Rock é uma verdade de vida... ou você vive
intensamente ou morre sem fôlego na beirada da praia. Tibet é uma das poucas
mulheres a frente de uma banda de rock e sua banda AJNA é a prova de que não
existe preconceito quando todos se respeitam... Nesta exclusiva ela fala
abertamente sobre suas lutas, preconceitos, sua trajetória etc. Uma história
que daria uma ótima biografia!!
2112. Primeiramente devo dizer que achei muito
interessante o nome da banda (Anja ao contrário). De quem foi a idéia?
Tibet: Bom, isso vem de criança, quando falávamos tudo de
traz para frente, para nenhum adulto entender o que estávamos falando. Meu
apelido Tibet, vem de Beth ao contrário, pois meu nome é Elizabeth. AJNA é o
contrário de ANJA, mas o nome também significa o Chácara do Terceiro Olho.
Tanto que no último disco do AJNA, temos uma música THE EYES OF AJNA, que é uma
alusão à esse terceiro olho.
2112. Você é uma pessoa religiosa?
Tibet: Não. Sou psicóloga e
Psicanalísta, já tive minhas fases astróloga e taróloga, mas nessa fase da
minha vida ,estou totalmente agnóstica. I believe in me.
2112. Como e quando surgiu a banda?
Tibet: O AJNA estreou no Dama
Xoc em 1990, foi uma banda que começou na Dynamo, um bar de rock muito
importante nos anos 80/90 e que depois virou Revista Dynamite, onde eu era editora
chefe juntamente com André Pomba Cagni. Na época o AJNA chegou a fazer vários
shows com bandas como Korzus, Angra, Ratos de Porão e outras bandas importantes
dos anos 90. Chegamos a abrir no Aeroanta para banda argentina chamada Rata
Blanca.
2112. Em sua opinião mesmo depois de nomes
reinantes como Janis Joplin, Grace Slick, Runnaways, Girlschool, Lita Ford,
Joan Jett, Doro Pesh... o rock ainda é machista?
Tibet. Acho sim. Mas acho também
acho que as minas que fazem rock são feministas, veja o caso da Rita Lee, só
para pegar um exemplo brasileiro. Quando a mulher dá pra ser líder, ela é quem
manda e fim de papo. Tem muita mulher capitaneando bandas masculinas
atualmente, vide por exemplo Amy Lee no Evanescence, Jinjer banda hardcore
ucraniana liderada por Tatiana Shmaylyk e muitas outras
2112. Como você dribla para sobreviver nesse
universo?
Tibet. Sou psicóloga e
Psicanalísta e tenho consultório próprio em São Paulo.
2112. Tibet, você tem uma longa folha de prestação
de serviço ao rock brasileiro. Comente o início de sua carreira até a fundação
do AJNA?
Tibet: A primeira banda
que eu tive foi com o Carlini, Lisergia, ensaiávamos na aclimação, mas foi uma
banda que nunca fez show, mas era o Serginho DelaMônica na batera e o Carlini
na guitarra, depois fui para banda Quarto Crescente que era a banda do Percy
Weiss e foi através dele que conheci o pessoal do MADE IN BRAZIL, com quem fiz
vários shows e gravei vários discos fazendo baking vocal, entre eles “Pauliceia
Desvairada”, Made in Blues e Rock de Verdade. Mas a RCA Victor em 1978, me
chamou para gravar um EP, na época era um compacto simples com duas músicas,
Suada de Amor e I dont Like Inglês.
Tá no youtube:
https://www.youtube.com/watch?v=TC3DPH_wrRo confere aí.
Esse disco teve a participação de Serginho Dias
Batista e Rui Castro (Mutantes) e Serginho Herval (Roupa Nova). Em 1979, eu
tinha contrato com a RCA para gravar um LP, ai eu chamei o Carlini, que veio
com o TUTTI FRUTTI, eles tinham acabado de sair da Rita Lee, pois ela tinha colocado
o Roberto De Carvalho. Aí gravamos o meu disco Solo, um trabalho lindíssimo
onde cantei vários autores entre eles, Eduardo Araujo, Guilherme Arantes e Zé
Rodrigues. E com participação de ótimos músicos entre eles Manito, Marinho
Thomas, Símbas e Marinho Testone (Casa das Máquinas)
Escuta aí algumas músicas:
Depois dessa fase eu precisei parar um pouco com a
música, casei e tive três filhas, mas em 1990 não aguentava mais ficar sem o
Rock and Roll, como diz o Oswaldo Vecchione “O rock and roll não me larga”
Então me separei, vendi minha aliança de casamento e com o dinheiro comprei uma
guitarra. Entrei como assessora de Imprensa da Dynamo, e fiz os dois primeiros
fanzines da Dynamite, que era um fanzine da Dynamo, pra falar dos shows e da
cena que rolava around da Dynamo. Depois é que virou Revista Dynamite.
