Eu
tenho muito orgulho do rock produzido em nossas terras e ainda mais quando pego
para ouvir um trabalho do nível de Instrospecção. Não há como não conter um
sorriso nos lábios e ter a certeza que nossos músicos e bandas estão entre os
melhores do mundo. E é com muito orgulho que apresento esta entrevista para
vocês...
2112.
Musicalmente o país está atravessando uma das suas piores fases musicais... Mas
quando ouvimos trabalho como o seu vemos que ainda existe luz no final do
túnel. Parabéns pelo trabalho!
Luiz
Zamith. Prezado Carlos Antonio Dinunci muito obrigado. Fico feliz
que tenha gostado, afinal é este feedback que motiva a mim, e creio que a todos
que ainda persistem em produzir trabalhos autorais.
2112. A música instrumental sempre teve um público menor se comparado aos outros estilos. Na sua opinião o que falta para ela atingir um público maior?
2112. A música instrumental sempre teve um público menor se comparado aos outros estilos. Na sua opinião o que falta para ela atingir um público maior?
Luiz
Zamith. Culturalmente as pessoas tem mais facilidade em aceitar a música
com letra, que normalmente é mais facilmente assimilada que a música. Devido a
uma precaríssima formação musical em nosso pais, infelizmente poucas pessoas
tem a oportunidade de aprender algum instrumento e poucas tem a oportunidade de
acessar diferentes formas de música instrumental. Infelizmente a mídia aberta
oferece pouquíssimas oportunidades também, e tudo isto dificulta a formação de
um público maior. Acho que se estas oportunidades se ampliarem, naturalmente o
público vai aumentando. No passado tínhamos algumas iniciativas neste sentido,
como por exemplo o Projeto Aquarius, infelizmente hoje em dia quase nada existe
neste sentido.
2112. Não podemos deixar de mencionar a fidelidade do fã de prog rock que sempre apoiou o movimento mesmo quando todos diziam que o gênero estava morto entre outras bobagens.
2112. Não podemos deixar de mencionar a fidelidade do fã de prog rock que sempre apoiou o movimento mesmo quando todos diziam que o gênero estava morto entre outras bobagens.
Luiz
Zamith. Sem dúvida esta fidelidade é impressionante e fundamental
para manter acessa esta chama. O progressivo é atemporal, podemos ouvir e nos
encantar facilmente com músicas compostas a mais de 40 anos, aliás, se a música
tem qualidade ela nos cativa mesmo tendo sido composta a séculos.
2112. Até
chegar em a "Introspecção" com certeza você trilhou um longo caminho.
Conte um pouco da sua história e de sua formação musical.
Luiz
Zamith. Eu tive o privilégio de nascer numa família onde a
música sempre esteve presente. Meus avós maternos adoravam música, eram
cantores amadores de música lírica e incentivaram seus quatro filhos a estudar
algum instrumento. Meu pai é pianista amador e apaixonado por música erudita.
Minha mãe tocou piano e participou de corais. Meu padrinho, a quem dedico
Introspecção, foi violoncelista profissional e um excelente pianista. Enfim,
cresci num ambiente altamente favorável. Ainda bem jovem estudei um pouco de
piano, mas desisti. Em 1975 conheci o progressivo ao assistir um show de Rick
Wakeman no Maracanãzinho, no Rio de Janeiro, e a partir daí comecei a buscar
discos de diferentes bandas dentro do estilo, indo muito na carona de minha
irmã mais velha que já curtia diferentes estilos do rock. Mas o divisor de
águas foi o show do Genesis em 1977, também no Maracanãzinho. A partir dali
decidi que ia querer aprender a tocar guitarra no estilo daquele tal de Steve
Hackett. E foi realmente uma caminhada bem longa, que passou pelo violão
erudito, na verdade me formei até como bacharel em violão pela Universidade
Federal do Rio de Janeiro, por várias bandas como guitarrista, até finalmente
achar que era o momento de começar a desenvolver um projeto autoral.
