Júnior. Bom, esse meu trabalho com o Made In Brazil foi nos anos de 1974/1975 e eu comecei a estudar bateria no ano de 1966, da primeira aula até eu dominar um pouco o instrumento, foram no mínimo uns dois anos de muito estudo e bandinhas com os amigos do quarteirão.
Lá por 1969 foi quando eu conheci o Made in Brazil, naquela ocasião estreitei amizade com o Oswaldo, pois ele trabalhava perto de minha casa, numa loja na Rua Augusta, só de pôsteres chamada Poster Shop, nessa época fui a vários ensaios e shows do Made, já em 1969 eles eram uma banda cultuada em São Paulo, pelo repertório, roupas, apresentações e já estava o Cornélio um baita front-man, aprendi muito em termos de rock com eles naqueles idos.
Em dezembro de 1969, fui morar no México e se nos anos anteriores de meu aprendizado e conhecimentos de rock adquiridos com o Made, foram digamos meu segundo grau no instrumento e no rock, o México foi para mim, minha universidade e mestrado, pois lá havia discos e instrumentos que no Brasil simplesmente não existiam, sem falar do imenso volume de bandas boas, antenadas no que rolava nos USA e Europa.
Aprendi muitíssimo por lá e toquei em algumas bandas bastante boas como Tarântula e Parada Suprimida, mas o ápice de minha história no México, foi substituir por um curto espaço de tempo ao baterista da banda Three Souls in my Mind, que viria a se chamar El Tri e que nos dias de hoje são uma instituição do rock mexicano e seu líder e fundador Alex Lora é um ídolo gigante por lá, na América Latina e nos USA e Canadá.
De volta ao Brasil em 1973, montamos um trio chamado Aço, no qual variávamos as formações entre o Tony Babalú, Luiz Chagas e Marcos Rosset nas guitarras e Beto Montenegro no baixo, fizemos inúmeras apresentações em Sampa e Santos, devo a essa banda a minha reputação de bom baterista que construi em Sampa em tão pouco tempo e numa dessas fizemos uma abertura para o Made no Teatro da Fundação Getúlio Vargas em Sampa, foi justamente nesse dia que fui convidado para entrar no Made.
2112. A banda foi uma das poucas bandas daquele período a fazer um rock'n'roll pesado com figurinos diferenciados e um vocalista bem a frente do seu tempo. Qual era a reação do público?
Júnior. Como comentei acima, o Made já em 1969, tinha uma reputação de fazer covers de rock pesado e a mim quando voltei do México em 1973, me surpreendeu a qualidade e peso ao vivo que o Made imprimia em suas canções próprias.
O Made sempre esteve em dia com o que rolava no rock lá fora e isso refletia não só na música, como também no visual e o Cornélio era uma baita cantor e agitava demais as platéias, a recepção do público antes, durante e depois de minha participação na banda sempre foram de respeito admiração e carinho para com a banda, óbvio que em minha época chocamos mais no visual, porque era plena época do glitter e androginia.
Em minha época no Made fizemos centenas de shows, televisão, rádios e sempre fomos muito bem recebidos pelo povo da mídia e o mais importante pelo grande público.
2112. Cornélius era um desbunde em pleno regime militar e isso bem antes do Ney Matogrosso. Vocês tiveram problemas com a censura?
Júnior. Na verdade, esse lance do Cornélio e do Ney ou a polêmica de quem se pintou primeiro, se foi o Made ou o Secos, é um lance meio sem noção, porque na verdade, ainda que o Made estava na estrada desde antes que o Secos como banda, ambas as bandas são completamente e inequivocamente contemporâneas, em relação a censura no meu caso como não compunha com a banda, não tive problemas, mas a banda sim e era tudo uma enorme besteira, por exemplo; a censura encasquetou com a música "Eu só quero chupar o teu sorvete" que gravamos mas acabou não saindo no primeiro disco, também quando íamos fazer uma temporada em teatro, tínhamos que fazer um show sem plateia só para a censura ir lá checar enfim, um baita retrocesso e um pé no saco esse lance de censura, ditadura e autoritarismo do Estado.
2112. Que lembranças você guarda das gravações do álbum?
Júnior. As melhores possíveis, pois foi o primeiro disco que gravei num excelente estúdio e para uma gravadora grande, com todas as benesses que vinham junto a um contrato desse naipe.
Nessa época eu tinha uma bateria Gretsch, só usei a caixa dela e gravei com uma bateria Ludwig do estúdio, gravamos em 16 canais o que era o top do top naquela época e a RCA nossa gravadora, tinha os melhores equipamentos possíveis e imaginários, não só de gravação, como de instrumentos e amplificadores.
Um lance que fez a diferença nesse disco, o molho especial, foi a participação do maestro Salinas que fez os arranjos de metais, de back vocals, de cordas (violinos e violas) e arregimentou para a gravação a nata dos melhores músicos de estúdio para isso, dentre eles um dos pioneiros do rock no Brasil, o genial saxofonista Bolão, que faz solo de sax e flauta no play e o Salinas ademais de ser uma pessoa super agradável de se trabalhar ainda tocou piano numa ou duas faixas, também é digno de nota o engenheiro de gravação o Edgardo Ripetti, ele era argentino, guitarrista e havia tocado e gravado na Argentina com a banda Materia Gris, então era um cara que conhecia e entendia de rock.
