2112. Conheço o seu trabalho a partir dos álbuns da Voluntários da Pátria, Akira S e Alvos Móveis. Mas o que você fazia antes de participar dessas bandas?
Giuseppe. Quando cheguei ao Brasil tinha 15 anos e já tocava guitarra relativamente bem, aí comecei a procurar gente da minha idade para formar alguma banda. No fim acabei envolvido em apresentações que ocorriam no então Colégio Objetivo onde acabei conhecendo Miguel que me apresentou a um grupo de amigos. Estes que foram o núcleo que gerou a minha primeira banda de certa relevância, o Quarteto Bizarro (nome inspirado, obviamente, no universo “zappiano”), que tinha uma proposta “fusion”. No início dos 80 também formei, junto com Skowa (Skowa e a Máfia, Premê, Sossega Leão, entre outros), Athos Costa (Zero) e Toni Grado o grupo CO 2 , que já tinha influências do movimento pós-punk.
2112. No período que morou na Itália você apenas aprendeu a tocar ou chegou a tocar em alguma banda apesar da pouca idade.
Giuseppe. Nasci na Itália mas com alguns meses já estava morando fora, na Venezuela... voltei com 4 anos e morei lá até os 6 quando nos transferimos para Buenos Aires e foi lá que começou meu interesse pela música.
2112. Você ia shows?
Giuseppe. Na Argentina ia na maior quantidade de shows possível, acompanhei muito de perto todo o surgimento do movimento de rock em espanhol. Recentemente vi um seriado que conta essa história, Rompan Todo, produzido pelo Gustavo Santaolalla, hoje mais conhecido pelos Oscars que ganhou compondo trilhas para Hollywood. "Rompan todo” (Quebrem Tudo) foi o grito proferido por Billy Bond (aqui no Brasil mais conhecido pela fase como vocalista do Joelho de Porco) ao seu público desde o palco do Luna Park onde sua banda, La Pesada del Rock and Roll estava se apresentando, ao constatar que a polícia tinha entrado no teatro e batia sem dó nos espectadores. O caos generalizado se instaurou, o que serviu para criminalizar essa cena musical por um bom tempo. Eram os anos de chumbo do regime militar e a história do rock argentino foi também uma história de resistência.
2112. Essas mudanças de um país paro o outro com certeza serviu de aprendizado de como apreciar vários tipos de músicas, não?
Giuseppe. Você pegou num ponto muito importante da minha formação. Eu adoro tango, jazz, música hindu, salsa, música africana....
2112. Você toca outros instrumentos além da guitarra?
Giuseppe. Não, a menos que você considere a “sitar guitar” um outro instrumento, mas não é, só tem uma ponte diferente que faz esse efeito de buzz nas cordas (além de ter outras 12 que soam por simpatia). Eu curto tocar com várias técnicas na guitarra mesmo: tipo utilizando e-bow, bottleneck etc. Tenho um baixo mais para compor e um mini-synth só para sequênciar frases ou gravar algum efeito.
2112. Que bandas ou músicos foram essenciais na sua formação musical?
Giuseppe. Comecei a tocar com 12 anos, quando morava em Buenos Aires. Como comentei, me interessei pela cena de rock local, influenciada pelos ícones ingleses e americanos, os grandes festivais como Woodstock, Monterrey Pop etc mas com uma clara conotação local, uma mistura de Tango, folclore e muito blues, que de alguma forma caía muito bem no gosto porteño, com sua introspecção e certa melancolia. Assim, comecei a aprender a tocar ouvindo Hendrix, Alvin Lee, Santana mas também Luis Alberto Spinetta e todas as suas reencarnações, Pappo, Manal, Litto Nebbia. Billy Bond y La Pesada del Rock And Roll e muitos outros...ao mesmo tempo comecei a me interessar por King Crimson. Em 1974 cheguei ao Brasil e aos poucos conheci alguns “personagens” importantes para forjar meu gosto musical em formação. Um deles, um italiano como eu, Michele Vannucchi (hoje artista plástico em Florença) e um colega de escola, me introduziu a todo o prog italiano, com destaque para Area, mas também PFM, BMS etc. Nessa época explorei praticamente todo o catálogo da ECM Records, com destaque para Oregon e todas as suas ramificações, além de Don Cherry, CODONA, Hermeto, Egberto, a fase fusion de Miles e a diáspora dos seus músicos, passando por Weather Report, Return To Forever, Mahavishnu Orchestra, Shakti. Lembro também longas audições de música atonal, sobretudo Schoemberg.
