quarta-feira, 25 de outubro de 2023

Entrevista Gabe O'Meare (O Peso)

2112. Primeiramente, o que te trouxe ao Brasil em plena ditadura militar?

Gabe. Eu estava viajando como músico com vários grupos musicais de apoio incluindo uma estadia de seis meses em Las Vegas com Tom Jones.  Meu último show foi com Wayne Cochran, um cantor de soul branco. Viajamos durante seis meses. Teve vez que nem sabia em que cidade eu estava. Depois de alguns anos decidi que precisava de um período de férias. Meu pai morava no Brasil e então decidi fazer uma visita e ficar por alguns meses. A Gal Costa precisava de um guitarrista porque Pepeu Gomez saiu após o grupo dele Os Novos Baianos lançaram um LP. Fui pego novamente tocando para cantores e de novo na estrada. Tentei fazer jornalismo escrevendo artigos musicais para a revista Rolling Stone. Também tive aulas com Luis Claudio Ramos, um guitarrista incrivelmente talentoso (arranjador do Chico Buarque), que me acolheu como amigo e me orientou na música brasileira. Devo imensamente a ele.

2112. Como foi o seu começo na música?

Gabe. Provavelmente é uma boa ideia começar esta resposta informando que tenho 76 anos, minha influência musical foi principalmente meu pai, que era um ávido fã e músico de Jazz e Blues. Lembro-me de ouvir sua coleção de velhos discos que tinha cantores como Bill Big Bill Broonzy, Robert Johnson, Muddy Waters e Charlie Patton e no lado do jazz Louis Armstrong, Kid Ory e uma série de pianistas como Tampa Red e Jelly Roll Morton. Nos mudamos para a Venezuela no início dos anos 50, onde fui exposto a música latina como La Sonora Matancera com Celia Cruz e os boleros do Trio Los Panchos e Lucho Gatica. Também por volta de 1955 fui exposto a Elvis Presley Bill Haley e seus Cometas, Little Richard e Gene Vincent. Atendia uma escola para americanos e a nova onda do rock and roll estava na moda. Em 1965, me liguei na soul music. Fiquei hipnotizado com os sons vindos de Memphis Tennesse e Muscle Shoals Alabama. Cantores como Wilson Pickett, Otis Redding, Johnnie Taylor, Aretha Franklin, Rufus Thomas entre outros. Mais tarde, também ouvia Yardbirds e Jeff Beck, Eric Clapton, Led Zeppelin, Allman Brothers e Rod Stewart. No início dos anos 70 eu tocava semi-profissionalmente em grupos de bailes e bandas de cover. Fui contratado por um empresário que me colocou entre outros músicos para fazer backing de cantores em Las Vegas, entre eles, o Tom Jones e os Righteous Brothers. Eu não fazia gravação profissional na época, mas com certeza toquei muitas dos Top Forties (as 40 musicas mais tocadas) nos cassinos e em clubes da cidade. Foi uma verdadeira experiência de aprendizado pois conheci todos os tipos de pessoas e músicos num ambiente de trabalho difícil onde tínhamos que aprender musicas que faziam sucesso quase que na hora de tocar.

2112. Que músicos mais o influenciou no seu jeito de tocar?

Gabe. Minhas primeiras influências foram os guitarristas acústicos de country blues, como big Bill Broonzy e Robert Johnson. Mais tarde passei a ouvir Chuck Berry, Scotty Moore que tocou com Elvis Presley, James Burton e Ricky Nelson. Meu pai me ensinou algumas progressões de acordes e ao me tornar músico de estúdio e guitarrista de apoio, fui altamente influenciado por guitarristas como Steve Cropper, Chips Moman, Reggie Young, Jimmy Johnson, Eddie Hinton, Cornell Dupree e outros. Certamente BB King e, eventualmente, Eric Clapton, têm influência na minha maneira de tocar blues.

2112. Já em solo brasileiro você toca com Gal Costa, fica amigo de Tim Maia, fez shows com Zé Ramalho. Em algum momento você pensou em criar uma banda?

