A Internet tem sido um veículo
poderoso de promoção de bandas que fogem do esquema vicioso Rio/Sampa. E a
Nicotines é um bom exemplo disso! Oriunda de Manaus faz um rock explosivo, tem
ótimas letras e está prestes a lançar seu segundo trabalho. Quer saber mais?
Leia a entrevista...
2112. Vocês estão prestes
a lançar “Sobre Rosas Negras &
Outros Blues Desesperados”, o novo trabalho da Nicotines. No que este
trabalho difere do primeiro?
Sandro Nine: Estamos ainda na fase de
uma pré-produção do novo disco. Algumas músicas já estão prontas e a ideia é
fazer um disco mais visceral, com riffs mais pesados, um som sujo. O grande
diferencial é a nova formação, com influencias ligadas as raízes do rock.
Nota: Lançamento ainda não tem data. Nome de algumas músicas: “Morrison
Hotel”, “Vertigo Blues”, “Coquetel Molotov”, “Circo Elétrico dos Horrores”.
2112. O material gravado é
todo inédito?
Sandro Nine: Totalmente, mas há possibilidade de gravarmos uma música da Mr. Jungle
(Roraima) umas das grandes bandas de rock da região norte e uma puta influencia
pra nós.
2112. Na opinião de muitos
o segundo trabalho é a verdadeira prova de fogo de uma banda. Você concorda com
isso?
Sandro Nine: Eu não acredito nesse
clichê, eu creio que uma banda de rock independente vive em constante prova de
fogo. Estrada e shows são a droga milagrosa que alimenta a inspiração pra criar
bons discos.
2112. Uma banda precisa
estar em constante mutação para não ficar presa a uma determinada época ou
seguimento, não é?
Sandro Nine: Precisa sempre tá em
movimento, tá ligada na tomada pra não se perder no caminho, pra não
perder a verve criativa de compor, tocar e fazer shows. E sempre buscar novas
sonoridades pra não deixar a essência do rock n´ roll estancar ou morrer.
2112. Mas bandas como
Ramones, Motörhead, Supertramp, AC/DC... nunca fizeram mudanças drásticas nos
seus trabalhos e sempre estiveram em evidência. Parece que estamos no meio de
uma encruzilhada!
Sandro Nine: Já que estamos na
encruzilhada, vamos fazer um pacto como Robert Johnson, hahahahaha. O rock é
simples, rock é atitude. Os Stones estão ai até hoje usando sempre a mesma
fórmula Rock/blues, as grandes bandas ainda caminham na Terra, vendendo discos
e usando plataformas de divulgação.
2112. Por ser um país de
proporções continentais a arte de um modo geral ficou centrada mais no eixo
Rio-São Paulo o que deixa os demais estados em desvantagem. Como é a cena no
Amazonas?
Sandro Nine: Muita coisa boa tá rolando no cenário independente
do Brasil. Na região norte temos grandes bandas lançando material muito bom e
interessante, posso citar as moçada da Gear, Turbo, Molho Negro que tá
circulando com gigs por todo o país. Cena Rock de Manaus não deve nada a
nenhuma no Brasil. Temos um circuito de bandas extremamente criativa e
talentosa, Tudo Pelos Ares que fez o marco zero tocando no Rock in Rio ano
passado, Zona Tribal que nunca parou, assim como a Platinados, Os Playmoblis e
a Rolleta Rock, uma puta banda que eu admiro muito.
2112. Existe uma grande
variedades de sons e estilos?
Sandro Nine: Como citei acima, a cena independente de Manaus é
cheia de vertentes, com eventos e mini festivais que divulgam o trabalho das
bandas.
2112. Essa é aquela
pergunta previsível: Como surgiu a Nicotines?
Sandro Nine: A banda
surgiu em junho de 2005 e apesar do nome, não tem nada com a indústria do
cigarro, e sim uma homenagem a Nico do Velvet Underground.
2112. Vocês fazem um rock
visceral que lembra a lendária cena dos anos 70 e bandas como Casa das
Máquinas, Tutti Frutti, O Peso... Quais são as influências de vocês?