2112. A cena argentina é pouco difundida no Brasil e para piorar não existe shows ou lançamento de álbuns o que dificulta uma melhor conexão entre os dois países. Você se mantém informado sobre o que está acontecendo por lá? O que tem escutado de interessante?
Giuseppe. Hoje tenho muito menos contato. Continuo acompanhado Pipi Piazzolla (neto do Astor, que toca bateria) com seu trio, Escaladrum (outra banda dele), Bajofondo, que é um dos grupos de Gustavo Santaolalla, Fito Paes, Pedro Aznar, entre outros. Por muitos anos fazia questão de acompanhar de perto e pedia para amigos me mandarem os lançamentos dos meus compositores favoritos, sobretudo Luis Alberto Spinetta, que faleceu em 2012.
2112. Tirando a Argentina que outro país te marcou musicalmente?
Giuseppe. Itália, sobretudo a cena setentista. Grupos como Area (um dos meus preferidos), Perigeo, além dos progressivos PFM, Banco del Mutuo Soccorso. Como comentei, gosto de música oriental em geral, sobretudo hindu.
2112. Fale um pouco sobre a formação e o fim do Quarteto Bizarro. Quem fazia parte de além de você?
Giuseppe. O tecladista Tuca Nemeth (uns dos primeiros a trazer um mini-moog para o Brasil), o baixista RH Jackson, o baterista Armando Tibério. Quanto ao fim, éramos muito jovens e no meu caso, havia muita pressão familiar para que eu focasse no meu curso de economia e desse um basta nessa aventura musical rsrs.
2112. A banda chegou a fazer shows ou ficou restrita aos ensaios? Existe algum registro?
Giuseppe. Fez vários shows, inclusive em eventos no campus da USP, onde eu estudava, e se despediu num mega show no teatro do MASP (hiper lotado). Tinha alguns temas em fita K7 que um amigo digitalizou... é o que sobrou dessa experiência toda.
2112. O que me estimula ainda hoje ouvir Frank Zappa é o fato de cada álbum ser uma experiência sonora e tudo com o apoio dos fãs, da gravadora e boa parte da crítica. Acredito que isso deva ser o sonho de todo músico, não?
Giuseppe. Zappa é um excelente exemplo de um tipo de arte bastante sofisticada que pode ser absorvida em vários níveis de leitura. No caso do Zappa muitas das letras são debochadas, sarcásticas e atendem um tipo de público, outro tipo de público se surpreende com o requinte das composições dos arranjos estes tem aquele humor característico que é algo bastante peculiar, tem também uma boa dose de improviso que atende aos mais exigentes seguidores da cena jazz. Me lembra muito certas obras de Umberto Eco... vamos tomar como exemplo a mais conhecida: “O Nome da Rosa”, você pode lê-la apenas como um thriller policial, onde Guilherme de Baskerville (se a obra fosse de Aghata Christie) toma a lugar de Hercule Poirot, e como cenário de uma série de assassinatos você tem um mosteiro (podia, seguindo essa comparação, ser um trem ou um navio cruzando o Nilo...). Mas a obra é muito mais profunda, tem uma descrição detalhada de uma infinidade de movimentos heréticos, tem descrição dos costumes da época, tem discussões filosóficas, teológicas, mil citações em latim, tem uma homenagem a Jorge Luís Borges etc.., etc... mas quem quiser ler como novela policial, pode, é muito raso, mas pode, e isso, imagino, garante uma boa parte da receita.
