O blog 2112 foi formado com intenção de divulgar as bandas clássicas de rock, prog, hard, jazz, punk, pop, heavy, reggae, eletrônico, country, folk, funk, blues, alternativo, ou seja o rock verdadeiro que embalou e ainda embala toda uma geração de aficcionados. Vários sons... uma só tribo!
quarta-feira, 29 de maio de 2019
Entrevista Harppia
É impossível falar sobre as melhores
bandas de metal do mundo e não citar o nome da Harppia. A banda é uma verdadeira lenda do rock brazuca, tem uma longa
história de lutas, ótimos trabalhos lançados e shows épicos que já entraram
para os anais da história do metal. Leia e tire as suas dúvidas...
2112. Se não errei nos cálculos este ano a
Harppia completa trinta e sete anos de bons serviços prestados ao heavy metal.
Haverá algum tipo de comemoração?
Tibério. Pretendemos.
2112. Você poderia adiantar alguma coisa?
Tiberio. Ainda não podemos revelar, pois
estamos no processo de planejamento.
2112. O último trabalho autoral foi 3.6.9
HAARP em 2017. Já existe músicas para um novo álbum de inéditas. Quais são os
projetos da banda nesse sentido?
Tibério. Estamos assinando com uma
gravadora do Rio de Janeiro e talvez saia um box dos discos anteriores e com
planos de gravar o novo álbum.
2112. Nesse possível box vocês pretendem
adicionar material como sobras de estúdio, demos ou faixas ao vivo?
Tibério. Exatamente.
2112. É verdade que vocês foram cogitados
para participar do SP Metal II?
Tibério. Não. Fizemos direto o EP.
2112. Em 1985 após a sua entrada é lançado A
Ferro e Fogo com o hino Salém (A Cidade das Bruxas). Um clássico que ainda hoje
empolga os ouvidos e o coração de todo amante de um bom heavy metal. Puta
disco!
Tibério. Estou de acordo.
2112. A letra de Salém causou alguma
controvérsia pelo trecho que diz: "... Satã é o nosso rei, vem a nós ó
maldito."
Tibério. Essa letra foi escrita pelo Jack
Santiago e somente ele pode dar uma explicação sobre isso.
2112. Controvérsias a parte... Salém se
tornou um dos maiores clássicos do metal e o álbum uma das melhores estréias de
uma banda em solo brasileiro. Quais lembranças vocês tem da gravação?
Tibério. A única lembrança que tenho é
que entramos as 19hs e saímos 7 hs da manhã com o disco pronto.
2112. Quer dizer então que ele foi
praticamente gravado ao vivo?
Tibério. Foi gravado ao vivo.
2112. Além do Salário Mínimo quem mais
regravou a música?
Tibério. Sabemos da existência das
regravações, mas não nos damos o luxo de saber quem a gravou. O Salário
Mínimo nunca gravou Salém. Só tocam ao vivo.
2112. Mas ela acabou sendo registrada no
cd/dvd Super Peso Brasil.
Tibério. É isso aí. Só foi gravado porque
tinha a participação do Jack Santiago.
2112. Mesmo com a banda em alta a maioria
dos integrantes resolvem sair restando apenas você. O episódio me fez lembrar a
história Yardbirds/Jimmy Page. Um músico, uma banda e shows para cumprir...
Tibério. Fui buscar os músicos que se encaixavam
no projeto e aos trancos e barrancos continuamos até hoje. Teve muita gente que
quis usar o Harppia como escada para ir para bandas maiores ou quiseram ser
bandleaders de seus próprios projetos.
2112. A formação se estabilizou com a
entrada de Percy Weiss (vocal), Flávio Gutok (guitarra), Cláudio Cruz (baixo) e
Xando Zuppo (guitarra) logo substituído por Fillippo Lippo antes das gravações
do álbum 7. Esses acontecimentos de uma certa maneira refletiu nas gravações?
Tibério. Não.
2112. Fale um pouco sobre a produção e
gravação do álbum.
Tibério. Foram 3 meses de estúdio alugado
exclusivamente para nós no Estúdio Quadrophenia, na Av Pacaembu, São Paulo. Este
disco poderia ser bem melhor se o Percy não estivesse afundado tanto na cocaína.