Minha nota pessoal sobre a gravação é que houve uns dias em que eu estava com uma dor de dente forte, então eu tomava um monte de analgésicos para poder aguentar as jornadas de gravação, pois não tinha tempo de ir a um dentista, então me dava um sono muito forte, daí eu pegava o assento da bateria que era macio, usava de travesseiro e cochilava entre as diferentes tomadas das canções, assim que houve algumas músicas que só fui ouvir na técnica do estúdio, quando os caras falavam, "essa ficou ótima", daí me levantava a contra gosto e ia ouvir o resultado.
PS: No texto chamo o Cornélius de Cornélio, porque assim o conheci e assim o tratávamos no dia a dia, Cornélius foi uma criação de persona pública inventada sei lá por quem.
PS #2: Dessa minha época no Made e na história da banda, há uma pessoa que merece nosso respeito e gratidão, que foi o empresário Mario Buonfiglio, ele foi o responsável por nos levar para gravadora RCA, em condições absolutamente favoráveis em termos artísticos e financeiros, ajudou a banda a se projetar nacionalmente, produziu e vendeu centenas de shows, eu não saberia dizer ao certo se o Made seria o que é, se não fosse por ele.
2112. O que você fez depois de sua saída do M.I.B. e a criação da Patrulha do Espaço?
Júnior. Logo que saí do Made e o fiz primeiramente por motivos puramente musicais e em segundo lugar por não estar muito de acordo com direção que a banda estava trilhando a nível administração da mesma após a saída do Cornélio.
Em relação ao lado musical, como todos sabemos no Made o som era mais rock quadrado, simples e pesado e eu adorava e ainda adoro isso, mas naqueles tempos minha ambição era tocar um som mais sofisticado, o que era chamado de rock progressivo.
Então algum tempo depois de sair do Made, montamos um trio com o ex guitarrista da Aço, Marcos Rosset e o baixista Paulinho, neste momento não recordo seu sobrenome. as músicas eram todas absolutamente progressivas e dificílimas de se executar, ao menos pra mim num princípio, as canções tinham pitadas de Flash, King Crimson, Gentle Giant e outros luminares da época como grandes influências da banda, que nunca teve um nome oficial, ficamos entre Mae West e Miragem, esse último teve criado até um belo logotipo, mas por fim nunca nos decidimos, não tínhamos muitas ambições em relação ao show bussines, para nós criar as canções e ensaiar a exaustão já era o prazer máximo, com essa banda pude desenvolver meu trabalho de letrista e fiz todas as letras das canções, mesmo confortáveis em nossa posição de outsiders, um dia o pessoal da produtora Trinka, foi ao nosso ensaio e adorou o som, desse trampo sobrou uma fita de rolo com as gravações das canções, que infelizmente sumiu, e o fato de eu ter dedicado tanto tempo de ensaio as novas e intricadas músicas, me deixou em excelente forma na bateria para o viria ser Aeroblus.
Como comentei antes, não éramos uma banda com ambições de sucesso ou algo que o valha, nosso compromisso era com o som progressivo, porém depois de meses de ensaios, nos esgotamos na criação, então decidi ir aos USA ver o que poderia rolar, ouvir e aprender com bandas de lá e comprar uma bateria nova.
2112. Porque a Aeroblus durou tão pouco e lançou apenas um álbum?
Júnior. Logo que voltei dos USA, recebi o convite de Alejandro Medina, para formarmos Aeroblus junto ao grande guitarrista Pappo, eu estava super preparado para isso, com minha perícia na bateria a mil pelos exaustivos e intrincados ensaios com Mae West/Miragem e municiado com uma bateria Ludwig nova.
Assim que fizemos alguns ensaios na cidade de Campo Limpo Paulista, interior de São Paulo seguimos para Buenos Aires onde entramos numa rotina forte de ensaios diários para polir o repertório, em seguida fizemos shows e a gravação do disco.
A banda não durou mais tempo, porque a situação política na Argentina estava muito ruim com uma repressão de Estado sanguinária, vivíamos em perigo constantemente, ademais a situação econômica também estava péssima por lá, na verdade iríamos continuar quando saísse o disco, mas como retornei ao Brasil para umas férias e recebi o convite para tocar com o Arnaldo, já não retornei.
2112. Sabe dizer se existem demos, outakkes, ou shows gravados da banda? Existia projeto para a gravação de outros álbuns?
Júnior. Então, gravação de novo álbum sem a presença de Pappo é impossível, em relação a gravação ao vivo, agora em setembro de 2022, saiu na Argentina o vinil (LP) "Aeroblus Archivos Secretos Capturados Vivos em Buenos Aires 1977", era uma gravação em cassete de um ensaio pouco antes de gravar o disco em estúdio, essa fita ficou em minha posse 47 anos e foram mais uns quatro anos agora de 2018 a 2022, para viabilizar o projeto, foi muito trabalho para restaurar o áudio, fazer a arte, textos e tudo mais e o resultado ficou excelente, tanto que a edição na Argentina já se esgotou, em breve deve sair o CD desse disco.
2112. A Patrulha do Espaço surgiu a partir dos destroços da Space Patrol que na época contava com Arnaldo, vocal e teclados; Zé Brasil, bateria e viola caipira; Alan Kraus, guitarra mas que logo cederia o lugar para Marcelo Aranha e Sérgio Kaffa, baixo. Quando você entrou a banda ela já estava em processo de mudanças?
