O blog 2112 foi formado com intenção de divulgar as bandas clássicas de rock, prog, hard, jazz, punk, pop, heavy, reggae, eletrônico, country, folk, funk, blues, alternativo, ou seja o rock verdadeiro que embalou e ainda embala toda uma geração de aficcionados. Vários sons... uma só tribo!



quarta-feira, 7 de março de 2018

Entrevista Edmar Silva



 
A experiência em saber ouvir diversas ramificações musicais, ler e escrever poesias; vivenciar os mais variados tipos de artes, gera ricas manifestações culturais que liberta não apenas a mente... mas o modo de ver e vivenciar a vida. Edmar Silva está inserido neste contexto ao produzir músicas fora do padrões FM cada vez mais desprovidos de qualquer fascínio musical e cultural... e mesmo do gosto popular que segue as leis das gravadoras e das próprias FM’s que são escravas das gravadoras o que no final gera um círculo vicioso. E este círculo só será rompido de você “ouvinte” reagir...          

2112. Primeiramente peço que fale um pouco da sua trajetória?

Edmar Silva. Comecei a me interessar por música logo cedo, aos 14 anos já era vocalista de uma banda de punk rock chamada Social Distortion, isso em 1994 e 1995, que não deu em nada mas me ensinou a ter noção de grupo, e a função de cada instrumentos, mais tarde aos 17 anos fundei a banda Sessão das Dez uma banda psicodélica, que misturava bossa nova, rock, poesia e teatro, uma das bandas mais louca que toquei. Dos 21 anos aos 23 toquei em uma banda cover de Ramones, a Pumones quando a banda terminou fundei com amigos da minha rua a banda Rock de Buteco com essa banda cai na estrada e pude desenvolver o meu lado compositor, gravamos uma álbum ao vivo, por que a nossa grande influência era a banda MC5 e o primeiro disco deles era ao vivo, depois do lançamento do disco a banda terminou, foi quando eu dei um tempo, e foi trabalhar com poesia e cinema, quando em 2015 gravei um álbum experimental e retomei a vida de musico.

2112. Acredito que a participação em diversas bandas diferentes trouxe para você uma visão mais ampla do universo musical e com certeza teve uma grande influência na sua formação como músico, não é?   

Edmar Silva. Sim, desde de criança sempre ouvi de tudo, bossa nova, jazz, blues, MPB, música eletrônica, rock em suas várias vertentes, sambalanço. E isso ajudou nos meus trabalhos, tanto como vocalista e instrumentista.

2112. Você é autodidata?

Edmar Silva. Sou, aprendi a tocar sozinho, ouvindo discos, e comprando aquelas revistas de cifras que vendia em bancas de jornais. Shows também me ajudou, eu olhava as notas feitas, memoriza e em casa tentava tocar.

2112. Que músico mais te marcou em sua formação musical?

Edmar Silva. Poderia citar vários aqui mas Raul Seixas e John Lennon até hoje me emociona.

2112. Em 2015 você lançou Edmar Silva e a Orquestra Fantasma de São Paulo que alcançou o expressivo número de 4.689 downloads “pagos”, o que é uma boa cifra se levarmos em conta o atual cenário “fere” da música digital, não é?   

Edmar Silva. Até hoje não entendo esses números mais foi uma marca valiosa para mim, foi quando eu percebi que podia seguir em frente. E também me rendeu um bom lucro.

2112. Os números das vendas te surpreendeu?

Edmar Silva. Muito, eu postei o álbum em uma plataforma digital, só para poder divulgar, e fiquei um tempo sem entrar no site, quando entrei estava todo esse número de downloads. Foi uma grata surpresa.

2112. Poderia falar um pouco sobre as gravações deste trabalho?

Edmar Silva. Eu estava afim de gravar algumas músicas misturando poesias e ruídos, e comecei a gravar em casa algumas músicas, primeiro gravei alguns violões e teclado, e depois fui gravando outros instrumentos e ruídos e algumas colagens sonoras e por último fiz algumas declamações de poesias que tinha escrito. Quando eu percebi estava com as músicas prontas. Fiz uma a arte da capa e comecei a divulgar. Mas foi sem pretensão alguma só queria fazer registros de ideias que eu tinha e foi bem recebido aqui e na Europa.

2112. O material gravado é todo autoral ou você incluiu alguma releitura?  

Edmar Silva. É 100% autoral, foram todas feitas no improviso.

