O rock brasileiro é formado por um
naipe de bandas maravilhosas... mas que precisam fazer um milagre por dia para
se manterem vivas já que a mídia e uma grande parcela da população estão preocupados
apenas com a mediocridade musical. Mas Kim Kehl e sua banda Kurandeiros lutam
para manter vivo o espírito do verdadeiro rock’n’roll. Os quatro álbuns e um EP
gravados pela banda é a garantia dessa verdade!!
2112. Podemos começar falando um
pouco sobre a Lírio de Vidro sua primeira banda?
Kim Kehl. O
"Lírio de Vidro" não foi minha primeira banda, teve um longo caminho
até lá. Nasci em 1958, passei a infância ao som da Beatlemania, Festivais da
Record e música clássica, então sempre foi um lance muito forte a música. Tamborilei
piano, percussão e violão até uns 12 anos, até surgir um interesse mais sério. Daí
foram as aulas de música, bandas de garagem e festivais de escola até chegar a
guitarrista base na banda "Pecado Mortal", com o amigo de colégio
Cassio Poletto, hoje consagrado guitarrista, violinista e produtor musical, e
ainda um grande amigo.
Em
1976, conheci o baterista Ricardo 'índio´Cardoso em uma jam e depois de tocar
um monte juntos, durante alguns meses, decidimos começar uma banda. Nossa
junção era explosiva, estridente & barulhenta, e com a chegada do baixo de
Luiz 'frajola' Marcello e a guitarra de Raul 'zica' Mueller, no ano seguinte,
virou uma verdadeira massa sonora. Ensaiávamos na garagem da casa da minha avó
paterna, e logo começamos à atrair a atenção da pessoas, já que podia se ouvir
a banda tocando à 2 quarteirões de distância. rsrs
O
'Lírio de Vidro' fez algumas apresentações privadas e aos poucos fomos indo pra
rua, até começar a abrir shows para a 'Patrulha do Espaço' e a participar do
festival intinerante 'Rock & Jeans', produzido pelos rockers Oswaldo
Vecchionne, da 'Made in Brazil' e Luiz Carlini, da 'Tutti Frutti'.
Em 1978
tivemos uma mudança na formação com a entrada no baixo de Orlando 'netão' Neto
e do guitarrista Paulo 'pirata' de morais. Seguimos tocando até o ano seguinte,
e essa era a cena que existia na época, um tanto precária e amadora, mas com um
público muito fiel e presente, entusiasmado.
2112. Ouvi Mar Metálico e posso
afirmar que vocês faziam um som bem pesado para a época...
Kim Kehl. Como
te disse, nossa mistura era explosiva, criávamos uma quantidade enorme de
energia apenas com uma guitarra e a bateria, e quando juntamos o baixo e uma 2a
guitarra, virou um paredão sonoro. A 1a fase é o período clássico, quando ensaiávamos
bastante e compusemos a maior parte das músicas. Com a 2a formação, passamos a
maior parte do tempo na estrada.
2112. O que você ouvia?
Kim Kehl. Como
te disse, minha formação era Beatles, Stones num segundo momento e à partir do
início dos anos 70, tudo o que hoje chamamos de 'Classic Rock', já que não
existia o termo 'Heavy Metal'. É lógico que sempre temos algumas bandas
preferidas, mas nessa época, ouvia se tudo que havia para ouvir sob o nome
'Rock': Blues Rock, Hard Rock, Prog Rock, Jazz Rock, aí por diante... tudo
mesmo. Foi a era de ouro da música!
2112. Outra coisa que achei
bacana é que você já trabalhava com material autoral o que era um ponto a
favor, não é?