2112.
Antes da Vitral que outras bandas você participou?
Luiz
Zamith. Contrabando, Atitude Incomum, outras que nem chegaram a ter
nome rs rs rs e desde 2015 participo do grupo Ícones do Progressivo, que se
propõe a tocar releituras instrumentais de músicas emblemáticas das bancas
icônicas dos 70.
2112. Você deixou a Vitral para seguir carreira solo mas continua ligado a banda fazendo participação em seus shows assim como os membros da banda participam do seus. Isso é algo muito raro no meio, não é?
2112. Você deixou a Vitral para seguir carreira solo mas continua ligado a banda fazendo participação em seus shows assim como os membros da banda participam do seus. Isso é algo muito raro no meio, não é?
Luiz
Zamith. Na verdade não foi bem assim. Comecei a desenvolver meu
trabalho autoral em 1991. De 1993 a 2011, houve um grande lapso, onde fiquei
totalmente afastado do meio musical. Em 2011 ensaiei uma tímida volta com um
show na UERJ, mas só retomei minha atividade musical mais frequente em 2014,
com a criação do Ícones do Progressivo, junto com Roberto Ovalle, Paulo Teles,
Elcio Cáfaro e Paulo Menezes. Em 2016 senti que era a hora de retomar de corpo
e alma meu projeto autoral e dai reformulei a banda agora com Paulo Teles na
flauta, Elcio Cáfaro na bateria, Ronaldo Rodrigues nos teclados e inicialmente
Ronaldo Diamante e depois Augusto Mattoso no baixo. A partir destes shows com o
Ícones e com a minha banda passei a ser mais conhecido pelos músicos do
progressivo e em 2017 fui convidado pelo Eduardo Aguillar para fazer parte da
recriação do Vitral e gravar o CD Entre as Estrelas. Foi um período muito
gratificante. As composições do Eduardo Aguillar são sensacionais e considero
que tanto o CD como os quatro shows que fizemos foram muito importantes para
mim, pois exercitei meu lado de arranjador e de interprete, e sem dúvida curti
muito aqueles breves momentos. Infelizmente por algumas divergências na
condução do projeto deixei o Vitral em abril de 2018 e a partir daí foquei em
finalizar Introspecção.
Luiz
Zamith. Sem dúvida nenhuma os arranjos. É claro que é fundamental o
talento e virtuosismo dos músicos numa banda de progressivo, bem como de outro
estilo qualquer que desenvolva os três pilares cruciais da arte musical que é a
melodia, a harmonia e o ritmo. Mas o que me atrai mesmo é a qualidade e
requinte dos arranjos. Acho simplesmente transcendental a experiência de você
ouvir inúmeras vezes uma mesma composição e continuar ouvindo coisas novas que
te permitem experiências inéditas. Neste ponto algumas bandas são insuperáveis,
e na época áurea do progressivo estas bandas fizeram a diferença e são
reconhecidas e admiradas até hoje.
2112.
Hoje com o advento das plataformas digitais temos visto vários selos e
gravadoras fechando suas portas. Como vocês "bandas e músicos" estão
se ajustando a esses novos tempos?
Luiz
Zamith. Esta questão é muito complexa. Na época das grandes
gravadoras era difícil ter um contrato e boa parte dos lucros de uma banda que
fazia sucesso ficavam com as gravadoras. Hoje existe uma facilidade maior para
divulgar pelas plataformas digitais, mas devido à quantidade de informação
infinita, é muito difícil ser notado. Sinceramente não sei como este ajuste
pode acontecer. Noto alguma “preguiça” das pessoas em conhecer algo novo, e de
certa forma uma dificuldade em entender o que o processo de produção e
manutenção de um trabalho autoral envolve. Enfim, os novos tempos são difíceis,
assim como no passado também existiam dificuldades.
