quinta-feira, 5 de outubro de 2023

Entrevista Carlos Café

2112. Podemos começar com você falando um pouco sobre "Na Estrada" o seu novo trabalho lançado recentemente. O que os fãs podem esperar dele?

Carlos. É um trabalho totalmente autoral. O Material foi criado, em sua maioria, durante a pandemia. Então fala muito da angústia e revolta. O tempo "ocioso" também me proporcionou uma observação mais crítica e criteriosa sobre alguns temas, como as fake news, políticos, o sinismo da vida moderna, etc. Numa música eu queria falar da coisa chata que é a rotina, mas acabei percebendo que MINHA rotina é adorável, e acabei escrevendo Doce Rotina, que fala do processo de composição e a delícia que é fazer música. Uma outra faixa que eu queria destacar é Texas Blues, onde faço uma homenagem aos mestres Johnny Winter e Stevie Ray Vaughan.

2112. Quanto tempo você levou para gravá-lo? Participa apenas a sua banda de apoio ou contou com participação de alguns amigos?

Carlos. Demorei um pouco por causa, exatamente, da maldita pandemia. Dificultou muito o processo. Levei uns oito ou nove meses. Uma gestação! KKKK. Outro fator que impactou diretamente nesse prazo é que eu gravo as guitarras "analogicamente", usando GUITARRA + AMPLIFICADOR + ALTOFALANTE + MICROFONE.  Nada de simuladores. Tenho vários amps valvulados aqui no estúdio e pesquiso muito os timbres, alto-falantes, válvulas, etc. Nessa gravação tocam apenas os músicos da banda Expresso Blues: Fafá (teclados), João Gravina (baixo), Joca Moraes e Dawton Mendes (se revezam na bateria). Na faixa Quinta Dimensão tem a única participação especial, Thaís Café, minha filha, que canta comigo.

2112. O repertório já estava sendo testado nos shows ou é totalmente inédito?

Carlos. Nunca tínhamos tocado nenhuma delas em shows. Duas das faixas foram escritas para uma trilha sonora de uma peça de teatro que eu trabalhei nos anos 90, que eu rearranjei. As outras nove são totalmente inéditas.

2112. Como funciona o seu processo de criação? Letra primeiro, música depois ou tudo vai sendo criado junto?

Carlos. Música sempre em primeiro. Dela parte a ideia inicial, título e, a partir dela, vou desenvolvendo a letra. Ás vezes um riff de guitarra eloquente dá a partida.

2112. ... você quer comentar alguma coisa sobre o repertório?

Carlos. Acho esse trabalho mais maduro. Usei menos drive nas guitarras, menos notas. E está com uma pegada mais rock’n’roll. Acho também as letras mais assertivas. Está também mais questionador.

2112. O título é bem sugestivo... como anda os shows?

Carlos. Ainda não a pleno vapor porque o país ainda está atravessando reflexos diretos da pandemia que atingiu em cheio o setor de cultura. Mas é sempre na estrada que o círculo se fecha, mostrando o som para o público, ao vivo e à cores! Adoro fazer shows!

2112. Você também toca standards do blues em meio ao seu material autoral? O que as pessoas mais pedem?

Carlos. Acho que a maioria pede BB King e clássicos, como Hoochie Coochie Man. Eu sempre faço releituras dos clássicos. O público tem gostado.

2112. Sempre tive o blues como meu chão... ouço vários estilos musicais mas sempre volto para ele. E você ouve outros estilos além do blues também?

Carlos. Ouço muita coisa: o rock anos 70 (Led, Purple e cia), fusion (Allan Holdsworth, Mike Stern, etc) e grandes instrumentistas, principalmente guitarristas, como Gary Moore, Robin Trower, independente do que toquem. Ouço boa música brasileira também.

2112. A mídia pouco menciona o estilo... mas o cena está sempre em movimento com festivais espalhados por todo o país e automaticamente se renovando com o surgimento de vários músicos e bandas dedicados ao estilo. O que você tem ouvido de interessante?

Carlos. Gosto muito do trabalho do Blues Etílicos e de Sérgio Rocha.

2112. Você vai muito a shows?

Carlos. Ultimamente tenho ido a poucos shows.

2112. Outra questão bacana é o aparecimento de mulheres blueseiras como a Bidu Sous, a Nanda Moura, a Dani B., da Hard Blues Trio etc. Isso deixa tudo mais equilibrado, não é?

Carlos. É, acho que dá uma visão bem diferente, do ponto de vista feminino. Só tende a acrescentar. Afinal todos se influenciam...

2112. ... das três citadas falta apenas a Nanda para entrevistar. "Reverência Às Referências" seu novo trabalho é magistral. Você já ouviu?

Carlos. Não, ainda não. Nosso atual baixista, Beto Brown, a acompanha.

2112. ... quem mais você me indicaria para entrevistar?

Carlos. Sergio Rocha.

2112. Quantos anos você tem de estrada e que tipo de conselho daria a quem está começando e acha que a estrada é puro glamour?

Carlos. Ih, rapaz, muita rodagem, mais de 40 anos de música. O conselho que eu dou é manter sempre a humildade porque sempre tem coisa nova para aprender e crescer, como músico e pessoa.

2112. Qual seu e-mail/telefone para contratar seus shows e material de merchandising?

Carlos. caferj@terra.com.br   (21) 994399447 (zap)

2112. Obrigado xará pela entrevista e... o microfone é seu!

Carlos. Queria agradecer a você, o espaço e convidar a todos para conhecerem mais meu trabalho. São cinco cd´s lançados e um dvd gravado ao vivo, celebrando 30 Anos de Estrada. Todos estão nas plataformas digitais e, para quem é "dinossauro", pode adquirir cd físico fazendo contato comigo. O trabalho é honesto e original, não recorro a estratagemas comerciais para ser mais ouvido. Conto com a divulgação das pessoas que gostam do trabalho para chegar ao maior número de pessoas. Obrigado a todos!

Curiosidade: Esta entrevista foi montada hoje durante o meu horário de almoço e também respondida hoje pelo Carlos Café. E aí meu perguntei porque não postar hoje também, não é? Em sete anos à frente do 2112 isso nunca havia acontecido. Dedico então esta entrevista a todos os músicos e bandas de blues brasileiros e ao meu grande mestre Muddy Waters.       


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