E também no único dia que faltei por questões de saúde, deixaram um engenheiro
de som acostumado a gravar só pagode ter mixado a música "Na Calada da Noite"
que é a faixa com a pior mixagem. Tem também o engenheiro que estava gravando
as tomadas das músicas, que vivia chapado juntamente com o Percy e só notamos
depois na hora de masterizar que ele tinha feito um monte de cagada nas
tomadas. Tais como: colocar microfone da caixa junto com o do chimbal (no mesmo
canal), do bumbo junto com os tons, pratos junto com o segundo bumbo, por
consequência quando você aumenta a caixa aumenta o chimbal. Quando você aumenta
o bumbo aumenta os tons e no outro os pratos. Então nós tentamos fazer o melhor
dentro do possível já que não daria para regravar tudo novamente, pois o custo
seria muito mais alto e tudo estava saindo do meu bolso.
2112. Muitos dizem que o segundo álbum é a
prova de fogo de uma banda. Você concorda com isso?
Tibério. Não. Mesmo porque nós não
tínhamos a obrigação de fazer o melhor, pois a formação era totalmente nova em
relação ao primeiro disco. O primeiro álbum teria caído no esquecimento se eu
não tivesse dado continuidade até hoje.
2112. O álbum tem toda uma simbologia
envolvendo o número "sete" que pega desde a diagramação da capa, o
número de faixas, o título do álbum, o andamento da música Na Calada da Noite
(7/4)... Houve uma intenção por traz disso?
Tibério. Sim, arte da Kabalah. Onde o sete
é o número perfeito.
2112. A gravadora portuguesa Metal Soldiers
Records que relançou o álbum parece que não entendeu essa proposta. O que você
tem a dizer sobre o episódio?
Tibério. Infelizmente teve a intromissão
de um ex-empresário da banda, Celso Barbeiri, que atualmente mora na Inglaterra,
durante o preparo do material do Sete. Já havíamos enviado todo o material que
tínhamos disponível, entre artes, fotos da época, cópia de músicas e
apresentações ao vivo, o próprio fonograma remasterizado em CD e LP original
para o Fernando, dono da Metal Soldier Records. Não sei como ocorreu o contato
entre eles, mas Celso resolveu atravessar pelas minhas costas e ofereceu o
material dele, alegando que a qualidade era melhor. Nem ele, nem o Fernando me
consultaram e lançaram o CD sem a minha prévia autorização sobre a arte final. Enfim,
a arte da contra-capa do CD perdeu todo o sentido cabalístico que a contra-capa
do LP que é o formato da diagramação da ordem das músicas.
2112. Após tudo pronto uma nova parada desta
vez envolvendo o guitarrista Flávio Gutok que sofreu um acidente colocando a
banda de molho por um ano. Foi um golpe fatal, não?
Tibério. Ficamos um ano segurando o
lançamento oficial do disco. Quando o fizemos, o disco já estava velho, na
nossa concepção.
2112. Porque vocês resolveram bancar a
gravação do álbum? Foi para ter uma maior autonomia no resultado final?
Tibério. Não só por isso mas no Brasil não
existiam gravadoras que deixavam fazer o seu trabalho sem interferirem na
produção. Acho que ninguém é melhor do que os próprios músicos para trabalharem
na produção da sua obra.
2112. Apesar de 7 ser tão foda quanto A
Ferro e Fogo não causou o mesmo impacto quando lançado. O que você atribui a
isso?
Tibério. O mesmo que A Ferro e Fogo,
quando foi lançado. Ele também não causou impacto imediato. As pessoas só foram
entender depois de 1 a 2 anos, pois insisti com a banda.
2112. Mas com o passar dos anos ele acabou
ocupando o seu lugar de direito na galeria dos grandes álbuns de metal de todo
os tempos. Ele estava a frente do seu tempo?
Tibério. Sim, em termos de Brasil.
2112. Em 1996 é lançado Harppia's Flight com
uma sonoridade mais pesada e mais densa que os álbuns anteriores. A mudança foi
proposital ou foi uma evolução natural?
Tibério. Foi uma evolução natural.
2112. Conrado Ledesma escreveu as letras e
gravou tudo em quinze dias. Havia pressa de lançar o material?
Tibério. Sim, pois tínhamos assinado com a
megahard progressive.