2112. De uma certa maneira vocês músicos vivem se ajustando, não é?
2112. De uma certa maneira vocês músicos vivem se ajustando, não é?
Luiz
Zamith. Sim, e no meu caso este ajuste veio muito cedo, quando
decidi que não seria músico profissional e optaria por trabalhar a minha música
de uma forma bem independente e que me deixasse feliz com o resultado.
2112.
Para um músico que leva o seu ofício à serio o que mais dificulta viver da
música hoje no Brasil?
Luiz
Zamith. Como optei por não escolher a música como profissão não me
sinto capacitado para responder a esta pergunta. Com 16 anos escolhi ser
biólogo, fui professor de segundo grau e biólogo da Prefeitura do Rio de
Janeiro. Há 10 anos sou professor e pesquisador da Universidade Federal
Fluminense, tendo como linha de pesquisa a Restauração de Restingas Degradadas.
Felizmente desde 2015 estou conseguindo, com muito esforço pessoal, conciliar a
vida musical com minhas atividades acadêmicas e particulares. Mas não penso na
música como forma de ganhar dinheiro, se pensasse já tinha parado de fazer
música a muito tempo rs rs rs.
2112.
Voltando o foco para o álbum Introspecção, como foi o processo de composição,
pré-produção e gravação?
Luiz Zamith. Algumas faixas foram compostas no final dos anos 80 e início dos 90. Com o tempo e com as performances nos shows os arranjos foram amadurecendo. E com o incentivo de amigos para a gravação do CD, finalmente achei que era o momento certo de pensar no meu primeiro CD autoral. A banda estava muito entrosada e resolvi gravar o show que fizemos em julho de 2016 no Teatro Solar de Botafogo. Foram necessários quase dois anos para trabalhar este material sob a coordenação de Daniel Escobar, técnico do HR Estúdio na época, que captou, mixou e masterizou o CD. Essência e Introspecção foram as últimas a entrarem no CD, tendo sido gravadas em estúdio, assim como Trem de Cão, que é a única faixa do CD que tem letra, escrita por minha grande amiga e cantora Masé Santanna, que teve participação especial cantando nesta faixa. Estes dois anos foram muito difíceis, pois além da dificuldade de conciliar tempo com as demais atividades, toda a produção foi feita por mim, contando com a inestimável parceria dos músicos envolvidos e outros atores fundamentais como Claudio Dantas, incrível baterista do Quaterna Requiem e do Vitral, que também é um fantástico artista plástico, que gentilmente cedeu sua pintura Ripples para a capa do CD e Gustavo Paiva da Masque Records que me ajudou na parte gráfica, contratando o incrível Gustavo Sazes que fez com que a arte visual do CD ficasse muito bonita. Mas confesso que em alguns momentos o folego fugiu e quase que o projeto do CD foi abortado......
2112. Quanto tempo vocês gastaram em estúdio?
Luiz Zamith. Algumas faixas foram compostas no final dos anos 80 e início dos 90. Com o tempo e com as performances nos shows os arranjos foram amadurecendo. E com o incentivo de amigos para a gravação do CD, finalmente achei que era o momento certo de pensar no meu primeiro CD autoral. A banda estava muito entrosada e resolvi gravar o show que fizemos em julho de 2016 no Teatro Solar de Botafogo. Foram necessários quase dois anos para trabalhar este material sob a coordenação de Daniel Escobar, técnico do HR Estúdio na época, que captou, mixou e masterizou o CD. Essência e Introspecção foram as últimas a entrarem no CD, tendo sido gravadas em estúdio, assim como Trem de Cão, que é a única faixa do CD que tem letra, escrita por minha grande amiga e cantora Masé Santanna, que teve participação especial cantando nesta faixa. Estes dois anos foram muito difíceis, pois além da dificuldade de conciliar tempo com as demais atividades, toda a produção foi feita por mim, contando com a inestimável parceria dos músicos envolvidos e outros atores fundamentais como Claudio Dantas, incrível baterista do Quaterna Requiem e do Vitral, que também é um fantástico artista plástico, que gentilmente cedeu sua pintura Ripples para a capa do CD e Gustavo Paiva da Masque Records que me ajudou na parte gráfica, contratando o incrível Gustavo Sazes que fez com que a arte visual do CD ficasse muito bonita. Mas confesso que em alguns momentos o folego fugiu e quase que o projeto do CD foi abortado......