2112. Você mantém uma banda fixa ou contrata músicos segundo as suas necessidades?

Edmar Silva. Praticamente eu gravo todos os instrumentos, menos a bateria porque não levo jeito, mas na últimas gravações como adotei o método de gravar tudo ao vivo em estúdio, nos mesmos moldes que se fazia até a metade dos anos 60, resolvi convidar músicos para participar.

2112. Tá difícil manter uma banda na situação atual do país, não é?   

Edmar Silva. Ter uma banda é complicado tem que todos está na mesma sintonia, mas a situação atual do pais dificulta, por vários aspectos, mas a falta de espaço para tocar trabalhos autorais, e a falta de divulgação em mídias televisiva e rádios desanima o que leva a muitos a desistir. É muito caro ser musico no Brasil porque quase tudo sai do bolso do musico e muitos quebram antes mesmo de começar por isso o prazer no que se faz deve ser a prioridade.

2112. Em 2017 foi a vez dos singles Esquecidos e Flávia que também tiveram uma boa repercussão, não?

Edmar Silva. Esquecidos estava no álbum de 2015, como eu estava a fim de gravar blues, resolvi divulgar ela por ser um blues, antes de lançar Flávia que era uma sobra de estúdio, e deu certo teve boa repercussão tocou em várias rádios online espalhadas no Brasil e na Europa e tive a honra do single Flávia tocar em um rádio de blues de Londres, a Blues Radio London que pertence a BBC Radio.

2112. Você compõem muito? O que mais tem influência nesses momentos?  

Edmar Silva. Sou um compositor razoável tem época que faço muita música, em outras nem tanto, vai de acordo com que pretendo no momento, também não fico me cobrando para compor, deixo para o momento certo de inspiração. Nesses momentos ouço muito blues e jazz me deixa leve e faz com que eu improvise muito.

2112. Tem pessoas que compõem nos mais diferentes lugares: bares, backstage de shows, ensaios, estúdio... outros já são mais introspectivos e gostam de lugares mais tranquilos e silencioso. E você?

Edmar Silva. Prefiro a minha casa e de madrugada, mas o lugar que mais me vem linhas melódicas e letras e quando estou debaixo do chuveiro, não sei se acontece só comigo mas e um lugar ótimo para ter e receber ideias.

2112. Ano passado você lançou um EP com material 100% blues acústico. O blues é uma forte influência em sua vida ou foi apenas uma opção musical? Pergunto levando em conta que você já tocou com bandas dos mais variados segmentos musicais, entendeu?   

Edmar Silva. Sempre sofri influência do blues, tinha algumas músicas escritas no estilo e resolvi gravar. È um estilo que me deixa à vontade, gravei tudo ao vivo em um gravador de rolo dos anos 60 com a turma da garrafa, que é os músicos que me acompanham nas gravações. Sou uma pessoa que não me prendo em um só estilo gosto de variar, e devia isso a mim mesmo, gravar e ouvir blues na minha voz.

2112. Quais são as suas influências?

Edmar Silva. Blues e Jazz mas todos gravados nos primórdios anos 20, 30, 40 se estendendo aos anos 60 como John Coltrane, Charlie Parker, Chet Baker, Sonny Rollins. Música brasileira bossa nova, rock brasileiro dos anos 60 e 70 tem muita coisa boa, mas ultimamente venho sofrendo influência de Stevan Zenirei um ótimo musico de Porto Alegre, Os Haxinxis, Os Estilhaços, Capitão Bourbom, Fuzzfaces, Os Subterrâneos que são ótimas bandas que recomendo. E Raul Seixas e John Lennon meus guias musicais.

2112. 2018 promete?

Edmar Silva. Promete muito, vou lançar dois singles nesse primeiro semestre já mudando o estilo partindo para o boogie. No segundo semestre vou lançar um disco experimental mesclando todas as minhas influências. Tudo já está sendo gravado.

2112. O microfone é seu... 

Edmar Silva.  Vou deixar aqui um texto meu que resume nossa existência Tudo é uma questão quântica, tântrica, mântrica, analógica, simplista, ou abaixo da escala atômica, tais como moléculas, átomos, elétrons, prótons e outras coisas subatômicas desse amor matemático de um domingo de pipoca com você, em uma anatomia artística de um dado momento lúcido, na mente história da Loucura na idade Clássica um apogeu de Michel Foucault ou Historie de la folie à l'âge classique, uma transcendência do delírio, uma posição orbital na sua órbita relativa. Pairando no céu cinza dessa cidade feita de fogo e luz, segurando a sua mão em um colapso de um amor transversal na nossa anormalidade visceral, na aurora do tempo que nos toma, como parte de nós, parte do ser profundo, entranhado, enlatado, umbilical de um único ser.

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