2112. Na sua opinião, os fãs têm o direito de interferir na evolução de um músico/banda? Qual a sua visão sobre o assunto?
Giuseppe. É uma excelente pergunta... eu intuitivamente me inclino a pensar no artista em sua torre de marfim, criando o seu próprio universo, longe do deus Mercado e dos fãs. Mais sei perfeitamente que não é assim que a banda toca. O ideal seria a intersecção dessas realidades e uma boa dose de ativismo por causas nobres... algo que precisamos profundamente como sociedade.
2112. ... além do Zappa e do Fripp quem mais influenciava o som da banda?
Giuseppe. Estávamos em plena “era fusion”, os ídolos (além dos citados) eram Miles Davis, Joe Zawinul, Wayne Shorter, John McLaughlin, Larry Coryell, Billy Cobham...
2112. O “sobrenome” Frippi foi escolha sua ou você ganhou esse apelido?
Giuseppe. Não foi escolha minha... sempre admirei o Robert Fripp e bem frequentemente imitava os seus timbres e estilo de abordagem dos solos. Um bom dia o R.H. Jackson, que fazia parte do quarteto Bizarro, começou a me chamar de Frippi e o apelido acabou pegando.
Giuseppe. Eu acho que a proposta musical do RF não é de fácil assimilação, o que limitou um pouco a sua ascensão como estrela musical mega galática. Isto posto, acho também que ele sabe muito bem cuidar da própria imagem, o que contribuiu para que fosse encontrando o seu espaço no mercado musical. Lembro de uma entrevista do Bill Bruford que sintetiza bem todo este paradoxo e o título dizia algo como: “KC é o único grupo que conheço onde toco em 15/16 e posso (durante as turnês) dormir em hotéis cinco estrelas...” Acho que é um bom resumo da ópera.
2112. Voltando a sua carreira... que
tipo de som fazia o CO 2? Existe registros da banda?
Giuseppe. Não... lamentavelmente os registros foram todos se perdendo ao longo do tempo... era um mix de Police, UB40, o Gilberto Gil da época e Launge Lizard... claro que alguma influência crimsoniana também aparecia por aí.
2112. É uma pena que esses registros tenham se perdido. Mas será que os outros integrantes da banda não teriam uma cópia desse material arquivado?
Giuseppe. Águas passadas... não costumo ser saudosista a esse ponto... rs rs
2112. ... que outras bandas você participou antes do projeto Alvos Móveis?
Giuseppe. Depois do desmonte da última versão dos Voluntários continuei tocando no Akira S por certo tempo, participei de outros projetos sempre como convidado, como algumas gravações com Akira e Ciro Pessoa, outro projeto do Akira chamado Haikai e com a banda Nenhum de Nós, onde, além de tocar em alguns shows ao vivo aqui em São Paulo, participei da gravação do Astronauta de Mármore, do álbum “Cardume”. Houve também uma tentativa de reeditar a banda Azul 29, mas acabou não evoluindo...
2112. Como foi a sua passagem pelo Nenhum de Nós? Você participou apenas na gravação do hit Astronauta de Mármore ou tocou no álbum todo?
Giuseppe. Só participei do “hit”, respondendo a um gentil convite da banda que na época era um trio.
2112. A banda estava estourada no país inteiro com o mega hit Camila. Houve muita tensão nas gravações do novo álbum ou pressão por parte da gravadora?
Giuseppe. Como só participei de uma sessão de gravação, não posso afirmar. No caso específico do Astronauta, lembro que a estética final do tema foi para mim uma surpresa com um violino para fazer os rifs característicos. Deu um certo ar de Hurricane, o tema do Bob Dylan rsrs.