2112. Outra mudança significativa são as
letras... todas cantadas em inglês. O que levou vocês a tomarem essa decisão?
Tibério. Imposição da gravadora para
trabalhar as músicas do Harppia no exterior.
2112. O álbum teve uma boa repercussão no
exterior?
Tibério. Sim, mais conhecido lá do que
aqui.
2112. Apesar da ótima repercussão qual a sua
opinião pessoal acerca do álbum? Ele cumpriu a sua missão?
Tibério. Eu pessoalmente considero um
ótimo álbum, pena não ser compreendido pelos público brasileiro. Lá fora
ganhamos até ringtones no Japão.
2112. Futuramente vocês pensam em fazer um
novo álbum ou mesmo um EP cantado em inglês?
Tibério. Não. Pensamos ao contrário, fazer
o Flight em português, pois os arranjos e as melodias são maravilhosas.
2112. Em 1990 vocês recebem uma proposta da
Rede Globo para apresentar um programa de rock na emissora e também uma
participação no Rock In Rio. O que deu errado? O que de fato aconteceu?
Tibério. Problemas internos na produção da
Rede Globo e tudo foi cancelado.
2112. Isso levou a banda a uma nova baixa...
Tibério. Simplesmente ficamos desapontados
com tudo isso e demos um tempo sem acabar com a banda. Nesse meio tempo fizemos
um disco que não tinha interesse em ser metal aonde gravamos até RAP. O nome do
CD é Lynxs com 3 membros originais do Harppia: Tiberio, Joary (vocal) e Flávio
Gutok. Mas tudo não passou de uma curtinção.
2112. Por um período vocês trabalharam
apenas como uma banda instrumental, não é?
Tibério. Na verdade não foi isso. Juntou
eu, o baixista Cláudio e um jovem guitarrista que frequentava os ensaios do
Harppia, Marcos Rizzato para nos divertir e ao mesmo tempo não enferrujar. Daí
durante estas jams surgiu em sua forma instrumental as músicas do álbum
Harppia's Flight. Xando Zuppo ex guitarrista do Harppia nos apresentou Conrado,
pois ficou sabendo que estávamos gravando o novo álbum e precisávamos de um
vocalista. Como nós não o conhecíamos, fizemos o seguinte teste: demos 15 dias
para ele escrever e fazer a melodia de voz para ele entrar no estúdio.
2112. Existe material gravado ainda que em
demos deste período?
Tibério. Tem o Fire.
2112. Em 2002 surge uma nova versão da banda
formada por ex-membros. Como vocês resolveram esta questão?
Tibério. Como sempre digo: "montar
banda é fácil, dar continuidade é que é difícil." Então só dei tempo ao
tempo. O resultado vocês já conhecem.
2112. Interessante é que na Virada Cultural
de 2008 os integrantes de todas as formações da banda dividem o mesmo palco.
Deve ter sido uma puta festa. Existe registro dessa apresentação?
Tibério. Sim, existe um DVD completo que
comercializamos nos shows. Este show reuniu todos os músicos que participaram
das gravações dos três álbuns.
2112. O lançamento do álbum 3.6.9. HAARP
trouxe de volta as letras cantadas em português ao contrário de 99% das banda
atuais que cantam em inglês visando ganhar o mercado externo. O que motiva
vocês a caminhar em sentido contrário?
Tibério. Talvez por sermos brasileiros e
gostarmos de cantar em português, pois muitos desses que cantam em inglês na
maioria vezes nem sabem o que estão cantando. Muitas vezes público também
cantam sem entender o que a banda está tocando.
2112. Conte como foi o processo de criação e
produção do álbum?
AYA: Nesses últimos 20 anos, o
Harppia passou por muitas mudanças de músicos e cada um que entrava queria
mudar o estilo da banda. Então como não conseguíamos firmar a formação, Tiberio
e eu, resolvemos sentar e escrever as letras e as músicas. Nós contamos com uma
pequena ajuda do Conrado nas letras, e ele chegou a gravar duas faixas, mas por
motivos pessoais ele não pôde dar continuidade na banda e nem na vida
artística.
2112. Uma curiosidade foi a regravação da
música Balada do álbum 7 com um arranjo de cordas, órgão Hammoond e piano. O
resultado ficou bacana...
