O blog 2112 foi formado com intenção de divulgar as bandas clássicas de rock, prog, hard, jazz, punk, pop, heavy, reggae, eletrônico, country, folk, funk, blues, alternativo, ou seja o rock verdadeiro que embalou e ainda embala toda uma geração de aficcionados. Vários sons... uma só tribo!



domingo, 7 de maio de 2017

Entrevista Violeta de Outono


O bom de ter um blog é poder entrevistar bandas e músicos que você muito admira e ouve seus trabalhos com total admiração! Desde a primeira vez que ouvi o Violeta de Outono (um EP com três faixas lançado pelo selo Wop Bop!) sabia que estava diante de uma das melhores bandas do planeta e uma das quais mais ouço. Fazer esta entrevista foi um sonho conquistado como a do Beto Guedes.

2112. Ano passado vocês lançaram Spaces após quatro anos de ausência. Porque levou tanto tempo para gravarem e o que motivou a volta da banda?

Fábio Golfetti. As músicas do álbum Spaces começaram a tomar forma logo após o lançamento do CD Espectro. Considerando que o primeiro álbum da trilogia, o CD Volume 7, foi seguido pelo álbum Espectro também lançado 5 anos depois, isso indica que o tempo que essa banda precisa para absorver e promover um disco mais complexo é maior. A banda nunca parou, e nesses últimos 10 anos está em atividade contínua. A formação desde 2010 é Fabio Golfetti, Gabriel Costa, José Luiz Dinóla e Fernando Cardoso. O trio original dos anos 1980 é Fabio Golfetti, Angelo Pastorello e Claudio Souza.

2112. Como foram os dias em estúdio? Vocês ficaram satisfeitos com o resultado final?

Fábio Golfetti. Absolutamente, o álbum Spaces é uma continuação e resumo dos dois álbuns anteriores. Para isso, elaboramos o conceito do álbum com muitos ensaios e ideias, utilizamos o melhor estúdio dentro do nosso alcance, o estúdio MOSH, do Oswaldo Malagutti Jr., com o engenheiro Alex Angeloni, que gravou o Volume 7 e o Espectro, e a melhor masterização possível, com o engenheiro de som Andy Jackson, do Pink Floyd, e o resultado foi o melhor que já obtivemos em qualquer gravação anterior. Em termos de composições, também acredito que chegamos a uma síntese dessa segunda fase do Violeta de Outono.

2112. Tecnicamente olhando o resultado final vocês acham que conseguiram captar a dinâmica sonora dos shows?

Fábio Gofetti. Não necessariamente, pois este álbum foi gravado de forma diferente dos outros, não foi gravado ao vivo, foram aproveitadas gravações de demos, foi gravado e mixado totalmente digital, em resumo, quebrou alguns paradigmas do Violeta de Outono em estúdio.  A banda sempre gravou seus álbuns de modo ao vivo no estúdio, para reproduzir o que era capaz de fazer ao vivo, mas o para este a conceito mudou e gravamos separadamente.

2112. Como é o processo de composição da banda? É um processo individual ou todos dão opinião?

Fábio Golfetti. Nesse álbum tivemos composições coletivas, como “Imagens”, onde cada integrante trouxe alguma parte e foi se desenvolvendo nos ensaios; outras foram ideias individuais com sugestões de todos os integrantes, até a mais complexa, “Cidade Extinta” que foi escrita pelo Fernando Cardoso, compasso por compasso.

2112. Dos trabalhos gravado pela banda qual você mais gosta?

Fábio Golfetti. Não tenho um preferido pois são duas bandas praticamente distintas, mas para mim esses seriam os meus favoritos
Violeta de Outono EP (1986)
Violeta de Outono (1987)
Volume 7 (2007)
Spaces (2016)
2112. É difícil montar a set list de um show? Quais músicas nunca podem faltar senão os fãs reclamam?