2112. Porque você saiu da Nenhum de Nós?
Giuseppe. Como disse acima, eu fui apenas um convidado esporádico em alguns shows quando eles vinham para São Paulo, e, mesmo assim foi num curto lapso de tempo. Quanto ao Astronauta de Mármore, só fiquei sabendo um tempo depois do sucesso do tema, porque logo na sequência da gravação fui morar por alguns anos em Luxemburgo, trabalhando num banco.
2112. Como surgiu a ideia de recriar o Azul 29 e quais motivos levou vocês a abortarem o projeto? O que de fato deu errado?
Giuseppe. Pois é... não saberia te dizer. Eu acho que as peças não encaixaram. Banda é que nem casamento: os integrantes devem necessariamente estar na mesma vibe... às vezes, mesmo tendo grande amizade e influências musicais em comum, acaba não rolando.
2112. Mas existe a possibilidade de vocês se reunirem futuramente para shows e a gravação de material novo?
Giuseppe. Não, além de não ter tido absolutamente nenhum movimento em tal sentido (e se passaram anos desde então), o Thomas Bielefeld, que era uma das figuras marcantes da banda (com sua voz característica) lamentavelmente faleceu há alguns anos. Eu estava substituindo outra figura proeminente da banda, que era o Eduardo Amarante, que também faleceu recentemente.
2112. Não seria interessante um lançamento nos mesmos moldes da recém lançada caixa do Agentess. Imagino um álbum recheado de vários remix, demos, as gravações originais e ao vivo, novas gravações e um livreto contando a história da banda. Ficaria um puta trampo, não é?
Giuseppe. Espero que os membros remanescentes do Azul 29 avaliem com carinho essa eventualidade (digo isto sem saber se de fato alguém guardou material inédito etc, quem sabe...).
2112. Como surgiu a ideia de criação do projeto Alvos Móveis?
Giuseppe. A ideia dos Alvos Móveis foi dar continuidade ao trabalho de guitarra dos Voluntários sob uma ótica de música instrumental e não como base para um trabalho de pop rock. O único álbum lançado dos Voluntários já tinha alguns temas instrumentais como a Marcha ou Nasi Uber Alles, que antecipavam, de certa forma, este conceito. Acrescentaria também que, por ser um trabalho instrumental, houve uma exasperação de certos conceitos como o uso de polimetria e a experimentação de afinações alternativas (a fase compositiva do primeiro álbum coincide com o retorno do Miguel Barella ao Brasil depois de assistir a um curso ministrado pelo Robert Fripp onde todos os participantes tinham que utilizar o chamado “new standard tuning”, que foi bastante explorado no trabalho... eu acabei fazendo esse curso anos depois).
2112. O primeiro álbum foi gravado entre 1988/90 e lançado apenas em 1996 e o Slow Link em 1998 e lançado em 2002. Porque esse hiato de tempo entre o registro em estúdio e o lançamento dos álbuns?
Giuseppe. O primeiro álbum pegou uma crise econômica braba e o lançamento foi sendo adiado até 1996. O segundo, se lembro bem, foi um processo mais lento mesmo, mais relax... De qualquer forma, entre 89 e 95 eu morei em Luxemburgo, Milão e Paris, o que limitou meu tempo de dedicação ao projeto.
2112. Na gravação dos álbuns houve a participação dos excelentes músicos Fábio Golfetti, Célio Barros, Armando Tibério, Fábio Gavi, Tenisson Caldas, Kuki Stolarsky, Nahor Gomes e Tuca Nemeth. Vocês nunca pensaram em manter uma banda fixa, não?
Giuseppe. A ideia inicial era, justamente, fazer bons discos de estúdio. Eu acho que a demora em ambos os lançamentos contribuiu para que a idéia de montar uma banda, mesmo que com músicos não permanentes, acabasse não acontecendo.
2112. A música do Alvos Móveis é bem complexa o que deve dificultar na hora dos shows. Vocês já apresentaram esse material ao vivo ou os dois álbuns foram planejamos para ficar apenas como registros de estúdio?