Kim Kehl. Bem,
já contei isso antes, as pessoas acham difícil acreditar, mas não tinha essa de
'tocar cover'. Quando houve o primeiro ensaio, tudo montado, nos olhamos e veio
a pergunta: 'o que vamos tocar?' ...aí, é claro, e já tinha alguns 'vamps' e
'riffs' na manga, e comecei compondo 'na hora' o que veio à ser nosso
repertório conhecido. Parece uma pretensão incrível, hoje reconheço, mas o que
queríamos era ser uma banda autoral de rock brasileiro, como Os Mutantes, O
Terço e outros gigantes que habitavam a terra. Depois começamos à acrescentar,
aos poucos, algumas músicas de outros artistas.
2112. Você poderia falar um pouco
sobre as gravações de Mar Metálico?
Kim Kehl. Gravávamos
todos os nossos ensaios, principalmente na 1° fase, com um velho Philips de rolo,
em velocidade 7 1/2 e com apenas 2 microfones, um em cada canal. Posicionávamos
a banda para mixar o som da sala e ... gravando. Eram horas e horas gravações
precárias, só pra que a gente mesmo ouvisse nossa prática, mas algumas ficaram
boas, e fui colecionando essas fitas, que ficaram guardadas por décadas.
2112. Porque esse material levou
tanto tempo para vir à tona?
Kim Kehl. As
fitas ficaram guardadas desde então, até o ano de 2001, quando fui procurado
pelo Ray da Medusa Records, uma loja de raridades em vinil e CDs na Galeria do
Rock, em SP. De alguma maneira, ele sabia da existência das fitas, e propôs
recuperar e lançar o material selecionado em um CD. Não achava que fosse possível, mas ao reouvir
as fitas, depois de tanto tempo, percebi que mesmo com a precariedade da
produção, as músicas apresentavam algum mérito. Após uma transferência digital
minuciosa, e a criação de um trabalho gráfico baseado na arte de nossos
releases originais, o álbum estava pronto. Isso tudo prova a fidelidade do
público rockeiro, que mencionei antes. Em minha carreira, foi sempre muito frequente
ser indagado sobre a banda 'Lírio de Vidro', que se tornou algo 'cult'. A
sobrevivência desse mito sempre me deixou muito surpreso, e grato!
2112. Em Mambo Jambo já com Os
Kurandeiros você regravou Vampiro. Você pretende fazer isso novamente?
Kim Kehl. A
música 'Vampiro' foi composta tendo como inspiração 'Unchain my Heart', do Ray
Charles. É um Blues gótico com pegada latina, se existe tal coisa ... rsrs. Em
1995, apresentei a composição para o Nasi, enquanto escolhíamos o repertório do
2° álbum d'Os 'Irmãos do Blues', 'Os Brutos Também Amam', e ele quis gravá-la. Essa
versão, com metais e uma grande banda foi gravada ao vivo no Festival
Internacional de Blues Nescafé & Blues. A música que dá o título ao álbum,
'Os Brutos Também Amam', também é uma composição minha, e também foi regravada
para o Mambo Jambo, com Os Kurandeiros. O Nasi é um grande cantor e arrasou, é
claro, mas eu queria versões atualizadas e mais rockeiras para o 2° album com
Os Kurandeiros, de músicas que estavam dispersas em vários trabalhos.
2112. Nessa época você tinha um
estúdio de ensaio no fundo da casa de sua vó e reza as lendas que era lá que a
Patrulha do Espaço ensaiava e também realizou a pré-produção do seu primeiro
álbum. Todo mundo ensaia lá?
Kim Kehl. Era apenas
uma sala de ensaio, e não um estúdio formal, como existem tantos hoje em dia,
para alugar. Mas era um bom espaço, e foi bastante útil! Por estarmos próximos
na época, ofereci para que a 'Patrulha do Espaço' lá fizesse os primeiros
ensaios depois da saída do Arnaldo Baptista, preparando um novo trabalho. Foi
memorável! Assisti ali, ao vivo, a criação de vários clássicos da Patrulha, em
companhia de amigos queridos, alguns dos quais já nos deixaram na saudade! Os
Kurandeiros tem tocado ultimamente, algumas dessas músicas, em sentida
homenagem.
