sábado, 28 de abril de 2018

Entrevista Gato Guerrilha


É com muito orgulho que o Blog 2112 apresenta mais uma banda em início de carreira. O Gato Guerrilha toca Ska um dos ancestrais do reggae, já tem duas músicas gravadas e já estão formando um repertório autoral para shows e para a gravação de um álbum. Quer saber mais? Pois leia a entrevista...      



2112. Apesar do pouco tempo de vida conte um pouco sobre a criação da banda, pode ser?    



Gato Guerrilha. Claro. A banda foi mais idealizada por mim (Mário) pela vontade de tocar esse tipo de som. A princípio, se tratava de um projeto meio pessoal, mas colegas e outros músicos foram e estão sendo incluídos. Temos um grande saxofonista, o Chico Filho, além de outro grande músico nos teclados, pianos, órgão, etc, que é o Fernando César. Essa foi a formação base do estopim, daí outras coisas foram ocorrendo, o Diego “Farofino” na bateria, um amigo de longa data. Outro grande amigo de muitos anos que está conosco é o Fernando “Zé”, no baixo. Não é muito fácil encontrar uma galera para tocar ska, com naipe de metais e tudo. Mas, aos poucos tudo tem ocorrido e vamos gravar a terceira música nesse mês (fevereiro de 2018).



2112. Vocês escolheram o gênero “Ska” como grande força motriz da banda que teve o seu apogeu nos anos 60/70 nos guetos jamaicanos e no mundo entre 77-79 com o surgimento do punk rock através do movimento Two Tone. Enfim, que bandas deste segmento mais influenciam vocês? E onde entra o rock e o pop nesta jogada?  



Gato Guerrilha. Pois é.... na verdade temos influências das três “ondas” do estilo. Desde a origem nos anos 1960, na Jamaica, toda aquela coisa do rocksteady, bandas como Skatalites, com um naipe de metais espetacular, Alton Ellis, Keith & Tex, passando pelo Two Tone, quando o estilo chegou na Inglaterra e surgiram bandas como The Specials, Madness, entre outras e também as bandas da terceira geração, como o Real Big Fish. Bandas como Operation Ivy e Rancid também agregam bastante ao nosso som.

Em relação ao pop e ao rock são suas vertentes que dialogam constantemente com o ska, na verdade o pop rock brasileiro, por exemplo, tem muitas influências que provêm do ska. Se vermos bandas como os Paralamas, Skank, Titãs, Raimundos, Rumbora, Charlie Browm Jr, entre outras, todas elas em algum momento, incluíram ska, reggae, ou algo do tipo em suas músicas. No nosso caso, também temos influência do rock, do punk, do pop, e também pretendemos mesclar o ska com tudo isso.



2112. Bandas como The Specials, The Selector, The Beat, Paralamas do Sucesso tiveram grande influência na formação do Gato Guerrilha?  



Gato Guerrilha. Com certeza. Você ouve a música “A message to you”, gravada pelos Specials (uma regravação) e não tem como não gostar. Daí vai atrás de outras coisas do estilo. No caso dos Paralamas, não tem como não reconhecer a importância deles para o ska no Brasil, além da influência que eles possuem do The Police, por exemplo, que deixa o som deles, pelo menos os mais antigos, muito bons.



2112. Apesar de pouco tempo de formação vocês já gravaram duas músicas: Menina tão linda e Tina e já estão planejando novas gravações para este ano. Vocês mesmos bancam tudo isso?  



Gato Guerrilha. Sim, planejamos. Outras pessoas estão agregando ao projeto e tudo está ficando bem legal. Vamos gravar uma música entre fevereiro e março e depois outra até a metade do ano. Daí vamos fazer um vídeo, um clipe, ou algo assim. Se tudo der certo, ainda pretendemos fazer uma, ou mais apresentações nesse ano, mesclando nossas músicas com alguns covers. Já foram feitos alguns contatos e estamos bem otimistas. Esperamos que seja um ano bem produtivo.