AYA: É uma curiosidade e tanto, pois
esta música nem fazia parte do nosso set list, até que os fãs começaram a pedir
nos shows que incluíssemos a Balada, pois cada ouvinte tinha um relacionamento
diferente com esta música. Uma das histórias mais marcante e decisiva para
incluirmos Balada no disco e nos shows foi a de um rapaz que tinha acabado de
perder o avô, que era o seu melhor amigo, e quando ele voltou do enterro,
colocou a playlist do mp3 dele para tocar aleatoriamente. Qual foi a primeira
música que tocou? Foi a Balada. Foi então que antes do show, ele nos pediu, nem
que fosse a capela, que tocássemos a música em homenagem ao avô recém falecido.
Foi muito grande a emoção e gratificante poder dar a voz a tantas pessoas como
ele. Outra curiosidade: entre uma conversa e outra com o Flávio Gutok, Tibério
e eu, o próprio Flávio havia dito que não estava satisfeito com o resultado da
gravação original e que queria regravá-la. Prontamente concordamos e ajudamos
na produção e gravação desta faixa e mais 2.
2112. A música 'Profecia' também tem todo
uma história por traz da sua gravação, não é?
Tibério. 'Profecia' era para fechar o
álbum 'A Ferro e Fogo'. No meio da música a fita acabou e ela ficou de fora. Mais
de 25 anos depois, gravamos está música para o documentário Brasil Heavy Metal
com os integrantes da primeira formação. No começo de 2014, encontrei por acaso
com Hélcio Aguirra, e ele me perguntou se já havíamos colocado 'Profecia' no
repertório do Harppia. Respondi que não, pois não queria encrenca com o antigo
vocalista. Hélcio disse categoricamente que a música era dele e que ele não
iria tocá-lá com nenhuma das bandas dele e que deveríamos incluí-la no
repertório. No dia seguinte recebemos a triste notícia de seu falecimento. Esta
música gravamos ao vivo no extinto Pirilampus em Sorocaba SP e resolvemos
incluir em homenagem a Hélcio.
2112. Aya, como você cria seus riffs?
Aya: Eu procuro colocar em cada música o
máximo da minha técnica com o máximo da minha criação.
2112. Já aconteceu de você estar sem a
guitarra e pintar aquele riff e não ter como registrar as notas na hora? O que
você faz nesses momentos?
Aya: Pego um papel e caneta e escrevo ou
solfejo no celular.
2112. Quais guitarristas mais influenciavam
o seu modo de tocar?
Aya: Todos os guitarristas com pegada
agressiva, pesada, porém muito musical como Leslie West (Mountain), Rick
Medlock (Blackfoot), Jimi Hendrix, Gary Moore, Johny Winter, Jimmy Page, Tommy
Bolin, Rory Gallagher, Tony Iommi, Blackmore, Randy Rhoads, Jack E. Lee, Steve
vai, Dimmebag, Miki Igarashi (Show-Ya), Lita Ford.
2112. Qual o seu álbum de cabeceira?
AYA: Outterlimits (Show-ya)
2112. E você Tibério, quais são seus ídolos?
Tibério. John Bonham(Led Zeppelin), Keith
Moon(The Who), Mel Taylor (The Venture), Don Brewer (Grandfunk Railroad).
2112. Mas voltando a banda quais são os
projetos para esse ano?
Tiberio: O mesmo de todas as bandas:
Fazer um disco novo e fazer muitos shows.
2112. Falando em novidades, vocês são uma das
poucas bandas de metal brasileiro que ainda não tem registro de seus shows. Os
fãs cobram isso?
Tibério. Como não temos registros? Os
shows ao vivo na Internet não contam? Temos vídeos completos dos shows no
YouTube. Devemos ser a banda de metal que mais tem vídeos ao vivo no YouTube.
2112. Desculpe, me expressei mal. Eu quis
dizer em cd entendeu?
Tibério. Em CD não. Mas pretendemos.
2112. Que tal um cd acompanhado de um dvd
para cobrir essa lacuna?
Tibério. É o que pretende esta gravadora
com o qual estamos assinando.
2112. Entre os álbuns gravado pela Harppia
qual você destacaria como sendo especial e porquê?