Giuseppe. Lembro de ter tocado algumas peças em pequenos recitais, como duo, com a ajuda de material pré-gravado... o resultado era bem interessante.
2112. Sobrou algum material gravado das sessões desses dois álbuns que pode gerar um terceiro trabalho?
Giuseppe. Sim, o terceiro álbum estava sendo trabalhado, mas acho que já tínhamos interesses muito diferentes naquela época e o projeto foi aos poucos sendo abandonado.
2112. Mas existe chance de vocês lançarem novos trabalhos?
Giuseppe. Não acredito... o último trabalho em conjunto foi o relativamente recente (2022) lançamento de 2 singles dos Voluntários da Pátria em versão digital, com a formação que gravou o álbum, mas foram trabalhos pontuais, que também não acredito tenham sequência.
2112. O primeiro álbum teve a produção de Geraldo D’arbilly, lendário baterista da banda Peso. O que ele acrescentou em termos de ideias ou conselhos ao trabalho de vocês?
Giuseppe. Acrescentou método, disciplina, além de programar as percussões e acrescentar outras manualmente. O Geraldo conseguia ser mais perfeccionista do que a gente, o que, sem dúvida contribuiu para o resultado final.
2112. O que mais pesou na decisão de gravar um solo e não com uma banda?
Giuseppe. A ideia central foi redescobrir minha verdadeira essência musical, é claro que, para isso, tive a luxuosa colaboração de amigos músicos excepcionais que contribuíram de maneira soberba ao resultado final.
2112. O álbum traz influências do blues, jazz, psicodelismo, música oriental, ambient music, rock progressivo, ritmos afro-brasileiros etc. Como você descreveria esse trabalho?
Giuseppe. É tudo isso misturado porque realmente curto de paixão cada uma dessas influências. Eu sou essencialmente um guitarrista com forte sotaque de blues, mas que, acredito, consegue se adaptar a várias vertentes.
2112. Como você foi trabalhar todas essas influências em estúdio e na hora de compor? As composições são todas suas ou teve alguma parceria?
Giuseppe. Eu ia compondo e gravando as guitarras em meu home studio. O Fabio Golfetti, que no caso também exercia o papel de representante do selo que ia lançar o álbum, acompanhava as gravações e me dava valiosas dicas nessa parte técnica (plugins, efeitos, simulações etc). As composições são todas minhas, mas, como comentei acima, deixei meus companheiros João Parahyba e Célio Barros interagir livremente. Reinterpretar, reelaborar tendo como base as guitarras já gravadas. Acho que a edição mais radical foi na “faixa título” (Desert Wind), onde o João Parahyba fez uma reedição do tema inteiro, o que acabou acrescentando vários minutos que não existiam na versão inicial (tipo long version) ... eu achei o máximo!
2112. As composições são todas recentes ou trata-se de material não aproveitado em outros trabalhos?
Giuseppe. Trata-se de um álbum de 2010, fico feliz com a pergunta porque significa que o material não soa datado e continua atual. As composições não eram sobras de trabalhos anteriores mas material elaborado dentro da ótica do projeto.
2112. ... e como foi feita a escolha do repertório? Qual foi o critério utilizado?
Giuseppe. Queria fazer um som transcultural, meio ECM Records, meio Ambient Music em que eu pudesse executar longos solos de guitarra, muitas vezes reflexivos, outras não.
2112. O que me chamou a atenção foi a utilização de elementos da música brasileira pois é sabido que 99% dos roqueiros repugna material nativo. Qual a sua visão do trabalho como um todo?
Giuseppe. Na verdade, insisti muito para que o João Parahyba participasse justamente para abrilhantar o trabalho com esse tipo de contribuição. De fato, é ele que aporta esse colorido local, introduzindo várias levadas e instrumentos nativos e influenciando o trabalho como um todo.
2112. ... e quais faixas você destacaria?
