O que seria dos
festivais, dos espetáculos teatrais, das bandas... se não fossem os roadies?
São eles que deixam tudo pronto para quando abrirem as cortinas tudo esteja
funcionando corretamente. Mas como toda profissão de prestação de serviços não
tem o destaque que merecem. Leia a entrevista e conheça um pouco mais do
universo dessas ilustres pessoas que levam a sério a frase: "... o show
tem que continuar."
2112. Quando foi que você começou a trabalhar como roadie?
Ricardo Lima. Comecei a trabalhar de roadie
por intermédio dos meus irmaõs Jaya Vitali e Gui Vitali, fundadores da banda
“HOMENS DO BRASIL”.
2112. Você tem outra profissão ou vive
apenas do trabalho de roadie?
Ricardo Lima. Sim, na Área eventos em geral (ex
assistente de produção e outras).
2112. O mundo do rock sempre foi
envolto em muito glamour o que torna o trabalho de vocês despercebido aos olhos
da mídia e das pessoas que vão aos shows. Isso incomoda ou faz parte?
Ricardo Lima. Faz parte da profissão. E
passamos desapercebidos porque fazemos nosso trabalho com muita dedicação,
alegria, carinho e muito amor aos SHOWS.
2112. ... pessoalmente acho injusto se
levarmos em conta que a engrenagem só funciona porque vocês estão lá para
garantir o andamento de tudo. Como é o dia a dia de um roadie antes e depois de
um show?
Ricardo Lima. Nosso dia a dia, acho que
podemos dizer “Nosso dia, noite e dia (rsrsrsr)”. Bem, é de nossa responsabilidade
sermos os primeiros profissionais a chegar no local do show, procuramos saber
onde são as localizações, onde fica o palco, local para carga e descarga de
equipamentos, local de chegada dos músicos, camarins, “conhecer” todos os envolvidos
do local do show desde o pessoal da limpeza até o Diretor Responsável do Show
ou Evento. Na parte de montagem de palco
não tem segredo quando o roadie tem o rider completo da banda (Input´s e mapa
de palco). Além do roadie montar os equipamentos, instrumentos e afinar, temos
que acompanhar a montagem completa do palco na qual houver algum problema
técnico durante o show saberemos onde está o problema, temos que prestar atenção
durante todo o show e passar toda a segurança para os músicos no palco durante
as apresentações. Após o show temos que fazer toda a parte de desmontagem dos
equipamentos, instrumentos e liberação do local onde aconteceu o show ou o
evento. Somos os últimos a sair do show ou evento. Basicamente esse é o dia a
dia de um roadie.
2112. Não estou querendo polemizar...
apenas acho que pela importância da profissão deveria ser mais comentada, não
é?
Ricardo Lima. Lógico que deve ser mais
comentada. Na minha opinião particular, deveria ser mais reconhecida.
2112. Imagine festivais do porte de um
Rock In Rio ou de um Lolapaloosa sem o aparato técnico de vocês...
Ricardo Lima. Nós sabemos que somos os
alicerces de vários festivais. Imagino que não seria festivais e sim, seria
encontros de várias bandas. Como era antigamente, exemplo; WoodStock na época foi
montado através das bandas e amigos e muito poucos profissionais da área.
2112. Vocês tem acesso a valiosas
informações que dificilmente sairia numa matéria de jornal, de revista ou mesmo
numa biografia oficial. Como funciona essa confiançabilidade entre vocês e os
artistas?
Ricardo Lima. Demoramos pra conquistar a
confiança de cada músico, porém quando conquistamos essa confiança, ela se
torna uma confiança de família.
2112. Já pensou em escrever um livro
contando um pouco do que acontece nos bastidores dos shows? Isso claro, sem
comprometer a integridade moral das pessoas.
Ricardo Lima. Sim, o nome seria “Roadie On
the Road” escrito por Ricardo Lima. E logicamente só publicaria com a
autorização de todos os envolvidos.
2112. Vocês tem uma visão privilegiada
dos artistas que poucos tem como temperamento, ego, vícios, uns gentis outros
não etc. Me responda uma coisa... você já tretou com algum músico ou vice versa?
Ricardo Lima. Briga não, mas existe as
discussões que por muitas vezes acaba em separações.
2112. A sua ficha é bem extensa com serviços
prestados a várias bandas. Há quanto tempo você trabalha nesta área?