2112. Ouvi
dizer que o
Oswaldo ao contratar você e o baterista Índio acelerou o fim da Lírio de Vidro.
Isso é verdade?
Kim Kehl. Não é
bem assim! Quando veio o convite do Oswaldo para integrar o 'Made in Brazil', a
verdade é que o 'Lírio de Vidro' estava em uma sinuca e em evidente esgotamento.
Já conhecia o Oswaldo a anos, grande mestre e querido amigo, e o Made estava em
uma mudança importante também. Eu e o Índio entramos juntos para integrar
a banda de estrada do Made, agora um quarteto, com o Oswaldo assumindo o
vocal. O Índio logo quis sair, e no lugar entrou o Beni, revezando sempre
com o Nelson Pavão e o Franklin Paolillo. Foi uma decisão profissional correta,
não tinha como, e veio um período muito produtivo de trabalho para todos,
muito legal mesmo. O resto é história!
2112. Como foi trabalhar em um
grupo com uma estrutura melhor?
Kim Kehl. A
banda estava bem estruturada, com equipamento, equipe, assessorias e gravadora
(RCA), agenda... Em 80/81/82 tocamos muito, centenas de shows. Participamos
também do timaço de musicos que gravou o LP 'Minha Vida é o Rock and Roll':
Oswaldo, Celso, Tony Babalu, Edu Depose, Juba (antes da Blitz), Wander Taffo,
Manito, Marinho Testoni e muitos outros. Quer dizer, foi uma grande fase, puro
Rock and Roll!
2112. Em quantos discos do Made
você participou?
Kim Kehl. O LP
'Minha Vida é o Rock and Roll' é o ultimo do Made na RCA, depois vem a fase
independente. Participo de vários nos anos 80 e 90. Ultimamente, tenho
participado da Tour 50 Anos, com DVDs e CDs já lançados, material ao vivo de
alta qualidade, muito legal.
2112. O que te levou a sair da banda?
Kim Kehl. É muito
bom ter um bom emprego. rsrs... Mas tem que ter o laboratório onde testamos
tudo, é uma necessidade da natureza do artista. Quero tocar, compor, cantar,
produzir e gravar, e nem sempre temos espaço no 'trabalho'. E, uma banda não é
tão regular como uma repartição pública, existe o desgaste, o risco, a fase
ruim de $... Então é um processo natural da vida por aí.
2112. É verdade que você ganhou
mais dinheiro trabalhando com uma dupla sertaneja que com o próprio rock?
Kim Kehl. Sim, é
verdade! Esse foi o período profissional mais importante pelo qual passei, o
auge da minha carreira como musico acompanhante, o sideman. O convite para
integrar uma dupla de sucesso popular no auge da carreira é irrecusável, e a
experiência que me proporcionou é inestimável. Tive a oportunidade de
participar um fenômeno de sucesso de massa em nosso país, com tudo o que isso
significa. É uma grande responsabilidade, e encontrei nessa trilha muitos
colegas músicos de imenso valor.
2112. O que fez você voltar para
o rock’n’roll?
Kim Kehl. Depois
de 10 anos no universo sertanejo, chegou o momento de voltar para casa. Não que
tivesse jamais abandonado o rock. Gravei o 1° álbum dos Kurandeiros entre
1999/2002, nas brechas de minha agenda de shows com a dupla, e com as condições
financeiras favoráveis que esse trabalho possibilitou. Fiz alguns show de
lançamento também. Pra tocar, a gente sempre acha tempo... rsrs
2112. O Mixto Quente surgiu
depois que você saiu do Made?
Kim Kehl. Isso...
Em 82, junto com o Benny na bateria e o Marcio Milani no baixo, nos reuníamos
para ensaiar músicas e sair tocando. De tudo um pouco: material do 'Lírio de
Vidro', músicas novas e alguns covers, como sempre.
