O blog 2112 foi formado com intenção de divulgar as bandas clássicas de rock, prog, hard, jazz, punk, pop, heavy, reggae, eletrônico, country, folk, funk, blues, alternativo, ou seja o rock verdadeiro que embalou e ainda embala toda uma geração de aficcionados. Vários sons... uma só tribo!



quarta-feira, 29 de março de 2017

Fabrício Aguiar, Uma saudade, uma viagem... (2017)



Quanto vale um sonho? O que muitos sonham este médico pediatra conseguiu, gravar um disco em casa com músicas que ele curte, da banda que ele curte e com o apoio dos integrantes da banda: 14 Bis. Leiam a entrevista e vejam que muito mais que sonhar, é lutar por um ideal, é transformar uma massa disforme em novas músicas sem que ela perca sua pegada original.  

2112. O que mais motivou você a gravar Uma saudade, uma viagem...?

Fabrício Aguiar. Queria muito ouvir e ver o 14 bis regravar as canções "lado B" da banda. Uma vez estava na casa do Flavio... daí eles tinham esse projeto de gravar as músicas do lado B. Vi eles ensaiando... delirei! Quando voltei pra casa, comprei alguns equipamentos que o Flávio tinha e comecei o projeto. Mas a princípio iria somente gravar, só pra ver como essas músicas ficariam com a minha voz e minhas ideias...

2112. Você pretende marcar alguma apresentação?

Fabrício Aguiar. Não! Não, vou fazer shows. A realização foi só o CD. 

2112. Segundo o texto do cd a idéia original era gravar músicas menos conhecidas do 14 Bis uma de suas grandes influências o que acabou não acontecendo. Qual foi o processo de seleção que você utilizou na escolha das músicas?

Fabrício Aguiar. O cd são 15 músicas. A maior parte são de músicas que não "aconteceram". Mas que são lindas, melódicas, cheias de acordes maravilhosos.... Músicas que não são tocadas em show. Eu queria ver como elas ficariam com toda essa tecnologia nova. Pois elas foram gravadas nos anos 80. Os timbres eram outros, o pensamento dos produtores, a forma de trabalho dos técnicos eram diferentes. Que por sinal adoro o que foi feito nos anos 80.  No caso de Uma Velha Canção Rock n roll eu já tinha a vontade de gravar... ai um amigo querido me deu um "empurrãozinho", daí gravei. Eu queria gravar alguma música que tivesse bandolim. Foi aí que pensei em gravar Natural. Caçador de mim, não estava no repertório escolhido, mas meu filho quis cantar, sempre cantei pra ele essa música, ele adora.

2112. Tirando o 14 Bis quais são suas influências?

Fabrício Aguiar. Beto Guedes, Lô Borges, Boca Livre, O Terço, Yes, Rush, Supertramp, James Taylor entre outros.

2112. Pessoalmente devo dizer que gosto de vários sons, vários mundos musicais e detesto rótulos. Afinal, música é música e não um pedaço de terra a ser demarcada. Acredito que os rótulos intimida a criação de um artista. E você, gosta de ouvir um pouco de tudo?

Fabrício Aguiar. Te confesso que não gosto de ouvir de tudo não! Talvez por ter muita gente ruim em alguns estilos. É muita repetição, muita música igual na atualidade. Quando ouço alguma coisa boa na rádio, ai sim corro atrás pra comprar e ouvir. Mas quando toca essas músicas e estilos que não gosto... dá um bloqueio na audição... rssss!

2112. Me lembro que no fim dos anos 70 e início dos anos 80 levou muitas bandas brasileiras a utilizarem esse processo artesanal de gravar em casa seus trabalhos levando em conta o lema punk “faça você mesmo”. O que levou você a gravar o seu cd dessa maneira?

