O blog 2112 foi formado com intenção de divulgar as bandas clássicas de rock, prog, hard, jazz, punk, pop, heavy, reggae, eletrônico, country, folk, funk, blues, alternativo, ou seja o rock verdadeiro que embalou e ainda embala toda uma geração de aficcionados. Vários sons... uma só tribo!



segunda-feira, 4 de dezembro de 2017

Entrevista Dancing Flames


O Dancing Flame é um dos maiores herdeiros do hard metal brasileiro com dois ótimos trabalhos já lançados Dancing Flame (2009) e Carnival Of Flames (2014). Sua música tem forte influência do movimento NWOBHM e tem tido grande aceitação entre os fãs de metal e também da mídia especializada onde seus trabalhos sempre recebem ótimas resenhas. O rock brasileiro tem se mostrado um ótimo celeiro de bandas metálicas com destaque inclusive no exterior caso do Dancing Flame. Metal never die!      


2112. Vocês surgiram em plena década de 80 período em que o hard rock estava em alta com o surgimento de bandas clássicas como Tesla, Ratt, Guns N’ Roses, Bon Jovi, Def Leppard, Mötley Crüe etc e vocês chamavam Dirty Woman, ok? Conte um pouco desta história?


Emerson Mello. Na verdade a banda surgiu mesmo em 1996 depois que a banda Firelips encerrou suas atividades no ano de 1994. Da Firelips vieram eu, Fabian Amado (guitarra) e Sandro Nunes (bateria). Este foi o embrião da banda que resolvemos batizar de Dirty Woman, que é o nome de uma música do Dr.Sin, banda que sempre foi uma influência para nós. Eles mostraram que uma banda de Hard Rock no Brasil poderia sim fazer um grande trabalho.


2112. A banda gravou duas demos (1996/1998) com ótima repercussão na mídia com destaque para a música Lord Of Fire. Como foi a experiência no estúdio? As músicas foram gravadas ao vivo?


Emerson Mello. A demo “Strike a Blow!” foi feita praticamente de material da Firelips. “Thieves of Hearts” inclusive já era um clássico, bem conhecida do público da Firelips e “Live to Rock’n’Roll” foi tocada no último show com o nome de “Battle Hymn”. A música “Strike a Blow!” surgiu de uma idéia que eu trabalhava ainda na Firelips, mas nunca tinha sido gravada e nem tocada ao vivo e achei que valia a pena terminá-la e gravá-la.


Já na segunda demo a coisa mudou de figura, pois com os novos integrantes montamos um time de compositores, que éramos eu, Adriano(vocalista) e Glaydson Moreira (ex-guitarrista). Apresentamos composições novas que foram muito bem aceitas, como você mesmo citou a “Lords of Fire”, que sempre é pedida nos shows, por isto tocamos ela até hoje.


Em relação à experiência no estúdio ambas foram muito legais. Momento de descobertas, éramos novos e não tínhamos tanta experiência em gravação, mas muita garra e vontade de fazer. Em relação à parte técnica as músicas foram gravadas da forma tradicional mesmo: primeiro bateria, depois adicionamos os demais instrumentos e por fim a voz.


2112. Ouvindo hoje estes trabalhos como vocês o classificariam?


Emerson Mello. Um ponto de partida importantíssimo. À partir da “Red Moon” começamos a definir nosso estilo. Como disse antes, na “Strike a Blow!” usamos material em sua maioria da Firelips, na “Red Moon” já começamos a exercitar nosso veia de composição.


2112. O que levou vocês a mudarem de nome?   


Adriano Oliveira. Surgiu uma banda com o mesmo nome no México e como não tínhamos nada registrado resolvemos mudar o nome. Senão me engano isto foi em 2006.
2112. Já em 2009 vocês lançam o primeiro cd mostrando seu hard com fortes influências da NWOBHM. Como vocês definem esta nova etapa? Fale um pouco sobre a criação e gravação deste álbum.


Emerson Mello. Depois das duas demos e diversos shows, gravar o cd foi uma consequência natural. Em relação a parte de criação na verdade foi bem simples, porque a gente tocava todas as músicas ao vivo. 


