Da terra do café, do vinho e do mestre Baden Powell
vem o Attivittá Power Trio com seu classic rock regado a muito blues, hard,
psicodelismo, prog... A banda vem ao longo dos anos buscando o seu lugar ao sol
tocando em todo e qualquer palco que possam plugar seus instrumentos. Keep on
rocking!!
2112. Podemos começar com vocês contando um pouco da história do Attivittá
Power Trio?
Fábio Pimentel. E é uma longa história...Pra contar a história do Attività Power Trio, precisamos voltar no tempo, muito antes dele sequer ser um projeto. Mais precisamente em 1983, nessa época, nosso batera, Douglas Dutra, nem havia nascido, também nem era um projeto (rs) e foi quando conheci o Rimão. A família dele havia se mudado para Varre-Sai, eles eram de Natividade, até então sede do município, Varre-Sai era distrito. O pai do Rimão trabalhava na antiga Cerj e havia sido transferido para Varre-Sai, era uma família musical, praticamente todos eram músicos natos. E é aí que começa nossa saga musical.
Nessa época, Varre-Sai era um distrito, muito
pequeno e muito longe de todas as grandes capitais, tudo demorava muito pra
chegar lá. Acho que nosso primeiro grande contato com o Rock, pelo menos na
minha geração, foi em 1983, com a vinda do Kiss ao Brasil. Um amigo, chamado
Lintz Marques, ia sempre ao Rio e comprava muitos discos de rock e com a vinda
do Kiss, o rock ganhou força e tivemos esse primeiro contato mais forte com a
superprodução de um show internacional, na época transmitido pela Globo, um dos
poucos canais abertos que pegavam em Varre-Sai. E logo depois começaram os
rumores do 1º Rock in Rio.
No final de 1984, eu e o amigo Antonio Carlos
Lima Rosa (Toni Crazy) começamos a conversar sobre a possibilidade de montar uma
banda, eu estava iniciando aulas de violão com a minha amiga Dora Vargas e
estava bem no início mesmo, já havia tentado aprender instrumento de sopro nas
aulas de música da Lira Santa Cecília, banda centenária de Varre-Sai, tombada
como patrimônio imaterial pelo Estado, mas eu não tinha paciência com a teoria,
queria logo pegar um instrumento e acabei desistindo e me rendendo ao violão.
Então chamamos os amigos Alexandro Tupini (batera), Flávio Amaury
(violão/guitarra) e Clério Couto (violão/baixo), irmão mais novo do Rimão. E
começamos a tentar montar uma banda, só que havia dois grandes problemas, não
sabíamos tocar direito e não tínhamos instrumentos para uma banda de rock (rs).
Então fizemos o seguinte, conseguimos
emprestadas algumas caixas amplificadas, uns violões com captadores (os famosos
captadores cristal), microfones de gravadores e a bateria era o que havia
sobrado da bateria de uma antiga banda de carnaval do pai do baterista, chamada
Falcões da Serra. Esses restos foram montados pelo pai dele, o saudoso
“Pulunda”, com muita criatividade, utilizando tripés de plantas como ferragem e
tal, uma loucura, mas que deu super certo. O baixo, era um violão com 4 cordas
e o teclado era um teclado de brinquedo Hering. Bom havíamos resolvido mal e
porcamente o problema dos instrumentos, faltava resolver o outro problema,
saber tocá-los. É aí que entra em cena o Rimão. Clerinho falou que ele havia
voltado do Tiro de Guerra e sabia tocar violão, sanfona, bateria e tal. Ou
seja, o Rimão já era o Rimão. Então chamamos o cara pra banda e ele foi nos
ensinando, não sabia muito também, mas já era praticamente um maestro pra
gente. Bom, como não sabíamos tocar muito bem, optamos por fazer nossas
próprias músicas, eu particularmente até hoje não sei quase nada de teoria
musical, mas isso é outra história. Mas foi aí que surgiu o “Crazy’s”, a
primeira banda de rock, e rock autoral, de Varre-Sai.
Bem, o Crazy’s foi até 1987, depois ainda
tivemos outra banda entre 1992 e 1994 chamada Tropa Alfa, com apoio de dois
empresários e grandes amigos, Chico Thomé e Nelson Purificate (Nem), aí já
tocando covers, Eu, Rimão, Clerinho, Rodrigo V8, Lucas Ramos, Kiki Fabri,
Fernandinho Rato, Hélio Júnior, João Lúcio e Antônio José Rampazzio.
Depois disso, cada um seguiu seu caminho.
