2112. Como foi que surgiu a idéia de escrever um livro sobre a vida de K. K. Downing?
Rita. Me lembro como se fosse ontem e foi á 12 anos atrás... foi assistindo a um documentário do álbum British Steel, onde cada um deles contava algumas curiosidades sobre suas vidas. Quando o Kenny, o KK começou a falar sobre suas dificuldades de infância e adolescência, realmente me chamou a atenção de forma instantânea e a partir daí comecei a acompanhar todas as entrevistas dele e também seus trabalhos paralelos ao Judas. O Kenny, o KK (esse é o apelido dele, chamo ele por Kenny sempre) ... ele sempre apoiou bandas independentes e sempre divulgava em seu site, shows dessas bandas. O site Steel Mill.
2112. Apesar do Black Sabbath ser considerado o pai do heavy metal foi o Judas Priest quem modernizou o gênero. Quando começou a sua paixão pela banda?
Rita. Quando eu começei a namorar meu ex marido. Eu já curtia algumas músicas mas não intensamente, e ele muito fã do Judas, tinha todos os albuns da banda, ai eu me apeguei ao Judas até mais do que ele, quem começou a comprar discos, shows e procurar informações sobre o Judas fui eu.
2112. O primeiro álbum que eu ouvi do Judas Priest foi Unleashed In The East. E o seu qual foi?
Rita. Foi o maravilhoso Sin After Sin
2112. Um verdadeiro fã venera a discografia de sua banda predileta independente dos seus altos e baixos. Entre os álbuns lançados pelo Judas qual é o seu predileto?
Rita. Pergunta difícil essa rs... mas prá mim é Sad Wings of Destiny que tráz a música que eu mais amo do Judas, Victim of Changes.
2112. Apesar da banda ter um público fanático o álbum Turbo foi severamente ignorado pelos fãs levando em conta o uso de guitarras sintetizadas. No seu ponto de vista ele é tão decepcionante assim?
Rita. Foi uma experiência da banda, toda experiência pode dar certo ou não, é um risco. Eu não diria decepcionante, apenas não combinou com o estilo deles.
2112. Engraçado é que o Led Zeppelin, Iron Maiden, Metallica, Queen e o próprio Black Sabbath também passaram por situações conflitantes com fãs justamente por causa de mudanças no som, não é?
Rita. É aquela velha história de quando você vai no show e a banda resolve tocar aquela música que você quer ouvir como foi gravada, de forma completamente diferente, mudar o estilo estranha os fãs mesmo. Mas do ponto de vista do artista é a experiência.
2112. Para você um fã tem direito de interferir no processo criativo de uma banda?
Rita. Não tem direito, porém o sucesso do artista ou banda se reflete aos seus seguidores... fãs.
2112. O metal já foi um gênero bem mais fechado que hoje. Nunca poderia imaginar que um dia veria o metal envolvido com progressivo, ópera, hardcore etc.
Rita. Na minha opinião, o metal raiz continua fechado, mas quando acontece esse envolvimento eu acho saudável, faz parte da evolução.
Rita. Esse livro foi escrito por dois anos, aproximadamente entre 2006 á 2008 e foram quase doze anos até ser publicado. Em 2008 eu mesma, sem editora, publiquei uma edição. Ficou lindo, gigante e com capa dura, fiz questão de fazer com fotos coloridas e o melhor papel e entreguei nas mãos do KK Downing no backstage do show Nostradamus no Credicard Hall. Por todo contato virtual que já tínhamos e ele acompanhou o meu processo de desenvolvimento do livro ele já aguardava nessa ocasião. Só me fez um pedido... que eu fizesse em inglês, apesar de já conhecer o conteúdo. Porém eu passei por uma série de dificuldades que impediram a publicação e desanimei. O projeto ficou guardado por todos esses anos. Passando o tempo, iniciei outros projetos inacabados, acho que eu já nasci escritora porque minha vida, meu hobby é escrever, mas o diploma (que é esse lançamento), oportunidade e reconhecimento vieram agora. Comecei a publicar algumas passagens do livro no facebook e senti um retorno legal do pessoal, ai comecei a receber incentivos que reascenderam as chamas daquele desejo que ficou para trás, criei um perfil no instagram e postei no facebook os três primeiros capítulos e recebi o apoio do amigo escritor Cláudio Alexandre Magalhães, que me indicou a editora que ele publica seus livros, a negociação com a editora foi positiva e aqui estamos realizando um sonho e minha nova profissão, porque já estou com mais dois projetos em andamento para o próximo ano.
2112. Feito a pesquisa, material na mão... quanto tempo você levou para finalizar o texto?
Rita. O texto foi seguindo com as pesquisas e vice versa, não é tão simples escrever uma biografia, Criei uma organização própria para juntar as peças, naquela época eu ainda não tinha um notebook e nem smartfone. Foi tudo escrito em mãos, sem máquina de escrever, tinha meu caderno fichário e uma caneta e todos os dias tinha meu horário marcado na lamhouse., algumas vezes minha irmã imprimia algumas fotos que eu recebia. Do meio até o final foi a época que dei de presente ao meu filho um computador e dividia com ele os horários prá montar tudo no Word. Foi muita dedicação.
2112. Algumas fotos usadas são bem raras, não é?
Rita. Sim, eu tive muita sorte! Recebi todo o apoio da equipe do site dele, do próprio KK e alguns amigos fâs do Judas aqui do Brasil que também seguiam o site... e acompanhavam especificamente o trabalho dele.