Giuseppe. “La milonga del duende”, que é uma releitura bastante apócrifa do clima urbano porteño que consagrou Piazzolla, “Little song 4 U” onde quis recriar aquela mistura de jazz e música oriental típica do grupo Oregon (a cítara que conduz a peça é na verdade uma sitar guitar, reprodução da Coral Sitar sessentista, construída pelo luthier americano Jerry Jones), além de “Desert Wind” que é uma mistura de funk e música árabe.
2112. Quem mais participou das gravações?
Giuseppe. Gabriel Levy tocou acordeão em “La milonga del duende”, Ubaldo Versolato tocou sax Barítono em Desert Wind e flauta em “Senza titolo”, Roberto Araujo tocou oboé e french horn em Desert Wind, Janja Gomes, que, além de mixar o álbum inteiro, programou as percussões do tema “La joie de Vivre”.
2112. Álbum nas mãos e nas plataformas digitais quais são os planos para divulgá-lo? Você pretende agendar alguns shows?
Giuseppe. Na verdade minha atividade musical hoje em dia é bem pacata. Participo esporadicamente de alguns eventos. No início do mês, por exemplo, me apresentei no lançamento de algumas obras do meu amigo e poeta Fernando Naporano. Foi um recital solo (junto com a declamação por parte da atriz Patrícia Vilela de algumas poesias do Fernando), utilizando loops, e-bows e as minhas costumeiras tramas de guitarra. Demonstrou ser um formato interessante. Se pudesse incluiria nele, para completar, meu filho, Giovanni, que toca bateria e percussão... quem sabe, proximamente.
2112. O Naporano está em carreira solo?
Giuseppe. O Fernando hoje em dia está focado em sua atividade como poeta. Já lançou vários livros aqui e na Europa muito bem recebidos pela crítica.
2112. Giuseppe, sendo você um guitarrista com “forte sotaque de blues” o que você achou de Shine On You Crazy Diamond do Pink Floyd que soa como um blues sideral? Você é contra ou a favor da inovação do gênero?
Giuseppe. O David Gilmor é um dos guitarristas em quem mais me identifico, justamente porque reconheço nele essa essência de blues depois aplicada a vários contextos diferentes. Acho um guitarrista sensacional. O outro com quem tenho grande identificação é Jeff Beck, outro mestre que perdemos recentemente.
2112. Meus grandes ídolos do blues é Muddy Waters, Elmore James, Buddy Guy, Jimi Hendrix e Janis Joplin... e os seus?
Giuseppe. Sem dúvida Hendrix, Clapton e B.B.King.
2112. Qual o telefone/e-mail para contratação de shows e aquisição do álbum?
Giuseppe. Na verdade, como coloquei acima, no momento não estou procurando marcar shows. Quem sabe num futuro próximo. Vou colocar abaixo os links onde os álbuns podem ser comprados:
https://musicmagick.com/portfolio/alvos-moveis/
https://musicmagick.com/product/giuseppe-frippi-desert-wind/
Os álbuns podem ser também ouvidos nas plataformas de streaming
2112. Obrigado pela entrevista e... o microfone é seu!
Giuseppe. Obrigado, pela oportunidade, gostaria de sugerir a todos os leitores uma passada no meu canal YouTube: https://www.youtube.com/channel/UCse8qcHhzdYqpSzAjnh-6eA onde poderão encontrar algumas composições minhas executadas sobre vídeos do meu amigo Michele Vannucchi (a.k.a. Mikeletron), que mencionei no início. Para terminar gostaria de citar alguns músicos que tem chamado a minha atenção ultimamente, da nova e fervilhante cena do chamado “Jazz moderno” e que vale muito a pena conferir: os guitarristas Julian Lage, Jonathan Kriesberg, Kurt Rosenwinkel, Gilad Hekselman, o sax alto Immanuel Wilkins, os bateristas Jonathan Blake, Antonio Sanchez, o pianista Tigran Hamasyan, o contrabaixista Avishai Cohen... entre outros... há muita música incrível acontecendo!!! Um abraço a todos!!!
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