Eu parei de tocar e fiquei 15 anos
praticamente sem tocar um instrumento. Em 2009, morando em Campos, cidade com
muitas bandas de rock, me animei a voltar e comprei uma guitarra, um baixo, um
teclado, montei um Home Studio e comecei reaprender a tocar e gravar umas
músicas autorais. Foi quando conheci outro grande amigo na música, Kiko
Anderson, da Tubarão Martelo, que na época tinha uma banda chamada Anárquicos
Anônimos. Eu vivia pedindo a ele pra me avisar sobre os ensaios e que queria
fazer um teste pra tocar com eles, mas nunca isso acontecia.
Um belo dia, em março de 2010, estou eu na
porta do Vivo Rio no Rio de Janeiro, esperando o horário para o início do show
do BB King e quem aparece? Kiko Anderson. Começamos a tomar umas e conversar e
novamente falei do desejo de tocar com eles e tal e ele me disse que era
complicado, a banda já estava formada e que o melhor era eu montar uma banda,
que eu já tinha umas músicas e tal e que deveria fazer isso. Ele foi pra outro
setor do show, assisti aquele fenômeno do BB King e saí dali decidido a montar
um Power Trio em Varre-Sai. Procurei o Rimão, falei com ele e ele topou na
hora. Tínhamos guitarra e baixo, precisávamos encontrar um batera em Varre-Sai,
coisa que sempre foi muito difícil, já havia ouvido falar do Douglas e fui
atrás dele, falei do projeto e ele topou. E em dezembro de 2010, estava montado
o Attività Power Trio e iniciamos os ensaios com: Fábio Pimentel – Guitarra e
Voz, Rimão Couto – Baixo e Vocais e Douglas Dutra - Bateria. No dia 23 de abril
de 2011, fizemos nosso primeiro show no Sítio Velho Moinho.
2112. Porque optaram pelo formato trio?
Fábio. Aí entra outra grande paixão, uma banda do
Canadá chamada Rush. Eu e Rimão sempre fomos muito fãs e acho o formato muito
rock and roll, tem que se fazer muita força pra não fazer rock com uma
guitarra, um baixo e uma bateria, ao mesmo tempo, é muita responsabilidade, não
há tempo pra respirar e é tudo muito dinâmico, isso requer muita atenção nos
shows e ensaio, muito ensaio. E ensaio hoje é o nosso maior problema, já que
cada um tem sua profissão e moram em cidades diferentes, o único que reside em
Varre-Sai é o Rimão, eu estou em Santo Antônio de Pádua e o Douglas Dutra está
morando no Rio. Mas a gente se entende bem, seria muito bom se pudéssemos morar
na mesma cidade e ter mais tempo para o trio, mas por enquanto precisamos
correr atrás de sustento. E ainda sobre o formato, também tem outra vantagem,
somos poucos, poucos problemas, poucas, na verdade, nenhuma briga. Hoje somos
praticamente três irmãos que se dão muito bem.
2112. A banda tem influências do
rock, do blues, do prog... Essa mistura acaba ajudando na criação de um estilo
próprio, não é?
Fábio. Verdade. Estamos sempre tentando inserir nossas influências nas músicas, para alguns soamos como hard com pitadas de blues, para outros como prog e para alguns como heavy metal, na verdade não temos um estilo definido e nem gosto muito disso, tanto que usamos o slogan e a Hashtag, #SimplesmenteRock. Nos nossos dois primeiros discos, todas as composições são minhas, levo a espinha dorsal das músicas e Rimão e Douglas complementam com arranjos e ideias. Como temos pouco tempo para ensaiar, foi assim que funcionou até agora, mas a ideia é no terceiro trabalho, termos composições de todos, aí que a coisa vai ficar mais eclética ainda.
2112. Hoje existem zilhões de tribos e rótulos o que no final acaba mais confundindo do que esclarecendo a cabeça de quem ouve música. Qual a opinião de vocês acerca disso?
Fábio. Então, como disse anteriormente, eu particularmente não gosto muito desses rótulos. Primeiro que, acho que tudo é rock. Hard, Heavy, Thrash, Black, Prog, Blues, Pop, etc. Segundo que, quando você segmenta e cria tribos, você na verdade enfraquece a cena e acho que isso contribuiu muito para o enfraquecimento do rock, principalmente no Brasil, onde temos uma cultura horrível de polarização, como é na política e no futebol. Acaba faltando respeito com o diferente e isso não é bom pra nenhuma tribo, todas poderiam viver juntas e felizes, mas preferem brigar por espaço e fatalmente se separando e se enfraquecendo. Mas às vezes é uma tendência natural também, difícil criar um conceito a cerca disso.
