O blog 2112 foi formado com intenção de divulgar as bandas clássicas de rock, prog, hard, jazz, punk, pop, heavy, reggae, eletrônico, country, folk, funk, blues, alternativo, ou seja o rock verdadeiro que embalou e ainda embala toda uma geração de aficcionados. Vários sons... uma só tribo!



domingo, 9 de dezembro de 2018

Entrevista Banda Masmorra

Há muito que o rock se tornou um rico comércio de bandas que em nada representam (ou lembram!) o genuíno rock’n’roll. E ouvindo bandas como o Masmorra vemos que ainda existe luz no fim do túnel. Recentemente a banda lançou um EP que resgata a essência de um rock visceral, honesto e contagiante. E apenas rock’n’roll mas eu gosto!!         


2112. É verdade que o nome “Masmorra” foi inspirado no local onde vocês fizeram o primeiro ensaio da banda?

Frank. Sim, é verdade, a banda ainda não tinha nem nome, nem músicas na verdade e fomos no local de trabalho desse amigo, quando chegamos lá, antes de entrarmos na sala do estúdio em si, tudo parecia uma masmorra (rsrs)...

2112. E onde entra o Pedrão nessa história?

Frank. Pensamos em ter um mascote, um personagem o qual a pessoa pudesse relacionar a banda, daí surgiu a ideia de um corcunda com aparência roqueira e que seria o guardião da masmorra. O nome é em homenagem ao sogro do Frank (guitar), ele foi ao primeiro show que fizemos e, ao auge dos seus quase 90 anos participou o tempo todo na frente do palco. Foi inspirador pra todos nós. 

2112. A amizade entre vocês deu tão certo que agora ele é o mascote da banda... É ele quem põem ordem na casa?

Frank. Sim, como disse o Pedrão é o nosso guardião, inclusive, no começo dos nossos shows ele que nos anuncia! "Meu nome é Pedrão..."

2112. Bem, a banda surgiu em 2016 e apesar de relativamente nova no cenário é formada por músicos experientes. Como surgiu a idéia de formação da banda?

Frank. Tony teve a ideia de formar a banda, chamou o Ronaldo para fazer parte, nesse mesmo tempo o Frank, que havia saído do Kamboja, foi chamado para completar o time. Airton veio em seguida por sugestão de Ronaldo. No início Ronaldo era o vocalista mas, devido a problemas nas cordas vocais ficou somente com a guitarra. Frank indicou Ricardo Peres para assumir o vocal e felizmente a formação se estabilizou até mês passado quando Airton acabou saindo. Ronaldo como já era baixista, acabou assumindo as 4 cordas e nos estabilizamos como um quarteto. 

2112. Como foi absorver tantas informações e influências para criar o som da banda?

Frank. É um processo natural, todos nós somos, antes de músicos, fãs de rock/hard/metal. Já temos um jeito de compor e o trabalho foi encaixar isso na proposta do Masmorra. 

2112. Achei muito bacana a idéia das letras serem cantadas em português. O que mais influenciou vocês a tomarem esta decisão?

Frank. Na verdade nunca pensamos em cantar em inglês, o objetivo da banda não é sucesso internacional. Nunca foi uma decisão que tomamos, apenas algo natural.

2112. Precisamos valorizar mais a nossa língua, afinal bandas como Golpe de Estado, Salário Mínimo, Mr. Huddy, Stress, Nicotines, Patrulha do Espaço, Amargo Malte... mandam ver em português e nunca decepcionou ninguém, não é?

Frank. A questão do idioma no rock, na minha opinião é indiferente. Bandas podem mandar muito bem e muito mal, tanto no português como no inglês, o mais importante é a energia que a banda passa.

2112. Seria muito bacana ver o brasileiros ter o mesmo orgulho que os americanos, alemães, italianos, franceses... tem de suas bandas. A cena seria outra, não?

Frank. Ah, isso é cultural, o Brasil não é um país do rock e, acredito que nunca será. Basta ver o rock dos anos 80 aqui, as gravadoras limavam as guitarras distorcidas das bandas, poliam o som, enchiam de teclado e o artista acabava ficando vendido. Bandas de metal da época como Korzus, Centúrias, Salário Mínimo sofreram também com o nível extremamente baixo de conhecimento dos técnicos da época. Então a cultura rock no Brasil praticamente é inexistente. No caso dos americanos e alemães por exemplo, eles tem orgulho sem dúvidas, lá é o berço do rock, berço do metal, etc, etc... do mesmo modo o brasileiro tem orgulho da sua música que, infelizmente não é o rock.

2112. O que mais influência vocês na hora de compor?

Frank. Difícil dizer, como o Masmorra não é uma banda que segue uma temática ou algum tipo de posicionamento, não temos algo efetivo que nos inspire. Da parte lírica acredito que fatos que aconteceram conosco, coisas do dia a dia, coisas que todos nós passamos uma hora ou outra na vida. Fatos pessoais mas que, podem ser facilmente identificados por qualquer pessoa.

2112. O hard ao longo dos anos assimilou influências do blues, do heavy, do prog, do soul, do pop... sem perder a sua essência. Vocês escutam de tudo um pouco?

