Há exatos 19 anos atrás essa entrevista saía no Jornal Católico Sacro
Via que comandei junto com mais dois grandes amigos: Evaldo e Riva. E recentemente olhando
o jornal resolvi postá-la no 2112 afinal gosto não se discute e a banda é muito
boa... Espero que a música vença o preconceito e todos gostem e aproveitem do
testemunho dos rapazes!
Sacro Via. Como e quando surgiu o Eterna?
Alexandre. A banda é fruto de oração do Fradão. A comunidade
necessitava de um trabalho desses, pois muitos “dependentes” da comunidade eram
roqueiros e o Fradão entendeu isso e viu que a maneira de atraí-los era através
deste tipo de música.
Sacro Via. Como vocês definiriam o som do Eterna?
Danilo. Como um white metal. Uma banda de metal tocando pro Senhor.
Não tem outra caracterização. É isso mesmo!
Sacro Via. Houve cuidados na hora de escrever as letras para que
não se tornassem piegas à vista de um jovem que ainda não escuta rock cristão
ou o que conta é a mensagem independente da ideologia?
Danilo. “O Espírito sopra onde quer, a gente não sabe de onde vem,
nem para onde vai”. A gente buscou oração, a maioria das letras foram escritas
de madrugada diante do Santíssimo. No início não havia intenção de colocarmos
referências bíblicas e fomos escrevendo, mas na época da mixagem ao orarmos de
madrugada o Rosário, Nossa Senhora mostrou o encarte cheio de referências
bíblicas e então fomos ver que realmente era direcionado para Deus, porque tudo
que está escrito, de uma maneira ou de outra, tem referência bíblica.
Sacro Via. O que vocês ouviam antes de fazerem rock católico e o
que vocês escutam antes.
Paulo. Todo tipo de heavy metal do mundo: Iron Maiden, Kiss, Ozzy,
Dio e muitas outras bandas. Eu nunca gostei de outro tipo de som.
Danilo. Nós ainda escutamos música do mundo com o objetivo de saber
o que o povo escuta, analisando e pensando o que seria melhor para o Eterna
atingir o público, tirando o que eles tem de melhor em técnica. Prestem
atenção: Técnica!
Sacro Via. O que vocês esperam do Eterna?
Danilo. Que ele seja nossa fonte de sustento, nossa missão! Somo
operários da última hora e com certeza Deus está nos chamando para isso.
Esperamos através do Eterna pregar o Evangelho fazendo um som que a gente curte
e conquistar os que curtem esse som na permissão e na benção de Deus.
Sacro Via. Qual é a
espiritualidade de vocês em relação à banda?
Danilo. Quanto a espiritualidade que é necessária para que isto
aconteça a gente é bem mariano. Maria se manifesta muito para nós na
intercessão. Somos adeptos da reza do terço, do rosário e tem um pouco de um
pouco de contemplação porque nosso diretor espiritual, o Fradão, é um monge e
ele ensina muita coisa sobre o silêncio para nós.
Falando ainda da espiritualidade,
a oração pentecostal a gente procura orar um bom período antes dos shows para
que Deus possa falar no coração da gente e para a gente falar no coração das
pessoas a Palavra do Senhor.
Sacro Via. Falemos um pouco sobre Shema Israel. Como deu-se a sua
concepção e como foram os dias em estúdio?
Danilo. O trabalho vinha sendo formado no coração de Deus, acredito,
há bastante tempo. Deus mostrou muito amor por nós neste trabalho. Quando entramos
no estúdio já estávamos ensaiando as músicas há bastante tempo em shows e o
Espírito Santo foi direcionando e tudo foi rolando bem natural.
As gravações em estúdio começaram
no dia 10/03, sendo que no dia anterior montamos a bateria e passamos o som...
Foram dias bem intensos de gravação tipo doze horas de gravações por dia. Entre
os dias 10 e 11 as partes da batera foram todas gravadas e alguma coisa de
baixo. No dia 12 mais alguma coisa de baixo e preparando o esquema para gravar
a guitarra que rolou nos dias 13 e 14 junto ao vocal.
No dia 15 encaramos todos os
vocais e já no da 16 tínhamos uma idéia do que seria o trabalho como um todo. Em
abril, na segunda quinzena voltamos para as mixagens e algumas regravações de
voz e guitarra. A introdução de Shema Israel foi feita com alguns efeitos
especiais. Tinha sons de pêndalos, chuva, fogo, vento... essas coisas!
Foi feito uma montagem pelo Daniel
juntamente com o Alexandre e eu simulando um coro de monges em um hino que o
povo cantava. Fora issoa experiência da gente lá foi muito legal.
Alexandre. Chegamos lá com bastante oração de nossa parte, da parte
do Fradão e da Comunidade e o que mais levou a gente adiante foi a união e a
presença de Deus.
Sacro Via. Como ocorreu de vocês regravarem “Resgate” da Banda
Canção Nova?
Danilo. Bom, a regravação da música Resgate se deu porque no show
do dia 16/05/96 só tínhamos três músicas para tocar, então a gente decidiu
fazer uma versão para o O Senhor é Rei e Resgate pintou legal, né? Tem a ver
com a nossa história, o resgate que o Senhor que o Senhor fez em nossas vidas. A
gente começou a tocar em todos os shows e quando chgou a hora de gravar o
Eraldo sugeriu que a gente conversasse com a Adriana que curtiu idéia e a gente
gravou.
Sacro Via. Vocês estão satisfeitos com os resultados obtidos no
estúdio?