Bom, é minha opinião, não sei se estou certo.
Eu por exemplo gosto e transito bem em quase todas essas tribos, porque eu
gosto de rock.
2112. Vejo os rótulos como verdadeiros obstáculos na
evolução de uma banda que ao ultrapassar os limites impostos pelos fãs e pela
crítica são tidos como traidores. Como contornar esse tipo de situação?
Fábio. Então, acho o rótulo danoso. Mas a banda deve fazer o seu som, o som que gosta e se propõe a fazer, não agradará a todos, mas agradará alguns e é esse o público que importa, seja um ou um milhão. A arte é subjetiva, você não faz para alguém especificamente e nem para si mesmo, você simplesmente faz e encontra naturalmente as afinidades. Tem músicas que fiz que eu mesmo não acho boas e muita gente adora e vice-versa. É assim.
2112. Um exemplo clássico é Jimi Hendrix que nunca
conseguiu se desvincular do estigma quebrar/incendiar guitarras, tocá-la nas
costas ou com os dentes... pois era isso que o público esperava dele. Até onde
os fãs têm o direito de interferir na evolução de um músico ou de uma
banda?
Fábio. Creio que o fã é o termômetro da sua arte, é quem a consome e como eu disse, teve afinidade por ela e logo, merece todo o respeito e atenção. Se é fã, é porque tem afinidade e acho que é sempre bom ouvi-los.
2112. ... mas independente disso o bacana é subir no palco fazer um show super foda para divertir a platéia, não é?
Fábio. Ah cara! É a razão de tudo. A música é uma ferramenta muito potente, capaz de mexer com os mais profundos sentimentos. É uma energia fabulosa. Quando você está no palco tocando é uma adrenalina e uma sensação inexplicável, pode ser para uma pessoa, dez, cem, milhares, se tiver retorno então, ótimo, mas só o fato de você estar ali no palco já é uma grande magia.
2112. Em 2013 vocês lançaram Nos Caminhos da Noite apenas
com material autoral. Como foi a recepção do álbum?
Fábio. Nossa! Foi muito melhor do que imaginávamos. Fazer música autoral é um desafio, mas fazer rock autoral é quase como caminhar descalço no fio da navalha. Infelizmente é essa a sensação, sem exageros.
Mas o álbum “Nos caminhos da noite” foi muito
legal, tivemos uma recepção muito boa, conseguimos participar de vários
festivais importantes, no Rio, São Paulo, em Minas, enfim, superou muito as
nossas expectativas.
2112. Quem produziu e como foi a realizada a pré-produção e
gravação do álbum?
Fábio. Bom poder ter espaço pra falar disso. Vamos lá. Primeiro ponto, quem produziu foi o Leonardo Moço, de Campos dos Goytacazes, um profissional espetacular, profundo conhecedor das ferramentas mais modernas de gravação e além de tudo, uma pessoa excepcional. O cara é bom, é bom, humilde e muito gente boa, o que foi muito importante pra gente, porque na verdade foi praticamente a primeira experiência de todos nós com um álbum autoral, nossa e dele, que já havia feito alguns trabalhos, mas na maioria das vezes de covers, versões e tal.
Como já foi dito, nos dois primeiros álbuns
todas as composições são minhas e como tínhamos pouco tempo para ensaiar, eu
levava as composições praticamente prontas e Rimão e Douglas refinavam e
implementavam arranjos, introduções, acerto de tempo, etc. Quando decidimos
gravar, começamos a avaliar a logística. Léo Moço havia sido sugerido por outro
amigo músico, o Léo Rossi, mas Campos era longe de Varre-Sai e na época não
conhecíamos um estúdio mais próximo. Então eu saia de Pádua, ia a Varre-Sai
pegar Rimão e Douglas, ia pra Campos gravar e depois voltava pra levá-los para
Varre-Sai e retornava pra minha casa em Pádua. Foi muito cansativo.
Definitivamente não foi aquela vibe que a gente vê nos documentários de
gravações de bandas famosas.
Foi nossa primeira experiência com estúdio,
eu e Douglas nunca tínhamos tido essa experiência, Rimão já havia gravado
alguns trabalhos. Então foi uma mistura de inexperiência e ansiedade, o que
logicamente não ajuda muito. Algumas músicas foram terminadas no estúdio, por
falta de tempo de ensaio e o Léo Moço sugeriu e conduziu a produção e fez
logicamente algumas interferências que foram muito boas.
