Muito antes de Roberto Carlos passear de calhambeque, Ronnie
Cord subir a Rua Augusta a 120 por hora e Eduardo Araujo se achar o bom...
Albert Pavão já era considerado o Elvis Presley brasileiro e já havia lançado
sucessos como Tu e Eu, Vigésimo Andar, Meu Broto só Pensa em Estudar, Sobre Um Rio Tão Calmo... e dois livros
que são verdadeiros tesouros: Rock Brasileiro: 1955-65 Trajetória, Personagens
e Discografia e Do Blues à Jovem Guarda, Passando pelo Rock´n´Roll.
Legenda das fotos (segundo as disposição das
postagens):
01. Albert Pavão;
02. Albert Pavão;
03. Albert Pavão;
04. Edição 333 da Revista São Paulo na TV, com Albert
e Meire na capa 1965;
05. Albert, Meire Pavão e seus pais,
1965;
06. Dançando com Lucy Mary;
07. Foto tirada durante uma festa em
1974 na Vila Mariana. Umas poucas com Meire e Albert cantando juntos;
08. Na TV Excelsior com Antonio
Aguillar, Aladim (The Jordans), Jaqueline Myma;
09. Com as fãs após uma apresentação
no Colégio Caetano de Campos, 1964
10. Foto do grupo Os Paulistas que
só durou 90 dias, O segundo da esquerda é Wanderley Cardoso com apenas 16 anos,
1961;
11. Albert com algumas fãs,
12. Cantando com os The Clevers no
Programa Festival da Juventude, na TV Excelsior em 1964
13. Propaganda para a Fábrica Di
Giórgio antes da propaganda para a Gianini
14.0. Partitura de Mulher de Cabeça
Dura (Hard Headed Woman);
14.1. Capa da coletânea Distração com
a participação da Orquestra Fantasia (todos os integrantes eram músicos de
estúdio) com arranjos do maestro Rogério Duprat e gravado no primeiro semestre
de 1963;
14. Single contendo Garôta Quadrada,
versão de Hard Headed Woman;
15. Single com Não Sejas Cruel,
versão de Don´t Be Cruel de Elvis Presley.
16. Capa de uma antologia de Albert;
17. Anúncio dos violões Giannini,
janeiro/1964
18. Albert, Meire, Tony Campello,
Orlando Alvarado e The Rebels (sem data);
19. Matéria de jornal;
20. Orlando Alvarado, Meire e Albert,
1965;
21. Reportagem na Revista São Paulo
na TV, 1965;
22. Em Curitiba na Rádio Tinguí
divulgando Vigésimo Andar ao lado das fãs;
23. Albert com as irmãs Clebs, 1963;
24. 1958, primeira apresentação de
Albert Pavão com apenas 15 anos cantando Don´t Leave Me Now;
25. Albert e o Vikings no
aniversário de sua irmã que cantaram Paralyzed de Elvis Presley, 1964
26. Cantando o sucesso Vigésimo Andar
no programa Festival da Juventude ao lado dos apresentadores Jacqueline Myrna e
Antonio Aguillar, 1964;
27. Matéria de revista após a visita
de Albert ao Uruguai onde participou Festival Sudamericano de Lá Cancion ao
lado do conjunto Alvorada, Los Iracundos, Palito Ortega etc. A matéria teve
esse título porque o cantor aceitou cantar Garota de Ipanema durante uma
apresentação na Boate Chez Carlos.
