentes bandas que misturam o metal com elementos do prog aliado a grandes orquestrações e mesmo vocais líricos. Enfim, como está a cena metálica italiana? O que tem surgido de interessante? 

Inira. Sim, o metal italiano é reconhecido principalmente pelo estilo prog-power metal com bandas como Rhapsody, Vision Divine, DGM e outros. O metal italiano sempre foi apoiado por estrangeiros (principalmente por fãs sul-americanos) em vez de italianos. É estranho porque temos muitos estilos e gêneros diferentes para todos os tipos de ouvidos. No entanto, algumas bandas italianas interessantes são estas: Lacuna Coil, a maior banda de metal italiana, reconheceu em todo o mundo Destrage, uma grande e moderna banda de metal que tivemos o prazer de compartilhar o palco; Nossos concidadãos e amigos Elvenking, que em breve participarão de shows no Brasil com Ensiferum; Fleshgod Apocalypse e muitas outras bandas!
2112. Vocês conhecem a cena metálica brasileira? Que bandas vocês conhecem ou mesmo destacariam?

Inira. Claro! Nós somos todos fãs da grande banda Sepultura e há alguns anos costumávamos tocar Roots Bloody Roots em alguns dos nossos shows: tempos poderosos! Alguns de nós realmente gostam de Angra e Kiko Loureiro, que fizeram a história do metal pesado. Nós também conhecemos Gloria, uma banda de metal moderna com um excelente som e atitude. Por um período de tempo tocamos com eles a incrível Eloy Casagrande, baterista atual da Sepultura!

2112. Algum recado para os fãs brasileiros da banda?

Esperamos compartilhar o nosso novo recorde com todos vocês o mais rápido possível! Nós sabemos que você é uma das multidões mais loucas do mundo, então algum dia esperamos entrar no Brasil e tocar da maneira mais pesada possível!
Obrigado 2112!

Versão em inglês

2112. First of all, the presentations: how did you come up and what are the influences of the band?

Inira. Hi guys! We are Inira a modern-metal band from the Northern East of Italy.
The band started his activity more than ten years ago, in 2006. In the early days the sound was influenced by bands like In Flames and other melodic-death metal bands. After recording a promotional Demo in 2006, we recorded our first full-lenght “Revolution Has Begun” and signed with the american label Arctic Music Group with a worldwide distribution. After some line-up changes the band moved its sound in a heavier way amenable to Metalcore and Post-Core. This lead the band to create new music, so in 2013 came out the self-released EP “Antartide”. Between 2014 and 2015 the line-up changed another time and started to work on new material, so now the band is:
Efis Canu Najarro (Vocals), Marco "cucci" Bernardon (Bass), Daniele "acido" Bressa (Guitar), Giovanni Stella (Guitar), Gabriele Boz (Drums).

2112. What does Inira mean?

Inira. Our name belongs from latin “In Dies Irae” that means “In the days of wrath” but it was too long so it became “In Ira” that is “In wrath” and then it was united in one single name “Inira”. Everyone liked the sound of that word, so it became the official name instead of “Machete” that was the first idea.

2112. You're in the middle of recording a CD as it was released on the band's Instagram. I ask: How was the creation process performed? Were the songs all ready or did you have some composite material in the studio? Can you advance anything?

Inira. Yes, we are recording the last guitar parts right now. Honestly the creation process has been a big exchange of e-mails and downloads, because some of us live quite far from the others and due to working reasons we couldn’t met often. For example one of the guitar players or the singer came up with an idea, a riff or a cool chorus and recorded it in their personal home studio and then sent it to the other members. If the idea was good we used to do a complete version of the songs, with midi drums, chorus and sometimes complete lyrics. If something didn’t sound right we changed it until it worked good for the song. Then, when a song was almost ready, we met together to rehearse it and arranging the parts at their best.
Before hitting the studio for recording drums all the 12 songs were ready and recorded as a full pre-production because we couldn’t had time to spend arranging songs during the recording process. Something in the guitar and bass recording process has been changed, but nothing big at all.
At least this record will be more mature, modern and well produced than the previous ones.

