A música é um círculo vicioso em constante
mutação... Vão-se as épocas, as bandas, os acontecimentos... mas as lembranças se
mantém viva na memória dos fãs. A volta do Metrô tem comprovado esse forte elo fãs/banda
com shows lotados, músicas cantadas em uníssuo, a procura pelos discos da
banda... Isso não é um retrocesso no tempo, apenas a comprovação de uma
renovação que como a Fênix ressurge das cinzas de uma época mágica para se tornar
uma nova realidade...
2112. O Metrô é um dos maiores ícones
do pop brasileiro e que mesmo após o término da banda manteve-se vivo na
memória de seus fãs e de vários seguidores Brasil afora. Enfim, o que motivou o
retorno de vocês após tantos anos longe dos palcos?
Metrô. O que motivou nosso retorno foi uma festa em
comemoração dos 50 anos da escola onde nos conhecemos e estudamos juntos,
o Lycée Pasteur de SP, no final de 2015. Recebemos o convite cada um no seu
canto do mundo. Pensamos, cogitamos, topamos e conseguimos nos reunir
finalmente no palco no dia do show! Depois de 30 anos a "química"
estava intacta, nos divertimos muito, o público presente se esbaldou, cantou e
pulou muito. Ficou claro e explicito que queríamos e
deveríamos voltar a trabalhar juntos. Por quê? porque ainda temos algo a
dizer e muito a descobrir juntos.
2112. Vocês tem apresentado Olhar na íntegra e em suas versões originais.
Como tem sido a reação dos fãs?
Metrô. Tem sido uma sucessão de surpresas e
alegrias: pessoas de todas as idades cantam conosco nossas canções em uma
só voz, é muito comovente fazer parte da memória afetiva das pessoas e
dividir momentos intensos de energia positiva. Mas o mais surpreendente
ainda é que musicas que nunca havíamos tocado ao vivo e que nunca tiveram
grande execução em radio como "Hawai Bombay", "Que
loucura" e "Solução" são cantadas por todos num lindo
coro. Surpreendente e emocionante!
2112. E para vocês qual é a sensação? É como voltar no tempo e reviver toda
aquela aura mágica dos anos oitenta?
Metrô. Não
é uma volta no tempo pois como dizia nosso querido Cazuza: "O tempo
não para"... é uma outra aura: a do século XXI. Não somo saudosistas
dos anos 80 que foram maravilhosos más nosso tempo é HOJE : Agora
antes e depois. Mas é claro que é sempre bom reencontrar amigos com quem
vivemos momentos felizes, e a sensação é esta por onde andamos.
2112. Vocês relançaram Olhar após trinta anos com o som remasterizado, vários
itens de bônus além de um cd live contendo apresentações da época. De quem foi
a ideia deste projeto?
Metrô. Foi
um encontro casual com Paulo Junqueiro, nosso engenheiro de som na época e hoje
presidente da SONY MUSIC. Em uma conversa informal entre amigos se
reencontrando depois de muitos anos trocando notícias surgiu a luz do projeto
"Olhar edição comemorativa". Paulo tinha um vasto material gravado em
fitas cassete dos shows da Tour de 1985 e nos disponibilizou o material
que estava guardado há trinta anos em Portugal! Escutamos tudo e escolhemos o
que achamos que seria mais significativo. Juntamos com áudios de Demos que
viajaram nas malas de Virginie, portanto "dando voltas no mundo"
(mesmo) durante 30 anos + remixes da época + um Remix inédito por DJ Zé
Pedro. E fomos garimpando nossas memorias em malas, redes, gavetas.
Disponibilizamos uma pequena parte do material, pois não haveria espaço para
tanto. Ainda há muita coisa em nossos arquivos: artigos de imprensa,
fotos, gravações e souvenirs.
2112. Praticamente todas as faixas de Olhar se tornaram hits imediatos
lembrando em muito o primeiro trabalho do RPM. Quando vocês o gravaram tinham
idéia do sucesso que iriam fazer?
Metrô.
Não, nunca! ... nós só pensávamos em fazer o melhor que pudéssemos...
o resto é consequência. "Olhar" é o resultado de muito trabalho
e perseverança. E a "marca" de nosso produtor musical Luis Carlos
Maluly está gravada nestes dois êxitos, pois ele soube traduzir muito
bem a linguagem que fazíamos ao vivo em "linguagem de
estúdio" .