2112. Artistas na sua maioria são avessos quando o foco é a sua vida pessoal. Como foi que conseguiu informações sobre a infância, adolescência e outros detalhes "talvez" nunca antes comentados da vida de Downing?
Rita. O KK Downing não é essa maioria, ele é uma pessoa super generosa quando percebe que existe uma vontade real e sem interesses e naquele período tínhamos uma conexão muito forte, houve empatia, ele reconheceu minha dedicação. Ele é uma pessoa tão atenciosa que em todos os e-mails no final mandava um abraço ao meu filho, e o chamava pelo nome.
2112. Você não só teve a permissão de Downing para escrever a biografia como ele te enviou várias informações. Como surgiu esse contato entre vocês?
Rita. Comecei o contato através do site dele o Steel Mill, os organizadores do site são da Finlândia e são amigos pessoais dele, quando realmente perceberam que eu não estava apenas sondando e viram que eu estava levando a história a sério, contaram para ele e ele começou a me responder. Quando ele estava sem acesso por conta da tour, pedia aos organizadores para enviar algumas informações e foi assim o processo. De tudo que escrevi apenas dois nomes ele não informou por motivos particulares dele e disse que eu poderia criar dois nomes, essa foi a única dose de ficção. Por conta disso eu cito no início do livro: Utilizo dentro do contexto algumas doses de ficção. Com relação as passagens e polêmicas que eu descrevo no livro são reais passadas por ele.
2112. E o baixista Ian Hill como entrou na história?
Rita. KK (Kenny) tinha uma namorada que era amiga da namorada de Ian Hill.... Eu costumo dizer que Judas teve uma influência feminina no seu início de formação.
2112. K. K. participou com palpites, escolha das fotos e coisas e tal?
Rita. Não, ele não tinha esse tempo
disponível.
2112. Rita, você tinha muito material guardado?
Rita. Sim, acumulei muitas informações e tive apoio do amigo Adrian nas fotos também, mas não quis deixar a história cansativa, é um livro objetivo para todos que lerem irem até o final.
2112. A capa produzida por Lincoln Baraccat ficou muito bonita... para não dizer foda, não é?
Rita. Ficou lindíssima, foi um presente muito agradável de se receber fiquei realmente emocionada mas não deu tempo de integrar ao livro, mas usarei ela em alguma ocasião porque esse livro e essa história vai continuar...
2112. Quais foram as maiores dificuldades para redigir o texto até o fechamento final?
Rita. As minhas condições na época
conforme contei acima.
2112. Devido a essa pandemia talvez
não seja possível fazer a usual noite de autógrafos. Como você pensa promover o
livro?
Rita. Infelizmente. Eu tive várias idéias mas a que mais eu desejava era lançar na loja Woodstock do meu amigo Walcir. Por conta da pandemia não podemos criar aglomerações e a loja se mantém fechada, mas em contato com ele, assim que voltar ao normal talvez após a tão desejada vacina mesmo com o andamento das vendas, vamos criar um evento lá, e alguns livros ficaram disponíveis na loja também. Penso em fazer uma live ou um vídeo e divulgar nas redes sociais mesmo por enquanto e eles estarão disponíveis também em sites como Amazon e Americanas.com, além de algumas livrarias.
2112. Livro pronto na mão... qual é a sensação?
Rita. Realização! Estou muito feliz em poder mostrar meu trabalho e divulgar essa história linda que me emociona sempre, vou poder mostrar um lado do KK Downing que conheci através dele. Feliz por ter meu diploma de escritora e seguir meus projetos.
2112. O primeiro filho é sempre uma provação em todos os sentidos. Você tem projetos de lançar outras biografias futuramente? Alguma em mente no momento?
Rita. Sim, a continuação dessa história. Kenny tem muitas histórias interessantes mesmo depois que saiu do Judas Priest, vou poder divulgar a versão dos fatos e está iniciando um novo projeto atualmente...então...essa história do lírio continua, porque ele está na ativa, mas não será na sequência...pretendo lançar no próximo ano uma ficção criada por mim, num estilo gótico tipo Tim Burton, além de mais uma que estou envolvida, ou melhor, a minha história me envolveu e preciso de uma solução para finalizar no próximo ano também. Caso eu realize uma próxima biografia, desejo fazer de pessoas ou músicos mais próximos.
2112. O Lírio do Heavy Metal tem chances de vir a ser lançado no exterior? Já existe contatos para que isso se torne uma realidade?
Rita. Sim, tem alguns planos rolando já, é bem possível.
2112. ... o microfone é seu!
Rita. Eu quero agradecer a oportunidade de poder divulgar e contar um pouco da minha história de como conduzi essa biografia, foi como uma viagem no tempo, nada foi fácil, tudo tem o seu momento certo. Esse livro é objetivo, leve e rápido de se ler. Fiz de uma forma que todos queiram chegar até o final. Minha intenção é levar o conhecimento sem ser cansativo, fui direto aos fatos e sem rodeios...eu tenho certeza que ninguém vai parar na metade e essa história continua, porque "O Lírio KK" está na ativa e com as facilidades e o acesso que tenho hoje será mais suave. Obrigada Blog "Furia 2112" e a todos que acompanharam essa entrevista, vejo vocês lá... no O lírio do Heavy Metal! Gratidão!
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