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sexta-feira, 8 de março de 2019

Se vivo, o que estaria fazendo Jimi Hendrix hoje?


O passado é como as páginas amareladas de um diário de bordo. Mergulhei em coisas novas e só quero pensar no amanhã, não no ontem.”

Este trecho de uma entrevista com o guitarrista gera uma outra pergunta: Se vivo, o que Jimi estaria fazendo hoje? E você que está lendo esta matéria o que pensa sobre o assunto? Acredito que a sua música estaria bem distante das imagens históricas de Monterey e Woodstock. A essência seria a mesma, mas a música bem mais experimental que a produzida pelo Experience e a Band Of Gispies.

Apesar de autônomo, Jimi era ousado, inquieto e ao mesmo tempo simples em sua essência. Ele adorava experimentar todas as possibilidades que a tecnologia lhe oferecia para criar as músicas que viviam em efervescência na sua cabeça. Hendrix era um visionário que estava ano luz a frente dos demais músicos da sua época e que ainda hoje surpreende e serve de inspiração para toda uma nova geração de músicos e bandas.

A sua ambição extrapolava o entendimento dos seus admiradores: “Cheguei ao fim de um ciclo. Voltei ao ponto de onde comecei. Dei a esta era tudo o que podia dar de mim, minha música é a mesmo, e não consigo pensar em nada de novo para acrescentar a ela.”

Fim de uma era! Um novo tempo estava surgindo e ele sabia que precisaria de novas parcerias para criar a música que ele tanto sonhava. Quem conhece o ótimo bootleg “Drone Blues” percebe que as músicas vão para diversas direções. Destaque para a faixa Traffic Jam com membros da banda Traffic, John Mayall, Eric Burdon... cheia de improvisos beirando um jazz rock exuberante. Outra gravação interessante foi com o músico Larry Young descrito como o "Coltrane do órgão" incluídas no álbum Nine To The Universe.

Outro ponto a ser discutido foi o desejo de Keith Emerson em ter Hendrix na formação de sua nova banda após dissolver o The Nice. Imagine como teria ficado os discos o ELP com o guitarrista. Anos mais tarde ao formar a Three o tecladista pôs a sua idéia em prática.

Outra lenda vem de um suposto disco reunindo Jimi e o trompetista Miles Davis. O encontro teria rendido um ótimo trabalho dando ao guitarrista a chance de experimentar uma sonoridade bem diferente do que estava acostumar fazer apesar dele curtir bastante jazz. Miles era tão inovador e visceral quanto Hendrix, gostava de quebrar regras sem perder a essência do seu som. Mas infelizmente o encontro não aconteceu devido a morte de Hendrix. Mas os dois hoje com certeza estão no Olimpo fazendo altas jams...
Não podemos deixar de mencionar a admiração do guitarrista pela música de Robert Fripp. Imagine um trabalho em conjunto com as idéias de ambos os músicos...

Saindo do âmbito oficial para cair novamente no terreno dos bootlegs temos um rico acervo de materiais do guitarrista com Johnny Winter, Jim Morrison, John Mclaughlin, B.B. King.... provando o quão ele estava voltado para o futuro ao contrário dos seus fãs e alguns críticos que vivam com o pé no passado.

Fico imaginando Hendrix trabalhando com mentes inovadoras como Frank Zappa, John Lennon, Bob Marley,  Daevid Allen, Bob Dylan (um dos seus ídolos!), Tom Verlaine, Tom Waits, George Harrison, Christian Vander, Soft Machine, Peter Hammil, Robert Fripp, David Bowie, George Clinton, Peter Gabriel... ou com lendas do blues como Muddy Walters, Buddy Guy, John Lee Hooker, Junior Wells, Freddie King, Otis Hush ou ainda com Eric Clapton, Jeff Beck, Rory Gallagher, Roy Buchanan, Paul Rodgers, Stevie Ray Vaughan, The Alman Brothers, ZZ Top... As possibilidades são incríveis!

Eu arriscaria um álbum com a seguinte formação: Jimi Hendrix e Robert Fripp (guitarras), Chris Squire (baixo), Paul Rodgers (vocais), Jon Lord (teclados) e Keith Moon (bateria). E você?

O certo é que as portas abertas no álbum Electric Ladyland deixou claro que Jimi procurava novos sons, novas experiências. A abertura com “... And The Gods Made Love” deixou claro o quão o músico ansiava por novidades. Foi-se o músico, fica a sua música que ainda transita livre pelas cabeças dos que gostam de uma música inovadora e transgressora. E para fechar o assunto nada melhor que o próprio Hendrix: “Tenho pensado sobre o futuro. Esta era da música, que os Beatles defragaram, está terminando. Alguma coisa nova virá e Jimi Hendrix estará lá.”

Carlos Antônio


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