2112. Quanto tempo vocês gastaram em estúdio?
Luiz
Zamith. É difícil lembrar agora mas como boa parte do material, para
ser preciso seis das nove faixas foram captadas do show de 2016, isto poupou
muito tempo de estúdio. Mas depois tivemos alguns overdubs, a gravação das três
faixas de estúdio e mixagem e masterização que demoraram algum tempo a mais.
Mas entre o show e o CD pronto foram dois longos e teimosos anos.
2112. Você foi quem compôs todas as músicas do álbum?
Luiz Zamith. Sim, e Trem de Cão tem a letra de Masé Santanna.
2112. Você foi quem compôs todas as músicas do álbum?
Luiz Zamith. Sim, e Trem de Cão tem a letra de Masé Santanna.
2112. O
artista tem uma visão toda particular sua obra, desde a sua concepção, de como
ela deve ser arranjada, tocada e produzida. Para você como é dividir todo esse
processo criativo com outras pessoas no estúdio?
Luiz
Zamith. Acho que sou um pouco complicado com isto, por isto sinto que
funciono melhor como artista solo do que como membro de um grupo rs rs rs.
Realmente até colocar uma música para ser tocada pelo grupo trabalho muito na
concepção do arranjo, que para mim é o fundamental. Mas quando a banda começa a
tocar fico aberto para receber contribuições e sugestões dos músicos.
“Essência” é um bom exemplo disto, a música veio bem crua para os primeiros
ensaios e sofreu importantes contribuições dos músicos que a valorizaram
demais. Considero uma das minhas faixas preferidas do CD. Mas tenho que
destacar a excelência destes músicos que fazem parte da banda. Todos tem grande
contribuição para o resultado final.
2112.
Mesmo com todo o zelo do criador a sua obra sempre ganha influências externas.
Até que ponto Introspecção sofreu com essas influências?
Luiz
Zamith. As Influencias são inevitáveis e valiosas. As mais evidentes
são da música erudita, especialmente Bach, Debussy e Villa Lobos, das bandas
icônicas do rock progressivo da década de 70, Genesis, Yes, Focus, alguma influência
do Jazz e também da música brasileira, claro, especialmente da turma de Minas
Geraes e suas harmonias sofisticadíssimas. Alguns apreciadores notam este
caldeirão de influencias e fico bem contente com isto.
2112. O resultado final ficou próximo do que você pretendia?
2112. O resultado final ficou próximo do que você pretendia?
Luiz
Zamith. Fiquei muito satisfeito com o resultado do CD. O trabalho
vinha amadurecendo há muito tempo mas considero que a partir de 2016 quando
fizemos o show captado para a maior parte de Introspecção atingimos um alto
nível musical, que vem se aperfeiçoando a cada dia.
2112. Já
li diversos relatos de músicos que para gravar sempre buscam os amigos mais
próximos ou músicos que admira para participar das gravações. Você agiu também
dessa forma?
Luiz Zamith. Sim. Acho que Introspecção só aconteceu porque juntei as pessoas certas na hora certa. Augusto Mattoso e Paulo Teles já eram meus amigos de longa data. Tocamos juntos na década de 90. Conheci o Elcio em 2014 através do Ícones do Progressivo e Ronaldo juntou-se ao grupo em 2016. Além de ótimos músicos são figuras humanas sensacionais e isto contribuiu demais para que o trabalho fluísse.