Ricardo Lima. Sim, prestei e presto muito
serviço de roadie a várias bandas nacionais e intenacionais. Estou no ramo a
mais de 20 anos (é muito tempo rs).
2112. O que uma pessoa precisa para
trabalhar como roadie?
Ricardo Lima. Primeiramente tem que gostar
muito da profissão, porque passamos muito tempo longe da família. Tem que
gostar muito de música, ser humilde, responsável, dedicado, não tenha medo de
perguntar e tirar dúvidas do trabalho, seja sempre atencioso e solidário a
qualquer questão, procure sempre estar estudando
pois sempre tem novas lições a aprender sobre como ser um bom roadie. Basicamente
é como qualquer outra profissão.
2112. Foi você quem afinou o baixo do
Pedro Baldanza pela última vez. Como foi receber a notícia da sua morte?
Ricardo Lima. Sim, eu fui o último a afinar o
baixo do Pedro Baldanza. Foi uma notícia muito triste pra mim e pra toda a cena
do Rock Nacional. Quando eu recebi a notícia que Pedro Baldanza tinha falecido.
Eu ainda estava me recuperando da morte do nosso querido Walter Franco que
tinha falecido uns 5 dias antes. Acabei ficando sem chão, chorei muito a morte
dessas duas pessoas maravilhosas.
2112. Como era o Pedro longe dos
holofotes? Muitos o consideravam um verdadeiro gentleman. Isso é real?
Ricardo Lima. O Pedrão, o que falar? Uma
pessoa espetacular, de voz serena e calma, sempre com sorriso no rosto, fazia
questão de cumprimentar e saber como você estava, se a pessoa estivesse pra
baixo ele sempre tinha uma palavra ou uma frase que mudava seu dia, pessoa
dedica a família e amigos, e como músico deixou sua história marcada no ROCK. Como
ele sempre falava pra mim antes de entrar no palco ”Hora do show Ricardinho”.
2112. Eu o entrevistei uma única vez e
estávamos em conversa para fazer uma segunda e ele sempre foi super gentil e
atencioso. Foi uma perda muito, muito grande...
Ricardo Lima. Foi grande mesmo, ele deixou
uma linda história.
2112. Deixe seu telefone e e-mail para
quem quiser contratar seus serviços de roadie.
Ricardo Lima. (11) 97200-0322, e-mail:
ricardolimaroadie@gmail.com
2112. ... microfone é seu!
Ricardo Lima. Quero agradecer a minha família
por tudo, meus amigos que acreditam na minha profissão, agradecer a todos as
bandas na qual eu trabalho, bandas que tive o prazer de trabalhar mesmo que
tenha sido apenas um show. Agradecer a você Carlos pela entrevista, foi uma honra.
Acredite em seus sonhos.
“Onde há paz, existe cultura”.
“Onde há cultura, existe paz”.
Segue abaixo algumas produtoras e
bandas na qual Ricardo trabalha (algumas gringas).
Roadie nas empresas: Arte & Rumo
produções Artíscas, Brazil 10, Luartti produções, Vega Concerts
Bandas nacionais:
Walter Franco, Violeta de Outono, Casa das Máquinas, Homens do Brasil, MANAUMA,
Power Blues, Dialeto, Som Nosso de Cada Dia, Patrulha do Espaço, Carro Bomba,
Baranga, Cash, Rush Project tribute, Genesis Live, The SuperTramps tribute,
YesSongs, Electric Funeral, Pink Floyd Brasil, Edu Leal e a Conjuntura,
atualmente na atividade.
Bandas intenacionais: Jai Uttal, Gong,
Focus, Soft Machine, Néctar, David Croos & Dialeto, Napoleon Murphy Brock
& Let´s Zappalin, StickMen, Uli Jon Roth, Steve Hogarth, Vinni Appice,
Martin Barre celebrando 50 anos de Jethro Tull
- Festivais de música
Virada Cultural, Psicodalia, Festival da Lua Cheia, Lolapalozza, Rock In
Rio, Virada Cultural Paulista.
Obs.: As
fotos que ilustram a entrevista foram clicadas por Marcos Vinicius Troyan
Streithorst, Washington, Leandro Toledo e Bolívia & Cátia Rock.
Dedico esta entrevista a todos os roadies brasileiros. Sem vocês não há shows, não há diversão, não há vida no palco. Parabéns meus valentes guerreiros.
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