Gabe. Toda a experiência brasileira como tocar com a Gal Costa, Tim Maia e outros músicos foi uma surpresa muito grande para mim. Eu nunca planejei ficar no Brasil, nunca pensei em montar uma banda porque nunca tinha feito isso nos Estados Unidos. Sempre toquei em bandas, mas nunca montei uma. Na verdade, eu acho que no colégio eu tinha um grupo de muito sucesso chamado TC And The Boys que tocavam uma mistura do som inglês dos Beatles e um pouco de pop americano.

2112. E como você conheceu o Luiz Carlos? O Peso já existia como banda?

Gabe. A banda O Peso não existia, era uma dupla formada por Luis Carlos Porto e um pianista chamado “Gordo”. Eles fizeram uma apresentação no Festival FIC com uma musica chamada O Pente. As referencias a droga era o tema principal da música.  Mas a letra foi tão bem escrita que a censura não pegou. Nessa época a Polygram se interessou muito pelo Luis Carlos Porto. O Guti foi o produtor que por sinal nunca teve reconhecimento suficiente por produzir nosso LP. Na época eu era um guitarrista de rock and roll bastante requisitado tocando com Raul Seixas, Leno e qualquer gravação de rock and rol. O Guti me pediu para montar um grupo para apoiar o Luis Carlos Porto. Não era para fazer um grupo, mas apenas uma banda de apoio para o cantor. O Luis Carlos não queria ser só um cantor, queria ser integrante de uma banda de rock pesado. Ele realmente era uma super-estrela, um cantor de muito talento. Olhando em retrospecto, acho que ele poderia ter se tornado uma estrela mundial de renome se as coisas não tivessem saído fora dos eixos.

2112. Você participou da gravação de Pente?

Gabe. Não participei da gravação. Não tenho certeza quem participou mas acho que pode ter sido algum dos músicos do Azimuth.

2112. E qual foi a reação do público e dos jurados quando vocês a tocaram no IV Festival Internacional da Canção?

Gabe. Não toquei no 4º Festival Internacional.

2112. Me responde uma coisa... como foi que "A Volta do Ponteiro" creditado a Beto Scala foi parar no lado b do compacto? Foi sugestão da gravadora?

Gabe. Me desculpe, mas não estou ciente dessa música creditada à Betto Scala. Deve ter acontecido antes de eu fazer parte do projeto O Peso.

2112. Lúcifer foi gravada numa época em que pouco ou nada se falava sobre ocultismo. Vocês tiveram problemas com a censura ou líderes religiosos?

Gabe. A música Lúcifer foi sugerida para nós porque Ozzy Osbourne e o Black Sabbath estavam no auge de seu sucesso. Nós realmente não gostávamos de nada disso e, francamente, escrevemos a música sem muita inspiração, tanto que juntei algumas tiradas tipo Led Zeppelin e juntamos algumas palavras. O solo era mais menos um "place holder" que eu iria refazer mais tarde. Nós apenas deixamos como estava. Nunca tivemos problema com o pessoal da censura. A única vez que tive problema com a igreja foi que gravei uma música chamada Saco Cheio com o cantor Almir Guineto. O chefe da igreja no Rio era o Ivo Loksheider, um religioso muito conservador, e ele fez a música sair da rádio, porém eu conhecia o chefe da censura, o Coronel Sá. Fui ao escritório dele com um gravador e enquanto eu tocava a música ele chamou outros caras que conheciam a música de cor e começaram a cantá-la juntos. Ali mesmo ele disse para o inferno com isso deixa tocar eu vou cuidar disso é fim de papo.

2112. Você e o Luis Carlos eram os principais compositores da banda. Como funcionava essa parceria?

Gabe. Luis Carlos Porto além de ser um excelente cantor, também era um ótimo letrista, meu português não era exatamente bom mas minhas idéias eram boas para as músicas. Eu dava a ele a idéia e ele trabalhava febrilmente para dar corpo a música. No final nós acabávamos a música e assinamavos a parceria. Trabalhamos muito bem um com o outro e temos algumas músicas que nunca foram gravadas. Algumas delas tinham um sabor muito nordestino, pena que nunca conseguimos lançar um segundo álbum. Não tenho registro dessas músicas. Acredito que elas se perderam no tempo.