Júnior. Como comentei anteriormente, enquanto passava umas férias no Brasil, esperando a saída do disco do Aeroblus na Argentina, o Kokinho me convidou para entrar na banda, que era ele, o John Flavin e o Arnaldo e creio que isso deve ter sido alguns anos depois dessa formação que citas da Space Patrol ou seja era algo novo e sem relação ao anterior que citastes.
2112. A banda nunca lançou nenhum material com a participação do Arnaldo até surgir Elo Perdido. Porque o álbum demorou tanto tempo para ser lançado?
Júnior. Na época que gravamos o que viria ser o Elo Perdido, nosso empresário era o Mario Buonfiglio e ele que cuidaria dos aspectos relacionados a comercialização do disco, como algum tempo depois paramos de trabalhar com ele, todo o lance do disco a princípio parou.
Só o lançamos 10 anos depois por uma iniciativa de minha parte, também foi bastante complicado fazer esse lançamento, mas sempre achei que os fãs do Arnaldo e da Patrulha mereciam esse esforço.
2112. Vocês chegaram a mostrar o material para alguma gravadora e porque o Arnaldo saiu da banda?
Júnior. Algum tempo depois de
pararmos de trabalhar com o Mario Buonfiglio, eu, Arnaldo e Kokinho fizemos uma
via sacra por diferentes gravadoras, mas nenhuma quis lançar o trabalho,
alegando um monte de idiotices e até desmerecendo o Arnaldo, foram momentos
bastante desagradáveis.
O porquê do Arnaldo ter saído, poderíamos resumir como incompatibilidades entre
nós de diferentes ordens. Como foi esse momento em si? Seria muito deselegante
de minha parte comenta-lo por aqui.
Júnior. Absolutamente não, porquê nossa separação começou no dia em que resolveram chamar a banda de Arnaldo e Patrulha do Espaço, ao que não concordamos porquê ele não nos pagava ensaios, gravações e muito menos cachês em shows, era para ser uma banda e com essa atitude a coisa mudou muito, ainda assim pelo tempo e recursos que empenhamos até aquele momento, decidimos continuar com uma condição, que a banda se chamasse Arnaldo e a Patrulha do Espaço, a letra A no nome para nós fazia toda a diferença, seriamos duas entidades em uma, ademais quando ele decidiu partir, dali há 10 dias tínhamos shows agendados nas cidades de Sorocaba e Itu e não poderíamos deixar de cumprir as datas, que causariam enorme prejuízo aos produtores, assim que continuamos com a Patrulha do Espaço, mas não sem antes falarmos com o Arnaldo e termos seu consentimento para seguirmos adiante.
2112. Banda reestrutura é lançado o single Mamãe da Rua e na cola o cultuado álbum da capa preta. Existia uma urgência da parte de vocês em demarcarem território?
Júnior. Na verdade "Mamãe da Rua" nunca saiu em disco ou compacto (single) ela acabou entrando de bônus em nosso primeiro CD que foi o "Dossiê Volume 1 - 1978/1981".
Na verdade iríamos fazer uma longa tour em 1979 e precisávamos de um disco para apoiar a divulgação, foi um lance muito ambicioso realmente aquém de nossa capacidade financeira, tipo armar uma tour de mais de 30 cidades, montar um PA para poder fazer a tour, o transporte e operação de todo esse equipamento, gravar e prensar o disco e ainda fizemos um jornal tablóide, foi um negócio tão grande que sucumbimos ao mesmo, nos faltou capital e acabamos deixando o disco de lado por um bom tempo, a tour reduzimos pela metade e só não falimos completamente porquê surgiram uns shows com um bom cachê e conseguimos sair do atoleiro, mas foram momentos de muita tensão e preocupações.
2112. Patrulha do Espaço foi o primeiro disco de rock independente lançado em terras brasileiras. Vocês mesmo bancaram os custos das gravações e prensagem do álbum?
Júnior. Sim, como comentei acima, bancamos a gravação, depois até procuramos algum investidor para prensar o disco e teve um que nos falou: "mas assim as gravadoras vão mandar matar vocês, pois vocês estão entrando no territorio deles", surreal, foi um parto pra fazer esse disco, era uma época em que era caríssimo gravar e prensar um disco, mas por fim nossa persistência venceu.
2112. Júnior, porque vocês não aproveitaram as composições do período com o Arnaldo?
Júnior. Bom, as músicas eram dele e não tinham nada a ver com o que queríamos tocar e expressar, assim que recomeçamos tudo da estaca zero e muitíssimos ensaios e tempo investido nisso, pois depois da separação logo voltamos a tocar.
2112. Com a saída de Percy Weiss a banda assume os vocais passando a produzir um dos sons mais pesados da América Latina. O que levou vocês tomarem a decisão de não contratar um novo vocalista?
Júnior. O Percy foi uma dádiva que apareceu no momento certo, nós havíamos separado do Arnaldo e já tínhamos shows agendados em muito pouco tempo, e ele começou a aparecer nos ensaios, dar um pitaco numa música, participar intensamente conosco nas melodias, enfim deu uma força tremenda na criação e nos incentivou demais com sua presença e alto astral, ademais com a saída do Arnaldo, trocamos um diamante por outro em termos de nome e credibilidade.
Depois substituir um cantor do quilate do Percy não teria sido fácil ou
possível naquela época, assim que preferimos seguir no que era nossa inclinação
natural, em trio.