Fabrício Aguiar. Sou pediatra! E o tempo que me sobra quero estar com minha família. Não abro mão. Tenho um Home Studio no meu apartamento e gravei 75 por cento do cd aqui em casa... mixagem e masterização também. Meu parceiro Gilmar Martins vinha quase todos os sábados para trabalharmos.  Desse jeito eu gravava e ficava com a família o tempo todo. Foram 5 anos! O Gilmar agora já faz parte da família. Mas hoje em dia a maioria dos artistas gravam em estúdios em casa. Não precisa de muitos equipamentos. E muito prático! E mais fácil para expor as ideias. E ficar livre de horários. Nem sempre você tem inspiração na hora que você precisa, com hora marcada. Mas posso dizer que foi uma terapia, muito prazeroso. Adorei! Tenho vontade de investir mais. Mas é lazer, minha profissão e pediatra.

2112. Hoje depois de lançado qual a sua opinião sobre o cd como um todo? Faltou alguma coisa?

Fabrício Aguiar. Gostei muito do resultado. Lógico sempre tem algumas coisas que eu vejo e ouço diferentes da outras pessoas, mas são coisas que só eu sei.... rsss.               

2112. Em que momento das gravações você resolveu mostrar o trabalho para os membros do 14 Bis? Claudio ajudou nas gravações?

Fabrício Aguiar. Sempre mostrava tudo pra eles, mesmo não estando prontas. Flávio falava pra mim: esse acorde está errado, o piano aqui está um pouco baixo... rssss.  Cláudio também... a guitarra está errada, dobra as vozes, etc. O Cláudio abraçou e entendeu minha "loucura". Fiz um show com ele uma vez, e depois convidei ele que aceitou na hora! 

2112. Você pensa algum dia gravar um disco autoral?

Fabrício Aguiar. Sim, pretendo sim! Acho que seria bem parecido com o estilo do 14bis e do Flavio Venturini. Mas não sei quando!

2112. Que recado você deixa paras as pessoas que pensam em gravar?

Fabrício Aguiar. A gravação de um trabalho é algo inexplicável. Autoral ou não, ver suas ideias tomando forma com o passar do tempo e muito prazeroso. Expor e dividir seus pensamento, suas ideias, experimentar, copiar, criar, foi uma experiência única. Vale a pena!
 “Uma saudade, uma viagem...”
A música mineira sempre teve um diferencial no cenário musical brasileiro gerando nomes que sempre estarão na mente dos que amam a verdadeira música de qualidade: Milton Nascimento, Beto Guedes, Lô Borges, Flávio Venturini, 14 Bis, Toninho Horta, Jota Quest, Skank entre outros. O que este cd pretende (e conseguiu!) é resgatar músicas pouco executadas pelo 14 Bis e recriá-las dentro da visão particular de um fã sem que perdessem suas características originais. É interessante ouvir o trabalho como um todo reparando entre um detalhe e outro que todo esforço valeu a pena. É um cd para ouvir tomando um bom vinho, no carro, durante uma caminhada, namorando ou acompanhado de pessoas bacanas que entendam de música senão ouçam Natural, Pele de Verão, Adoráveis Criaturas... e o dueto entre pai e filho em Caçador de Mim. Não podemos deixar de destacar a bela arte gráfica em tom envelhecido o que dá um toque intimista ao projeto.

01. Natural
02. Perdido em Abbey Road
03. Ponta de esperança
04. Pra te namorar
05. Queima baby
06. Razões do coração
07. Nos bailes da vida
08. Uma velha canção rock’n’roll
09. Pele de verão
10. Adoráveis criaturas
11. Ilha do mel
12. Mel do amor

Extras

13. Nuvens
14. Até outro dia
15. Caçador de mim

Contato: fcobrao@hotmail.com

quarta-feira, 15 de março de 2017

As Raízes do Rock - Florent Mazzoleni



Não, o rock não começou com os Beatles, The Rolling Stones, The Who, Led Zeppelin, o Pink Floyd, Sex Pistols, The Clash, Nirvana, Foo Fighters, Metallica... Se você é do tipo que ouve rock mas não se importa em conhecer suas raízes, passe bem longe deste livro que é um verdadeiro tesouro da literatura rocker. As Raízes do Rock, é para quem quer se inteirar de como surgiu os primeiros acordes de uma músicas que revolucionou a música de maneira profunda e irreversível.