2112. Este trabalho abriu muitas portas para vocês?


Adriano Oliveira. Sim! Com certeza! Através dele fomos selecionados pra participar da seletiva para o Wacken de 2010 no Metal Battle Seletiva no Rio de Janeiro. Foram mais de 200 bandas e fomos selecionados e disputamos a vaga com mais 04 e fizemos um grande show. Muita gente começou a conhecer a gente depois disso.


2112. Neste primeiro trabalho vocês dosam peso e melodia na medida certa. Existe similaridade entre o som da Dirty Woman e o Dancing Flame?


Emerson Mello. Pode-se dizer que a banda só mudou o nome, a sonoridade deu continuidade ao que já fazíamos e como você falou: unir melodia e peso na medida certa. Sempre gostamos deste desafio.


2112. Vocês aproveitaram alguma composição da D.W. neste primeiro trabalho?


Adriano Oliveira - Sim. Como o Emerson citou na outra pergunta repertório do cd é o que a gente tocava na época, então queríamos registrá-las em um disco. A gente sempre deu enfoque para o nosso trabalho autoral.


2112. Carnival Of Flames veio mais amadurecido e com uma produção impecável. O que aconteceu entre o lançamento do primeiro trabalho e este segundo?  


Adriano Oliveira. Como você mesmo observou a banda amadureceu. Isto ficou visível no segundo trabalho. A estrada, os shows, tudo isso faz diferença. Além disso, tivemos melhores condições técnicas pra realizá-lo, tivemos condições de realizar uma pré-produção o que faz toda diferença em um álbum. Tudo isto refletiu no resultado final.


2112. E as participações de Mark Boals (Yngwie Malwsteen / Ring Of Fire) na faixa Follow The Sun e de D. C. Cooper (Royal Hunt) em Dry My Tears como surgiram?  


Adriano Oliveira. Conversando sobre o disco surgiu a idéia de ter participações e pensamos em alguns nomes, o critério era que fossem vozes que a gente gostasse. Pra mim em especial foi uma honra dividir os vocais com o Mark Boals, vocalista que sempre admirei desde a época do Malmsteen. Foi realizar um sonho! D.C. Cooper também faz um trabalho fantástico no Royal Hunt e foi ótimo tê-lo no disco. O interessante é que ambos respeitaram a linha principal de voz que mostramos a eles.


Emerson Mello. Eu gosto muito da voz do D.C. Cooper. Acho o timbre dele fantástico e casou perfeitamente na “Dry My Tears”.


2112. Confesso que achei muito interessante a inclusão de backing vocals femininos nas faixas Fortress Of Belief e Queen Of Clown num fato um tanto inusitado em se tratando de metal. De quem foi a idéia? O fato muito me fez lembrar bandas de soul e blues... Vocês ouvem este tipo de música?   

Emerson Mello. Muito obrigado por esta observação!!! (rsrsrs). A idéia foi minha e veio meio num momento de insight mesmo. Quando rolava estas músicas eu “ouvia” estas vozes femininas na minha cabeça e achei que seria interessante colocá-las na música. Com o resultado final vimos que o feeling estava certo. As meninas, Angélica (D’Hanks) e Carol mataram de prima! One take girls!!! (rsrsrs)


E respondendo a segunda parte da sua pergunta, o rock corre em nossas veias, é o estilo que amamos, mas somos fãs de boa música. Eu adoro soul e blues que você citou: coisas das antigas Motown e Stax estas coisas, e outros estilos também como Jazz, Música Clássica e outras coisas. Música boa é sempre bem vinda.


2112. Quais são as influências da banda?


Adriano Oliveira. A base do nosso som é o Hard e o Metal das bandas clássicas. Foi o que crescemos ouvindo. Mas gostamos de trazer referências musicais de fora do rock também. Se você prestar atenção em algumas músicas poderá comprovar isto. O desafio é colocar estes ingredientes na medida certa para que ele some ao nosso som.


Emerson Mello. Algumas pessoas já vieram me falar da influência espanhola em “War Crimes” naquele trecho do meio da música. É legal às vezes colocar estas coisas pra dar um molho diferente no rock, mas como o Adriano falou: com cuidado pra não exagerar na dose.