2112. Que bandas influenciavam ou ainda influência o som de vocês?
Júnior. Centenas de bandas, impossível citar algumas, ficaria horas escrevendo, mas posso falar que bandas de rock dos mais variados gêneros como hard, heavy, progressivo, jazz rock e até country.
2112. Em 1982 é lançado o álbum que tornou a banda conhecida nacionalmente através da música Columbia. Como surgiu o contato entre vocês e o Calanca?
Júnior. Quando finalmente conseguimos fazer o primeiro disco, os vinis foram prensados na RCA e as capas num outro lugar especializado em capas, depois tínhamos que colocar os discos dentro das capas e queríamos lacrar os discos e o Luiz tinha uma máquina, naquela época a Baratos Afins era uma lojinha pequena e lá fomos nós no mezanino da loja dele lacrar discos, o pé direito do mezanino era super baixo, sem janelas e fazia um calor infernal, acho que lacramos uns 200 discos e desistimos.
O Luiz comprou muitos discos desse primeiro e aí nasceu nossa amizade, já então eu sabia da admiração dele pelo Arnaldo e quando a mulher do Arnaldo naquele então, me procurou para ajudá-la a lançar o disco do Arnaldo, indiquei o Calanca como um possível colaborador para a empreita e deu super certo.
Nosso segundo disco saiu por um selo da TV Record com distribuição da Ariola e para o terceiro procurei a Barato para lançarmos o disco juntos e em alguns títulos nossa parceria dura até os dias de hoje, mais ou menos uns 40 anos de colaborações.
2112. O álbum foi um verdadeiro divisor de águas na carreira da banda, não é?
Júnior. É verdade esse terceiro disco é um divisor de águas em nossa carreira, não só nos possibilitou abrir o Van Halen, como teve maciça difusão no Rio Grande do Sul, através da Ipanema FM, o que nos levou a fazer shows muito grandes por lá, todos absolutamente sold out.
2112. Sobre o show com o Van Halen existe áudio ou imagens gravadas?
Júnior. Reza lenda que alguém filmou algo, numa noite em Sampa, cruzei num bar com um cara que jurava que tinha filmado, me deu o telefone e tudo, mas enchi a cara de uma maneira que perdi o rumo e o telefone do cara, em uma outra ocasião alguém me enviou um DVD com o suposto show, mas esse DVD nunca abriu no DVD player, tenho ele por aqui em algum canto.
2112. Soube que o Eddie conversou muito com vocês. O que rolou nesse papo?
Júnior. Ele assistiu aos três shows da mesa de monitor, um dia foi ao nosso camarim nos cumprimentar e conversar um pouco, o que mais recordo é que ele pegou a Strato do Dudu e comentou que trastejava menos que a guitarra dele, um cara simples e cordial.
2112. Com essa formação Dudu Chermomt, Sérgio Santana e você a banda ainda gravaria o álbum Patrulha do Espaço (83) e o single Tráfego Pesado. Logo o seu parceiro Pappo assume o lugar de Chermont. Porque Dudu saiu da banda?
Júnior. Fizemos muitos shows, muitos discos e muita estrada juntos e isso em algum momento causou um desgaste e preferimos nos separar do Dudu, mas até o Pappo gravar conosco passou um bom tempo de inatividade da banda e eu já havia começado a trabalhar no que viria a ser o Inox.
2112. Patrulha 85 é um dos trabalhos mais fodas da banda e da própria história do rock brasileiro. Trabalho super pesado e coeso... Parabéns!
Júnior. Muito obrigado, realmente é um ótimo disco, mas na verdade o fizemos mais por um prazer nosso do que para voltar a tocar, não podíamos desperdiçar a oportunidade de gravar com o Pappo em São Paulo, ele estava morando em minha casa e lá tínhamos uma sala de ensaio, portanto desenvolvemos as canções e as gravamos no Estúdio Vice Versa, tudo isso foi muito rápido, talvez um mês ou dois, mesmo porquê como comentei acima, eu já estava meio engajado com o Inox.
2112. A morte do Pappo e a do próprio Chermomt podem ser incluídas no rol das grandes tragédias do rock'n'roll. Eles eram músico excepcionais...
Júnior. Sem dúvidas, perdas imensas a nível pessoal e para o rock, não somente eles, como o Sergio Santana, Walter Baillot e o Renê Seabra, todos eles queridos amigos, músicos espetaculares e sobretudo queridos amigos.
2112. É verdade que o Pappo foi contactado para participar do Motörhead?
Júnior. Ao que me consta sim, inclusive um dia antes de nosso show de estréia em Buenos Aires recordo que ele recebeu uma carta de Londres com um adesivo do Motörhead, que ele até colocou em sua Les Paul.
2112. Ainda em 85 surge a Inox junto a Fernando "The Crow" Costa, guitarra e teclados; Paulo "Heavy" Toledo, vocais; Segis Capuano, baixo e você na bateria. Como surgiu o projeto?
Júnior. Antes do Inox se chamar assim, o Fernando, Segis e o Paulinho tinham uma banda chamada Operação Fraudulenta e um dia eles foram à minha casa e me pediram para gravar uma demo de uma música com eles, pois eles tinham que apresentar essa demo para uma gravadora e concordei em dar essa força. Assim um dia eles foram em minha sala de ensaio e apresentaram a música e gostei demais do som que eles estavam fazendo, o que me surpreendeu também foi a perícia do Fernando na guitarra, porque eu já o conhecia de uma gravação que fiz para a banda progressiva Quantun, mas naquela ocasião ele era tecladista, nem sabia que ele tocava guitarra.
