O blog 2112 foi formado com intenção de divulgar as bandas clássicas de rock, prog, hard, jazz, punk, pop, heavy, reggae, eletrônico, country, folk, funk, blues, alternativo, ou seja o rock verdadeiro que embalou e ainda embala toda uma geração de aficcionados. Vários sons... uma só tribo!



sexta-feira, 1 de setembro de 2017

Entrevista Rubens Gióia



Sempre digo que para um músico conseguir um som com personalidade própria é necessário que ele ouça vários tipos de som... este é o segredo! E Rubens Gióia é um desses músicos que sempre manteve os ouvidos abertos a várias influências. Basta conferir os registros das bandas que ele participou para você ter certeza que se trata de um excelente músico. Leia a entrevista e tire suas próprias conclusões!!   


2112. Primeiramente qual foi o seu primeiro contato com a guitarra?


Rubens Gióia. Amigo, meu pai era poeta, arranhava um violino, e minha mãe organista... foi o que atiçou meu tesão por som, na época havia vários programas de som como o Sábado Som, Som Pop, tocava muito rock...a guitarra foi minha primeira paixão.


2112. A princípio quem o influenciou como guitarrista?


Rubens Gióia. Me impressionava Hendrix... sem dúvida!


2112. Seus pais apoiaram a sua decisão de ser músico?


Rubens Gióia. Livres pensadores, mas com estudo em primeiro lugar.


2112. Quais são suas maiores influências musicais?


Rubens Gióia. Sei lá, ouvi de tudo... mas acho que Johnny Winter tem relevância... mas aquele inconsciente de quem ouvia ELP, marcou bastante.


2112. Eu penso que um músico para criar um estilo próprio é necessário que ele um ouvido aberto a vários tipos de som senão o seu raio de influência ficará restrito a um determinado rítmo. Como você se classifica como guitarrista?


Rubens Gióia. Eu sou um gaiato como guitarrista... como disse tive acesso a bons sons quando pequeno, então falar de Miles, Bach, Beatles, Mussorsky não só não intimidavam como incentivavam.


2212. Quando você está em casa o que mais gosta de ouvir e quais os discos que não podem faltar na sua estante?


Rubens Gióia. Todo o arco Iris na minha pick up, sim, curto vinil, e me dou o direito de ouvir de Mozart a Limp Bisquit...dependendo do meu humor rsrs

2112. O que mais o influencia na hora de compor?


Rubens Gióia. Well, minha memória musical e os parceiros. Curto compor em conjunto, fica mais verdadeiro... faço um som com quem está comigo... parece mais verdadeiro.


2112. Gostaria que você falasse um pouco sobre seu começo como músico antes da criação da Chave do Sol?


Rubens Gióia. Sonho de criança... meu irmão tinha uma banda que fazia Beatles e compunha... chamei meus amigos e mandei comprar instrumentos! Haha! Bora fazer isso! Ao lado de minha casa tinha uma pista de skate (talvez a primeira em SP) e assisti a umas gigs lindas de rnr...Sim, tinha bandas! Vi a Santa Gang e falei: vou tocar nessa banda! Well, fui e toquei e gravei um compacto.


2112. A Chave do Sol foi fundada em 1982 com você na guitarra e vocal, Luiz Domingues no baixo e vocal e José Luiz Dinola na bateria e vocal. A banda princípio fazia uma fusão interessante de rock, progressivo e jazz. Como você definiria o som da banda neste período?


Rubens Gióia. Meninos criativos e determinados. Luiz Domingues com uma bela vivencia musical, eclética; Zé mais para o jazz rock e eu com uma mão mais pesada, mas entendendo os signos dos amigos. Sim, éramos amigos em busca de sonho... Resultado? Saladão, mas honesto!!!


2112.  Ainda neste ano o grande Percy Weiss (ex-Made in Brazil e ex-Patrulha do Espaço) fez algumas participações em shows como convidado especial e em seguida vocês efetivaram a cantora Verônica Luhr. Porque ambos saíram da banda?


Rubens Gióia. Obstinados meninos com um sonho e sem freio. Percy é um dos maiores vocalistas da história do rock nacional. Luiz descobriu onde morava e fomos lá. E não é que ele topou? Percy, como gênio que é, não regulava gig...


2112. Percy continuou na luta e Verônica sumiu sem deixar vestígios. Você tem notícias dela? Sabe se ela continuou a carreira de cantora?


Rubens Gióia. Percy, obviamente pop star seguiu sua luta, Verônica foi um moça talentosíssima, uma mulher lindíssima com a voz da Tina Turner, no melhor e mais badalado bar de SP. Well, se perdeu em algum momento, novinha, nós éramos mais obstinados e focados...


2112. Como trio vocês gravaram o primeiro single da banda com as músicas Luz e 18 Horas que registra esse período antes da banda passar para o hard rock. Você se lembra das gravações destas duas músicas?