2112. Como é trabalhar vários gostos musicais para criar um que agrade a todos os membros e ainda impulsionar a banda pra frente?


Emerson Mello. Em qualquer estrutura social aonde tenham mais de duas pessoas sempre vai haver idéias divergentes. O segredo é ter bom senso e saber a hora de ser flexível e a hora de negociar. Acho que com o respeito mútuo e maturidade isto não se torna uma dificuldade.


2112. Todos os membros da banda compõem?  


Emerson Mello. Sim, todos contribuem para o resultado final do nosso som. Somos abertos pra isso. Inclusive agora com a entrada do Dudu (Eduardo Coimbra baterista) vamos abrir mais frentes, porque ele além de bom no instrumento dele, ainda toca baixo e toca violão muito bem. Isto abre campos interessantes na hora de arranjar pois traz perspectivas e abordagens diferentes.


2112. Com tantas pessoas compondo como é feita por exemplo a seleção final na hora de gravar um cd ou mesmo de uma set list de um show? É complicado?

Adriano Oliveira. Te falo que esta parte não é fácil não!!! (rsrsrs). A gente tem um “problema” que é a fartura de composições. No momento, por exemplo, temos material pra dois CDs, mas como não dá pra entrar tudo temos, que selecionar. E como dizer de qual filhos você gosta mais? (rsrsrs).

2112. A capa de Carnival Of Flames foi realizada pelo renomado artista britânico Mark Wilkinson que já trabalhou com bandas de peso como Iron Maiden, Judas Priest, Marillion, Fish entre outros. Como aconteceu este contato?    


Emerson Mello. O processo foi semelhante ao da escolha dos vocalistas. Pensamos em artistas que a gente curtia o trabalho.  Eu sempre fui mega fã das capas antigas do Marillion que pra mim eram verdadeiras obra de artes. Eu sempre curti esta concepção que tinha nos anos 70 e os anos 80 ainda seguiu nesta linha que é a parte gráfica, imagem interligada a concepção de som.


Fizemos o contato com ele pela internet e ele desde o início sempre foi muito profissional e cortês. Primeiro ele pediu pra mandarmos a concepção do trabalho antes de dizer se aceitaria. Quando ele aceitou foi uma alegria só né! Pra mim foi a realização de um sonho trabalhar com este artista.


2112. Na comemoração dos 15 anos de banda vocês tiveram como prêmio a participação no festival Wacken Open Hair. Como foi este show?  


Adriano Oliveira. Só pra esclarecer participamos da seletiva Rio e concorremos à uma vaga . Mas foi um dos nossos melhores shows, a banda estava numa ótima fase, muito bem preparada e com muita energia. Fomos bastante elogiados, inclusive pelo júri que eram o Airton Diniz (Roadie Crew) e o André Bighinzoli (Metalmorphose).


2112. Houve projetos de lançar um “live” desta apresentação?


Emerson Mello. Na verdade não. Pelo formato do evento que era uma competição e tudo muito corrido no dia não teríamos condições técnicas pra isso.


2112. Para 2018 quais são os projetos da banda? Existe planos para a gravação de um novo trabalho?


Adriano Oliveira. Com certeza! Aliás já está em andamento, pois estamos trabalhando na pré-produção do terceiro cd.


2112. Dá para adiantar alguma coisa?


Adriano Oliveira. Pretendemos lançar um single em breve pro pessoal sacar como virá o novo disco.


2112. Vocês testam as músicas ao vivo ou tudo que é gravado é surpresa?  


Emerson Mello. Testar o disco inteiro realmente fica impossível, mas algumas músicas serão sim tocadas ao vivo antes de gravá-las.
2112. Como são os fãs da banda?


Emerson Mello. Temos um feedback bem legal das pessoas. Eles estão sempre acompanhando as novidades da banda. Quando tocamos ao vivo as pessoas sempre compram nossos CDs e alguns tem nos pedido camisas da banda e queremos resolver isto pra 2018. Recebemos feedback de fora do Brasil também, isto é o legal da internet.