Depois disso comecei a ensaiar com eles ora em casa, ora numas imersões de horas ensaiando e compondo no sítio do Fernando, em Piedade, no interior de São Paulo, por essa época gravamos um jingle e fizemos dois shows, tocando covers, ainda com o nome de Operação Fraudulenta.
Era um lance meio descompromissado, até que um dia o Paulinho e o Fernando resolveram investir uma boa grana para comprar equipamentos e montar uma estrutura física para a banda ensaiar e uma base para as reuniões e futuros negócios, nessa nova conjuntura nos comprometemos de priorizar esse projeto que viria a ter o nome de Inox, nome escolhido por todos nós entre outros vários.
2112. E como vocês conseguiram o contrato com a Epic numa época que o cenário estava dominado por bandas pop rock como Barão Vermelho, Legião Urbana, Titãs, Paralamas do Sucesso, Capital Inicial etc?
Júnior. Então, como respondi acima, foi criada toda uma estrutura para o trampo da banda com sala de ensaio com projeto acústico, mais uma sala que era tipo uma técnica e onde ficávamos nos intervalos dos ensaios que eram diários e um outro espaço enorme para depósito dos equipamentos e reuniões quando juntamos mais agregados no pico, que era uma turma grande de amigos e músicos que iam nos visitar.
Também contávamos com um técnico de som e roadies full time a nossa disposição e nós fazíamos nossa parte de compor e ensaiar até a perfeição as músicas que entraram no disco e outras.
Como era um negócio grande, musicalmente e financeiramente, você acaba atraindo pessoas e situações que te levam a outro nível, no caso o nível que atingimos foi a gravadora CBS, gravadora do rei Roberto Carlos, RPM, Ritchie, Simone, Fabio Junior e outros pesos pesados da indústria.
Óbvio que não foi da noite pro dia e nos custou muito trabalho musical com ensaios, gravações de demos e milhares de reuniões com empresários, advogados e povo da gravadora.
Júnior. Sim, Inox foi muito importante em seu momento, pois fomos uma bússola e esperança para um monte de bandas que faziam parte de todo um movimento de hard e heavy, que havia despertado com o primeiro Rock in Rio.
Estar numa gravadora grande, com todas as benesses e estrutura, gerou uma grande expectativa, não só pra nós, mas para esse movimento de som mais pesado no Brasil.
Mas durante a gravação e depois quando o disco saiu, houveram fortes desencontros empresariais entre a banda e a gravadora, que prejudicaram bastante a possibilidade de um sucesso maior com a banda, ainda assim o disco vendeu super bem e conseguimos ótimas posições nos ranking de melhor disco de rock pesado nacional.
Também fizemos alguns shows grandes fora de Sampa e outros nuns picos menores mais muito legais em Sampa, todos um sucesso e no meio de tudo isso ensaiamos e compusemos as músicas que seriam para um segundo disco.
Esse processo todo, desde o pedido para dar uma força na gravação da demo dos caras, os ensaios, a montagem da estrutura para banda, a gravação e lançamento do disco, shows, etc, foram de muitos e intensos dias e duraram de uns dois a três anos de dedicação diária, então até o momento derradeiro da banda, quando decidimos parar, durou pacas a banda, a mim não me parece que durou pouco, durou o que era pra durar.
2112. O que deu errado?
Júnior. Não houve um erro, foram coisas naturais que acontecem no show business, na verdade o que rola é um acúmulo de coisas, as situações empresariais e pessoais, sempre têm momentos de estresse e chega uma hora que você se pergunta se está valendo a pena esse estresse e todos nós em um dado momento, unanimemente resolvemos parar, entretanto até o momento final, no dia em que paramos as atividades de banda, nunca negligenciamos a música e o som, ensaiamos e polimos o repertório antigo e novo com o mesmo tesão e respeito a música, que sempre tivemos e mantivemos até esse último ensaio.
2112. Você tem um currículo invejável, já tocou em diversas bandas como Mario Garcia, Quantum, Maria Angélica, Cemitério de Elefantes, Beijo AA Força, Relespública, Brasil Papaya, René Seabra, Ferryboat, Zé Brasil & Delinquentes de Saturno, Dom Villanova etc. Como você administrava tudo isso?
Júnior. Bom tudo isso aí em cima, a maioria são trampos do passado, até o começo da pandemia eu estava mantendo uma agenda tão intensa quanto essa, por aqui e na Argentina.
Já durante a pandemia até hoje a necessidade e a intensidade foi a de produzir oito CDs e vinis da Patrulha, Rompenubes e Aeroblus para o Brasil e para a Argentina.
Na verdade não há segredo nem mistério em como administrar muitas e variadas atividades, sejam fonográficas, de bandas, produções de shows e demais coisas inerentes a essa estrada, é simplesmente uma questão de muito trabalho, dedicação, disciplina e compromisso.
