domingo, 22 de março de 2020

Entrevista Johnny King


A cena blues brasileira tem apresentado 
diversas bandas e músicos que tem apre-
sentado execelentes trabalhos (inclusive 
com reconhecimento internacional!) 
onde destacamos Johnny King que tem
sempre a agenda cheia e vários shows 
pelos EUA. Quer saber mais? Leia a 
entrevista.   

2112. Diz uma das muitas lendas no Mississipi que não se cria um bluesman ele já nasce predestinado a andar neste caminho. Isso para você é real?

Johnny. Acredito sim nessa história, assim como acredito em pacto e encruzilhada, posso dizer que minha evolução ao blues foi selada na encruzilhada, existe bluesman que toca por tocar e outros são convidados e escolhidos para o Crossroads e pacto.

2112. Falando ainda sobre lendas... você acredita que Robert Johnson fez realmente um pacto com o cramunhão?

Johnny. Sim acredito, pois uma vez próximo onde moro tem uma encruzilhada com um cruzeiro onde achei um corpo da guitarra onde reformei e faço todos meus shows com ela, ela estava jogada lá ao meio de toda aquelas oferendas e quando entrei ali e peguei aquele corpo de guitarra selei um pacto, acredito porque minha evolução na guitarra foi incrível e em 4 anos Johnny King fez 600 shows além de tocar nos melhores festivais e casas do Brasil, ainda tem dúvida sobre o pacto de Robert Johnson?
2112. Você é músico autodidata?

Johnny. Sim tudo que aprendi até hoje foi sozinho, mas minha maior escola mesmo está no Crossroads.

2112. A cena blues brasileira cresceu bastante nestes últimos anos com o surgimento de grandes bandas, músicos, compositores, festivais e tudo isso meio na surdina. Qual a sua visão pessoal da cena?

Johnny. Acho a cena blues fraca ainda no Brasil, eu conheço muitos bluesmens pois sempre faço eventos e festivais e indico músicos para casas que jamais tocariam blues, acho que a união é fundamental na área mas hoje o blues no Brasil é coisa de ostentação e muita panela, nesse caso falo do blues tradicional pois já estou em outro nível para ficar só com som alegre e em 12 compassos, eu gosto de evolução e coisas novas como dizia Jimi Hendrix quero ver cores por isso migrei ao Blues Rock.

2112. Temos sidos testemunhas dessa evolução ao ver bandas e solistas excursionando com sucesso pelos EUA, Europa e Japão além de lançarem cds e dvds por grandes selos do estilo. Isso é uma grande vitória ainda que as mídias brasileiras não noticiem...

Johnny. Sempre é bom tocar lá fora e com os grandes, é um belo currículo para um músico. Eu mesmo tive um convite de um americano chamado Joseph que é filho de Muddy Water para tocar em sua banda Mojo Morganfield em Chicago além de proposta de conhecer e tocar com os grandes como Buddy Guy e Jeff Beck. Mas ainda não está na minha hora pois ainda estou a cultivar meu pacto e a cada dia fazendo minha evolução e na hora certa pode contar meu amigo que pegarei o avião e vou incendiar por onde passar. Eu não quero ir lá fora apenas ficar excursionando ou tocando em bares eu quero ir tacar fogo nas casas e selar meu nome na cabeça de todos lá fora que ouvir os solos da minha guitarra.
2112. ... esqueci que nossa pobre mídia só promove o que é pago para sair. Esse é o Brasil.

Johnny. Não precisa estar na mídia para ser grande e ter o respeito, a mídia é podre o maior público está nas ruas, nas redes sociais e em shows. A mídia só serve para pegar seu dinheiro... você tendo talento ou não você chega lá. Já a vida que vivemos tem que ser na raça... e agradar a muitos hoje em dia é difícil, por isso às vezes gosto muito de tocar nas ruas pois ali você atinge todo tipo de público e também adoro tocar em lugares que jamais tocaria Blues Rock eu adoro desafios e fronteiras.

2112. Lembro de B.B. King não só elogiando o trabalho do Celso Blues Boy como também participando numa das faixas do seu álbum Marginal. Isso prova que nossos músicos são fodas, falta apenas o famoso "apoio".