Fábio Golfetti. Sim, é difícil. Para mim, essa formação atual toca melhor o repertório que foi composto a partir do Volume 7, e o trio original toca melhor os primeiros discos. Não é uma questão técnica, mas sim uma característica do rock, que sempre é melhor quando tocado pelo seu próprio compositor. Nos shows atuais, incluímos algumas faixas antigas, no bis. Para satisfazer os fãs antigos, estamos programando fazer uma reunião de 30 anos do trio original para um show comemorativo e também relançar os dois primeiros álbuns.

2112. Quais são suas maiores influências?

Fábio Golfetti. O rock/jazz do final dos anos 1960 início de 1970, free-jazz, música contemporânea e eletrônica. Como guitarrista, as influências são Steve Hillage, Syd Barrett, Terje Rypdal.

2112. O que você gosta de ouvir quando está em casa ou você prefere o silêncio?

Fábio Golfetti. As duas coisas, quando estou produzindo, gravando, escuto gravações que me inspiram na produção como referências, gosto de ouvir som no carro que é diferente do que os fones de ouvido. Pelo menos uma vez por ano ouço a discografia completa do Led Zeppelin.

2112. Das novas bandas surgidas no atual cenário quem você destacaria?

Fábio Golfetti. Existe uma infinidade de novas bandas em diversos gêneros, algumas brasileiras seguindo caminhos experimentais. Tenho ouvido recentemente Cary Grace, cantora/synthesist que tem um trabalho com sonoridade space rock gothic, e Magic Bus, uma banda inglesa na linha do Canterbury sound. Das brasileiras, estou ouvindo muito o Dialeto, que não é nova, mas está lançando um disco novo reinterpretando Bela Bartok com a participação nada menos do que do David Cross, o lendário violinista do King Crimson.

2112. Existe pessoas que dizem que o rock nacional não tem a mesma qualidade das bandas gringas. Qual a sua opinião e o você diria para estas pessoas?

Fábio Golfetti. Para mim isso não existe, a única diferença é geográfica. No caso, a Inglaterra produz a música rock que permeia o universo musical internacional há mais de 50 anos e qualquer coisa produzida lá se propaga de uma forma muito maior do que qualquer outro país no planeta. Porém é um mercado extremamente competitivo, um artista inglês também tem que se destacar de outro.
2112. O mundo foi tomado de assalto pela distribuição dos arquivos digitais na net. Você é contra ou a favor dos arquivos MP3’s?

Fábio Golfetti. Sou a favor, apesar de que diminuiu a venda de discos, consequentemente os artistas recebem menos dinheiro por disco vendido, mas isso é uma evolução, a qualidade sonora é superior, você pode se autoproduzir, então estimula o artista a se superar e evoluir.
Meu formato predileto é o CD, pela praticidade e também por manter a integridade do conceito de um álbum. O MP3 é prático para se ouvir música em qualquer lugar. O vinil é legal pois tem o ritual de ouvir 20 min, parar e virar o disco.
Mais legal é reunir amigos e ficar ouvindo e comentando discos, mas isso pode ser com vinil, CD ou MP3. Não vejo um problema na distribuição digital, vejo problema em quem consome.

2112. Quando você lê ou alguém diz que o Violeta de Outono é uma cult band o que você pensa a respeito disso?

Fábio Golfetti. Acho divertido, mas na verdade isso foi uma “conquista” inconsciente/consciente. O trio original não queria vender sua imagem como “sabão em pó”, como era a vontade das grandes gravadoras dos anos 1980. A banda se recusava a participar de certos programas de TV, só ia em programas ao vivo, usava roupas normais, sem a fantasia da época, criou e tocava um som tão simples como punk rock, porém acrescentando nuances viajantes. Isso conquistou um público e músicos aspirantes que perceberam como podia ser simples e fácil começar uma banda. Qualquer um poderia tocar como o Violeta de Outono.  

2112. Algum recado?

Fábio Golfetti. Agradeço a oportunidade de entrevista e o espaço para divulgar um pouco da nossa trajetória, em nome do Violeta de Outono.

E-mail: fabio.golfetti@gmail.com

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