quarta-feira, 24 de junho de 2020

Entrevista Oswaldo Vecchione


Papo super bacana com essa verdadeira lenda viva do rock'n'roll: Oswaldo Vecchione. Falamos de vários assuntos como a parada da banda por causa da pandemia, os projetos em andamento, as novas composições, a importância do Made In Brazil etc.

2112. Esse ano a banda completa cinquenta e três anos de estrada, vários álbuns lançados e zilhões de shows. Como você resumiria numa única frase a fabulosa trajetória do Made In Brazil?

Oswaldo. Amor e dedicação ao Rock.

2112. Vocês são uma das poucas bandas brasileira a estar constantemente em 
turnê. Em termos de Brasil pode ser considerado quase que um marco, não é?

Oswaldo. Fomos a banda de Rock que mais trabalhou, fez show e viagens pelo Brasil, na décadas de setenta, oitenta e noventa. Voltamos a ser uma das bandas que mais trabalham e viajam desde 2017, quando começamos a comemorar os 50 anos da banda numa Tour vitoriosa, passando por muitas capitais e cidades. Desde nosso primeiro disco lançado em 1974, adotamos o sistema americano e inglês das bandas, antes dos discos e durante a gravação, fazemos shows de pré-lançamento e depois shows e Tour de lançamento, por dois ou três anos.

2112. O Made In Brazil é um exemplo vivo de que um projeto bem estruturado pode sobreviver por anos a fio sem precisar recorrer as manjadas fórmulas do mercado. Que conselho você daria para as novas bandas?

Oswaldo. Não desistam! Escutem os melhores discos das melhores bandas, escolham um estilo, e vá fundo! Escute e ensaie muito!
2112. O mundo do rock é um terreno pantanoso cheio de armadilhas e ilusões que já levou muitos para o abismo. Qual o segredo para chegar aos 53 anos de carreira cheio de gás e tesão pela música?

Oswaldo. Profissionalismo! Muito ensaio e dedicação! Não acredito em musico e banda, que não ensaia muito!

2112. Dia 18/07 completa sete anos que o lendário “Kamikase do Rock” Cornélius nos deixou para cantar no palco do Olimpo do Rock. Vocês tem algum projeto visando comemorar a data? Uma live seria bem interessante, não?

Oswaldo. Essa Pandemia nos fez dar uma parada forçada! Não temos nada preparado ...

2112. É incrível como vocês sobreviveram a todas as mutações sofrida pela música ao longo dos anos fiéis ao blues e ao rock’n’roll. Parabéns!

Oswaldo. Isso foi pensado e escutado desde nosso início. Nos propusemos a tocar Rock and Roll, Blues e R&B. Nunca nos afastamos dessa meta.

2112. Li uma declaração sua que dizia: “Nunca pensei chegar a 72 anos, a comemorar 72 anos de vida. Nunca pensei em chegar a tocar rock no Brasil por mais de 52 anos.” Você tinha idéia que a banda iria durar todo esse tempo?

Oswaldo. Não!
2112. Você com certeza testemunhou o nascimento/morte de muitas bandas. Isso em algum momento o desestimulou ou só fortaleceu o seu desejo de continuar?

Oswaldo. Não! Eu vivo o Rock! Eu vivo o Made In Brazil! É a minha vida, meu estilo de vida, meu ganha pão! O que acontece com as outras bandas não nos afeta! Sou Profissional do Rock, e deixo isso bem claro, para todos, os que vem tocar comigo e com meu irmão Celso.

2112. Cite uma banda que você ouviu ao longo de sua carreira que merecia ter vingado mas que por algum motivo não aconteceu?

Oswaldo. Celso Blues Boy & Banda. Poderia ter tido muito mais sucesso! Merecia!!

2112. Eu gostaria muito que A Chave ainda estivesse na ativa...

Oswaldo. Eu também! Mas eles se separam e o Ivo (R.I.P.) e o Paulinho, entraram para o Blindagem e o Carlão montou o Bartenders. O Orlando “Portugues”, que cheguei a convidar para fazer parte do Made In Brazil. Se aposentou, como baterista e músico e se tornou um dos maiores fotógrafos do Brasil. São meus amigos!

2112. Tenho acompanhado de perto bandas incríveis como Picanha de Chernobyl, Amargo Malte, Power Blues, Impéria, StringBreaker & Stuffbreakers, Mr. Huddy, Cozinha dos Infernos etc. Você procura se inteirar do que acontece na cena do rock brazuca? Quem você destacaria com um trabalho interessante e consistente?

Oswaldo. Tento ver (por indicações de amigos), as bandas novas de Rock e Blues! Gosto atualmente e tenho todos os discos da Picanha de Chernobill, até já convidei eles, para tocarem em shows com o Made .
2112. Aproveitando o recesso forçado pela pandemia do corona vírus você está compondo muito? Existe alguma chance de vocês lançarem um novo álbum ainda este ano?

Oswaldo. Tenho doze ou treze músicas novas. Vou montar coma banda e entrar em estúdio e gravar, fazer o registro sonoro. Essa é a meta, lançar um disco novo ainda este ano: Resistência!

2112. O mercado da música mudou bastante com o advento da revolução digital que decretou o fim do álbum físico apesar da volta do vinil. Qual a sua visão sobre essa nova realidade? Você pretende continuar utilizando as duas mídias: cd/vinil?