Rubens Gióia. Sim, um som diferente, ninguém acreditava muito, apesar de nossas gigs estarem sempre lotadas. Trabalhávamos à exaustão, então quando deu oportunidade de gravar estávamos prontíssimos...


2112. Vocês chegaram a registrar outras músicas?


Rubens Gióia. Em ensaio gravávamos tudo. Sempre foi nosso material pra compor fosse de quem fosse a ideia.


2112. Como era o processo de composição na banda?


Rubens Gióia. Idéias trazidas para o trabalho, ensaiávamos das 14h às 22h sistematicamente. Alguém com uma ideia trabalhávamos... Quem trazia a idéia levava o crédito!


2112. Logo em seguida vocês lançaram o EP com a participação do vocalista Fran Alves (ex-Ano Luz) com destaque para a balada Um minuto além. Confesso que não gostei do timbre vocal de Fran como também acho que esse trabalho não agradou aos fãs da banda. Você gostou do resultado final?


Rubens Gióia. Uma das pessoas mais criativas e um ser humano sem par. A letra de Um Minuto Além traduz um pouco... numa época que “metaleiro” era um ser meio pária, A Chave era diferente, roupa limpa, cabelos lavados, banho tomado... O Fran chegou descalço e berrando... well, nem todo mundo aceitou!  


2112. Em outubro de 1986 o vocalista Roberto Cruz entra para a banda e vocês assumem de vez as raízes do hard com influências de Led Zeppelin, Bad Company e Whitesnake. O que levou vocês a esta reviravolta no som da banda?


Rubens Gióia. Tínhamos feito tudo que era possível para uma banda de rock independente e com som peculiar. Víamos nulidades assinarem contratos com gravadoras e pensávamos: putz, tanto trabalho! Bora ceder um pouco...


2112. The Key foi lançado em 1987 e registra essa nova fase levando a banda a tocar por várias cidades brasileiras, shows em teatros e ginásios do SP e Palmeiras. Como foram as gravações deste trabalho e o que levou você a sair da banda?


Rubens Gióia. Amigo, aquilo que eu achei que seria uma concessão pontual virou o mote! Temos alguns sons até interessantes na época... Sun City eu curto em particular mas virou uma obsessão! Gravar em inglês, well, perdemos o âmago. O Zé percebeu antes de mim e saiu... depois eu!


2112. Você chegou a ouvir os trabalhos posteriores da banda? O que achou?


Rubens Gióia. Não, mas devem ser bons com a qualidade de músicos que fazem parte.


2112. Logo você ingressou na Patrulha do Espaço e gravou com eles um único álbum: Primus Inter Pares. Como foi este período em sua carreira?


Rubens Gióia. Rolando Castello é responsável por eu ter mantido o sonho aceso. Bem novinho eu montava uma primeira chave profissional e o Júnior me emprestou equipamento e sonho. Mais tarde quando me chamou pra trabalhar foi uma honra e talvez tenha composto com o Santana alguns de meus melhores temas...


2112. O que ocasionou a sua saída?


Rubens Gióia. Patrulha tem se mostrado bem dinâmica, sempre com músicos de excelência, talvez não tivesse o que acrescentar...


2112. Quais as lembranças que você tem das gravações deste disco?


Rubens Gióia. Fiz um solo que tenho orgulho até hoje ...de prima!


2112. Vocês fizeram shows de divulgação deste trabalho?


Rubens Gióia. Sim um monte, mas acho que tudo misturado, entre compor, gravar e tocar...


2112. Em 2000 houve uma tentativa de volta da A Chave do Sol somente com você e o baterista José Luiz Dinola. A banda chegou a participar do programa Musikaos da TV Cultura, da Virada Cultural de São Paulo e depois somente com você como único remanescente da formação original. Porque Tigueis não participou? Vocês mantém contato? Existe a possibilidade da banda retornar um dia coma formação original?


Rubens Gióia. Acho que a participação no Musikaos registra um som bem honesto,  gosto bastante. Beto Bierger e Zé a milhão... e eu não estava mal rsrs. O Luiz Domingues já estava com outros projetos. Na Virada Cultural apesar de belíssimos músicos, já não havia aquela química... eu, até por isso, não se justifica, mas não foi uma gig honesta.


2112. Depois de tanto anos de carreira você nunca pensou em gravar um álbum solo?


Rubens Gióia. Sim, está na pauta e no prelo...


2112. Musicalmente o que você está fazendo atualmente?


Rubens Gióia. Ouço diariamente rsrrs...

2112. Você tem algum projeto em andamento?


Rubens Gióia. Tocar com amigos! Sempre detestei o estudo solitário... tenho tocado com amigos. No dia 15 de setembro tocarei com amigos especiais e quem sabe já sons novos de um projeto que chamo de 6L6...

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