Sandro Nine: Nossa !!! Obrigado pela
honraria, pois são bandas que curtimos e amamos muito. Somos uma unidade, o
André (guitarrista) bebe na fonte de Guns n´ Roses, Aerosmith, Led Zepellin,
Alderlan (Baixista) ama os Beatles, Ciro (Batera) e um fã do The Who e eu amo
os Stones. Daí você já deve imaginar o que rola nesse caldeirão de ideias.
Yeah!!!
2112. Até onde essas
influências são usadas e onde começa a identidade musical da banda?
Sandro Nine: Como citei, temos nossas
influencias que nos motiva, mas a veia principal é a criatividade de todos. É
de onde sai a inspiração pra compor, escrever, pra fluir um material honesto,
autoral sem cheirar a naftalina, datado e não parecer com coisas estranhas que
rolam por ai, lixo cultural absurdo que mais parece covers esdruxulas de bandas
que já morreram.
2112. Este ano vocês
completam treze anos de ativados e muitas lutas. No ponto de vista de vocês o
cenário musical em Manaus está melhor hoje?
Sandro Nine: Sim, ao longo dessa
estrada foram muitas lutas e loucuras, mas o disco “A Mil por Hora”, deixou a
banda num lugar onde queríamos. Sobre a cena em Manaus, continua criativa,
talentosa, mas ainda sofre por não ter ainda uma maior divulgação ou
conhecimento do resto do país. As redes sociais quebraram um pouco esse problema,
a gente sempre torce pra que em breve as bandas locais estejam circulando por
ai, mostrando o som pra todo o mundo curtir.
2112. A cada dia que passa
a situação do país se agrava e em função disso temos visto vários espaços
fecharem suas portas ou enxugar seus gastos. Como está o circuito de shows aí
em Manaus?
Sandro Nine: Rolam muitos shows,
eventos e mini festivais, as bandas continua se movendo, muitos espaços
fecharam, mas a moçada rala e sempre organizando parcerias pra não deixar a
ideia morrer. O circuito de bandas em Manaus continua forte.
2112. O fechamento desses
espaços e a falta de eventos leva os músicos a terem trabalhos paralelos e as
bandas acabam virando um “hobby” não é?
Sandro Nine: Não vejo como um hobby,
eu já falei isso tantas vezes. Independente de ter espaços ou não, uma banda de
rock tem que tá fazendo barulho. É o que eu penso. Ou você quer tocar ou sai do
meio, não dá pra entrar no circuito e ficar reclamando. It´s only rock n roll,
but i like it!
2112. Pode-se dizer que a
maioria das bandas se mantém na ativa por amor a arte...
Sandro Nine: O amor à arte e
principalmente ao rock é a força motriz de tudo isso. Eu nunca reclamei das
dificuldades até porque eu amo música e também amo mais ainda tocar numa banda.
Eu acredito que quando você perde o tesão em tocar ou fazer parte de algo assim
é melhor você pendurar a guitarra e cuidar da vida (fazer outras coisas).
2112. Na sua opinião o que
precisaria ser feito de imediato?
Sandro Nine: Essa também já respondi
várias vezes. Hoje eu posso falar por nós. A gente ama tocar, se reunir e tá
junto como banda. Dificuldades sempre rolou, ainda mais pra uma banda no Norte
do país. Mas não temos o que reclamar, esse ano de 2018 tocamos em 3 grandes
festivais (Festival Cultural do Pirão, Garage Sounds e Poli Rock Festival)
todos com uma puta estrutura, som massa e repercussão bem bacana. O lance e não
desisitir.
2112. Em 2015 vocês
lançaram o EP “A Mil por Hora” pela revista Gatos & Alfaces. Como surgiu a
proposta para a gravação?
Sandro Nine: Foi uma coisa meio que
natural. O Lauro (ex - baterista) conheceu o Barata e começaram a trocar umas
ideias. Tudo isso aconteceu justamente na época das gravações do EP. Daí veio o
convite dele de lançarmos o EP pela revista “Gatos e Alfaces”. Pra nós foi
sensacional, tivemos uma puta divulgação e muita gente no Brasil teve acesso e
curtiu o nosso som. Somos eternamente gratos ao Barata por ter acreditado e ter
dado força ao nosso trabalho.