28. Reportagem do Jornal do Recife
com Albert sobre o livro Do Blues à Jovem Guarda;
29. Matéria de 1963
30. Foto tirada no Colégio Salete,
Bairro Santana após um show com Albert, Sr. Theotônio (pai de Albert), Meire,
Ademar Dutra, os dois irmãos Vikings, Kátia e o Cyro Aguiar;
31. Albert com seu Maverick em
frente ao prédio onde morava seus pais, 1978;
32. Albert em Acapulco, 1973
33. Albert em Londres, 1971;
34. Com o contor Demétrius no MIS,
1984;
35. Foto tirada durante uma viagem
ao Japão, 1974
36. No MIS ao lado da cantora
Regiane, Nenê Benvenutti e Tony Campelo;
37. Albert no MIS com Demétrius e
seu filho, Nick Savoia e sua esposa;
38. Como cantor Marcos Roberto,
1984;
39. No MIS com Celly Campelo;
40. Foto tirada ao lado do
colecionador José Roberto Oldies em janeiro 1988
41. Com Raito Raine;
42. Com Sonia Delfino;
43. Com Lucinha, Arnaldo Baptista e
Luiz Calanca;
44. Albert, Jerry Adriani, Valdir
Siqueira e amigos;
45. Albert e Erasmo Carlos na
Livraria Travessia;
46. Albert e Meire Pavão;
47. Com a amiga Fatyma Silva, na
Feira do Vinil;
48. Foto com Luiz Calanca (Baratos
Afins) e Lanny Gordin;
49. Com Luiz Calanca, Matheus Trunk,
Rolando Castello Júnior (Patrulha do Espaço), Tony Campelo;
50. Com Lucinha Zanetti, autora do
livro Renato Barros, Um Mito, Uma Lenda!
51. Com Luiz Calanca (Baratos
Afins), Tony Campelo e Mizael Camporeze;
52. Em Bariloche, 1975
53. Em 1971, depois de visitar Madri, passou pela famosa cidade Casablanca,
Marrocos;
54. Visitando a cidade de Pompéia,
Itália, 1971;
55. Capa do livro Rock Brasileiro
1955-1965;
56. Capa do livro Do Blues à Jovem
Guarda, passando pelo Rock´n´Roll.
Bônus: Entrevista com Albert para este blog postada em 28/02/2018
A
história do surgimento do rock brasileiro sempre foi um mistério pois não existia
gravações disponíveis ou livros enfocando o assunto... Somente em 1976 com o
sucesso da novela Estúpido Cúpido tivemos acesso a algumas gravações incluídas
em sua trilha sonora. Depois foi lançado as coletâneas Rock dos anos 60, Censurar ninguém se atreve (da Wop Bop de Rene Ferri) e os livros Rock
Brasileiro 1955-65 e Do
Blues à Jovem Guarda, passando pelo Rock’N’Roll; escrita por um dos seus
sobreviventes: o cantor e escritor Albert Pavão para que tivéssemos informações
precisas dos heróis que abriram espaço para a atual cena rocker. Go, go, lets
rock’n’roll!
2112. Primeiramente
peço que fale um pouco de sua carreira como cantor... Infelizmente estamos num
país em que a memória musical é praticamente “zero”. Se não fosse livros como o
seu estaríamos ainda na idade das trevas.
Albert
Pavão. Minha
carreira como cantor foi relativamente curta. Meu objetivo era fazer uma
faculdade (acabei fazendo duas) e depois arrumar um bom emprego e ganhar um
dinheiro que me desse uma vida tranquila e sem maiores problemas. Assim,
eu comecei a cantar em festinhas quando ainda não estava na faculdade e no ano
em que entrei no curso de Economia em São Paulo, acabei gravando meu primeiro
disco que foi o rock "Move It" com acompanhamento do grupo The Hits.
Isto aconteceu em 1962 e em 63 gravei minha música mais conhecida: "Vigésimo
andar", versão de 20 flight rock. Em 64 fui para a gravadora
Chantecler onde gravei "Biquininho" e "Meu broto só pensa em
estudar" e em 65 voltei a Elvis Presley ao gravar "Mulher de cabeça
dura" e "A garota do meu melhor amigo". Em 1966 fiz meu
último disco na Chantecler que foi "Tio Patinhas". Em 1967 estava
cursando pós-graduação em Economia, mas mesmo assim tentei lançar um disco
independente, mas não deu certo. Essas gravações só saíram num compacto, em
1975. Eram elas: "Filhinho de Papai" que os Brazilian Bitles
lançaram em 1967 e "A Batalha de Waterloo" que ainda era inédita.
Todas estão no you tube.
2112.
Muitos nem ao menos sabem que foi Nora Ney uma conhecida cantora de rádio que
gravou por indicação de sua gravadora o primeiro disco de rock no Brasil... uma
versão do maior hit de Bill Halley Rock
Around the Clock. Isso era muito comum na época, não é?