2112. Quais eram as influencias da banda?

Gabe.  A banda foi altamente influenciada por Led Zeppelin, Rod Stewart com Jeff Beck e os Allman Brothers.

2112. Muitas foram as bandas nos anos 70 que não tiveram a chance de registrar sua obra por falta de apoio das gravadoras. Como foi que vocês conseguiram esse feito sendo uma banda de som tão pesado?

Gabe. Quando Luis Carlos apresentou a música Pente, esse tipo de swing estava na moda, meio que Raul Seixas apoiado por Renato e seus Blue Caps. Era isso que a gravadora estava procurando, porém conforme nossos ensaios progrediram, descobrimos que a maioria de nós estava ouvindo Led Zeppelin e o álbum Jeff Beck Truth, e esse é o som que emulamos. No final foi nosso grande erro, a gravadora estava realmente procurando esse som e não foi o que eles conseguiram com O Peso.

2112. O que você poderia contar sobre os bastidores das gravações do Em Busca do Tempo Perdido?

Gabe. A maior parte ou todo o disco foi ensaiado minuciosamente no Studio do Constant Papineannu, em Laranjeiras. Fomos para o estúdio com tudo arranjado e não houve muitas discussões sobre o que tocar. Para um dos solos... acho que foi Me Chama De Amor, o Lulu Santos me emprestous sua Fender Stratocaster que tinha o som que eu procurava. Queríamos um grande coro então contratamos um grupo chamado Os Meninos de Deus para cantar e também o Tony Bizarro que faleceu recentemente e foi considerado o último soul man depois do Tim Maia. O Zé Roberto Bertrami, do Azimuth tocou um dos primeiros sintetizadores de cordas em Me Chama de Amor. Queríamos uma conga em Lucifer, um dos técnicos do estúdio tinha uma lá e ele tocou, não saiu tão bem quanto queríamos, mas na maioria das gravações americanas a conga sempre foi mal tocada e assim ficou. Eu disse que o estúdio era de oito canais, mas era realmente um estúdio de quatro canais. Nós fizemos milagres com quatro canais, fazendo pingue-pongue indo e voltando. Novamente o Gutii foi um expert nisso e conseguiu o som que queríamos.

2112. ... e como foi feita a escolha do repertório? Qual foi o critério usado por vocês?

Gabe. O repertório foi montado pelo Luis Carlos e por mim. Não havia nenhuma organização ou uma idéia preconcebida do que tínhamos que fazer.

2112. Quem indicou o Guti Carvalho para produtor?

Gabe.  Guti Carvalho era produtor de rock and roll e pop na gravadora. Ele foi fundamental na montagem daquele grupo e foi muito diligente durante a mixagem dessas músicas. Na verdade não haveria O Peso sem a participação do Gucci.

2112. Vocês registraram o álbum em várias sessões ou foi tudo gravado direto ao vivo? Quanto tempo vocês gastaram em estúdio?

Gabe.  Gravamos o álbum em cerca de 3 dias em uma máquina de oito faixas.

2112. Para promover o disco a gravadora lançou o single Sou Louco por Você/Me Chama de Amor. Ele teve uma boa aceitação na programação das rádios?

Gabe. Infelizmente nosso som não era compatível com o rádio, não tínhamos muita penetração no rádio, nem mesmo nas rádios FM, eles gostavam mais de soft rock como Rita Lee e um rock mais pop

2112. Gabe, tudo o que foi gravado está no álbum ou ficou algum registro de fora?

Gabe. Não tivemos muito tempo, tudo o que escrevemos está naquele álbum, não há faixas sobrando que eu saiba.

2112. "Em Busca do Tempo Perdido" ao longo do tempo se tornou um dos álbuns mais cultuados dos anos 70. Qual a sua visão sobre o assunto?

