Cansado de tanto
ouvir as mesmas coisas no dial das rádios, nas capas das revistas e nas falsas
listas de paradas de sucessos, resolvi buscar no underground e no passado
bandas com rock'n'roll nas veias e sangue nas ventas. E numa dessas garimpadas
dei de cara com o John Tennessee uma banda que produz um rock cheio de tesão e
não pensei duas vezes em pedir uma exclusiva que você lê abaixo.
2112. Como e
quando foi formada a banda?
Leandro Cesar. A banda foi
formada no final de Maio de 2015, quando o Rafael Vinicius (amigo de longa data
que havia se mudado para o interior) voltou para São Paulo após um longo
período fora, com a ideia de reunir os amigos para formar uma banda. No começo
tínhamos somente 04 integrantes, Jonas Fongozi (Vocais), Rafael Vinicius
(Bateria), Leandro Cesar (Guitarra) e Raphael Martins (Guitarra). Ficamos um
bom tempo compondo e ensaiando desta forma, até que outro amigo de longa data,
Chico Oliveira, aceitou o convite para integrar a John Tennessee e assim
assumir o Baixo.
2112. O nome John
Tennessee é bem interessante e lembra mais o nome de um membro de uma banda
country que o nome de uma banda de rock... De quem foi a ideia?
Leandro Cesar. Haha! O nome é bem
peculiar... Não negamos, temos alguns integrantes que curtem um Country, porém
não levamos esse estilo musical para a banda (ainda)!Quando estávamos no começo
da banda, logo sentamos para conversar e escolher um nome. E isso foi uma das
coisas mais difíceis que fizemos como banda, rs! De tanto martelar, tentar
achar um nome em algum lugar escrito por aí, o nome veio de forma inusitada. Em
um churrasco na casa do Jonas Fongozi, com 02 violões e tocando alguns covers,
eis que surge uma pronúncia do tipo “embromation” da letra da música “Through
Glass” do Stone Sour que soava como “dionastenessi”, cantada pelo nosso
vocalista a plenos pulmões. No momento todos rolaram no chão de tanto rir
daquela tentativa de cantar a música sem ter decorado a letra, mas ao passar 5
minutos aquela pronúncia ficou em nossa cabeça e então resolvemos adotar o som
da pronuncia como nome da banda, alterada levemente, ficando assim “John
Tennessee”.
2112. Como vocês definem o som da banda?
Leandro Cesar. Definimos o som da
banda como uma mistura de estilos, englobados ao rock, mas indo desde o grunge,
stoner rock, até ao pop rock mesmo. A banda possui 05 integrantes que possuem
estilos bem diferentes um do outro, mas acabamos utilizando isso para criar
novos estilos e misturas de sons, sem sair do rock.
2112. A música
Nada Mais foi o primeiro registro de vocês em estúdio. Foi difícil transpor a
agitação das apresentações da banda para o estúdio?
Leandro Cesar. Transposições
sempre são difíceis, complicadas, que requerem tempo e paciência. A composição
da música “Nada Mais” não durou mais do que 30 minutos, no meu quarto mesmo.
Enquanto estava deitado veio um estalo na cabeça e peguei o violão e comecei a
traduzir tudo o que eu conseguia ouvir dentro da minha mente. Mas quando
entramos em estúdio para gravar aquele que seria o primeiro trabalho da banda,
começamos a encontrar diversos desafios, estudos e constantes melhorias para
poder inserir na música toda a agitação que a banda possuía no momento.
2112. O resultado
final ficou como o esperado?
Leandro Cesar. Quando tivemos a
oportunidade de ouvir o trabalho finalizado, tudo em seu devido lugar, não
tivemos dúvidas de que o trabalho ficou melhor que o esperado. Tanto que
resolvemos investir em um clipe para a música.
2112. Como é o processo de composição de vocês?
Leandro Cesar. Temos
diversos compositores na banda, todos contribuem de alguma forma. Eu já tinha
algumas composições e utilizamos na banda, outras composições o Raphael Martins
tinha algum refrão pronto, me passava, e eu finalizava a música. Costumo compor
bastante, tanto melodia quanto letra. Por ser assim “inquieto” a maioria das
composições acabam passando por mim.
2112. Como foi
composto o material de Aleatório e como surgiu a proposta para gravar no Bay
Area Studios?