Albert
Pavão. O rock
chegou ao Brasil com a gravação de "Rock Around The Clock" por Nora
Ney. Isto foi no final de 1955 e eu era apenas um apreciador do Bill
Haley and His Comets. Foi o único rock que a Nora Ney gravou. Dos cantores
populares, o Cauby Peixoto era o que se dedicava mais ao rock.
2112.
Havia muitos compositores autorais neste período?
Albert
Pavão. De
compositores, nessa segunda metade dos anos 50, havia o Betinho e o Miguel
Gustavo, que fez "Rock and Roll em Copacabana" que Cauby lançou em
maio de 1957. O versionista Fred Jorge apareceu nesta área em 1958, ao fazer a
versão de "Diana" do Paul Anka, para o Carlos Gonzaga gravar.
2112. E a
cena musical da época era muito competitiva?
Albert
Pavão. Era um cena
musical muito simples. Estava tudo começando!
2112.
Mesmo após o sucesso de Nora Ney as rádios relutaram muito em divulgar o
crescente rock brasileiro... Como vocês conseguiam discos e informações para
ficarem sempre atualizados?
Albert
Pavão. Nora Ney
seguiu cantando samba-canção e boleros e nada mais fez de rock. A divulgação do
gênero era normal, mas tinha gente que não gostava.
2112.
Você veio do princípio da formação do rock e sabe que todo começo é mais
difícil até que tudo deixe de ser uma novidade e se torne uma realidade. Quando
você decidiu ser cantor e quais músicos ou bandas mais o influenciou?
Albert
Pavão. Como eu
escrevi antes, eu decidi começar a cantar quando aprendi a cantar músicas do
Elvis, do Little Richard e do Gene Vincent, entre outros, me acompanhando no
violão. Isto foi pelos idos de 1957 ou 58.
2112.
Como disse antes você é do período de ícones como Celly e Tony Campelo,
Demétrius, Meire Pavão, Renato e seus Blue Caps, Wanderley Cardoso, Wilson
Miranda, Jerry Adriani... Havia muito espaço para shows?
Albert
Pavão. Nesse início
eu só fazia apresentações em festinhas, mas nos anos 60, com discos lançados,
viajei bastante para diversos lugares. O mais longe que fui foi Recife, onde
cantei na TV Jornal do Comércio local e numa boate.
2112. Com
o crescente sucesso do movimento muitas rádios tiveram que se render as novas
músicas criando programas dedicados ao novo rítmo que dominava a juventude
cansada de boleros, sons orquestrais etc... Quais eram os programas mais
bacanas?
Albert
Pavão. Dos programas de rádio, eu
gostava dos programas do Antônio Aguillar, do Ademar Dutra e do Ferreira
Martins sobre música jovem.
2112.
Você era muito assediado pelas garotas nas ruas e nos shows?
Albert
Pavão. Assédio das
garotas sempre existia, pois a gente era jovem!
2112. As
gravações em estúdio neste perído eram produzidas quase que ao vivo, não
é?
Albert
Pavão. As gravações
em estúdio evoluíram, pois em 1962, no meu primeiro disco eu gravei direto, sem
playback. Já a partir de 1963, a gente fazia o playback antes e cantava em cima
dele.
2112. Em
pouco tempo Celly Campelo se casa, larga a carreia e aí aparece a Jovem Guarda
com Roberto Carlos a frente da nova onda. Vocês se sentiram traídos ou mesmo
excluídos?
Albert
Pavão. Eu gostei muito quando apareceu o
programa Jovem Guarda, mas só acompanhei até 1966, pois depois passei a ter
outras preocupações.
2112.
Poderia falar um pouco sobre sua irmã Meire Pavão?
Albert
Pavão. A minha irmã Meire Pavão, sempre
cantou com os grupos que nosso pai formava. Foi assim com As Garotas
Violonistas e Conjunto Alvorada. Em 1964 ela teve a oportunidade de gravar como
cantora individual e optou pelo rock de então e chegou a fazer sucesso.
2112.
Parece que ela dividia as atenções com Cely, não é?
Albert
Pavão. Meire era nascida de Taubaté,
terra dos irmãos Campello. Quando Meire começou a despontar, Celly já não
estava mais na ativa. Muita gente achou que Meire se parecia bastante com a
Celly em termos de repertório.