2112. Que banda brasileira você não participou mas gostaria de ter tocado?
Júnior. Essa pergunta é foda, no começo de minha carreira sonhava em tocar com os Mutantes e acabei tocando em algumas ocasiões com o Serginho, Liminha e o Arnaldo, no México admirava muitíssimo o Alexandro Lora e sua banda "Three Souls in my mind" que virou "El Tri" e em algum momento ainda que breve toquei com os caras, no Brasil também amava o Made e acabei gravando e tocando na banda, o mesmo com o Pappo, Medina na Argentina e outros tantos ídolos, que acabei conhecendo, tocando e virando amigo, já toquei com muitíssima gente e bandas e há muito tempo deixei de ter esse tipo de desejo, ademais, se por exemplo num exercício de imaginação e só pra responder essa questão, eu dissesse por exemplo que gostaria de ter tocado Som Nosso, no meu íntimo por maior que fosse esse desejo e houvesse essa possibilidade, não seria bom, porque têm bandas que só funcionam com aqueles caras, como o Pedrinho batera do Som Nosso, então também parei de ter essas vontades quando me liguei que o melhor é eu fazer o meu som, hoje depois da pandemia e de alguns problemas que me têm afastado da estrada e palcos, seja com a Patrulha, CaSch, Aeroblus, Rompenubes ou outros projetos que possam surgir, meu maior desejo e voltar a tocar como eu mesmo, seja com que seja.
2112. Logo surge o trio CaSch com você e os irmãos Schevano: Ricardo, baixo e Marcelo, vocal, teclado e guitarras. Pelo visto você tem uma grande paixão por trios, não?Júnior. Gosto de tocar em quarteto, quinteto e meu sonho é tocar com uma banda grande com metais, mas o lance dos trios nunca foi algo pensado, foram acontecendo de ser assim, mas gosto muito de trios porque quando funcionam bem é uma maravilha sonora e logística.
2112. Por que a banda acabou de maneira tão abrupta? Há chances de um retorno do trio para novos shows ou gravações?
Júnior. A banda nunca acabou, CaSch é um projeto atemporal, nos reunimos, produzimos e tocamos, quando nossas bandas "oficiais" estejam paradas ou rola um espaço de tempo para isso em nossas agendas.
Inclusive o último show que fiz antes da pandemia no dia 31 de janeiro de 2020
foi com o CaSch em Sampa, os planos eram gravar o segundo disco e seguir com os
shows, inclusive em março daquele ano um dos assuntos que me levavam à
Argentina era uma possível edição do CD e mais shows por lá.
Esses planos simplesmente estão de stand by e serão retomados assim que
possível.
2112. Primus Inter Pares é lançado
depois de um hiato de sete anos numa homenagem a Sérgio Santana e o afastamento
da banda dos palcos/estúdios. O que levou vocês a tomarem essa decisão?
Júnior. Realmente ficamos um bom tempo fora do ar, nesta época do Primus estava tentando voltar com a banda e como parceiro tinha o grande guitarrista Xando Zupo, juntos ensaiamos muitíssimo e fizemos alguns shows, dentre estes iríamos fazer alguns dias e shows no espaço Camerati em Santo André/SP e o dono do pico que também tinha um estúdio ao lado da sala e show, nos sugeriu de gravarmos os shows ao vivo, para isso convidamos o guitarrista Rubens Gioia e o Percy Weiss no vocal para fazerem as gigs conosco, para facilitar a gravação e assim foi.
Na verdade esse disco, toda a parte instrumental foi ao vivo, só a voz foi refeita no estúdio por um problema técnico na captação da mesma, depois quem mixou o disco foi o Paulo Zinner que fez um ótimo trabalho.
Mas entre as gravações, mixagens e até o disco sair, passou um baita tempo e quando o disco finalmente saiu já havíamos parado novamente com essa tentativa de reativar a banda, mas ficou esse disco que é um dos favoritos da galera e é realmente um ótimo disco em minha opinião.
2112. A banda retorna oficialmente em 99 e já no ano seguinte lança o aclamado Chronophagia que faz uma viagem as raízes sessenta-setentistas da banda. O que levou vocês a fazerem o caminho inverso ao invés de avançar por novas trilhas?
Júnior. Bom, eram as raízes musicais
de todos nós envolvidos nessa formação, hoje em dia já considerada uma das
formações clássicas da Patrulha, foi um lance totalmente premeditado com meus
companheiros dessa fase, queríamos, e creio que conseguimos, resgatar os
valores e ideais musicais e comportamentais dessa época dos 60 e 70 tão caras a
todos nós e não foi só na música, foi nas roupas, cenários e adereços de palco,
sempre com muito incenso, fizemos muitos shows juntos e gravamos altos discos,
foi uma formação muito legal mesmo, mas mais uma vez o excesso de trabalho e
estrada nos levou a um desgaste desnecessário, mas não tivemos cabeça pra
segurar aquele situação de cansaço extremo e infelizmente nos separamos.
Ainda que depois voltamos a tocar juntos em mil shows eu o Schevano e o Renê
Seabra e também gravamos algumas canções bem legais que acabaram entrando em
alguns de nossos CDs.
Júnior. Para este disco, gravamos 36 músicas em três dias de shows e como diz no encarte do CD, absolutamente sem overdubs.
2112. A introdução de baixo e flauta em Columbia ficou genial... deu um novo tempero a música. O disco trouxe o show completo ou ficou alguma música de fora?
Júnior. Muito obrigado, realmente muito bom o trampo do Schevano na flauta, sim ficaram muitas músicas de fora do CD.
2112. Em 2017 a banda anuncia sua despedida dos palcos com uma turnê em comemoração aos 40 anos de estrada. Existe possibilidades não de uma volta mas da banda fazer shows esporádicos em ocasiões especiais?
