O blog 2112 foi formado com intenção de divulgar as bandas clássicas de rock, prog, hard, jazz, punk, pop, heavy, reggae, eletrônico, country, folk, funk, blues, alternativo, ou seja o rock verdadeiro que embalou e ainda embala toda uma geração de aficcionados. Vários sons... uma só tribo!



segunda-feira, 25 de setembro de 2017

Entrevista Alter Ego



Há muito que o underground brasileiro vem tomando força e espaço com bandas que vem renovando magistralmente o rock brazuca com muita atitude. O Alter Ego é uma dessas bandas que recentemente lançou um EP que leva o nome da banda e que promete dar um novo gás ao rock.      


2112. Bem, você e o Jaime formam o que seria o sistema nervoso do Alter Ego, certo? Como vocês se conheceram e como surgiu a idéia de formarem a banda?


Kim Zanoni. Eu e o Jaime nos conhecemos há aproximadamente 3 anos, quando fui convidado para participar da Diplomattas, uma banda que ele criou há mais ou menos uns 10 anos em Joaçaba/SC. Logo de cara nós dois criamos uma afinidade musical muito boa, mas como a Diplomattas já era um projeto cansado, não foi para a frente em termos de produção autoral. Encerramos as atividades dessa banda em meados de 2016. No final de janeiro de 2017 eu voltei de uma viagem de 30 dias na Ásia com um turbilhão de ideias na cabeça e decidimos iniciar esse projeto em conjunto, apenas nós dois, um duo de rock, que em seguida tomou forma e veio a se chamar Alter Ego.


2112. Como vocês trabalham na questão das composições das músicas e das letras? Vocês compõem juntos ou cada um chega com uma idéia e em cima disso criam o material?


Kim Zanoni. O processo produtivo desse primeiro EP aconteceu muito rápido e de maneira bastante intensa. As músicas foram criadas em cima dos arranjos, majoritariamente das guitarras, e também um pouco das linhas do baixo. Já tenho como prática gravar todos os instrumentos de uma vez e fazer uma pré-mix para montar a ideia completa e estruturada. Depois de depurarmos as ideias em conjunto e fazermos alguns ajustes, chegamos nas versões praticamente finais. Foi realmente um processo muito natural e rápido. O fato de ser um duo facilitou muito as tomadas de decisão. Em cerca de 20 dias tínhamos nada menos que 10 demos gravadas, das quais escolhemos 5, e em mais 20 dias, as versões finais das letras e melodias vocais de todas elas. Daí pra frente foi só regravar e produzir a versão definitiva. "Só" (risos).


2112. O que mais influência vocês na hora de compor?


Kim Zanoni. Cada um canta o que vive. Nós buscamos colocar toda nossa identidade nas músicas, tanto no instrumental, com pegada e energia, dentro do conceito musical que nós definimos, como nas letras, trazendo uma mensagem alinhada aos nossos valores e experiências pessoais.


2112. Sempre falo no meu blog da importância de um músico/banda estar em constante contato com vários tipos de música e a partir desse conhecimento criar um som todo próprio. Vocês citam Charlie Brown Jr, Linkin Park, Limp Bizkit, Audioslave, Ego Kill Talent, Rage Against The Machine, Raimundos, Incubus... como referências do AE. Como vocês trabalham todas estas referências sem perderem a essência de suas idéias? 


Kim Zanoni. Uma referência é apenas uma referência. Nossos olhos estão voltados para o futuro.


2112. Vocês gravaram o EP Alter Ego em sua própria casa... como foram feitas as gravações? 


Kim Zanoni. Sim, bem ao estilo "faça você mesmo" (risos), sem quaisquer recursos externos. Acho que essa é a melhor parte do projeto, saber que fizemos tudo do zero. Nós realmente aprendemos muito desenvolvendo esse EP, é emocionante ouvir o trabalho pronto.


2112. Além da guitarra e da voz você também tocou bateria, baixo e produziu os efeitos, certo? Após tanto trabalho e desgate com as gravações você afirmaria que o resultado final ficou como vocês queriam?    


Kim Zanoni. Sim. É "faça você mesmo" mesmo! Estamos muito satisfeitos com o resultado final do EP.


2112. Entre as músicas gravadas qual você destacaria como um possível hits em potencial?   


Kim Zanoni. É difícil dizer, trabalhamos todas elas para que fossem singles, atingindo um público bastante aberto. "O Quadro" para nós é a música mais radiofônica, e já está tocando direto nas rádios, como por exemplo na Transamérica. Mas cada uma tem sua característica. "Ser quem sou" tem um refrão muito forte. "Hipocrisia (eu quero uma pra viver)" chamou atenção por conta do tema atualíssimo, a crise política e moral do país. Tivemos um feedback muito legal com o videoclipe dessa música, onde batemos forte em figuras consagradas da política brasileira; o videoclipe também foi produzido por nós, e foi dirigido e editado inteiramente pelo Jaime. "Notas sobre ela" tem uma pegada bem marcante e vem agradando principalmente o público feminino. E "A vida é curta pra quem sonha" tem sido a preferida dos guitarristas (risos).