Danilo. Sim, nós estamos satisfeitos! Estamos colhendo os frutos que
o próprio Senhor plantou para nós, pois a Palavra diz que não é bom receber a
graça de Deus em vão segundo o apóstolo Paulo em uma de suas cartas. Sabemos
que estudando, jejuando, orando mais do que já fazemos os resultados podem sair
bem melhores.
Sacro Via. Como aconteceu de Shema Israel ser produzido por Daniel
Stilling?
Danilo. O contato com o Daniel foi bem legal...
Alexandre. ... partiu de um trabalho que o Eterna tinha feito
quando era outra formação, outro estilo de música. Daniel gravou uma fita que
tinha três músicas nossas e gostamos do trabalho dele e resolvemos trazê-lo
também para o trabalho do Eterna.
Sacro Via. Ouvindo Shema Israel depois de pronto ficou alguma coisa
que gostariam de mudar ou tudo está ok?
Alexandre. Seria comodismo de qualquer músico após gravar um
trabalho achar que está bom. A gente houve hoje e com certeza no próximo
trabalho do Eterna a gente vai querer estar bem melhor.
Sacro Via. Quando e como se deu a conversão de vocês
Paulo. Minha conversão rolou através da música, do heavy metal
cristão. Na Igreja Católica não rolava esse tipo de som na época e aí conheci
umas bandas de “White Metal” evangélica tipo Petra, White Cross etc... que me
mostraram que podíamos fazer esse tipo de música para Deus. Fiquei lá durante
quatro anos até conhecer as bandas católicas Cristoatividade e Rosa de Saron
que me fizeram sentir vontade de voltar para a Igreja Católica. Resumindo,
minha conversão, do Alexandre e do Danilo foi através da música.
Sacro Via. É possível fazer uma análise do tipo antes e depois da
conversão?
Danilo. Antes da conversão era uma busca do que a gente não sabia o
que e onde. Hoje sabemos que o que a gente buscava era Jesus. E é legal pois
todos os dias são parecidos, não tem mais aquele mau humor da segunda feira,
depender da sexta à noite para ser feliz ou do sábado paa encher a cara. Hoje
todo o dia é dia de Deus, do Senhor.
Alexandre. Antes como músico a gente buscava outra coisa, ainda
mais no rock... buscava alegria no sexo, nas drogas etc. Hoje depois da conversão,
a gente vê alegria de poder ajudar pessoas que estão no buraco que a gente
esteve um dia. Isso é que foi a grande mudança da gente, poder enxergar Jesus
nas outras pessoas.
Sacro Via. Olhando para traz, qual a mensagem que vocês dariam para
os jovens ainda presos às drogas, prostituição e vícios do mundo?
Danilo. É o que a gente fala nos shows... Jesus tem uma viagem bem “louca”
para dar à vocês, é só aproveitar essa viagem. É bem diferente daquela que a
gente tem pelo mundo com drogasse outras coisas.
Sacro Via. Drogas, álcool, Eterna... Qual a relação?
Danilo. Passado! Drogas e álcool são o passado do Eterna. Deus
utilizou desse passado e no profundo amor d’Ele talvez tenha permitido que a
gente se desviasse do caminho para hoje podermos falar prá moçada que também
está se perdendo nessa. O Espírito nos libertou!
Sacro Via. A sociedade nutre uma posição muito negativa quanto as
bandas de heavy metal. Alguns alegam ser uma música barulhenta, agressiva e
autenticamente satânica. Qual a posição do grupo frente a essas opiniões?
Danilo. Uma história que a gente conhece desde quando começamos a
ouvir metal. O que caracteriza o heavy metal é a imposição de muitas coisas:
política, roubalheira, violência, sexo desenfreado e daí vem a crítica de
algumas pessoas da Igreja que não entendem o porque de bandas católicas fazerem
esse tipo de som.
Eu creio que na hora certa Deus
vai mostrar os frutos, porque só se conhece uma boa árvore pelos seus frutos. O
que temos a dizer é o testemunho da nossa vida, tudo que já vivemos e passamos
antes de conhecer Jesus. Muitas vezes assisti o clip gospel do Renascer
(programa evangélico!) fumando maconha e cheirando cocaína durante a madrugada
e devagarinho aquilo foi me tocando. Deus tinha um plano para a minha vida, assim
como também para o Alexandre e o Paulo que foi protestante durante quatro anos tocando
rock lá porque a Igreja Católica não oferecia.
Agora eu creio que o demônio não
teria o objetivo de tirar a gente de um mundo de drogas, de uma sexualidade
errada e do álcool para falarmos de Jesus tocando heavy metal. Certamente o
demônio não iria reverter esse quadro com certeza.
Sacro Via. O que vocês diriam para os jovens que ainda estão
divididos entre ouvir metal católico e não católico?
Danilo. Antigamente ouvíamos idolatrando o cara, queríamos ser
iguais a ele, usar drogas, ter milhares de minas como eles etc. Hoje ouvimos
algumas poucas bandas do mundão... claro que não todas, mas somente aquelas
menos nocivas pois temos a consciência do mau espiritual que isso nos traz. Mas
precisamos entender a linguagem do som que a molecada de hoje quer ouvir. Para
finalizar, nós diríamos que quando Jesus se ajoelhou e foi orar pelos
apóstolos, podemos observar que Ele diz: “Pai, não vos peço que os tire do
mundo, mas que os preserve de todo o mal.”
Dedico esta postagens a dois amigos muito importantes na minha vida e na construção
deste jornal: Evaldo e Riva, amigos eternos para todos os momentos. Deus os
abençoem sempre e sempre!
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