Luiz Zamith. Sim. Acho que Introspecção só aconteceu porque juntei as pessoas certas na hora certa. Augusto Mattoso e Paulo Teles já eram meus amigos de longa data. Tocamos juntos na década de 90. Conheci o Elcio em 2014 através do Ícones do Progressivo e Ronaldo juntou-se ao grupo em 2016. Além de ótimos músicos são figuras humanas sensacionais e isto contribuiu demais para que o trabalho fluísse.
2112. De
uma certa maneira esses laços de amizade dão mais segurança na hora de gravar,
não é?
Luiz
Zamith. Sempre é melhor estar cercado de amigos e sendo músicos
super competentes e criativos então, sucesso garantido.
2112. O álbum está tendo uma ótima aceitação no mercado interno e externo onde recebeu ótimas críticas. E o shows?
2112. O álbum está tendo uma ótima aceitação no mercado interno e externo onde recebeu ótimas críticas. E o shows?
Luiz
Zamith. Realmente as críticas têm sido muito boas. Infelizmente não
conto com um forte esquema de divulgação, já que todo trabalho é independente,
mas vamos tentando avançar aos poucos. Produzir shows atualmente é bem
complicado e custoso. Para que o nosso som funcione precisamos de bons equipamentos
e uma boa estrutura, e isto custa bem caro. Os espaços estão muito restritos e
sem patrocínio e contando apenas com a bilheteria, ficamos sempre muito
vulneráveis a ter prejuízo. Então não tenho condição de agendar muitos shows.
Vou fazendo um aqui e outro ali para manter o trabalho em evidencia. Adoraria
poder contar com uma estrutura melhor, alguém trabalhando ao meu lado, mas no
momento isto não tem sido possível, então vamos seguindo em velocidade de
cruzeiro, aguardando oportunidades. Dia 5 de junho teremos o show oficial de
lançamento de Introspecção no Centro Cultural Justiça Federal, no centro do Rio
de Janeiro. Aproveito para convidar a todos os leitores para participar desta
nossa festa. Introspecção será apresentado na integra, junto com algumas
releituras instrumentais de obras emblemáticas de algumas das minhas referências.
Neste show todas as releituras serão inéditas.
2112. O progressivo tem um público grande no interior mas
que não tem acesso a shows. O que mais dificulta para vocês sair dos grandes
centros e levar os shows para lugares mais distantes?
Luiz
Zamith. Até hoje só tive a oportunidade de apresentar este meu
trabalho solo no Rio de Janeiro. Adoraria poder tocar em outras cidades, mas
como disse, existem custos que precisam ser viabilizados. Então precisamos de
apoio para isto. Estou totalmente aberto a convites destas cidades.
2112.
Ainda não tive a chance de assistir a um dos seus shows mas soube que você
sempre inclue nas set list releituras de clássicos do prog. Como é feita a
seleção desse material? O que você leva mais em conta?
Luiz
Zamith. O critério é escolher músicas que me agradam e que possam
funcionar bem dentro de uma leitura instrumental. Acho que tem funcionado bem e
tem sido um ponto importante do nosso show.
2112.
Vocês respeitam os arranjos originais ou sempre acrescentam algo a mais para que
não soem como meras covers...
Luiz Zamith. Acho que buscamos um equilíbrio entre a nossa concepção, adaptando os arranjos para a nossa formação sem descaracterizar a obra original.
Luiz Zamith. Acho que buscamos um equilíbrio entre a nossa concepção, adaptando os arranjos para a nossa formação sem descaracterizar a obra original.
2112. Não
podemos deixar de mencionar o belíssimo trabalho gráfico. A capa com a pintura
do Cláudio Dantas ficou em perfeita sincronia com a proposta do álbum. Muito
bacana!
Luiz
Zamith. Esta capa realmente foi um presente muito especial. Como
mencionei acima, foi uma bela coincidência que o Claudio Dantas tenha se
inspirado em Ripples, belíssima canção do álbum A Trick of the Tail do Genesis,
certamente o grupo que mais me influencia até hoje. Como sou biólogo e trabalho
com restauração de florestas de restinga inundáveis, a imagem de uma arvore
bucolicamente florida num ambiente inundado encaixou fortemente no conceito de
Introspecção. Além desta belíssima capa, considero que o projeto gráfico de
Gustavo Sazes, desde a escolha das cores e tipos até a montagem dos elementos
gráficos funcionou muito bem com o conceito de Introspecção.