Gabe. ... talvez porque o som fosse único comparado ao que estava sendo gravado na época. Nosso disco se destaca como uma espécie de som icônico do rock and roll. Basicamente tentamos emular o som pesado produzido por Jimmy Page e talvez por isso conseguimos nos destacar do resto da galera do rock and roll que se inclinava mais para um som mais leve ou tropical.

2112. ... você ainda ouve o álbum?

Gabe. Eu o ouço algumas vezes por ano e ainda me pego sorrindo quando o faço, foi uma boa gravação e me traz muitas recordações.

2112. A banda continuou até 1977 quando encerrou carreira e você passa a trabalhar como produtor e músico de estúdio. O que te levou a retornar para os Estados Unidos?

Gabe. Voltei para os Estados Unidos em 1990. Passei 20 anos no Brasil e senti que precisava voltar para o meu país e trazer minha família para cá. Na época que as ruas do Rio ficaram muito violentas e eu não estava feliz com o jeito que as coisas estavam funcionando para mim na indústria fonográfica, eu me tornei um compositor e tive vários sucessos com Tim Maia, Sandra de Sá e outros cantores.  Mas pensei que gostaria de voltar para os Estados Unidos e atualizar meus conhecimentos musicais e técnicas de produção. Na verdade, mudei-me para Memphis, Tennessee, onde tornei-me um músico de estúdio, mas não funcionou tão bem quanto eu queria. Eu falo vários idiomas e decidi abrir uma empresa de tradução que se tornou muito bem-sucedida. Ganhei muito dinheiro e ainda estou nesse negócio.

2112. A banda tentou um comeback em 1984. Você foi contactado para essa reunião?

Gabe. Nunca fui contactado por ninguém para refazer a banda. Pelo o que sei, Luis Carlos gravou alguns discos, um que nunca foi lançado porque ele não deixou. Houve algumas ressurreições do grupo e até alguns músicos alegando que eram o guitarrista original do conjunto. Eu meio que dispenso comentários disso e desejo a todos boa sorte e sucesso.

2112. Após a sua saída da banda você não pensou em formar uma nova banda ou mesmo gravar um álbum solo?

Gabe. Depois de sair da banda tornei-me um produtor de discos de samba bem-sucedido produzindo a música Reunião de Bacana (Se gritar pega Ladrão) e alguns outros sucessos que se tornaram minha paixão depois do rock and rol. Eu não tinha interesse em ser um artista solo o participar de um outro conjunto de rock.

2112. Atualmente você continua atuando como músico, produtor ou se aposentou?

Gabe. Sou semi-aposentado, faço traduções para alguns escritórios de advocacia e também trabalho como locutor geralmente em espanhol porque falo espanhol fluentemente. Também assumi o cargo de síndico do condomínio onde moro entre a aposentadoria, um trabalho burocrático e algumas coisas artísticas que sou capaz de fazer. Sou um velho feliz que anseia por passar os fins de semana com sua filha e os netos. Isso não significa que eu não toque violão, tenho uma bela coleção e realmente toco várias horas por dia, principalmente Bossa Nova e um pouco de Jazz. Eu gostaria de tocar como George Benson... mas talvez na próxima vida eu chegue perto.

2112. ... o microfone é seu!

Gabe. Obrigado!

 

Interview Gabriel O'Meare (O Peso)

2112. First of all, what brought you to Brazil in the middle of the military dictatorship?

Gabe. I had been traveling as a musician with various backing music groups including a 6 month stay in Las Vegas with Tom Jones. My last concert was with a singer called Wayne Cochran who was a white soul singer. We traveled almost every single day for 6 months. There were times when I didn’t even know which city I was in. After a few years of this routine, I decided I needed a vacation. I didn’t know who I was or where I was. My father lived in Brazil and I decided to pay him a visit and stay for a couple of months. Since Gal Costa needed a guitarist because Pepeu Gomez quit his group when his group Os Novos baianos released the album. I was caught again playing for singers and again on the road. I tried to attend journalism by writing music articles for Rolling Stone magazine. I also took lessons from Luis Claudio Ramos, an incredibly talented guitarist (arranger of Chico Buarque), who took me as a friend and guided me in Brazilian music. I owe him immensely.