2112. A banda chegou a gravar um
álbum pela Baratos Afins, não é?
Kim
Kehl. Sim. A Baratos Afins procurava uma banda de Rock para gravar e propôs que
nos juntássemos ao guitarrista e cantor Thomas Beerman, alemão que veio para o
Brasil com a banda Bagga’s Guru.
2112. Me diga uma coisa: porque a
banda não vingou?
Kim Kehl. Gravamos
um ótimo LP, com músicas que eu gosto de tocar até hoje, mas a banda, na época,
não conseguiu sair do lugar. Fizemos poucos, mas importantes shows, e alguns
programas de TV. Pintou um desgaste semelhante ao do 'Lírio de Vidro', uma fase
difícil. Mas foi bom conhecer o Luiz Calanca e a Baratos Afins, até hoje um
querido amigo. Foi uma de suas primeiras produções como gravadora independente,
a terceira, acho eu.
2112. Foi neste período antes de formar
os Kurandeiros que você trabalhou com o Nasi & Os Irmãos do Blues e
acompanhou Ciro Pessoa na banda Nu Descendo a Escada?
Kim Kehl. Conheci
o Nasi em uma jam-das-segundas-feiras-a-meia-noite-no-Aeroanta, com músicos da
cena de SP anos 90, e com o sucesso, logo se tranformou no 'trabalho-solo' do
Nasi. Foi uma banda muito produtiva, o Nasi é um grande parceiro para compor, e
fizemos boas coisas juntos. Infelizmente, a agenda d'Os Irmãos' era sempre
subalterna à agenda do Ira!, o que tornava a banda apenas sazonal. Mas foi
uma grande banda.
Quanto
ao Ciro, tive a honra de tocar com ele e os atuais Kurandeiros no projeto
"Ciro Pessoa & Nu Descendo a Escada'. Há um bom material escrito, em
arquivo. Por motivos pessoais do Ciro, tivemos algumas interrupções, e seguimos
com Os Kurandeiros, enquanto posteriormente, ele engatou com um novo projeto, a
banda 'Flying Chair'
2112. Em que momento surgiu Os
Kurandeiros?
Kim Kehl. Eu já
tinha algumas músicas dos 2 primeiros álbuns desde o fim dos anos 80's, e
estava tentando ganhar impulso para começar uma nova banda, convidando os
amigos para participar, da maneira que fosse possível. Kim Kehl & Os
Kurandeiros é um nome que surgiu no início dos anos 90. Mas é apenas um
novo nome, um nome bacana, para a mesma banda que tenho mantido todos esses
anos, para tocar e cantar meu repertório ... para mim é isso. Ultimamente,
estamos usando apenas 'Kurandeiros'.
2112. O seu timbre de voz lembra
muito as dos bluesmans em particular Johnny Winter... Não estou comparando ou
mesmo dizendo que você o copia, entendeu? Mas a similaridade entre vocês dois é
incrível e muito mais quando se escuta os álbuns dos Kurandeiros. Ele é uma
grande influência sua ou eu me enganei?
Kim Kehl. É
claro que é. Para minha geração, o Johnny Winter é um ícone, só amor para o
Johnny. Mas, a minha grande inspiração para cantar, são cantores de rock
nacional que eu pude ver em pessoa e que realmente me impressionaram: Cornélius
Lúcifer, Percy Weiss, Nasi, Caio Flávio... Esse é o mundo do qual faço parte,
quero levar adiante essa tradição.
2112. A sua morte foi uma grande
perda tanto para o rock, como para o blues. Ele era realmente
fodaço...
Kim Kehl. Totalmente
fodaçççço!
2112. Falando em Johnny, você
conhece um bootleg do Jimi Hendrix chamado “Woke Up This Morning and Found
Myself Dead” com participação de Winter e do Jim Morrison dos The Doors numa
jam gravada no The Scene Club em Nova York?