Johnny. Celso Blues Boy era um grande músico e guitarrista e teve a honra de conhecer o B.B King e selar sua amizade. Ter esses tipos de elogios é incrível vindo de lendas, como tive elogios de Joseph filho do Muddy e Jeff Beck que eu seria a promessa da guitarra blues, eu vindo do Brasil e do interior para mim é como ganhar na loto. E hoje no Brasil existe os melhores guitarristas e músicos que já vi, eu mesmo rodo em muitos shows e faço muitas pesquisas de bandas além de ver muitas bandas de rua. A oportunidade é pouca mas nada é impossível nessa profissão só não pode parar ou desanimar tem que lutar sempre se realmente quer viver do que gosta.

2112. Quem você destacaria hoje com um trabalho bacana?

Johnny. Existe muitas bandas boas hoje no de cenário musical do Brasil, conheci grande nomes como Martini Blues de São Paulo que tem um timbre strato matador assim como a Banda Tublues de Lorena que tem o Cezar com uma pegada no baixo destruidora, além de muitas bandas que já vi tocar no Vale do Paraíba e São Paulo e Brasil.
2112. A internet tem ajudado bastante na divulgação de shows, lançamento de cds, nas muitas páginas dedicadas ao estilo o que já é um grande avanço, não é?

Johnny King. Sim, a internet é como uma crossroads, muda muito a vida das pessoas e ajuda muito com shows, agenda, marketing, fotos, vídeos, praticamente uma ferramenta do demônio mas ajuda muito sua carreira.

2112. ... sei que suas raízes são americanas e que isso nunca vai mudar. Mas já podemos dizer que já produzimos blues com algum sotaque brasileiro?

Johnny. Sim tenho muitas músicas em português como a música Ela é o Diabo e Mirella gosto de mesclar Brasil e American.

2112. O bluesman Zé Pretim toca blues com matizes da música caipira resultando num trabalho bem interessante e original. Você o conhece?

Johnny. Já ouvir falar mas não sigo ou escuto muito pois sou do lado sombrio do blues. Eu gosto de um blues mais sombrio e triste, não estou falando do caso do Zé mas existe muitos bluesmans que faz um blues alegre e fica pulando parecendo que está num circo onde o verdadeiro palhaço é ele com essa musicalidade que não entra na minha alma nem fodendo.
2112. Quais são seus bluesmans de cabeceira?

Johnny. Howlin' Wolf, Robert Johnson, Skip James, Muddy Waters, Stevie Ray Vaughan, Jimi Hendrix, Gary Moore...

2112. Entre os muitos álbuns que você já ouviu quais você considera essenciais na sua carreira e para quem está começando a trilhar essa estrada?

Johnny. Devil Got My Woman de 1968 De Skip James foi meu lançamento ao blues... quando ouvi Texas Flood de 1983 de Stevie Ray Vaughan mudei meu jeito de tocar guitarra para sempre.
2112. O que você ouve além do blues?

Johnny.  Escuto de tudo e pratico de tudo pois se quero ser um bom guitarrista tenho que ser versátil e não ter preconceito com música, tudo que é bem tocado e bem feito me agrada.

2112. Na minha opinião o blues foi feito para ser tocado ao vivo na cara do público e não registrado num estúdio refrigerado. Por isso tenho o vício de ouvir mais os bootlegs por manter toda a verdade do blues.

Johnny. Blues ao vivo é coisa da alma por isso tem muito improvisos e feeling que sai do coração, não curto nada mecânico. Exemplo disso é o Chico Blues que lança muitos Artistas Mecânicos tudo bonitinho e arrumadinho em estúdio aí você vai ver ao vivo é uma porcaria. Isso para mim não é blues de alma. Nada contra quem lança cd ou faz trabalhos assim, mas esse tipo de blues cheio de ouros e ostentação é mecânico me lembra o Funk do Brasil.
2112. ... digo isso pois quem conhece os bootlegs do Eric Clapton, Steve Ray Vaughan, Jimi Hendrix, Muddy Walters, Johnny Winter, Buddy Guy... sabe do que eu estou falando. Fica faltando a parte humana que é a propria essência do blues.

Johnny. É o que falta para muitas bandas de blues no Brasil, muitas fazem aquele som mecânico. Hoje em dia os guitarristas   estudam muito e se preocupam mais em executar suas técnicas do que apresentar solos com a alma e feeling do coração. Realmente é muito triste ver isso, conheço muitos guitarrista aí que se acabam em estudo e técnicas assim como bandas sabem tocar tudo mas não tem sal ou temperos.