2112. O underground tem se mostrado bem mais interessante que o mainstream com suas bandas revisitando hits antigos para se manterem vivas enquanto o alternativo apresenta uma diversidade sonora incrível. O que você pensa a respeito e quais bandas você destacaria entre a nova geração?
Kim Zanoni. Temos uma opinião bem particular sobre o assunto. O rock perdeu força por falta de renovação e atitude. As bandas antigas tem feito mais do mesmo; as novas ou estão bastante nichadas (e aí enfrentam problema de falta de público), ou reproduzindo as velhas fórmulas vintage. Cada um com a sua opção, é claro, mas não dá para ficar preso no passado e ao mesmo tempo reclamar que o mercado não reage, que não dá valor para o rock. Estamos em 2017, quase 2018. Vamos olhar para o futuro, queremos construir a música do futuro, não do passado. Das bandas nacionais de rock que estão começando a aparecer, gostaria de destacar a Ego Kill Talent, que tem feito um trabalho excelente. Em especial o último single dos caras ("My Own Deceiver"): é um rock'n'roll, mas muito diferente - é um rock'n'roll com cara de 2017.


2112. O boom da internet abalou as estruturas da indústria fonográfica com o surgimento do MP3 e outras plataformas digitais. Como o Alter Ego se posiciona diante desses desafios? Vocês são contra ou favor da distribuição gratuita de música na rede?  


Kim Zanoni. A internet transformou toda a indústria da comunicação, e, especificamente na música, democratizou o acesso das pessoas às ferramentas de publicação e divulgação. A distribuição gratuita de música apenas alterou o processo de geração de valor na indústria da música. Essa abertura nos parece positiva e cria espaço para quem entende do mercado e sabe se posicionar.


2112. Sendo um duo como vão fazer na questão dos shows? Vocês pretendem contratar músicos para complementar as apresentações ou pretendem montar uma banda fixa?  


Kim Zanoni. Já temos banda de apoio formada para os shows e estamos preparando o show de lançamento.


2112. Sinto as vezes que o rock brazuca necessita de uma renovação quanto a estilos como aconteceu nos anos 80/90 com o surgimento de movimentos interessantes como o Mangue Beat, o ressurgimento do psicodelismo, do hard rock com tinturas funk e blues, o metal em seus vários tons etc... o que trouxe um novo frescor. O que você pensa a respeito?    
Kim Zanoni. Cara, precisamos de atitude e inovação, principalmente hoje que a informação é tão descartável. Os rappers, funkeiros, sertanejos, tem feito isso, se reinventam o tempo todo, e tem dado muito certo. Nós acreditamos no rock, na energia que ele tem, na paixão que ele desperta. Mas em termos de mercado, é apenas um segmento. Um segmento que tem espaço e está sendo mal explorado.


2112. Sempre afirmo que o rock brasileiro nada deve aos gringos... o que nos falta é uma estrutura profissional para valorizar o nosso produto interno. Na sua opinião de quem é a culpa: das bandas ou público que endeusa o artigo gringo? Qual seria a solução?     


Kim Zanoni. Muitos fatores prejudicaram o mercado do rock, mas existe um que, na minha humilde opinião, atinge sobremaneira o alcance do nosso produto: a falta de profissionalização das bandas. O segmento do rock ainda é um mercado de bandas de fundo de quintal. Ora, uma banda tem que ser administrada como um negócio, uma empresa. Não existe o artista sem o empresário, não tem como dar certo. Cada pessoa tem que cuidar da sua função (seja um membro da banda, seja um terceiro contratado) - criação, administrativo, comercial, operacional, financeiro, marketing, etc. E por aí vai. Os gringos entenderam isso há muito tempo. Os sertanejos, rappers, etc, também; e estão anos-luz à frente.


2112. O microfone é de vocês...


Kim Zanoni (Alter Ego). Nós acreditamos na energia do rock. E também acreditamos no trabalho e na dedicação. O Alter Ego é um projeto recente, embrionário, mas sério e profissional. Esse EP é a prova de que ninguém precisa de uma grande estrutura, de equipamentos top de linha, do melhor estúdio para fazer bem feito. Preferimos aprender fazendo, errando e acertando. Aquilo que não te desafia não te transforma. E é só o começo.



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Clipe:


Hipocrisia (eu quero uma pra viver)


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