Kim Kehl. Não
ouvi, acho..
2112. Cara, o bootleg traz a
mesma gravação em duas versões: mono e stereo e a qualidade de som é
incrivelmente fantástica...
Kim Kehl. Não
sei...
2112. Mas voltando aos
Kurandeiros, todos no grupo colaboram com composições?
Kim Kehl. Geralmente,
apareço com algo quase pronto, alguma coisa que tenha muito a ver com todos. Faço
também algumas versões e apropriações, as vezes óbvias, que já me renderam
algumas ofensas... rsrs Trabalho também com idéias e sugestões dos músicos da
banda. Mas, sim, respondo pela direção musical e repertório.
2112. A banda tem uma qualidade
instrumental que a diferencia de muitas bandas atuais do rock brasileiro por
trazer à tona o blues e o rock’n’roll em seu estado cru e direto sem muitas
firulas ou efeitos de estúdio. Como você definiria o som da banda?
Kim Kehl. Procuro
tocar da maneira mais simples possível, mas tomamos liberdades, somos uma
banda de rock Brasileiro, não somos puristas do Blues, do Country ou Jazz. A
formação do trio básico dos Kurandeiros tem estado estável desde 2011, com o
Carlinhos na bateria e o Luiz no baixo. Isso faz uma diferença incrível. Estamos
muito entrosados, estou curtindo tocar como nunca!
2112. Neil Young é conhecido por
gravar tudo ao vivo num único take e posteriormente acrescenta uns poucos
overdubs para não perder a espontaneidade. E vocês?
Kim Kehl. Concordo
totalmente com essa abordagem. Procuramos fazer assim também, quando possível!
2112. Como é recriar a energia
dos shows em estúdio?
Kim Kehl. Mantendo
as coisas simples e não exagerando muito em efeitos. Nos álbuns dos Kurandeiros
procuro manter essa simplicidade mas timbrar cada um de modo diferente. Então
nosso 1° é bem seco, o Mambo Jambo e mais pesado, e o 7 Anos, que fiz em casa,
com mais tempo disponível, é mais profundo... no EP Seja Feliz, voltamos ao
início dos 70.
2112. Mesmo com tanta porcaria
sendo classificada como “música” atualmente o que você tem escutado de bacana
no rock brasileiro?
Kim Kehl. Não
vou citar nomes, mas ouço coisas legais sim, a maioria no underground, mas no
mainstream também. O mercado ainda está em choque com a internet, tentando
reorganizar. As ferramentas estão agora mais acessíveis, nas nossas mãos, e eu
gosto disso. Existe uma quantidade enorme de lixo eletrônico, mas sempre tem
gente tocando boa música em algum lugar, e acho que sempre vai existir o rock
Nacional também.
2112. Costumo dizer que o melhor
do rock está no underground... Você concorda com isso?
Kim Kehl. Agora,
eu acho que praticamente só existe o underground! rsrs
2112. Ano passado vocês lançaram
o EP Seja Feliz. E para este ano a banda tem projeto de gravar um álbum
inteiro?
Kim Kehl. Gostaria
muito, temos um monte de músicas, literalmente, para gravar... mas é preciso
criar as condições $$$. Enquanto isso, temos uma boa quantidade de material de
arquivo ao vivo, de boa qualidade, e que gostaria de lançar em 2 álbuns. Um com
apresentações ao vivo em rádios, e outro, um show ao vivo gravado em 2009. Serão
edições simples, mas acho que os fãs vão curtir. Os Kurandeiros ao vivo tem
sempre uma boa energia, e as versões ao vivo são sempre exageradas, quase
grotescas, o que, na minha opinião, combina com nosso repertório. Para isso,
estamos em busca de parceria.
2112. O microfone é seu...
Kim Kehl. Carlos
e amigos do 2112 obrigado pelo convite para conversar sobre meu trabalho
musical. É uma grande honra e privilégio para mim. Grande abraço à todos!
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