2112. Em estúdio acredito que funciona quando gravado num único take senão ele perde a emoção em favor da perfeição. É como repetir uma cena de choro várias e várias vezes num set de gravação de um filme... É a minha opinião.

Johnny.  Quando gravei The Devil Crossroads minha música autoral com meu gaitista foi tudo ao vivo em apenas 1 take, essa é emoção do blues de verdade.

2112. Sua banda Johnny King & The Princes Blues Band criou uma ótima reputação no circuito de shows conquistando com isso muitos admiradores. Vejo que o blues tem mais apoio dos fãs que em qualquer outra vertente. Parece uma sociedade secreta onde tudo é feito na maior surdina... e funciona bem pra caralho. Aprecio muito isso...

Johnny. Não foi fácil não, tive que conquistar o público e o carisma de cidade a cidade, show a show com minha voz, minha e a banda fazendo um som de coração e alma. E u não ligava se o show ou festival tivesse 1 ou 1000 pessoas o show era o mesmo. Eu amo a música e o que faço e sempre me dedico de melhor forma para conquistar a todos, mas você sabe que não podemos agradar gregos e troianos pois nessa carreira tem muitos invejosos e gente idiota que querem seu mal mas nunca me importei para isso pois quanto mais a crítica mais eu fico bom. Essa é a lei da vida, os desafios sempre virão e com o tempo tudo que é de mal fica esquecido e não sai daquilo sem brilho e sem evolução. Mas só tenho a agradecer esse público lindo que sempre vai nos meus shows e me segue nas redes social. Um agradecimento especial aos fãs de Guarantiguentá e São Paulo Capital onde sempre faço shows onde pessoal vai a loucura e são fãs bem fieis.
2112. Você já foi destaque em vários jornais, revistas, programas de tv, firmou parcerias com a Quimera Tech do Brasil, a Native Instruments da Alemanha e a Caline Pedal do Chile. O que ainda falta alcançar?

Johnny. Tudo isso é só o começo de uma jornada longa e muito longa. Mas meu maior objetivo está me esperando nos Estados Unidos e estou ano estou me preparando para algo que vai mudar minha vida e meu sonho para sempre.

2112. Em 2019 você foi convidado por Joseph Morganfield, filho do lendário Muddy Walters para tocar no maior festival de blues do mundo o Chicago Blues Festival. Quais lembranças você guarda desse show?

Johnny. Sim todo ano recebo o convite dele para tocar com sua banda e com os grande e apresenta a minha banda nesse festival que considero um dos maiores festival de blues do mundo. Mas ainda não fiz esse Crossroads e viagem pois quero está na melhor forma na guitarra e com minhas músicas autoral que tenho guardado para lançar na América. Estou a estudar, me dedicar muito para essa viagem mas ainda não está a hora diz o Guru do meu Crossroads. Na hora certa estarei lá pois a porta já está aberta, mas antes de chegar lá quero tocar em todas cidades do Brasil e em lugares que o blues ainda não chegou e conquistar muitos ainda no Brasil. Não quero ser igual a esses músicos que viajam para Argentina, América ou Europa e depois volta e fica a tocar em botecos e shows POBRES, para que vale essa turnê então.
2112. Existe cd ou dvd com registros dos seus shows?

Johnny. Existe diversos registros de shows e vídeos no YouTube e Facebook... sobre o cd o lado sombrio do blues já está pronto todo álbum mas na hora certa será lançado.

2112. Você também chegou a ser convidado para participar da banda Mojo Morganfield. O convite foi aceito? Quanto tempo você ficou em solo americano?

Johnny.  Sim o convite foi aceito e na hora certa vou fazer essa viagem. Quando o Crossroads estiver pronto meu pacto final estará selado com o Joseph.

2112. Além da Mojo Morganfield você tocou com outros músicos importantes como Mikkey Dee (ex Motörhead e atual Scorpions), Richie Kotzen (ex Poison e Mr. Big), Martini Blues, Sérgio Duarte etc. Quem você gostaria de tocar, formar uma banda ou mesmo gravar um álbum?