Júnior. Na verdade a tour de despedida foi no ano de 2018 e o derradeiro show foi em março de 2019, nessa tour fizemos os shows praticamente com a formação do Chronophagia, eu, o Hid, Domingues, acrescidos da Marta Benévolo nos vocais, menos o Schevano que se juntou a nós em alguns shows especiais.
A idéia era parar até 2020, para que eu pudesse me dedicar a meus trabalhos que vinha realizando na Argentina e que me demandavam muito tempo e também aproveitar esse tempo para deslanchar a carreira da nossa banda CaSch aqui no Brasil.
Então em 2020 quando comemoraríamos os 40 anos do lançamento do Primeiro disco, lançaríamos um CD e vinil comemorativos à data e faríamos uma pequena tour.
Desses planos, chegamos a ensaiar o repertório da tour, produzimos e lançamos o CD, produzimos o vinil que acabou não saindo e tivemos que cancelar a tour por causa da pandemia.
Chegamos a fazer um show em São Paulo com o CaSch em janeiro de 2020 e quando
ia começar os trampos na Argentina por lá fecharam as fronteiras.
Resumindo, tudo parou por mais de dois anos e frustrou absolutamente todos os
planos.
Durante a pandemia lançamos a edição comemorativa em CD aos 40 anos do segundo disco, também lançamos uma nova edição em CD do Primus Inter Pares, todos remasterizados e com artes novas, também nesses anos tão difíceis saiu na Argentina um CD que gravei por lá com uma banda que temos lá chamada Rompenubes.
Mas a cereja do bolo, foi que me lembrei que havíamos gravado o último show em São Paulo da tour de despedida em 2018 no SESC Belenzinho, então aproveitamos o marasmo para ouvir o material e estava ótimo, assim que decidimos mixar o material e ficou muito bom, se você gosta do ao vivo no CCSP, vai gostar mais ainda deste.
Foi um trampo feito a distância, como os demais CDs dessa safra, deu um baita trabalho, mas ficou um trabalho muito gratificante, ele está indo para a fábrica nestes dias e deve sair ainda neste ano.
Também em julho deste ano de 2022 voltamos à estrada em um festival em
Brasília e faríamos mais 9 shows que tiveram que ser cancelados, pois tive
um descolamento de retina justo no primeiro show e neste momento estou proibido
de tocar, ou seja estou indo praticamente para o terceiro ano de inatividade.
Mas em algum momento voltaremos a tocar com a Patrulha, assim que as coisas
melhorarem lembrando que ano vem é aniversário do disco Compacto o que será uma
ótima ocasião para esse retorno.
Júnior. Esse lance do Gene Krupa é porque quando eu era bem criança vi um filme da vida dele com o ator Sal Mineo, e um tempo depois meu padrinho me deu um vinil dele e eu adorava uma canção que tinha um solo de batera, na verdade eram duas baterias, ele e o Buddy Rich, eu não sabia mas o som de batera que eu gostava era o do Buddy, com a afinação mais alta, esse disco décadas depois dei de presente para o Paulo Zinner.
Mas minha influência maior em meus começos foi o Ringo Starr, depois o Charlie Watts e o Keith Moon, em seguida vieram os peso pesados, Ginger Baker, Mitch Mitchell, John Henry Bonhan e um pouco mais adiante o pessoal do jazz rock Billy Cobhan, Lenny White e Alphonse Mouzon, esses seriam minhas maiores influências, mas havia mais um monte de bateras admiráveis como o B. J Wilson, Michael Giles, Carl Palmer, Bill Bruford, Ian Paice, Barriemore Barlow, Don Brewer, enfim foi uma época de muito alto nível de bateristas.
2112. Já pensou em escrever a sua auto biografia?
Júnior. Nos primeiros meses da pandemia começei a escrever minhas memórias, escrevi bastante, mas escrever um livro não é tarefa fácil, principalmente para quem gosta de ler muito como eu e na verdade a grande maioria dos escritores escreve com um editor, que ajuda o escritor no rumo, etc e no meu caso quem iria me ajudar e provocar era o Régis Tadeu, mas ele ficou muito ocupado e deixou de lado o projeto, depois quando começei a reler algumas coisas, meu senso crítico reprovou quase tudo que li, teria que reescrever muita coisa e optei por abandonar a tarefa, quem sabe eu volte a isso algum dia.
2112. Recentemente foi lançado um álbum trazendo o mencionado show no SESC Belenzinho. Teremos uma mini tour com datas especiais para divulgá-lo? ... nós fãs da banda merecemos esse presente, não?
Júnior. Bom esse CD é resultado destes anos de inatividade por causa da pandemia, trabalhamos vagarosamente nele mas com muito afinco, totalmente mixado e masterizado a distância, foi uma ótima ideia haver gravado o show do SESC Belenzinho, já que anos depois nos deu um rumo em momentos tão difíceis e sobretudo porque é um belo legado da Patrulha, para sua história e para a posteridade.
Em relação a shows com certeza irão rolar, na verdade havíamos voltado a tocar em julho de 2022 no Festival Ferrock em Brasília e tínhamos várias datas logo depois, mas por um problema pessoal tivemos que suspender as atividades e voltaremos em fevereiro de 2023 com um show em São Paulo, no SESC 24 de Maio, será no dia 12 de fevereiro, onde nos apresentaremos com a nova formação da banda com Gabriel Costa (Violeta de Outono) no baixo, Vagner Nascimento (Tomada) na guitarra, Marta Benévolo na voz e eu na bateria, ademais sempre que possível levaremos um músico convidado que tenha a ver com a Patrulha, no caso desse show de Sampa teremos a colaboração do Marcello Schevano na guitarra e voz.