Nesse álbum tivemos a participação dos vocais
de Kiko Anderson, da Tubarão Martelo em “Vestido de Seda”, um padrinho nosso e
do Léo Rossi da banda Quatro Ponto Zero Acústico em “Enquanto Puder”, outro
grande amigo e incentivador do APT.
Mas no final foi uma grande festa gravar esse
álbum e a realização de um grande sonho nosso.
2112. Boa parte dos músicos/bandas da nossa região sobrevivem
hoje tocando covers. É difícil
viver apenas do som autoral?
Fábio. Digo com todas as letras que não é difícil, pelo menos no interior, é praticamente impossível. A verdade é que a gente não vive de música, cada um tem sua profissão e se vira de outra forma. Nós ainda estamos tentando o máximo possível tocar mais as autorais, mas a gente precisa se render aos covers de vez em quando, senão não toca, embora o APT praticamente não toque cover, fazemos releituras, ainda mais porque somos um Power trio e precisamos adaptar as músicas.
2112. Vocês se incomodam de incluir covers nos shows?
Fábio. Não nos incomoda porque fazemos
releituras e isso de certa forma faz uma diferença e fica mais palatável pra
gente, e conseguimos imprimir nossa marca e nossa pegada nas músicas, mas
gostaríamos muito de poder tocar apenas as autorais.
2112. Um álbum é como um cartão de visita para uma banda. Nos Caminhos da Noite abriu portas para vocês?
2112. Um álbum é como um cartão de visita para uma banda. Nos Caminhos da Noite abriu portas para vocês?
Fábio. Sem dúvidas. Foi graças ao álbum e a música
“Vestido de Seda” que conseguimos participar de grandes festivais como o FBI –
Festival de Bandas Independentes no Rio de Janeiro, que aconteceu na
tradicionalíssima casa de rock, na época chamada de “Rio Rock & Blues
Club”, na Lapa, hoje chama-se “Rock Experience” e onde ganhamos alguns prêmios.
Participamos do SP Music em São Paulo, onde fomos para a final, participamos
também do Rio Rock & Blues Festival ao lado de grandes nomes do cenário,
também no Rio Experience, na Lapa e no Festival Nacional de Bandas no Recreio
dos Bandeirantes, no Café Etílico, onde também concorreu com seu trabalho solo,
o guitarrista Gustavo Di Padua, que já trabalhou com grandes nomes da música
brasileira.
2112. Como foi a história da premiação da música Vestido de Seda como melhor
composição e o de melhor baixista para Rimão?
Fábio. Essas premiações foram no FBI - Festival de
Bandas Independentes. Nesse festival, você tinha um tempo de apresentação, se
não me engano, 20 minutos. A banda tinha que indicar uma música autoral que
seria julgada e podia tocar um cover, eu acho. Não me lembro bem do
regulamento. Mas nós apresentamos três músicas autorais e “Vestido de Seda”
como a música em julgamento, e fechamos com YYZ do Rush. A casa veio abaixo.
Fomos classificados e levamos os prêmios de Melhor Composição com “Vestido de
Seda e de “Melhor Baixista” para o Rimão, logicamente por sua performance em
YYZ. Acho que esse reconhecimento do Rimão já valeu todo o nosso esforço
em persistir com esse projeto, Rimão é um músico extraordinário e uma pessoa
sem igual. Esse sem dúvida foi o melhor dos nossos momentos e o outro foi no
Festival Nacional de Bandas, no Café Etílico, que Rimão foi ovacionado e
cercado pela rapaziada mais jovem, composta 100% de músicos, após tocarmos YYZ.
Isso é que faz valer a pena!!!
2112. O que uma pessoa que não conhece o trabalho do Attivittá pode esperar
de um show da banda?
Fábio. Difícil se auto definir. Mas em suma, o que
fazemos é um show de rock, sem muita firula, sem estrelismo, apenas o bom e
velho rock and roll. Um show dinâmico, com músicas de qualidade, muitas vezes
“Lado B”, gostamos muito do “Lado B” da força... E é isso. #SimplesmenteRock
2112. Ano passado foi lançado “Confusão” que trouxe o peso do hard e do metal
com uns toques psicodélicos. Essa questão nos leva de volta ao princípio da
entrevista quando falamos sobre a constante evolução de uma banda. Qual foi a
reação dos fãs?