2112. Com o surgimento de bandas como Korzus, Sepultura, Angra... o cenário brasileiro de metal cresceu, amadureceu e até virou referência no exterior. O que vocês tem visto de bacana no cenário brasileiro?     


Emerson Mello. O Brasil é um celeiro de bandas né? Nos últimos anos surgiram muitas bandas e muitas bandas boas. Desta nova safra eu particularmente curto muito o King Bird, Marenna, The Devils e uma nova banda que surgiu War Society, muito boa.


2112. Na opinião de vocês o que falta acontecer para o rock brasileiro despontar de vez como uma grande nação metálica?  


Emerson Mello. Acho que esta pergunta cabe no contexto de nos perguntarmos o que falta para o Brasil despontar como grande Nação né? Acho que quando aprendermos a valorizar e respeitar nosso próprio País todo o resto será consequência. Bandas boas temos aos montes, o que falta é nós mesmos enxergamos esta força.


2112. O que vocês ouvem quando estão em casa?


Emerson Mello. Ultimamente acho que as trilhas das séries da Netflix estão em alta por aqui! (rsrsrs). Brincadeira. Gostamos muito de séries e estamos sempre conversando sobre elas e cada um indica uma para o outro. Mas de som ouvimos muita coisa, depende do momento. Ultimamente tenho ouvido muita coisa do final dos anos 70 tipo Hard Rock, AOR e Progressivo... tem muita banda daquela época que ficou no ostracismo, mas que tem muita qualidade.  Tem rolado também muita NWOBHM e Gary Moore. Gary Moore eu ouço sempre. Tem também uma cantora pop chamada Corinne Bailey que conheci recentemente e achei bem interessante.


2112. O que levou vocês a regravarem a clássica Salém do Harppia?


Emerson Mello. Fomos convidados pela gravadora Portuguesa Metal Soldiers pra gravar o tributoO Fernando fez um trabalho com todo carinho e o tributo ficou sensacional.  Além da Dancing Flame, tem outras bandas brasileiras também, vale uma conferida.


2112. Existe a chance dela entrar no próximo trabalho?


Emerson Mello. Não, porque ela é exclusiva para o tributo. O que rolou foi o vídeo que fizemos como forma de divulgação.


2112. Depois de 22 anos de estrada é possível fazer um balanço dessa trajetória?


Emerson Mello. Tem muito coração envolvido nisso cara. É muito bom poder fazer o que se gosta e poder compartilhar com outras pessoas que curtem isso. O bom de ser uma banda independente é que podemos fazer o que queremos sem pressão externa ou com números de venda. E tem mais coisa vindo por aí.

Agradecimentos especiais a você Carlos pelo espaço da entrevista, e também aos seus leitores!










Dancing Flame (2009)
 
01. Sleepless Nights
02. Strike a Blow!
03. Dancing Flame
04. Lords of Fire
05. I Swear
06. Everybody's Creeping
07. Cheap Trick
08. Windows of Your Soul
09. Red Moon
10. Open Your Heart
11. Vampire Sleep
12. War Crimes



http://www7.zippyshare.com/v/dpvUkVdn/file.html



Carnival Of Flames (2014)

01. Carnival Of Flames
02. Dreamweaver
03. Follow The Sun
04. Ronnie
05. Higher Place
06. Don't Let Me Down
07. Runaway Soul
08. Fortress Of Belief
09. Dry My Tears
10. Warrior's Path
11. The Highest Hill
12. Queen Or Clown (Riddles In The Dark)
13. Kalash



Bonus Tracks.



14. Your Heart Must Be Strong
15. Life Is Like A Wheel 





Senha: muro



O Muro do Classic Rock é um dos maiores e melhores blogs de música que conheço pois inclui no seu cardápio as mais variadas bandas e músicos solo do planeta. Vocês acharão desde bandas consagradas até as mais obscuras e tem de tudo um pouco: rock’n’roll, blues, metal, jazz, folk, pop, progressivo, soul, new wave... num trabalho realmente magnífico. Se você não conhece entre e abasteça a sua dispensa musical com finas iguarias. O endereço de acesso é: https://murodoclassicrock4.blogspot.com.br/     

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