Foi aí que nasceu o AJNA, ensaiando nos porões da Dynamo.
Essa primeira fase do AJNA durou 12 anos, época em fizemos vários shows e que
gravamos um Splip álbum (1992), um, EP (1994) e um LP (1998), Mirror, produzido
por Marcelo Pompeu (Korzus). Nessa fase do AJNA passaram ótimos músicos como;
Lippo Baldassarinni, Pitchu Ferraz, Ivan Vale, Saulio Issao Ito, Nelson Brito
(Golpe de Estado) e foi nessa fase lançamos um vídeo Hermanos: https://www.youtube.com/watch?v=dViH4M7blBI
Em 2002, parei um pouco com o AJNA e sai da Revista
Dynamite, fui estudar, fiz faculdade de Psicologia Clínica e especialização em
Psicanálise.
2112. Como é o processo de composição da banda?
Todos colaboram? Em que vocês se inspiram na hora de compor?
Tibet: Geralmente eu faço as
letras e a métrica da melodia de voz, as vezes os meninos me mandam um tema e
eu coloco a letra em cima. Outras vezes faço no violão mesmo a pegada e a
melodia de voz e levo pros meninos fazerem os arranjos.
Escuta ai uns sons do AJNA:
2112. Vocês incluem covers nos shows?
Tibet. Não tocamos Cover, sou de
uma época em que o som autoral tinha valor e prova disso é que as grandes
bandas que estão no ar hoje, foram formadas nos anos 80 e 90, época onde
existia uma honestidade musical e uma criatividade incrível. Uma coisa é você
ter influência de uma banda, outra coisa é você querer ser uma banda, uma coisa
que você não é e nunca poderá ser. Acho ridículo aqueles caras que acham que
são o Bruce Dickinson, nunca chegaram nem aos pés dele. Outra coisa importante,
os músicos precisaram abrir as pernas para as casas noturnas, que pagam 100
reais de cache e faturam uma puta grana em cima de Banda Cover, tá na hora de
mudar isso galera, por isso fiz o projeto QUEM SABE FAZ AUTORAL quem quiser
saber mais entre no site:
e por falar nisso compareça ao próximo show do
evento:
2112. Quais são as suas influências?
Tibet. Minhas influencias vão
desde Motörhead até Slayer, dependendo da época eu curtia mais uma banda do que
outra. Mas sempre fui meio radical, sempre gostei de som pesado e forte.
Atualmente minhas bandas de cabeceira são Machine Head, Gojira, Testament e Jinjer.
2112. Você lembra qual cantora te parou para
pensar: É isso que eu quero
ser!
Tibet: Minha influência como
cantora não foi Janis Joplin, minha influência como cantora foi Tina Turner e
depois Joan Jett que faziam um vocal rasgado e com groove de voz, influência
que eu uso até hoje
2112. O que é cantar para você?
Tibet: Incondicionalmente
importante, não abro mão. Canto desde os 10 anos de idade, quando ganhei no dia
do meu aniversário, um violão e o disco “Revolver” dos BEATLES de presente do
meu pai, desde esse dia pensei, minha alma está salva!!!
2112. Algum recado?
Tibet. Faça seu som, seja você
mesmo, coloque sua alma e sua energia naquilo que você gosta de fazer. Não desista
dos seus sonhos e não desperdice seu talento e nem seu tempo com quem não quer
ouvir sua música. Mais cedo ou mais tarde todo artista encontra seu público
Contato para shows com o AJNA:
ajnarockofficial@gmail.com
Integrantes atuais
Tibet - vocais
Lucas Pelarin - guitarra
Nando Simões - baixo
Integrantes atuais
Tibet - vocais
Lucas Pelarin - guitarra
Nando Simões - baixo
Ivo Rocha - bateria
Site:
Facebook:
Direct Line: watts – 011997726039.
Obrigada ao Blog 2112
pelo convite e de poder participar e contar minha história e meu caminho no
rock nacional.
Obs.: O 2112 pede desculpas ao grupo AJNA e a todos os leitores do blog que por algum motivo não postei a entrevista inteira.
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