2112. Você já tem projeto para a gravação de um novo
álbum?
Luiz Zamith. Sim. Mas será um projeto a longo prazo. Pretendo dar um tempo para Introspecção ser degustado pelo público.
2112. O que mais te influência na hora de compor uma música?
Luiz Zamith. Depende. Posso partir de uma ideia rítmica como foi em Cantiga, de um tema melódico como foi em Balada ou Essência, de um conceito como Alguém ainda se lembra das Antas? Às vezes as ideias fluem rápido, na maior parte elas vem em etapas e vão sendo lapidadas aos poucos. Sou muito intuitivo para compor, não sigo regras teóricas. Conforme as ideias aparecem elas vão sendo testadas. Se soar bem permanecem, caso contrário vão sendo substituídas até que o resultado final me agrade. Sou muito crítico com as minhas composições, por isto elas surgem bem lentamente.
Luiz Zamith. Sim. Mas será um projeto a longo prazo. Pretendo dar um tempo para Introspecção ser degustado pelo público.
2112. O que mais te influência na hora de compor uma música?
Luiz Zamith. Depende. Posso partir de uma ideia rítmica como foi em Cantiga, de um tema melódico como foi em Balada ou Essência, de um conceito como Alguém ainda se lembra das Antas? Às vezes as ideias fluem rápido, na maior parte elas vem em etapas e vão sendo lapidadas aos poucos. Sou muito intuitivo para compor, não sigo regras teóricas. Conforme as ideias aparecem elas vão sendo testadas. Se soar bem permanecem, caso contrário vão sendo substituídas até que o resultado final me agrade. Sou muito crítico com as minhas composições, por isto elas surgem bem lentamente.
2112.
Você gosta de testar as músicas novas nos shows ou prefere registrar primeiro
em estúdio para que depois os fãs tenham acesso?
Luiz Zamith. Como a oportunidade de gravar é rara, as músicas sempre aparecem primeiro nos shows, e vão amadurecendo e se transformando entre as performances.
Luiz Zamith. Como a oportunidade de gravar é rara, as músicas sempre aparecem primeiro nos shows, e vão amadurecendo e se transformando entre as performances.
2112.
Qual conselho você daria para quem está começando hoje a trilhar o caminho da
música?
Luiz
Zamith. Independente do estilo que deseje tocar, faça com paixão. Só
entendo a música desta forma. Para mim a música é um estado de espirito,
comparável a uma religião, e deve passar boas vibrações para as pessoas e para
o universo. Pode ser lenta ou rápida, com muitos ou poucos elementos, triste ou
alegre, mas sempre tem que envolver boas vibrações.
2112.
Você tem projetos de tocar no exterior?
Luiz
Zamith. Adoraria. Mas preciso de parceiros para viabilizar isto.
2112. ... o microfone é seu!
2112. ... o microfone é seu!
Luiz
Zamith. Gostaria de te agradecer pela oportunidade de estar aqui
falando de meu trabalho solo. Admiro muito pessoas como você que doam o seu
tempo para divulgar trabalhos autorais. Tenho acompanhado as suas postagens e
vejo o esforço que você faz neste sentido. Realmente dentro deste cenário
caótico que estamos vivendo, onde as manifestações culturais são menosprezadas
pela grande mídia, dependemos muito de canais alternativos de divulgação. Seu
trabalho neste sentido é louvável. E da minha parte continuarei buscando
espaços para divulgar minha música sempre que possível. Se encontro
receptividade de pessoas que vão aos shows e compram o CD já tenho o estimulo
que preciso.
Próxima entrevista: Stereo51, dia 22
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