Tibério. Harppia's Flight, por não ser
reconhecido pela maioria dos brasileiros. Adorei fazer este álbum pois não tínhamos
obrigações musicais com ninguém, apenas por nós mesmos e as músicas saíram de
forma natural. E o último 3.6.9. H.A.A.R.P. Por ter o prazer ter feito junto
com a minha companheira de banda e na vida.
2112. Uma curiosidade final: conheci a
Harppia através de um single da Revista Bizz com trechos de várias músicas e
entre elas estava Salém. Comprei o EP e virei fã de carteirinha...
Tibério. Você não é a primeira pessoa a
dizer isso. Muitos conheceram no Harppia da mesma maneira e outros através dos
shows durante estes 37 anos.
2112. ... o microfone é de vocês!
quarta-feira, 22 de maio de 2019
Entrevista Stereo51
Tenho o blues como minha fonte
musical predileta e é sempre um grande prazer entrevistar bandas brasileiras do
estilo. A Stereo51 além de trabalhar com material autoral homenageia grandes
nomes do blues, rock e soul o que torna seus shows sempre uma grande celebração
do rock’n’roll. Leia e depois assista aos vídeos no YouTube.
2112. Ao longo dos anos o sul tem sido
uma fábrica de bandas incríveis, realmente fodas. E no meio desse turbilhão
sonoro surge a Stereo51. Como foi o começo de vocês?
Anderson. Cada membro veio de trabalhos distintos e igualmente de estilos musicais. Eu entrei na Stereo51 tendo um histórico com minha última banda autoral, a Pandorah, e transferi idéias e composições para a Stereo, o Marcos é um Bluesman nato, a maioria dos projetos que ele participou são voltados para este estilo, a partir disso deixamos a vaga da "cozinha" aberta, eis que ingressaram na empreitada conosco o baterista Luciano Cezimbra e Fábio Pimentel, ambos com boa bagagem nas "tours" noturnas do Estado.
2112. Quando foi que vocês ouviram blues pela primeira vez?
Anderson. Achei o blues ouvindo bandas que seriam menos prováveis que me levassem a ele, me refiro ao verdadeiro Blues, no caso Mutantes, Led Zeppelin e Free. As referências ricas em informações do Blues de raiz nestas três bandas são impressionantes.
Marcos. Desde sempre escutei blues, foi
minha primeira escola.
2112. Um músico me disse certa vez que ninguém aprende a tocar blues pois o verdadeiro bluesman já nasce com ele marcado na alma. Isso é real?
2112. Um músico me disse certa vez que ninguém aprende a tocar blues pois o verdadeiro bluesman já nasce com ele marcado na alma. Isso é real?
Anderson. concordo, em partes...Pois sim, tem que se nascer com o dom voltado para este tipo de música, porém, a criação da música contemporânea, o rock por exemplo, teve sua passagem pelo Blues, e se emancipou, deixando o Blues no lugar, imaculado.
Eu acredito que muitas coisas na nossa vida podem se transformar em
Blues, pois ele se traduz no máximo da alegria, da dor, da emoção...Se você
está vivendo aberto a conhecer a vida sem se privar com as coisas ao redor,
você está vivendo o Blues.
2112. A nossa cena blues não é tão
festejada como deveria mas é uma das mais bacanas e férteis do rock brasileiro.
Como é a cena aí no sul?
Anderson. Para o Blues, promissora, mas ainda muito "Blues de filme de sessão da tarde" . Para o Rock, falta alguma novidade, que não apegue em fazer questão de mostrar "somos maus"...
Fora a unidade dos música que não existe, é o que faz com que outros
estilos ganhem tanta notoriedade, nascendo um empresário todo dia querendo
contratar qualquer estilo, menos Rock e Blues.
2112. Que bandas ou músicos vocês destacariam com um trabalho interessante?
Anderson. Felipe Cato, pela voz maravilhosa, Carro Bomba de São Paulo, por um trabalho interessantíssimo por conseguirem o peso de bandas gringas cantando em português.
2112. Quem são as influências da Stereo51?
Anderson. Secos e Molhados, Mutantes, Casa das Máquinas, Celso Bues Boy, Elis Regina, Led Zeppelin.
2112. Em quase três anos de blog poucas foram as bandas que assumiram publicamente como vocês bandas brasileiras como influências. Parabéns!!