2112. In your opinion, the production managed to capture the best of the band so that there would be no later touches?

Inira. In this album we wanted to keep as much as possible the vibe of the musician. We decided to record real drums instead of writing the parts on the computer like a lot of bands are doing nowdays. Recordings took place on late May at Studio 73 in Ravenna - Italy with the great producer Riccardo Pasini, also known as “Paso”. He produced and recorded a lot of great italian Metal and Hardcore bands such as Extrema, Slowmotion Apocalypse, BeerBong and many others, so we knew what to expect from him. Drums sounded really good from the beginning so we worked well together and the final result was great! At the moment our singer Efis is recording guitars and bass at his InferiStudio, so most of the album will be self-recorded. Also in this part we kept the attention on the precision of the performance, the tuning and obviously the sound of each instrument.

2112. How long are you taking to record the cd? You are very picky about the arrangements, mixing, timbre of the instruments ... Anyway everything is coming out as you planned?

Inira. Unfortunately for working reasons the recording process will take another month. We are very picky on the details so we spent two entire days working on the guitar sounds to reach the perfect balance between power and definition. We kept the focus high on the arrangements, and sometimes we removed something that was not necessary for the song and ruined in part the natural flow. In the opposite way we did the same when we needed something more.
So until here everything is coming out as planned and we are happy and motivated to go on.

2112. During the recordings was there any expectation on your part that the material would be as close as possible to the live sound of the band?

Inira. We wrote each song of this album to play them in our live shows. As said before we rehearsed together each song before recording just to see if they worked in a live way and not only in a computer. Even the rhythmic parts of guitars and bass are not perfectly equal in two same verses. We like a lot the live side of the music, so we’ll try to bring as much as possible the energy that you will feel in the recordings!

2112. What can the band fans expect?

Inira. Our new album will sound heavy but at the same time you will hear a lot of melodies. Big riffs and rhythmic parts, catchy choruses and angry vocals will be the key of this record. As said before will be a step ahead from the previous releases and a big step for us as musicians.

2112. Are there projects for the realization of any promotional video? Have you chosen the work music yet?

Inira. Sure, we want to realize one or more promotional videos. We have some ideas but we didn’t choose which song yet, but soon we’ll make our decision. We are working also on different video diaries for explain what we did in studio, so everyone could see what happened in the recording sessions.

2112. After the cd recordings do you intend to go on tour? Is there any chance of Inira be playing in Brazil?

Inira. Before the recordings of the album we received some offers for touring Europe supporting really big bands, but unfortunately we couldn’t afford it without a brand new record out. So when the album will be out we absolutely want to go on tour for reach a lot of people and make new friends!
It would be a dream playing in Brazil, but at the moment we are too unknown and too poor for coming there ahahah! If you want to help us and say our name to some promoters, would be truly appreciated!

2112. Italy has a reputation for producing excellent bands that mix the metal with prog elements with great orchestrations and even lyrical vocals. Anyway, how's the Italian metal scene? What has come of interesting?

Inira. Yes, Italian metal is mostly recognized by prog-power metal style with bands like Rhapsody, Vision Divine, DGM and others. Italian metal has always been supported more from foreigners (mostly by South American fans) instead of Italians. It’s strange because we have a lot of different styles and genres for every kind of ears. However some interesting Italians bands are this: Lacuna Coil, the biggest italian metal band, recognized all over the world Destrage, a great modern metal band that we had the pleasure to share the stage; our fellow citizens and friends Elvenking, that soon will play some shows in Brazil with Ensiferum; Fleshgod Apocalypse and a lot of other bands!

2112. Do you know the Brazilian metal scene? What bands do you know or even highlight?

Inira. Sure! We are all fans of the great Sepultura and some years ago we used to play Roots Bloody Roots in some of our shows: powerful times! Some of us really like Angra and Kiko Loureiro, that made the history of heavy-power metal. We also know Gloria, a modern metal band with a great sound and attitude. For a period of time played with them the awesome Eloy Casagrande, actual drummer of Sepultura!

2112. Any messages for the band's Brazilian fans?

Inira. We hope to share our new record with all of you as soon as possible! We know you’re one of the craziest crowds in the world, so someday we hope to come in Brazil and play in the heaviest way we can! Obrigado 2112!

Não posso deixar de agradecer ao meu amigo Luis Carlos que traduziu a entrevista para que vocês tivessem acesso a este material.