Leandro Cesar. Todas as músicas
do álbum “Aleatório” foram compostas em períodos completamente diferentes, que
não se conectam, mas se completam. Devido aos estilos variados de cada música,
resolvemos dar esse nome ao álbum. Eu conheço o Bay Area Estudios desde a sua
fundação, e também conheço de longa data o seu fundador, Diego Rocha. Desde o
início da banda que o Diego Rocha se mostrava predisposto a enfrentar o desafio
de gravar novos estilos de sons, querendo extrair ao máximo alguma qualidade
que a banda demonstrava.
2112. Como foi
trabalhar como Diego Rocha? A masterização de Brendan Duffey em Davis,
California saiu ao gosto da banda?
Leandro Cesar. O Diego Rocha é
nosso conhecido a pelo menos uns 10 anos. Sempre conversamos sobre música e
mesmo sem querer estávamos sempre envolvidos neste meio. Apesar de estilos
completamente diferentes, o Diego é um cara que sabe extrair o máximo de cada
músico, e que ao mesmo tempo também sabe ouvir e aceitar novas propostas
musicais. Então o trabalho foi muito tranquilo e satisfatório, tendo certeza de
que o resultado sairia do nosso agrado. Em relação ao Brendan Duffey, é um cara
que tem um histórico muito extenso de serviços prestados a grandes músicos. E
por indicação do Diego Rocha acabamos por masterizar com o Brendan. O resultado
saiu acima de qualquer expectativa que havíamos gerado na época.
2112. Qual música
deu mais trabalho para ser gravada?
Leandro Cesar. As músicas “Ecos”
e “Sobrevida” possuem algumas trocas de tempo (metrônomo) no meio de cada uma.
Esse tipo de mudança fazendo ao vivo é bem tranquila, pois todos estão na mesma
vibe, tocando e sentindo a música. Mas quando você vai gravar essas mudanças em
estúdio, com alterações de tempo, você acaba ficando louco a cada vez que tenta
gravar e precisa repetir pois não casou o tempo! Essas foram as mais difíceis.
2112. Muitas das
bandas brasileiras (90%...) tem escrito seu material em inglês visando ganhar o
mercado exterior ao contrário de vocês que dão preferência cantar em português.
O porquê de remar contra a maré?
Leandro Cesar. Não queremos fugir
de nossas raízes. Entendemos sim que um material todo cantado em inglês abre
muitas portas no mercado exterior. Mas ao mesmo tempo vemos a carência que
temos de novas bandas nacionais, com material no bom e velho português.
Gostamos muito do rock nacional e damos muito valor a isso!
2112. O que vocês
pensam de roqueiros que valorizam mais as bandas gringas que as brasileiras...
algum recado para essas pessoas?
Leandro Cesar. O povo brasileiro
passa por uma fase em que você encontra esse tipo de situação não só com as
bandas gringas, mas com TUDO! Qualquer coisa vindo de fora é melhor do que
temos aqui, segundo os nossos atuais brasileiros. A falta de valor que é dada
às coisas nacionais é um tipo de cultura que estamos acostumados
(infelizmente), e precisamos mudar urgentemente. Vejo muitas reclamações de que
não existem novas bandas boas no cenário rock do Brasil. Mas ao mesmo tempo que
uma banda boa e promissora desponta no mercado, a mesma é atacada por críticas
e rotulagens que acabam por ser sem sentido, pois “só o que vem de fora que
presta”. O recado que temos para quem estiver lendo é: Deem valor ao que temos
aqui. Não precisa esquecer o que vem de fora, mas procurem que existem muitas
bandas ótimas aqui no nosso Brasil!
2112. Quais os
projetos da banda para o futuro?
Leandro Cesar. Estamos fazendo
diversos shows para divulgação do nosso primeiro álbum. Iremos divulgar ao
máximo para assim, muito em breve, começar um novo processo de composições e
gravações. Temos planos para um novo clipe e uma live session, a definir ainda.
Estamos focados em levar o nosso trabalho o mais longe possível e expandir
assim as pessoas que venham a nos acompanhar, que serão sempre muito bem
vindas!
Rafael Vinícius (batera)
Leandro Cesar (guitarrista)
Chico Oliveira (baixo)
Jonas Fongozi (vocal)
Raphael Martins (guitarra)
Contatos:
contato@johntennessee.com
www.johntennessee.com
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