Como ainda somos uma banda totalmente independente, temos que bancar tudo, tem que gostar bastante, rs.



2112. Já existe um repertório pronto? Todos compõem na banda?   



Gato Guerrilha. Para fazer um show longo, ainda não. Mas, até a metade do ano, sim, vai ter. Pois teremos quatro músicas gravadas e vamos fazer uns covers de ska clássicos, principalmente da primeira e segunda gerações. Em relação às nossas músicas, as ideias iniciais das bases são mais minhas (Mário), mas todos acabam compondo e/ou improvisando seus solos e arranjos.



2112. Para os shows vocês pretendem incluir releituras de clássicos do gênero?  



Gato Guerrilha. Sim.  Na verdade, essas releituras são bem comuns em shows de ska. As bandas sempre fazem covers de clássicos, ou fazem releituras de músicas de outros estilos na levada do ska. Isso dá uma levantada boa no show, pois os clássicos possuem temas e refrões bem marcantes.

2112. Eu vejo o underground como a grande força motriz do rock brasileiro em todos os seus segmentos. Vocês acompanham a movimentação do cenário musical?



Gato Guerrilha. Você disse tudo. Na verdade, penso que o rock brasileiro, quase que em sua totalidade, é underground. Por exemplo, veja quantas bandas existe de hardcore, metal, rock clássico, etc... agora compare com quantas estão na grande mídia. Penso que ser do rock no Brasil já é ser underground. Houve momentos onde o rock esteve no mainstream, isso acho que ocorreu nos anos 1960, 1970, principalmente nas décadas de 1980 e 1990... até o início dos anos 2000. Todas essas décadas tiveram artistas do rock com suas músicas entre as mais tocadas nas rádios, programas de TV, MTV, venderam muitos discos e Cds, inclusive bandas de ska, como o Skuba, mesmo assim, o rock sempre foi um estilo marcado pela cena independente. Hoje, a chamada grande mídia não tem mais um Titãs tocando na TV no domingo de tarde, por exemplo, ou os Raimundos no Faustão, mas o rock, pelo menos no Brasil, é underground em sua essência, por isso existem tantas bandas boas, muito boas, tocando por aí. Não importa se vc gosta de crust, black metal ou punk 77, pop, reggae, qualquer coisa. Não precisamos ficar pagando fortunas em shows internacionais (na verdade, paga quem quiser), acho que o problema é que falta um pouco de curiosidade do público em geral para descobrir coisas novas. Bandas consagradas são legais, mas tem muitas coisas novas acontecendo, milhares de bandas criando coisas novas e muito interessantes.



2112. O que vocês tem ouvido de interessante?



Gato Guerrilha. Acho que essa resposta se resume a “quase tudo”, rs. Temos referências de coisas bem distintas entre nós, desde o rock, punk, rap, até o jazz e a música brasileira de forma geral. Eu, por exemplo, tenho escutado uma banda bem legal de ska punk chamada The Interrupters.

2112. Vocês já começaram agitar a programação de shows para este ano? O que vocês tem em mente? Festivais, barzinhos...    



Gato Guerrilha. Pretendemos que as apresentações comecem a ocorrer a partir do segundo semestre, ao que parece, tudo vai dar certo, talvez até antes. Algumas coisas já estão sendo pensadas, parceiras com outras bandas, lugares para tocar, tem muita gente afim de tocar e de ouvir um som nessa pegada.



2112. Confesso que senti uma grande empatia por vocês sem ao menos escutar uma música. Desejo muito sucesso e tranquilidade na carreira que vocês escolheram. O microfone é de vocês...          



Gato Guerrilha. Agradecemos muito pela oportunidade de falar sobre nosso trabalho aqui. Você sabe, ter uma banda de músicas autorais não é muito fácil. Mas, todos gostamos muito do que fazemos, alguns são até músicos profissionais, então vamos em frente. Pretendemos nos aproximar cada vez mais das bandas que seguem o estilo ou coisas parecidas, organizar shows e criar um circuito, não fechado, mas fortalecido.

Nenhum comentário:

Postar um comentário