2112. A parte gráfica ficou maravilhosa com a inclusão de diversas fotos do show no encarte. Teremos o lançamento de um dvd do show?
Júnior. Verdade há ótimas fotos no
CD e devemos isso aos maravilhosos fotógrafos que nos acompanham em diferentes
shows e a arte foi mais uma obra fantástica da Marta, que ademais de cantar é
uma excelente artista gráfica, tendo feito a arte de todos nossos últimos CDs e
vinis.
Em relação ao DVD ainda que tenhamos filmado o show com várias câmeras, hoje
não creio que façamos um DVD, é um baita trampo e o custo também não é pequeno
e hoje em dia há uma grande dificuldade em vender CDs, DVDs então é muito pior,
mas não vamos usar a palavra nunca, assim que quem sabe um dia role algo.
Júnior. Bom o ao vivo, foi por causa da pandemia, por não podermos estar na estrada tocando, assim como não podíamos estar criando novas canções juntos para um eventual trabalho novo de estúdio, ainda que com esta formação atual gravamos em estúdio um remake de "Simples Toque" com um baita arranjo de metais dos colegas do Neuro Zen, que ficou demais e entrou na edição comemorativa dos 40 anos do primeiro disco da Patrulha que saiu em 2020 e haveria a tour comemorativa que teve que ser cancelada pela praga ducaraio, mas isso não significa que não possamos volar a criar algo novo e voltar a gravar em estúdio.
2112. Nos seus arquivos pessoais existem faixas não aproveitadas de estúdio, demos ou ao vivo das diversas fases da banda? Existe alguma chance desse material ver a luz do sol algum dia?
Júnior. Sim tenho muita coisa em arquivo de diferentes fases da banda, a maioria do material em fitas cassetes, que também em sua maioria não foram digitalizadas e há muita coisa que sequer ouvi ainda, tudo é possível, mas hoje não vejo essa possibilidade de fazer algo.
Um lance interessante também é que a partir de 2000 à 2004 fizemos muitas horas de filmagens de shows, viagens, televisão, rádios e estúdios com a já clássica formação, Hid, Schevano, Domingues, Castello. Se um dia digitalizarmos e editarmos esse material daria um documentário bem interessante, mas isso hoje também as possibilidades são zero, pois tudo custa uma boa grana e toma bastante tempo para realizar seja no formato CD ou DVD.
2112. Uma última pergunta: A Patrulha do Espaço ainda existe como banda ou tocará apenas em eventos especiais como festivais, Virada Cultural etc?
Júnior. Desde meados de 2019 a formação da banda é a que citei acima Costa, Nascimento, Benévolo, Castello, com essa formação iríamos fazer as tours comemorativas aos 40 Anos do primeiro disco em 2020 e a do segundo disco em 2021, também como comentei acima voltamos a tocar em julho deste ano e tivemos que suspender os shows, agora em 2023 começando por São Paulo faremos alguns shows principalmente nos estados do Sul, acontece que recebemos muitas consultas para shows, mas a maioria não preenche os requisitos de palco, som, luz, logística e sobretudo cachês, fica difícil para uma banda veterana tocar em barzinhos sem estrutura ou picos que não dão condições dignas de trabalho, por isso preferimos fazer poucos shows como Virada Cultural, festivais com estrutura ou casas boas que são poucas e ainda diminuíram com a praga maldita, enfim não é um mercado fácil de trabalho, o rock é meio parecido com uma guerra, ambos usam os jovens, porque quando o cara é jovem, não se importa onde vai dormir, e como vai viajar ou se vai ganhar uma grana ou não, os jovens em sua maioria tocam rock por amor ao lance e obviamente pra curtir a vida que a estrada proporciona, o que também obviamente não é o caso da Patrulha, por isso infelizmente tocamos pouco, oxalá as condições favoráveis fossem em maior quantidade, adoraríamos voltar a fazer 70, 80 ou mais shows por ano, ainda mais na minha idade, antes que o gás acabe.
2112. Qual o telefone para te contratar para shows ou gravações?
Júnior. patrulhacds@gmail.com
2112. ... o microfone é seu!
Júnior. Muito obrigado pela oportunidade, saúde, paz, amor e rock para todos, abs.
Obs.: Todas as fotos usadas nessa entrevista
foram retiradas da página do Júnior, do Made In Brazil, da Patrulha do Espaço, do
Inox, da CaSch e da própria internet. Só consegui identificar os nomes de Cátia
& Bolívia Rock e Marcelo Crelece. Quem tiver os nomes dos demais fotógrafos
favor entrar em contato pelo meu e-mail: retamero2112@gmail.com que eu faço as
devidas correções.
Essa longa entrevista que é dedicada a todos os músicos que já passaram pela vida deste grande músico. Ela foi realizada em três ou quatro etapas distintas entre dezembro do ano passado e o começo desse ano. Júnior nessa época como todos sabem operou a vista, depois veio o repouso e após a recuperação terminou de responder. Júnior é um gentleman, um grande profissional. Realizei outro sonho!!
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