O texto narra desde 1930, com o surgimento do boogie-woogie, das orquestras de jazz, do blues do Delta, do gospel e a revolução da guitarra elétrica; passando pelo country, o surgimento das race records, o bluegrasss, as grandes lendas do rhythm’n’blues, os grandes selos independentes, os anos 40/50 quando o rock começou timidamente a engatinhar; o aparecimento dos grandes grupos vocais, os primeiros nomes do rock’n’roll até a sua morte com a traição de Elvis que se entregou ao pop radiofônico e seus filmes idiotas.  

Faça uma viagem no tempo, um retorno as raízes da música que você tanto ama e admira. O livro está recheado de fotos rara dos grandes precursores, capas de discos míticos, narra também todo o  contexto político e social que tornou o rock um grito de liberdade para muitos que se sentiam oprimidos. Um livro que valeu um baú de dinheiro!

segunda-feira, 13 de março de 2017

Entrevista Baranga

Enquanto muitos roqueiros vivem em busca de novidades gringas, eu prefiro ir em sentido contrário e buscar no underground e mesmo no mainstream bandas brasileiras que muitas vezes tem mais valor no exterior do que dentro do seu próprio país. Não vou dizer que não ouço bandas internacionais... adoro Led Zeppelin, Pink Floyd, Pantera, Rolling Stones, Motörhead, The Who etc; mas precisamos também valorizar o nosso produto interno.  O Baranga por exemplo faz um rock visceral com letras bacanas que se cantadas em inglês competiria fácil com “bandinhas fodonas internacionais” que apenas copiam modelos antigos e logo engolimos como tal... Escute esta banda e tire suas conclusões!

2112. Como surgiu a banda?

Soneca: Já nos conhecíamos de outras bandas, toquei com o Deca no Pitbulls On Crack.  E com o Xande numa outra banda que o Deca também participou no início. Paralelo a isso, eu e o Xande fizemos algumas jams, em estúdio, com o Paulão. Depois de uma reunião dos quatro em um bar resolvemos montar uma nova banda.

Deca Essa banda comigo, Soneca e Xande fazia versōes de clássicos de rock, rolou legal tocarmos juntos, mas como eu prefiro tocar músicas próprias, saí, mas mantivemos contato e começamos a falar do assunto e procurar um baterista. Curtimos o 1o ensaio e o resto é história.

2112. Até a gravação do primeiro trabalho como foi os primeiros anos da banda?

Soneca: Logo no primeiro ano, gravamos uma Demo e participamos de um programa da TV Cultura, que se chamava Musikaos, com apresentação do Gastão Moreira, ao lado da Patrulha Do Espaço e Made In Brazil. Isto impulsionou a banda, e depois de muitos shows, divulgando a Demo, partimos para a gravação do primeiro álbum, que saiu em 2003.

Deca: foi como é até hoje, com ensaios, shows e composiçōes. Essa banda sempre teve e tem vontade de produzir músicas novas.
2112. Como funciona o processo de composição de vocês? O que vem primeiro: a letra ou a música?

Deca: As músicas e letras aparecem por separado e vamos juntando nos ensaios. Nunca fizemos uma música a partir de uma letra.

Soneca: Geralmente, os riff’s vem primeiro e depois encaixamos uma letra. Em algumas ocasiões rolam letras prontas que tentamos encaixar em algum riff. Mas são nos ensaios que fazemos os arranjos e estrutura da música. Eles são mais importantes do que a ordem do que saiu primeiro, seja riff ou letra.

2112. Geralmente o primeiro trabalho de estúdio de uma banda serve como laboratório para os trabalhos seguintes. Na opinião de vocês como é o entrosamento da banda antes da gravação, durante os ensaios e nas sessões de estúdio?