2112. What was your start in music like?

Gabe. Probably it is a good idea to start this answer by letting you know that I am 76 years old. My musical influence was from my father who was an avid Jazz and Blues fan and musician. I remember listening to his 78 record collection which had singers like Big Bill broonzy, Robert Johnson, Muddy Waters, Charlie Patton, and on the Jazz side with Louis Armstrong, kid Ory, in a series of piano players like Tampa Red and Jelly Roll Morton. We moved to Venezuela in the early 50s where I was exposed to Latino music La Sonora matancera with Celia Cruz and boleros by Trio Los Panchos and Lucho Gatica. Also around 1955 I was exposed to Elvis Presley Bill Haley and his comets Little Richard and Gene Vincent. I attended to na American School and the new wave of rock and roll was the fashion at the time. I picked up on soul music around 1964, and my guitar Heroes were folks like Steve Cropper, Chips Moman, Reggie Young, BB King and Bobby Womack. I was mesmerized by the sounds coming from Memphis and Muscle Shoals Alabama, singers like Wilson Pickett, Otis Redding, Johnnie Taylor, Aretha Franklin, Rufus Thomas among others. Later I was also listening to the Yardbirds and Jeff Beck, Eric Clapton and Led Zeppelin, Allman Brothers and Rod Stewart by the early 70s I was playing semi-professional in dance bands and cover groups. I was hired by a manager who placed me among with other musicians to back up singers in Las Vegas among them Tom Jones and the Righteous Brothers. I haven’t done any professional recording at the time but I sure played a lot of top 40 Tunes in the casinos and around town. Later, I was contracted by a singer called Wayne Cochran who his guitar player got ill and I had to cover him immediately. We traveled throughout the United States playing what is called the chitlin circuit and in small clubs. It was a real learning experience. I met all kinds of people and musicians. It was a tough work atmosfere where we had to learn some of the top songs to be able to perform them at some of the clubs that requested these songs.

2112. Which musicians have influenced you the most in the way you play?

Gabe. My early influences were country Blues acoustic guitar players such as big Bill Broonzy and Robert Johnson later I started picking up on guitar players like Chuck Berry, Scotty Moore who played for Elvis Presley and James Burton who played for Ricky Nelson. My father taught me some chord progressions. Later as I started developing into a studio musician and backing guitar player I was highly influenced by guitarist like Steve Cropper, Chips Moman, Reggie Young, Jimmy Johnson, Eddie Hinton, Cornell Dupree and others. Certainly BB King and eventually Eric Clapton have some influence in my Blues playing.

2112. Already on Brazilian land you play with Gal Costa, you become Tim Maia's friend, you play with Zé Ramalho. At some point did you think about creating a band?

Gabe. The whole Brazilian experience with Gal Costa and Tim Maia and other musicians was a very big surprise for me. I never really planned on staying in Brazil since I came only as a vacation after 3 years of traveling as an itinerant and backing musician. I have never thought of putting together a band because I had never done that before in the United States. I always played in bands but I never put one together. Actually, I take that back in high school I had a pretty successful group called TC and the boys which played a mixture of the English sound, The Beatles and some American pop.

2112.  And how did you meet Luiz Carlos? Did Peso already exist as a band?

Gabe. The band O Peso didn’t exist, it was a duo formed by Luis Carlos Porto and a piano player called Gordo. They made a presentation in the FIC Festival with a song called O Pente, of course the references to drugs was the main theme of the song but it was so well written that the censorship didn’t catch on to it. At that point PolyGram became very interested in Luis Carlos Porto. Guti was the producer who by the way, has never got enough recognition for producing our record. At the time I was a sought after rock and roll guitarist playing with folks like Raul Sexas, Leno, and any rock and roll recording. Guti asked me to put together a group to back Luis Carlos Porto. it was not supposed to be a group but merely a backing band for the singer. Luis Carlos did not want to be just a singer but an integral part of a heavy rock group. He really was a superstar and a very unique singer. Looking back in retrospect I think he could have become a world-renowned singer if things hadn’t gotten off track.

