2112. Explique como uma técnica em enfermagem e farmácia entrou numa banda de metal?
Mônica. Lavando louça entre 9 a 11 anos de idade, não lembro a idade exata, queria escutar música para fazer essa obrigação. Encontrei ali na cozinha debaixo do armário uma caixa com uma fita 7 que estava escrito ...And Justice for All e do outro lado Slayer. Foi ali que tudo começou.
2112. O que isso mudou na sua vida?
Mônica. Mudou tudo em relação a música. Eu que só escutava Trem da Alegria, Xuxa, alguns boleros e Raul Seixas porque a minha mãe gostava. Tive uma alta sensibilidade para os rifs de guitarra, a verocidade de voz etc que me faziam transcender em curiosidades .. como é que eles fazem isso??? Quero saber!!!!!
2112. ... você ouve outros tipos de som além do metal?
Mônica. Sim, gosto da musicalização antiga, desde ópera, bossa nova, clássica, blues, reggae, gosto de contexto e letras poéticas por isso me fascino por antiguidade musical.
2112. Você poderia falar sobre as bandas que participou na adolescência antes de entrar na Kranius?
Mônica. Tive bandas de garagem como que só tocavam em aniversários de amigos, reunião de adolescentes, apresentação em colégio e tudo mais desse gênero. Eu tocava guitarra e cantava também. Geralmente era Ramones músicas de 3 acordes pra conseguir cantar e tocar.. os nomes eram engraçados... porque era o povo de colégio e eu sempre era convidada pra somar na banda então não opinei nos nomes kkkk Narinas Dormentes e Dark Fears.
2112. Existe material gravado dessa época?
Mônica. Nessa época não existia celulares com tanta tecnologia como hoje. Se existir eu não tenho, talvez alguém dessa remota época tenha revelado e sabe Deus onde se encontram.
2112. Falando da Kranius e Solymon. Como essas bandas surgiram?
Mônica. A Kranius começou como brincadeira pra divertir e sair um pouco da rotina pra tocar clássicos de bandas de peso. Mas não sabíamos que ia ter uma repercussão boa... ou seja nada foi planejado, foi acontecendo e quando vimos surgiam muitos convites pra tocar. Já a Solymon foi pensanda com muito carinho por mim e o guitarrista Renato Brandão professor da UFAM a qual queríamos trazer a cultura da Amazônia e suas histórias pra lembrarmos o quanto nossa região é cheia de mistérios e historicamente falando muito pouco abordada pelo povo brasileiro. E muitas das letras a qual eu escrevo são viagens mediúnicas como se eu tivesse ali na hora vendo tudo que aconteceu.
2112. A sua agenda é bem agitada... além do trabalho, você estuda, participa de duas bandas (isso inclui ensaios, shows e gravações), cuida de casa etc. Como você ministra tudo isso e ainda encontra tempo para você?
Mônica. No momento estou mais em casa, porquw meu contrato acabou recentemente na empresa a qual prestava serviço, então estou mais em casa estudando pra faculdade de farmácia, para concursos, cuido dos meus filhos, os trabalhos domésticos e uma vez na semana ensaiamos com a Kranius e Solymon. O legal é que são os mesmos músicos para as duas bandas. Quanto a agenda de shows o próximo pro enquanto tá pra outubro no Festival Polirock, e pra final do ano com a 2 edição do Festival Brother's Of Metal.
2112. Sabemos o quanto o cenário do metal nacional é carente quanto a participação de mulheres cantoras/instrumentistas em bandas. A situação deu uma melhorada mais ainda tem muito a se fazer, não é?
Mônica. Sim, muito a se fazer pois as maioria das mulheres só se limitam aos que os outros querem, ao que se vende, ao que é o gosto do populacho. Umas tem um talento imenso mas se restringe ao que as gravadoras impõem. Já outras mesmo gostam do famoso rock confete (a mesmice). Enfim... É assunto que tem muita pauta pra falar rsrs.
2112. ... você já se sentiu diminuída em algum momento?
Mônica. Diminuída nunca! A palavra certa é decepcionada com atitudes que em pleno século 21 não deveria existir mais. Me sinto é desafiada a mostrar que mulher não se resume a rebolados e músicas chulas, mulher tem cérebro e atitude e se quiser botar tudo isso pra fora em forma de arte e pensamentos pode e deve.
2112. Achei muito interessante e ousado o trabalho que vocês desenvolvem com a Solymon utilizando as crenças, os rituais e o folclore amazônico. Vocês já gravaram algum material?
Mônica. Estamos produzindo e breve gravaremos um EP. Brevemente já estará tudo em mãos se Deus assim o permitir.
2112. O nome da banda foi uma sugestão de Renato Brandão, professor de música da universidade UFAM. Como aconteceu esse episódio?
Mônica. Sim o nome foi ele que deu. Diante de todo o contexto que envolve o estilo ao qual nós queríamos ter uma banda, mais explosão, som pesado e atitude mais brutal, ele foi buscar nas histórias que envolvem nosso Amazonas algo que pudesse traduzir essas qualidades. Lembrou da própria resolução nas crônicas dos primeiros viajantes pela região que contavam sobre um rio que era perigoso, seus habitantes humanos usavam um tipo de curar e veneno denominado sorimun. Mais tarde a palavra se moldando ao português, viria a ser o nome do rio dos venenos, Solimões. Para não ficar tão evidente, então ele pensou em Solymon, um nome curto e forte.
2112. Mônica, como é a cena metálica aí em Manaus? Tem muitos lugares para vocês tocarem? E o público agita bastante?
Mônica. Atualmente só o Condadobar e casas undergrounds que abrem espaço para este tipo de som mais evidente e pesado. Aqui em relação a outras cidades brasileiras como SP o público é não é muito extenso apesar de ter sim seus conhecedores e simpatizantes. Mas não supre a carência do Metal aqui. E sim, o público agita bastante quando são verdadeiros apreciadores da arte que estão escutando. Pois sempre há os curiosos de shows que vão e nem sabem o que tá acontecendo no palco ou o som proposto.
2112. Eu trabalho com o blog a sete anos e vejo que o brasileiro não valoriza como deveria a sua cultura. Qual a sua opinião acerca disso?
Mônica. O populacho brasileiro não dá valor só a sua cultura, mas a educação, aos valores e quase nada de outros assuntos de importância, para que nosso país saia do patamar de pais onde não há leis, não há regras e tudo se pode. Ou seja é uma bagunça. A solução é uma educação de excelência só assim teríamos noção de uma verdadeira cultura raciocinada.
2112. Tenho visto músicos vendendo seus próprios instrumentos de trabalho para sanar dívidas. Como é manter uma banda em meio a toda essa tempestade que é a falta de apoio dos órgãos públicos?
Mônica. Tem que gostar muito do que faz pra juntas seus couros de ratos e manter firme o seu propósito de levar teu recado ao mundo. A vida de quem vive de arte em todos os aspectos não é fácil justamente pela falta de interesse dos que poderiam ajudar.
2112. Tem previsão de algum álbum, single ou vídeos para os próximos meses?
Mônica. Nas próximas apresentações já iremos inserir uma música ou outra da Solymon pra gerar justamente mais material.
2112. Qual telefone/e-mail para contactar a Kranius e a Solymon?
Mônica. O meu WhatsApp é 92994094585, no Instagram ou diretamente nos chats: @kraniusrockband. @solymonband.
2112. Obrigado pela entrevista.
Obs.: Todas as fotos usada nessa postagem foram retiradas do perfil da banda Kranius e da própria Mônica Paz.
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