Oswaldo. Sim, ainda, vou gravar e soltar Vinil, CD, DVD e fita k- 7. Tenho que contratar algum garoto novo, que entenda dessas novas mídias e me atualizar e começar a trabalhar com elas...

2112. O Made tem um público fidelíssimo que os acompanham por anos a fio. Como você explica toda essa dedicação?

Oswaldo. Boas músicas, bons discos lançados, bons shows.  Dedicação e profissionalismo SEMPRE!!!

2112. Aproveitando a deixa... o que você diria para os fãs do Made neste momento de pandemia?

Oswaldo. Fique em casa ouvindo Made In Brazil e bons discos.
2112. Você tem previsão de quando será lançado o livro contando os “causos” sobre a banda?

Oswaldo. Estou na fase dois, fazendo a revisão dos textos. Depois a fase três, vou fazer a revisão da revisão. Pretendo assim como o disco novo, tentar lançar o Livro: 53 Historias de uma banda Made In Brazil, ainda esse ano. E tem também o documentário: Made In Brazil - O Filme, do cineasta Egler Cordeiro, que vai virar capítulos de 15 minutos...

2112. Apesar da crise que vivemos vocês conseguiram lançar nesses últimos anos quatro dvds, um LP, um álbum duplo e uma revista. Trabalhar é ainda o melhor remédio, não é?

Oswaldo. Penso que sim ... Ouço muito blá, blá, do pessoal das bandas, que falam, falam e não lançam nada. O Made é diferente, falamos, e fazemos. Atualmente temos o apoio do produtor Marcio Braldi, que vem nos apoiando e nos ajudando a lançar os produtos novos...

2112. Muitos reclamam que a cena está uma merda... pois falta apoio, público, patrocínio etc. Qual seria a melhor solução a curto prazo para termos uma cena mais unida?

Oswaldo. Penso que o principal seria melhorar a divulgação das bandas, que tem bons trabalhos e que fazem bons shows e bons discos, Vou tentar reunir e unir as Rádios Rock do Brasil, num Projeto do Made, que depois vai poder ser estendida as outras bandas de Rock. Penso que seria fundamental, ter, ser criada uma TV de Rock no Brasil também. Não para bandas gringas e nem bandas covers, mas para bandas com trabalhos (profissionais) brasileiras, trabalhos autoral de nível!
2112. ... não podemos deixar de mencionar que existe uma falta de unidade entre as bandas, não é?

Oswaldo. Sempre foi assim. E quando se juntam, quando conseguem, formam panelinhas.

2112. Cheguei a divulgar um flyer em nome do blog sugerindo a uma banda maior tirar duas ou três músicas da sua set list e dar esse tempo para uma banda nova abrir os shows. Será que funcionaria?

Oswaldo. Nos anos setenta, algumas das bandas, que estouraram, não permitiam em contrato, que o contratante, colocasse, contrata se banda de abertura. Não queriam dividir o palco. Mas temos um grande problema também, com as bandas novas, tem pouca coisa de nível. Noventa por cento é muito amadora, e fica claro, quando vou ver, que não ensaiam, não se preparam, para aquele momento. Muito barulho, ruído, nada de poesia!!!

2112. As Web Radios também tem sido uma boa opção para quem gosta de rock. São muitos os programas bacanas divulgado o rock brasileiro desde o clássico ao underground. É uma boa saída, não é?

Oswaldo. Sim, é uma das saídas ...

2112. Após tantos anos de carreira você já pensou em gravar um álbum solo apenas com releituras de clássicos do rock como fez John Lennon em Rock’n’Roll?

Oswaldo. Não!
2112. Vocês, Rolling Stones, Golpe de Estado, The Who, Sérgio Dias, Neil Young... são provas vivas que idade não é pedra de tropeço. Mas alguma vez já passou pela sua cabeça em aposentar ou ainda tem muita lenha para queimar?

Oswaldo. Aposentadoria, por enquanto não. Enquanto tivermos saúde, eu e meu mano Celso, vamos seguir em frente. Temos o fogo, o tesão, e queremos fazer coisas novas.

2112. Desde que a banda foi criada vocês passaram a maior parte do tempo na estrada do que propriamente dentro de casa. Como está sendo encarar essa parada forçada?

Oswaldo. Cansativo! Sinto falta dos ensaios, das viagens, dos shows...

2112. Para fechar essa entrevista qual o seu recado para aqueles que vivem colocando o rock brasileiro abaixo do produzido pelos gringos?

Oswaldo. Gosto, não se discute! Lógico, que tenho minhas preferências, como Chuck Berry, Stones, Eric Clapton, mas ouço Velhas Virgens, Picanha de Chernobill, Celso Blues Boy e algumas outras bandas. Tem muita coisa, que foi feita no Brasil, legal, de nível, o Made é um exemplo vivo, são 53 Anos, não 53 dias e nem 53 meses...
2112. Qual telefone/e-mail para contratar a banda ou adquirir material de merchandising?

Oswaldo. bandamadeinbrazil@hotmail.com

2112. ... o microfone é seu!

Oswaldo. Obrigado, mais uma vez, pelo espaço, pela abertura, de poder falar sobre Rock e sobre o Made In Brazil, sobre nossa história, projetos e futuros lançamentos. Valeu a força!

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