Anderson. Fico feliz em saber disso, pois a banda se orgulha de ter um histórico musical tão rico que temos neste País, não fizemos nada demais além de deixar a preguiça de lado e buscar a fonte de pesquisa aqui no Brasil e transformar isso em forma de um produto novo para os ouvidos das pessoas!
2112. Nossos músicos se adaptam aos
mais variados estilos e a partir daí criam um som todo próprio. Como vocês
definem o som da Stereo51?
Anderson. Basicamente desta forma mesmo, os 4 integrantes da Stereo51 vêm de vertentes muito distintas, e isso torna nossa sonoridade tão rica que nos orgulha muito.
2112. Estamos em meio a uma crise que tem afetado os mais variados setores da economia brasileira. Com isso falta apoio, lugares para tocar, patrocínios... O que vocês tem a dizer sobre isso?
Anderson. A Stereo51 não levanta bandeira de nenhuma ideologia política, o público nunca irá esperar uma música nestes moldes. Não acho que falta patrocínio, falta organização da cena, que foi perdendo a credibilidade e respeito com o passar dos anos, por isso foram perdendo espaço, artistas se prostituem por poucos minutos de fama na tv ou rádio, justamente para não darem espaço para o colega do lado, esse é apenas um exemplo que afeta o espaço dos músicos e artistas, o monopólio que alguns detém. Queremos oferecer música para divertir o povo, momentos de escapismo e também de boas vibrações, que sintam bem ao sair do local onde nos apresentamos para elas, a vida já é dura demais pra se subir num palco e disseminar negatividades aos quatro ventos em um microfone.
2112. Outro problema sério são bandas que tocam por conta de bebidas, lanches... Isso de uma certa maneira desmoraliza e minimaliza o ofício de vocês, não é?
Anderson. Desmoraliza, e desvaloriza, é o
que falei acima...este exemplos que você citou, são praticados ou por pessoas
que não vivem e não precisam do dinheiro daquele show que tem um "Morte
lenta+guaraná" como cachê, ou por pura falta de noção do que está fazendo,
ou ainda pelo dono da casa que consegue destruir a moralidade dizendo
"toquem aí pra mostrar o trabalho de você" parece meme de rede
social, mas ainda é muito comum este discurso.
2112. Bandas de blues tem o
"velho hábito" de compor material a partir de jams. Com a Stereo51
também funciona assim? Todos contribuem na banda?
Anderson. Sim! as músicas nascem através de pequenos trechos que alguém traz, ou de longos períodos de ensaios, quando eu tenho uma idéia tenho o costume de trazer o que está na minha cabeça com os elementos da música, daí cada um faz sua assinatura nelas.
2112. O que levou vocês a optarem por compor/cantar em português? Eu sou totalmente a favor mas essa decisão de uma certa maneira "inibe" o lançamento do trabalho no exterior, não é?
Anderson. O trabalho no exterior é uma
consequência, mas de qualquer forma eu estou gravando minhas vozes em 3
idiomas, Português, inglês e espanhol, pois mesmo acreditando no mercado
Nacional, é um opção para os outros mercados.
2112. Vocês já lançaram algum álbum?
Se sim, fale um pouco sobre o seu processo de composição, escolha do
repertório, pré-produção...
Anderson. Temos uma demo, que na sequência vai se transformar em um álbum completo.
Anderson. Temos uma demo, que na sequência vai se transformar em um álbum completo.
2112. Deixa um e-mail ou um telefone
para quem quiser comprar.
Anderson - bandastereo51@gmail.com ou (51) 991612316
Anderson - bandastereo51@gmail.com ou (51) 991612316
2112. Quais os projetos de vocês para este ano?
Anderson. Este ano projetamos finalizar o disco completo, e participar de festivais em Santa Catarina, e divulgar melhor a banda nas plataformas.
2112. ... o microfone é de vocês!
Anderson. Olá! Queremos agradecer à você
por comprar conosco a idéia de que ainda se pode ter influências de estilos
variados como Blues, Rock, e música brasileira todas no mesmo caldeirão sonoro,
pois esta é a Stereo51! Conheça no link abaixo nosso trabalho
chamado "Lugar Novo" que está por vir! https://www.youtube.com/watch?v=Tfspno3OWfA. Paz, amor e música!
Fotos: Arquivo pessoal da banda (Facebook).
Próxima entrevista: Harppia, 29/05
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