2112. Beat acelerado, Tudo pode mudar, Johnny Love, Ti
Ti Ti ainda hoje são cantadas sem aquele ranço retrô... é como se tivesse sido
lançadas agora. O que isso significa para vocês?
Metrô.
Significa que música de qualidade não tem idade... e realmente elas tem uma
"pegada" atemporal e foram muito bem produzidas, gravadas e mixadas (eternamente
gratos a Maluly e Roberto Marques) e por isso nos sentimos muito felizes
tocando elas ainda hoje sempre como se fosse "pela primeira vez" ...
2112. Nos shows vocês tem tocado faixas do grupo A Gota Suspensa um projeto
de música progressiva anterior ao Metrô. Porque a banda não vingou?
Metrô.
A Gota vingou na época sim, mas no underground... Tinha um bom público em SP...
Lotávamos teatros só no boca a boca (tocamos em todos os teatros e
"danceterias" de SP) mas já não nos interessava mais a
linguagem do "Prog Rock"... os improvisos ... as músicas de 20
minutos ... Precisávamos e principalmente queríamos ser Pop e
"profissionais" da música. As músicas do disco " A Gota
suspensa" que tocamos nos shows são as pop e são uma
"passagem", um "ensaio", um "embrião" ou a
semente do que viria a ser o som do Metrô. Aliás, "A Gota" não
acabou, só se transformou num processo orgânico e natural em Metrô.
2112. O disco do "A Gota"... é bastante cultuado por um seleto
grupo de amantes do rock progressivo. Como é conviver com dois públicos tão
diferentes?
Metrô.
Não há problema algum, tudo é alegria e convivemos bem com todos os públicos! Há
até convites para fazer shows como "A Gota" (só tocando as
faixas "prog" instrumentais) o que faríamos com prazer. O mesmo
acontece com " Virginie & Fruto Proibido”, " Mão de Mao" (1987) e "Déjà Vu" (2002)
, que são outras fases, outras faces. E nós vamos curtindo junto. "A
pluralidade é a lei da terra"
2112. Ano passado vocês lançaram o single A vida é bela
lalaiá e um álbum live contendo a apresentação da banda no Showlivre. Como tem
sido a recepção?
Metrô.
A recepção tem sido das melhores! Basta olhar os views no
Youtube e em nossas páginas! Nossa volta foi e está sendo muito bem recebida
por todos (Mídia e público) e nos sentimos acolhidos sempre com alegria. Os
tempos e as formas são outras, vamos nos adaptando porque tudo pode mudar como
uma onda no mar. O single "Dando voltas no mundo" já foi lançado
em vários formatos. E assim seguimos nas novas plataformas em contato
direto com o público nas redes, a cada dia recebendo muito apoio e palavras de
incentivo. Novos tempos, outras formas de comunicação e liberdade de escolha:
Troubadour's time .
2112. Existe projeto de um álbum de inéditas? Vocês já
tem material composto? Dá para adiantar alguma coisa?
Metrô.
Sim! Há muita música nova (daria 2 discos). Queremos gravar e disponibilizar essas músicas
assim que pudermos. O que dá para adiantar é que existe uma linda parceria com
Guilherme Arantes.
2112. Pensam na gravação de um dvd também?
Metrô.
Sim! Mas não obrigatoriamente no formato DVD físico (que já está
quase em extinção ) mas quem sabe um DOC, sólido e palpável, sobre
nossa história... imagens de shows..., ensaios... gravações da época
tudo junto e misturado. O toque do objeto continua sendo algo desejável, vide a
volta do sensual vinil. Material e emoções temos muitos, guardados e
se fazendo, formatos possíveis também. Vamos produzindo a medida que
cruzamos o caminho das pessoas. Hoje, quem mais compartilha material do
Metrô são as pessoas que vem assistir aos shows: todos são coro, câmeras,
produtores, divulgadores: é um novo tempo de comunicação e apropriação. O mundo
está ficando mais UNO, é urgente, é bem-vindo e vital que
cada um faça sua parte na recuperação do que nos faz felizes como seres
humanos.
A alegria é o
melhor motor.
Contato:
https://www.youtube.com/watch?v=s7jxD2O3Vr8&feature=youtu.be
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