2112.
Mesmo após a Jovem Guarda e o Tropicalismo vocês continuaram gravando?
Albert
Pavão. A Jovem Guarda e o Tropicalismo
estavam em evidência no final de 1967. A Meire nesse ano, trabalhou na TV Tupi
do Rio e participou até de um programa de humor ao lado de Brandão Filho e Ema
D´Avila, mas em 1968 voltou para São Paulo e gravou "Monteiro Lobato"
que fez algum sucesso. Nesse ano de 1968, Meire fez uma novela na TV Tupi de SP
chamada "Sozinho no mundo". Em 1969, ela resolveu voltar a
estudar.
2112. Não
podemos deixar de mencionar a importância da novela “Estúpido Cúpido” e do
álbum “Censurar ninguém se atreve” que incluiu vários hits deste período
levando uma nova geração a conhecer o trabalho de vocês, não é?
Albert
Pavão. A novela "Estupido
Cupido" ajudou bastante na divulgação dessa época de ótimas músicas. Antes
de "Censurar ninguém se atreve", tivemos o LP "Rock dos anos
60" que também ajudou a divulgar bastante a canção pré-jovem guarda.
2112. Bacana, mas falemos
agora sobre o livro “Do Blues à Jovem Guarda, passando pelo Rock’N’Roll”. O que
te impulssionou a escrevê-lo?
Albert
Pavão. Meu livro
"Do blues à jovem guarda" foi meu segundo livro. Eu lancei em
1990, em São Paulo, o livro "Rock Brasileiro 1955-65" que foi o
primeiro livro que abordou a entrada do rock and roll no Brasil. Mas eu queria
fazer uma obra mais analítica e em 2014, pude lançar "Do blues à jovem
guarda" com 400 páginas, contando como o blues virou rock and roll.
2112.
Acredito que a pesquisa para a construção dos seus textos deve ter sido bem
difícil e com certeza levou um bom tempo até ser concluído. Havia muita divergência
de informações como datas erradas, dados incorretos dos artistas e coisa e tal.
O que mais foi difícil?
Albert
Pavão. Como eu
tenho muitas obras de fora, a minha pesquisa foi basicamente com material
próprio. O que eu não achava em casa eu procurava em outras publicações!
2112. Então
você guardava bastante material em casa, não é?
Albert Pavão. Tenho sim, muito material guardado, que servirão para a segunda edição
desse livro.
2112.
Achei muito curioso o título “Do Blues à Jovem Guarda...”. Onde o blues entra
nessa história? Pergunto pois o blues é uma corrente musical muito diferente do
rock que vocês e a própria Jovem Guarda faziam, não é?
Albert
Pavão. Voltando às
fontes de fora, na minha sala tem pelo menos uns dez livros americanos sobre o
assunto. Se você tivesse meu livro, iria ver que cito os que utilizei como
fonte!
2112. Os
artistas enfocados no livro ajudaram na pesquisa?
Albert
Pavão. Os artistas
que conheço não chegaram a me ajudar, porque eu prefiro fazer sozinho. Mas
conversei com alguns para esclarecer alguns dados mais obscuros.
2112.
Você é do tipo nostalgico? O que gosta de ouvir quando está em casa?
Albert
Pavão. Eu
praticamente não escuto o rock produzido por aqui atualmente. Só escutei até os
anos 80. Ouço muitas canções de todos os tempos. Aquelas que chamamos de
eternas.
2112. Há
projetos de lançar outros livros?
Albert
Pavão. Meu projeto
atual é a terceira edição do livro "Rock Brasileiro 1955-65". Ele
terá muita coisa nova, a começar pela discografia com muitas alterações. No
final dos anos 60, para matar as saudades eu escrevi uma coluna de rock e jovem
guarda na revista paulistana São Paulo na TV. Pretendo, um dia, colocar o
que escrevi num livro. Espero ter atendido plenamente a sua solicitação. Qualquer
dúvida, fico aqui à disposição! Abraços.
Em memória da cantora Meire Pavão
Obs.: Todas as fotos usadas nesta postagem foram solenemente saqueadas do Facebook do artista.
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