Johnny. Tive a honra de conhecer todas essas feras graça ao Manifesto Rock Bar onde promovia o Blues Night e o Festival de Blues que abriu a porta para muitos amigos do blues de São Paulo se apresentar. Fico feliz não só de levar o blues e oportunidades para essas casas como diversas em São Paulo, tenho vondade de gravar um álbum com Buddy Guy e tocar com feras como Eric Gales, Jeff Beck, Joe Bonamassa entre outros que admiro. Se fosse no Brasil o que mais me atrai a gravar algo seria com Martini Blues pois o som dele me encanta.
2112. O que te trouxe de volta ao Brasil?

Johnny. Eu sempre morei no Brasil, estive nos Estados Unidos em 2011 apenas para estudos fora a música. Mas tenho planos para morar definitivo por lá pois sou desentende de americanos.

2112. ... mas você tem projetos de um dia levar sua banda para uma tour em solo americano? Existe essa possibilidade?
Johnny. Sim por isso troco tanto de músicos. Se você ver meus shows, festivais e vídeos sempre vai ver um baixista e um batera diferente pois gosto de testar diversos músicos e na hora certa o que mais der conexão irar viajar comigo para uma turnê incrível. O pessoal fala que sou chato e perfeccionista mas a verdade é que gosto de tocar com caras que tocam com a alma por isso sempre faço muitos testes com diversos músicos de todos tipos pois só os melhores e bons continuam tocando comigo. Até hoje os fracos são descartados e ficarão para trás.

2112. Segundo Jeff Beck e o próprio Joseph Morganfield você tem apresentado uma nova maneira de tocar blues o que o torna uma das novas promessas do blues rock. Isso é um grande estímulo, não?

Johnny. Para mim é como ganhar na loto, mas a cada dia tento e pratico coisas novas jamais vistas, gosto de desafios e receber elogio dessas lendas é incrível.
2112. Você também criou os eventos Blues Night, no Manifesto Bar e o Festival do Blues do Sampa Jazz apoiando shows de bandas novas e clássicas. Parabéns pela iniciativa.

Johnny. Obrigado amigo, mas como já tinha falado antes, sempre é bom levar o blues para essas casas e dar oportunidades para amigos e bandas de blues que quase não faziam shows por São Paulo. É sempre bom essa parceria além de milhões que já fiz e graça a minha pessoa muitos estão com portas abertas aí. Mas muitos são mal agradecidos e vão pagar no inferno e os de bom coração vão sempre eternizar solos de guitarra comigo.

2112. Na maioria das entrevistas que eu já fiz com bandas ou músicos de blues faço sempre a mesma pergunta. Será que um dia terei o prazer de ouvir as músicas do sambista Cartola vertidas para o blues?  Suas letras tem um lirismo e uma profundidade que o aproxima muito do estilo. Acredito que ficaria muito foda...

Johnny. Tudo é possível... mas o som que você ouviu até agora é o meu lado lado sombrio do blues com slide e estilos Lap Still. A minha verdadeira forma de tocar guitarra você vai ouvir quando eu lançar meu álbum entre o céu e o inferno de Blues Rock.
2112. Discussões à parte... mas vejo o samba de raiz (e não o pagode) como irmão próximo do blues. O que você acha?

Johnny.  Gosto, nada contra, tudo que é bom e bem feito eu gosto. Até de música caipira de viola eu gosto.

2112. Seus shows duram em média de duas a três horas. Além das habituais releituras que não pode faltar em qualquer show de blues você inclui material autoral?

Johnny. Sim, toco faixa de 12 músicas autoral nos shows e mais de 30 covers dos grandes mestres do blues rock. O meu show dura até ninguém mais aguentar pular e gritar. Os donos de bares e festivais me conhecem. Sou incansável e sem frescuras.
2112. Quais são os projetos para esse ano?

Johnny. Esse ano de 2020 ficarei mais escondido em estudos e desenvolvimento na guitarra para minha grande viagem. Ainda farei shows e videos etc mas será mais curto do que em 2019 pois esse ano quero representar bem às marcas e empresas de música que estão a trabalhar como comigo como a Endorse.

2112. Qual o seu e-mail/telefone para contratar seus shows?

Johnny. - Cel e zap (12) 98280-6976 para falar com minha empresária Mirela West e se quer falar comigo direto pode manda emal para Johnnywest.band@gmail.com.

2112. ... o microfone é seu, meu camarada!

Johnny. Agradeço pela entrevista e em breve nos encontraremos em algum show ou no inferno, mas de começo te encontro no Crossroads. Muito obrigado.

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