Fábio. Esse álbum foi diferente. Como tivemos um
apoio de Assessoria de Imprensa e não tivemos ele lançado fisicamente, apenas
nas plataformas digitais, tivemos mais retorno de críticas profissionais, ou
seja, de músicos, jornalistas, críticos de músicas, etc. Como você disse, esse
álbum foi um trabalho mais eclético, o “Caminhos da Noite”, de certa forma foi
mais homogêneo e até conceitual, o “Confusão” nós variamos mais e ouvimos esse
tipo de crítica de que a banda ainda busca uma identidade. Outros já nos definiram
como “Rock dos anos 80”, enfim, cada pessoa tem uma percepção diferente e isso
é bom, a ideia do “Confusão” foi justamente essa, gerar essa confusão. Temos
música psicodélica como “Cercados por Loucos”, temos um hit rock and roll, como
“O Tempo”, temos uma pegada mais bluseira em “Cerveja” e por aí vai. Não tem
definição. É #SimplesmenteRock.
2112. Muito interessante a regravação do clássico Berimbau do mestre e
conterrâneo Baden Powell. Como surgiu a idéia?
Fábio. Rimão tem um projeto paralelo (entre
dezenas...rs) que é a banda “Baden Baden” que toca só músicas do Baden. Eu
particularmente, sempre achei que Varre-Sai, o Poder Público, nunca soube
explorar bem o fato do Baden Powell ter nascido na cidade e o cara é
simplesmente um dos melhores do mundo, com uma projeção extraordinária. Então
resolvi fazer essa homenagem, entrei em contato como o filho dele, o Marcell
Powell, que me direcionou para o escritório que cuida dessas autorizações, como
a música é uma parceria com o Vinícius, envolve os dois espólios e tal, mas
tivemos a autorização e gravamos tranquilamente.
2112. O episódio me fez lembrar do Made In Brazil com Aquarela do Brasil e do
Camisa de Vênus com Negue. Vocês seguiram o arranjo original ou descontruiram a
música para dar uma nova identidade a ela?
Fábio. Então, nesse caso, tivemos o cuidado de
preservar a obra. Mantivemos a linha melódica, o vocal ficou a cargo do Rimão,
que já estava habituado a cantar as músicas do Baden e tentamos dar um toque
rock and roll sem desfigurar a música.
2112. Os radicais da MPB devem ter torcido o nariz como aconteceu com as duas
bandas citadas acima. Isso de uma certa maneira incomoda vocês?
Fábio. Não sei se aconteceu. Pelo menos alguns
admiradores da MPB que conhecemos, gostaram da releitura.
2112. Qual o parâmetro existente entre os dois álbuns?
Fábio. Difícil estabelecer um parâmetro, porque os
dois foram compostos por mim e acho que por mais que eu tente fazer algo
diferente, acabo carregando uma identidade.
2112. A banda já se apresentou por todo o Noroeste Fluminense, Zona da Mata
mineira, Sul capixaba e grandes centros como Rio e São Paulo. Vocês já
conseguem viver de música?
Fábio. Definitivamente não. A gente vive para a
música, a gente paga para fazer a nossa música. A gente faz, literalmente, por
amor.
2112. A banda participa ativamente do circuito de festivais que serve para
apresentar a música de vocês para vários tipos de pessoas. Qual a meta de
vocês?
Fábio. Nossa meta é apenas poder continuar tocando
por aí e de preferência, continuar produzindo nossas próprias músicas, cada vez
mais. Rimão e Douglas são dois grandes músicos, com habilidades incríveis e com
conhecimento musical, eu sou um autodidata que conhece muito pouco, quase nada
de teoria musical, mas que sou extremamente apaixonado pela música, não me
arrependo de quase nada que fiz até hoje, só de não ter podido me dedicar mais
a música, estudado mais. Mas hoje sou inteiramente realizado em poder produzir
música com o pouco conhecimento que tenho e com a ajuda desse gênio e ser
humano incrível que é o Rimão e desse garoto talentosíssimo que é o Douglas.
Então a meta é só essa...Ser feliz “Enquanto Puder”.
2112. Qual o e-mail/telefone para contratação de shows e aquisição de cds?
Nosso CD,s estão disponíveis em todas as
plataformas digitais, o “Confusão” foi lançado apenas digitalmente, já o “Nos
Caminhos da Noite” fizemos uma tiragem de 1.000 que se esgotou, ainda é
possível encontrar algumas unidades com a Distribuidora Tratore e em alguns
sites de venda.
2112. ... o microfone é de vocês!
Fábio. Só nos resta agradecer o espaço e essa
imensa oportunidade de divulgar nossa história e nossos trabalhos. E dizer para
os mais jovens que a música é uma das coisas mais mágicas que o ser humano
inventou, então percam mais tempo inventando músicas do que copiando. Vamos
manter essa magia!!! Obrigado 2112!!! Obrigado Carlos!!!
Próxima entrevista: Supersonido, dia 21
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