Deca: Todos nos relacionamos muito bem e colaboramos bastante.

Soneca: Apesar de ser um trabalho desgastante, manter a diversão nos ensaios é fundamental. Só assim a banda se mantém entrosada. Afinal, é disso que se trata o Rock ‘n’ Roll.
2112. Olhando a discografia da banda qual dos trabalhos dá mais orgulho e porquê?

Deca: Gosto de todos. Se for pelos timbres dos instrumentos, gosto bastante do 1o e do 5o e último.

Soneca: Como estamos gravando um disco novo, espero que o próximo álbum seja o que me dê mais orgulho, porque não há nada melhor do que se manter ativo e produzindo. 

2112. Quais as maiores influências de vocês?

Soneca: Na banda são: AC/DC, Status Quo e Motorhead.

Deca: Tem grandes bandas nacionais que gostamos, mas nenhuma influenciou o estilo da banda. Provavelmente porque fomos influenciados pelas bandas que influenciaram essas bandas nacionais.

2112. A atual cena do rock empolga?

Deca: Sim!

Soneca: O dia que o Rock não me empolgar mais estarei aposentado ou morto.

2112. Como vocês veem o revival de bandas que se baseiam no som dos anos 60/70? Tem alguma coisa legal na opinião de vocês?

Soneca: Acho bacana, curto bandas como o Black Crowes, Gov’t Mule, Blackberry Smoke etc. Soam atuais apesar de ter uma sonoridade ‘vintage’.

Deca: Para mim é legal pela influência, mas desde que não seja cópia ou pura reedição do que já foi feito. É legal ter artistas e bandas novas e, desde que as músicas e o show sejam bons, está tudo certo.

2112. Vocês concordam com a frase: “Drogas, sexo e rock’n’nroll”?

Deca: Concordo sempre com o Rock and Roll! Sexo vai da intimidade de cada um, e drogas é um tema mal interpretado e mal resolvido no planeta inteiro.

Soneca: Não fazendo mal aos outros cada um tem o direito de fazer o que bem entender, portanto, concordo plenamente.
2112. Os títulos dos cd’s da banda são um tanto provocativos e debochados: Whiskey do Diabo, O céu é o hell, O 5ª dos infernos.. Qual a intenção por detrás deles?

Soneca: Provocar. Arte é provocação, e o Rock não pode ser diferente.

Deca: São nomes de músicas que estão nos CDs e o rock tem dessas coisas. São expressōes do dia-a-dia pelo mundo afora como "o que diabos é isso". Simples assim. Zero satanista ou coisas esquisitas do tipo. São pra chamar a atenção mesmo!

2112. O que vocês diriam para bandas que mal se formou e já pensam em gravar?

Soneca: Ensaie bastante antes de gravar. Poupa tempo no estúdio e o resultado sempre fica melhor.

Deca: Parabéns! Porque já devem ter certeza de que são músicas legais e de que estão prontas para gravar.

2112. Existe uma má vontade por parte de muitos fãs de rock/mídia/festivais/gravadoras em relação ao rock nacional quando afirmam que o rock produzido por gringos é melhor. Qual a opinião de vocês acerca disso?

Deca: o que existe há muito tempo no Brasil, talvez desde sempre, é a "certeza" burra de que tudo importado é melhor. Pode ser tanto uma camiseta como pode ser uma banda.

Soneca: Se existem pessoas que pensam assim azar o delas. Não se trata de ser melhor ou pior. Uma banda nacional sempre será diferente mesmo fazendo um som de “nível gringo” e não faltam exemplos no país de bandas nacionais com este nível de profissionalismo. 

2112. Qual o recado que vocês enviariam para estas pessoas?

Soneca: Seja feliz e deixe que os outros também sejam.

Deca: Não se importem de onde vem as coisas, importem-se se vocês curtem e pronto.