2112. Did you participate in the recording of Pente?

Gabe. I did not participate in the recording of the song O Pente, I’m really not sure who recorded that I think it might have been some of the musicians from the group Azimuth.

2112. And what was the reaction of the audience and the judges when you played it at the IV International Song Festival?

Gabe. I did not play in the 4th Festival International.

2112. Answer me one thing... how did "The Turn of the Pointer" credited to Beto Scala end up on the b-side of your single? Was it the music record company's suggestion?

Gabe. I’m sorry but I’m not even aware of this song which was credited to betto Scala it must have happened before I became part of the O peso Project.

2112. Lucifer was recorded at a time when little or nothing was said about the occult. Have you had problems with censorship or religious leaders?

Gabe. The song Lucifer was actually suggested to us because Ozzy Osbourne and Black Sabbath were at the peak of their success at the time we really weren’t into any of that and quite frankly we wrote the song without much inspiration so much so that I threw together some Led Zeppelin type riffs and threw some words together. The solo was more less a place holder which I was going to re-do later. We just let it go as it was. We never had a problem with the censorship people and the only time I had a problem with the church was when I recorded a song Saco Cheio, with the singer Almir Guineto. The head of the church in Rio at the time was Ivo Locksheider, a very conservative priest and he had the song pulled out of the radio, however I knew the head of the censorship, Coronel Sá. I went to his office with a tape recorder and while I was playing the song he called other guys who knew the song by heart and started singing it together. Right there he said to hell with that let it play I'll take care of it and that is it!

2112. You and Luis Carlos were the main composers of the band. How did this partnership work?

Gabe. Luis Carlos Porto besides being an excellent singer was also a great lyricist, my portuguese was not exactly good but my ideas were good for the songs I gave him the idea and he worked feverishly to give body to the music, in the end we both finished the mucica and signed the partnership. We work really well with each other and we have some songs that have never been recorded. Some of them had a very northeastern taste, too bad we have never got to release a second album. I have no record of these songs and they have been lost in time.

2112. What were the band's influences?

Gabe. The band was highly influenced by Led Zeppelin, Rod Stewart with Jeff Beck and The Allman Brothers.

2112. Many were the bands in the 70s that did not have the chance to record their work due to lack of support from the record industry. How did you achieve this feat being a band with such a heavy sound?

Gabe. When Luis Carlos presented the song O Pente, that type of Swing was in fashion at the time. It was kind of like Raul Seixas backed up by Renato and his Blue Caps. That what the recording company was looking for however as our rehearsals progressed we found out most of us were listening to Led Zeppelin and the Jeff Beck Truth album and that’s the sound we emulated. In the end I think that was are downfall with the recording company, they were actually looking for that other sound and that not what they got with O Peso.

2112. What could you tell us about the behind-the-scenes footage of Em Busca do Tempo Perdido?

Gabe. Most of all of the album was thoroughly rehearsed at Constant Papineannu's studio in Laranjeiras. We went into the studio with everything arranged and there weren't many discussions about what to play. For one of the solos and I think it was Me Chama De Amor, Lulu Santos lent me his fender Stratocaster that had the sound I was looking for. We wanted a great choir, we hired a group called The Children of God to sing on the song. Also on I don't know anything, Tony Bizarro who passed away recently and he was considered the last Soul Man after Tim Maia, did vocals on that song. Zé Roberto Bertrami of Azimuth played one of the first string synthesizers in the summer Me Chama de Amor. We wanted a conga on Lucifer, one of the studio technicians had one there and he played it, it didn't come out as well as we wanted, but on most American recordings the conga was always badly played, so it stayed. I said before that the studio was an eight-channel studio, but it was really a Four-channel studio We did miracles with four channels, ping-pong going back and forth. Again Gutii was an expert at this and got the sound we wanted.