Frank. De tudo não, esse é um conceito bem abrangente... Mas, sim! No apanhado geral, ouvimos rock clássico, um pouco de bossa nova, jovem guarda, blues, black metal, etc, etc... mas o que prevalece mesmo é o rock, não considero que o Masmorra seja uma banda de rock, hard rock, heavy metal...é uma mistura de nossas influências mesmo. 

2112. Quais bandas influenciam o som do Masmorra?

Frank. Nacionais: Dr. Sin, Taffo, Barão Vermelho. Internacionais: Kiss, Mr. Big, Extreme, etc, etc...

2112. Vocês são de acompanhar as variações do mercado musical? Que bandas vocês indicam como sendo bacanas para se conhecer?

Frank. Tem algumas bandas legais no cenário, indicaria: The Night Flight Orchestra, Black Stone Cherry. Nenhuma delas faz som inovador mas, tem muito bom gosto.

2112. Vocês lançaram um ótimo EP com quatro faixas que recebeu resenhas positivas em revistas, sites e do próprio público. Como foram as gravações em estúdio?

Frank. Divertidas, como tem que ser! Gravamos no Dual Noise em SP com o Wecko. Foram gravações rápidas e leves de se fazer, sem grandes traumas ou contra tempos. O EP acabou sendo produzido pela própria banda com co-produção do Wecko, ficamos felizes com o resultado final.

2112. Vocês registraram tudo ao vivo?

Frank. Não, canal a canal. Primeiro bateria, depois baixo, guitarras, solos e vocais.

2112. Hoje estamos num tempo em que viver de música é uma verdadeira aventura: falta espaços, produções bacanas, público... Como é sobreviver neste campo de batalha?

Frank. Como sempre digo quando me perguntam se dá pra se viver de música; claro que dá, tudo depende do estilo de vida que você quer ter. No mais, o Brasil é um país que não valoriza a cultura, não é ruim somente para o músico, é ruim para o escritor, para o escultor, para o ator, e em toda e qualquer esfera artística. O importante é fazer o que se gosta. Se alguém mais gostar ótimo, sempre tem alguém que gosta... rsrss.

2112. Outra coisa nociva a cena é a falta de apoio do público que paga 200, 300 reais num show gringo e acha caro pagar 15, 20 reais para assistir um show autoral. É foda não?

Frank. Não, aliás esse é um pensamento que deve mudar. O fã tem o direito de pagar quanto o bolso dele permitir para assistir seu artista preferido. R$ 200 / R$ 300 se você parar pra pensar é caro mas, por que isso acontece? Será que não é pela própria atitude do brasileiro em falsificar carteirinha de estudante, e aí o produtor, de alguma forma precisa reaver esse prejuízo? Outra, geralmente essas bandas que o ingresso gira em torno desse valor são bandas já com uma longa estrada, tem álbuns lançados no mundo todo, tem uma carreira. Dependendo da banda nacional não pago nem R$ 5,00 pra assistir. É questão de gosto, simples assim. O público deve apoiar por gostar da banda (nacional ou internacional) e não por obrigação. 

2112. As plataformas digitais de uma certa maneira enfraqueceu a venda de CDS físicos sem contar os free downloads. A solução hoje para manter uma banda na ativa são os shows?

Frank. Shows, nos shows, acabamos vendendo nossos EPs, camisetas, bonés, etc, etc... show continua sendo a fonte principal de ganhos.

2112. Soube que vocês estão preparando material para um novo álbum. Já tem alguma coisa pronta?

Frank. No momento estamos em pré-produção do nosso primeiro álbum (ainda sem nome), temos 10 músicas prontas e, assim que terminarmos a pré já iniciaremos as gravações. Dessa vez vamos trabalhar com um produtor, não vamos fazer tudo sozinhos. Estamos trabalhando com Marco Nunes (Genocidio/Goatlove), um excelente produtor que está enriquecendo muito o processo. Fora isso, Ronaldo assumirá o baixo já nas gravações do álbum. Estamos ansiosos. 

2112. Vocês testam o material nos shows para sentir a reação do público?  

Frank. Hum...não! rsrsrs... a gente só toca! Se a galera curtir, claro que a gente fica feliz mas, obviamente existem músicas que funcionam melhor ao vivo do que outras, isso é notório no rosto do público. 

2112. Já existe uma previsão para gravação/lançamento do novo álbum?

Frank. Pelo nosso cronograma acredito que o álbum será lançado no primeiro trimestre de 2019. Estamos contando com isso! 

2112. Uma última pergunta: Como vocês definem o público do Masmorra?

Frank. Difícil dizer, nosso público ainda está sendo formado, as pessoas estão começando a nos conhecer. Já vi gente com camiseta do Barão Vermelho curtindo pakas, já vi gente com camiseta do Ghost curtindo pakas! rsrsrs...Gente de todas idades também, jovens, mais velhos. Não sei definir nosso público, talvez o futuro diga isso! 

2112. O microfone é de vocês...

Frank. Muito obrigado pelo espaço e oportunidade! Esse tipo de atitude é essencial para que as coisas continuem acontecendo. Continue o trabalho com dedicação e carinho. Em breve novidades! Acessem nosso Facebook, Instagram, Deezer, Spotify, etc, etc e sigam o Pedrão direto para a Masmorra! Muito obrigado!

Frank, Ronaldo, Ricardo, Tony!

Próxima entrevista: Lótus Áurea (Dia 15) 

Nenhum comentário:

Postar um comentário