2112. O que de curioso
aconteceu no estúdio mas que você nunca comentou com ninguém...
Sandro Nine. As sessões de gravação
do disco foram a mais criativa que já participei. Tudo rolou numa harmonia
fantástica. A única curiosa que posso falar que aconteceu, foi que íamos
gravar “Antes do Inverno”, mas de tanto falarmos sobre o Golpe de Estado, Made
In Brazil e o Cornellius Lucifer, eu acabei escrevendo “Óculos Rayban Preto
Vintage”, saiu na hora e acabou entrando pro EP “A Mil por Hora”.
2112. Pessoalmente devo
dizer que achei o trabalho genial... pura adrenalina. Parabéns pela puta
sonzeira rock’n’roll!
Sandro Nine. Muito obrigado, nós
também ficamos felizes com o resultado, o disco saiu do jeito que queríamos, um
disco de rock’n’roll sem frescuras. Esse EP teve uma ótima repercussão,
muita gente gostou e elogiou nosso trampo, e isso sempre agradecemos de coração
a todos que nos deram força.
2112. O que mais inspira
vocês na hora de compor?
Sandro Nine. Eu geralmente tô sempre
lendo, ouvindo música e vendo shows e etc. no meu caso, tudo vem daí, a parte
criativa vem sempre das artes, sempre. A inspiração vem de bandas que eu amo,
escritores e toda essa cadeia produtiva do rock e das artes.
2112. Achei linda a balada
Rosa Junkie... ela é um oásis musical em meio a rockões. Hoje é tão incomum
bandas de rock gravarem baladas. Estaria as pessoas deixando de ser românticas?
Sandro Nine. Rosa Junkie e sobre uma
garota que morreu de overdose nos anos 90, uma história real. Apesar de ser uma
balada rock’n’roll, ela não tem nada de romantismo, rsrs. Ter uma banda de rock
já faz parte desse romantismo que espero que nunca acabe.
2112. A arte da capa
lembra as bandas dos anos setenta e também faz uma alusão aos motociclistas dos
anos 50. Isso foi intencional?
Sandro Nine. Sim, isso mesmo. A
ideia, a concepção foi toda idealizada pelo Lauro (Ex- baterista). O lance era
fazer uma capa igual ao das bandas dos anos 70, reviver os clássicos saca?? O
Eduardo Molotievski (Vocalista/guitarrista da Tudo Pelos Ares) fez o desenho
original. Podemos dizer com toda a modéstia que “A Mil por Hora” é uma tem uma
capa de um álbum clássico.
2112. Tirando o lançamento
do novo álbum que outros projetos vocês tem para este ano?
Sandro Nine. Eu tenho um livro pra
lançar ano que vem, “Os últimos Dias do Rock ‘n´Roll”, mas é um lance meio que
isolado da banda. Mas a prioridade mesmo é gravar o novo disco, lançar e cair
na estrada, fazer muitos e divulgar o máximo o nosso trabalho. Compor, lançar
disco é muito legal, mas fazer tudo isso em shows e sensacional.
2112. Agradeço de coração
a disponibilidade da banda em responder as perguntas e dizer que o microfone é
de vocês...
Sandro Nine. Carlão você um cara
guerreiro que divulga, apoia e mantém a chama acesa do rock’n’roll no Brasil,
te parabenizo e agradeço mais uma vez o espaço e o quanto o Blog 2112 ajuda a
Nicotines. Fazer parte disso é sempre uma honra e uma puta felicidade pra gente.
Quero agradecer a todo mundo que curte a banda, aos queridos amigos do Quem
Sabe Faz Autoral, e tanta gente no Brasil que nos manda mensagem e etc. Abraço
todo caloroso aos nosso parceiros da Amargo Malte, em breve estaremos fazendo
gigs juntos. E é isso ai, Keep rockin In The Free World.
Próxima entrevista
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