2112. And how was chosen the repertoire? What was the criterion you used?

Gabe. The repertoire was put together by Luis Carlos and by me there really was no organization or a preconceived idea of what we had to do.

2112. Who nominated Guti Carvalho as a producer?

Gabe. Guti Carvalho was the producer of rock and roll and pop of the recording company, he was actually key in putting that group together and was very diligent during the mixing of these songs, in fact there would not be the Peso without the participation of Gucci.

2112. Did you record the album in multiple sessions or was it all recorded live directly? How much time did you spend in the studio?

Gabe. We recorded the album in about 3 days on an eight-track machine.

2112. To promote the album, the record company released the single Sou Louco por Você/Me Chama de Amor. Was it well received on the radio?

Gabe. Unfortunately our sound was not radio friendly, we did not have a lot of penetration in radio not even on FM radios, they more liked soft rock like Rita Lee and some of the more popish rock and roll which was being recorded at the time.

2112. Gabriel, is everything that was recorded on the album or was there any record left out?

Gabe. Because we haven't had much time, everything we wrote is on that album, there's no tracks left that I know of.

2112. Em Busca do Tempo Perdido" over time became one of the most cult albums of the '70s. What's your take on it?

Gabe. ... maybe because the sound was unique compared to what was being recorded at the time, our record stands out as a kind of iconic rock and roll sound, basically, we tried to emulate the heavy sound produced by Jimmy Page and maybe that's why we were able to stand out from the rest of the rock and roll crowd that leaned more towards a lighter or tropical sound.

2112. ... Do you still listen to the album?

Gabe. I listen to the album a couple times a year and still find myself smiling when I do it was a good recording and it brings back a lot of memories.

2112. The band continued until 1977 when it ended its career and you went on to work as a producer and studio musician. What prompted you to return to the United States?

Gabe. I returned to the United States in 1990, I spent 20 years in Brazil and felt I needed to go back to my country and bring my family here. V at the time when the streets of Rio got very violent and I wasn't happy with the way things were working out for me in the music industry, I became a composer and had several hits with Tim Maia, Sandra de Sá and other singers, but I thought I would like to go back to the United States and update my musical knowledge and production techniques. I actually moved to Memphis, Tennessee, where I became a studio musician, but it didn't work out as well as I wanted. I speak several languages and I decided to open a translation company that became very successful. I made a lot of money and I'm still in that business.

2112. The band attempted to return in 1984. Were you contacted for this meeting?

Gabe. I was never contacted by anyone in 1984 to remake the band as far as I know, Luis Carlos recorded some records, one that was never released because he did not leave. There have been some resurrections from the group and even some musicians claiming they were the original guitarist of the set, I kind of dispense with comments on that and wish everyone good luck and success.

2112. After leaving the band you didn't think about forming a new band or even recording a solo album?

Gabe. After leaving the band I became a very successful samba record producer I produced the song Reuniao de Bacana (Se gritar pega Ladrão) and some other hits that became my passion after rock and roll. l had no interest in being a solo artist or participating in another rock ensemble.

2112. Are you currently still a musician, producer, or have you retired?

Gabe. Although I am semi-retired I do translations for some law firms and I also work as an announcer usually in Spanish because I speak Spanish fluently, I also took the position of trustee of the condominium where I live between retirement, a bureaucratic job and some artistic things that I am able to do. I am a happy old man who longs to spend the weekends with my daughter and grandchildren. That doesn't mean I don't play the guitar, I have a beautiful collection and I actually play several hours a day, mostly Bossa Nova and some jazz. I wish I could play like George Benson, but maybe in the next life I'll get close.

2112. ... o microfone é seu!

Gabe. Thank you!

 

Obs.: Esta entrevista foi realizada após Gabe se recuperar de uma embolia pulmonar que o deixou fora de circulação por um tempo. Ele foi super gentil respondendo em português e inglês. Fica aqui o meu muito obrigado por todo o seu esforço e atenção. 

Aproveito a oportunidade para agradecer a ajuda do amigo/irmão Luiz Carlos Figueiredo na revisão do inglês da qual não entendo nada. Só thank you.

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